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ANÁLISE DE CONTEÚDO

Conjunto de técnicas de análise das comunicações


visando obter, por procedimentos sistemáticos e
objetivos de descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção destas mensagens.
“[...] descrição objetiva, sistemática e quantitativa do
conteúdo manifesto dos depoimentos dos entrevistados”.
[...] estuda e analisa material qualitativo, buscando-se melhor
compreensão de uma comunicação ou discurso, aprofundar
suas características gramaticais às ideológicas e outras,
além de extrair os aspectos mais relevantes”.
1)Pré-análise: Fase da organização do material a ser analisado com o
objetivo de torná-lo operacional e sistematizar as idéias iniciais.
Passos:
-Leitura flutuante – estabelecer contato com os documentos a analisar
e conhecer o texto (impressões e orientações).
- Escolha dos documentos - demarcar o universo dos documentos a
serem analisados, constituindo-se um corpus (conjunto dos
documentos considerados para serem submetidos aos procedimentos
analíticos).
- Preparação do material - preparação formal dos documentos a serem
analisados, constituindo-se novos documentos com todas as respostas
de cada uma das perguntas.
- Referenciação dos índices e a elaboração de indicadores – relaciona
os índices (temas) encontrados nos documentos, determinando os
seus indicadores através de recortes de texto nos documentos.
2) A exploração do material
Definição das unidades de registro e das unidades de contexto;
definição dos sistemas de categorias e dos sistemas de codificação, e a
identificação das unidades de registro nos documentos.
UNIDADES DE REGISTRO - É a unidade de significação a codificar e
corresponde ao segmento de conteúdo a considerar como unidade
base, visando a categorização e a contagem frequencial.

UNIDADES DE CONTEXTO - serve de


unidade de compreensão para codificar a
unidade de registro e corresponde ao
segmento da mensagem, cujas dimensões
permitem conhecer o significado exata da
unidade de registro.
A ESCOLHA DE UNIDADES DE REGISTRO (recorte);
· Unidade de registro é a unidade de significação a codificar. Pode ser
o tema, palavra ou frase. Recorta-se o texto em função da unidade de
registro.

· Tema é a afirmação de um assunto. Como unidade de registro, é a


unidade que se liberta naturalmente do texto analisado.

Todas as palavras podem ser


levadas em consideração
como unidades de registro.
Serão palavras-chave; palavras-
tema; palavras plenas ou
vazias; categorias de palavras:
substantivos, adjetivos, verbos,
e etc.
· O personagem pode ser escolhido como unidade de registro: traços de
caráter, status social, papel, etc.

· Se o acontecimento for tomado como unidade de registro, o recorte se


fará em unidades de ação, nos casos de filmes, contos, relatos, lendas,
etc.
· O documento serve como unidade de registro quando a ideia principal
de um livro, um relato, uma entrevista é suficiente para o objetivo
desejado.

· Para estabelecer as unidades


de registro, é preciso, às vezes,
fazer referência ao contexto da
unidade que se quer registrar.
Então, o contexto serve para
compreender a unidade de
registro.
(http://www.caleidoscopio.psc.br/ideias/bardin.html)
3) o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação
Tratamento estatístico simples dos resultados, permitindo a
elaboração de tabelas que condensam e destacam as
informações fornecidas para análise.
Técnicas utilizadas para a realização da análise de conteúdo:

Análise léxica (significado): tem como material de análise as próprias


unidades de vocabulário, as palavras portadoras de sentido:
substantivos, adjetivos, verbos etc., relacionados ao objeto de
pesquisa.
Análise categorial: desmembra o
discurso em categorias, em que
os critérios de escolha e de
delimitação orientam-se pela
dimensão da investigação dos
temas relacionados ao objeto de
pesquisa, identificados nos
discursos dos sujeitos
pesquisados.
A análise léxica, essencialmente quantitativa, exige do
pesquisador uma organicidade em relação aos temas, categorias,
subcategorias e vocabulários pesquisados.
Permite a obtenção de indicadores importantes para a realização
da análise de conteúdo e possibilita reconhecer a terminologia
mais usada pelos indivíduos ou grupos pesquisados.
TEXTO EM ANÁLISE

CATEGORIAS

SUB-CATEGORIAS
Na análise léxica é necessário focar duas dimensões:
a) Convenções quanto ao vocabulário: mensurar os
diferentes vocábulos, o número de ocorrências desses
vocábulos, identificação do repertório léxico, relação
ocorrências/vocábulos;

b) Comparações quanto ao vocabulário: identificar os


diferentes vocábulos apresentados com os que aparecem
nos textos da área e o repertório léxico de um sujeito de
pesquisa com os outros sujeitos.
Associação de Palavras: definem-se palavras indutoras significativas e o
sujeito pesquisado tem de associar palavras à palavra indutora. Ex.:

Após relacionar as palavras mencionadas pelos sujeitos, é


necessário fazer uma classificação com o objetivo de organizar as
palavras (substantivos, adjetivos, expressões, nomes próprios etc.)
de um modo mais compreensível, como, por exemplo, palavras
sinônimas, proximidade semântica (análise documentária,
indexação, classificação etc.), que podem ser colocadas em ordem
crescente ou decrescente de ocorrência/freqüência, ou ainda, em
formato de alvo. Ex.:

Fonte: Bardin, - c1977


Associação de Palavras: É possível estabelecer
categorias/subcategorias para a realização das análises, de modo a
revelar de forma mais contundente as respostas dos sujeitos de
pesquisa, como, por exemplo:

Atributos da representação descritiva;


Atributos da representação temática;
Fatores tecnológicos;
Fatores institucionais etc.

Fonte: Bardin, - c1977


Respostas a Questões Abertas: as relações que o sujeito de
pesquisa tem com o objeto pesquisado são utilizadas para
estudar a relação simbólica entre o sujeito e o objeto pesquisado.
Essa aplicação, necessita, portanto, identificar a relação do
sujeito pesquisado com o objeto de pesquisa, por meio do
gênero, da ocupação, da formação etc.

a classificação deve ser


realizada seguindo-se uma
lógica comparativa e
observando-se o tipo de
relação do discurso do sujeito
pesquisado com o objeto de
pesquisa.

Fonte: Bardin, - c1977


 Análise de Entrevistas: observa-se a relação do sujeito de
pesquisa com o objeto pesquisado.
A análise é temática e podem-se usar diferentes propostas para a
realização da análise dos dados. Entre elas pode-se citar a
análise de freqüência/quantitativa e a análise categorial
(temas). Diferentes dimensões de análise podem ser utilizadas:
 Origem do objeto;
 Implicações face ao objeto;
 Descrição do objeto;
 Sentimento face ao objeto.
 A análise é realizada inicialmente observando-se a freqüência
dos dados coletados. Após esta primeira fase de análise,
processam-se as relações entre as quatro dimensões
anteriormente mencionadas.

Fonte: Bardin, - c1977


Análise de Comunicação de Massa: revistas, jornais, ect. que
atingem um grande público.
1. primeira leitura, organizada e sistematizada a partir da
formulação de hipóteses ou, ainda, leitura aberta sem compromisso
metodológico.

O foco da análise será em relação à contagem de um ou vários


temas ou itens de significação, em unidades de codificação.

A partir da identificação dos itens ou temas, será possível observar,


em relação a cada tema/item, os vínculos que o sujeito de pesquisa
estabelece, ou ainda, observar a ocorrência/freqüência com que isso
acontece.

Fonte: Bardin, - c1977


Fase inicial da coleta e análise de dados:
Ponto de partida: os objetivos da pesquisa, que foram a base
para a construção do instrumento de coleta de dados.
é importante que sejam observadas as possíveis técnicas da
análise de conteúdo.
constituição do corpus central que apoiará a análise de dados,
etapa posterior à coleta de dados.
A constituição do corpus é possível a partir da leitura e análise
da literatura selecionada, permitindo criar inferências em
relação ao objeto e ao seu entorno.

Fonte: Bardin, - c1977


Processo de Coleta de Análise de Dados – Fase Inicial

Adequação
Consulta dos Construção do das técnicas
objetivos instrumento inicial da ‘análise de
específicos de pesquisa conteúdo’

Aplicação
Constituição do Leitura e análise das regras de
corpus central do material recorte,
bibliográfico categorização
(Inferências) e codificação

Estabelecimento de
categorias e
subcategorias
essenciais para a
pesquisa
Fonte: Bardin, - c1977
Segunda fase do processo de coleta e análise de dados:
As subcategorias (definidas na etapa anterior) se somam as
inferências do pesquisador referentes ao objeto de pesquisa,
visando-se construir o segundo instrumento de coleta de dados,
a entrevista.
Nessa fase, as inferências são fundamentais para a construção
dos tópicos do instrumento, pois é a partir delas que é possível
estabelecer as dimensões e relações para a análise, que
possibilitará a construção de novo corpus teórico.

Fonte: Bardin, - c1977


Processo de Coleta de Análise de Dados – Fase Intermediária

Leitura e análise
Consultando as Adequando as
do material obtido
subcategorias técnicas da
pelo primeiro
essenciais ‘análise de
instrumento
conteúdo’
(Inferências)

Aplicando
Constituição do Construção do as regras de
corpus central segundo instrumento recorte,
de pesquisa categorização
e codificação

Estabelecendo as Aplicando as
dimensões e relações técnicas sobre o
para a análise corpus obtido

Fonte: Bardin, - c1977


A terceira e última fase do processo de coleta e análise de
dados parte do corpus teórico construído, para realizar a
interpretação da análise.
Novas inferências poderão ser feitas pelo pesquisador em relação ao
objeto de pesquisa, mesmo que não tenham sido previstas. No
entanto, as interpretações devem estar apoiadas em provas de
validação, isto é, na própria literatura de especialidade ou nas
práticas observadas no ambiente pesquisado.

Nessa fase, a interpretação é essencial, mas deve estar claramente


relacionada ao corpus existente, de modo que seja validada pela
comunidade científica da área.

Finalmente, sistematizar os resultados com os objetivos iniciais,


buscando a construção de conhecimento científico sobre o objeto
pesquisado.

Fonte: Bardin, - c1977


Processo de Coleta e Análise dos Dados – Fase Final

Tratamento dos Adequando as


Consultando
resultados obtidos técnicas da
o corpus
e interpretações ‘análise de
obtido
conteúdo’

Observar outras Leitura e análise


Provas de
possibilidades de final do material
inferência não
validação
analisado
previstas (Interpretação)

Síntese e seleção dos


resultados relevantes

Utilização dos resultados


de análise com fins
teóricos
Fonte: Bardin, - c1977
As informações devem ser analisadas separadamente, fator que
subsidia de forma mais concisa o estudo das categorias e
subcategorias eleitas anteriormente.
Posteriormente são examinadas, tendo-se por base o
imbricamento entre os diferentes módulos que compõem o(s)
instrumento(s) de coleta de dados.
Por último, analisa-se, a partir do conjunto obtido, as relações
entre as categorias e subcategorias, bem como se aplicam as
últimas inferências, caso necessário, buscando-se obter, com
maior propriedade, a compreensão do objeto/fenômeno de
estudo.

Fonte: Bardin, - c1977


REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1997. 226p.

BARROS, A. de J. P. de; LEHFELD, N. A. de S. Projeto de pesquisa:


propostas metodológicas. 12.ed. Petrópolis: Vozes, 2001. 127p.

FREITAS, H.; JANISSEK, R. Análise léxica e análise de conteúdo: técnicas


complementares, seqüenciais e recorrentes para análise de dados
qualitativos. Porto Alegre: Sphinx, 2000. 176p.

MUELLER, S. P. M. (Org.). Métodos para a pesquisa em Ciência da


Informação. Brasília, Thesaurus, 2007. 190p. (Série Ciência da Informação
e da Comunicação)

VALENTIM, M. L. P. Métodos qualitativos de pesquisa em Ciência da


Informação. São Paulo: Polis, 2005. 176p. (Coleção Palavra-Chave, 16)

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