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Será utilizada quando um terceiro, que não seja parte no processo, tem a sua
esfera jurídica atingida por ato de apreensão judicial.
Nos embargos, o objetivo não é o direito das partes em litígios, mas o ato estatal do
juízo que, indevidamente constrangeu ou ameaçou bem de quem não era parte do
processo.
Tutelam tanto posse, quanto direitos reais de garantia, sendo o pedido veiculado por
intermédio da ação de embargos de terceiro de cunho possessório, objetivando a inibição
ou desfazimento da constrição indevida.
Requisitos:
A responsabilidade patrimonial, como regra geral, recai sobre as partes que participam
da relação jurídica processual, daí porque é possível afirmar que, sendo desrespeitada,
e não se verificando hipótese de exceção, o terceiro poderá ajuizar a ação de embargos
de terceiro com a finalidade de evitar ou de afastar constrição judicial.
Cumpre-lhe, pois, comprovar que não é parte da execução e nem seus bens se acham
legalmente alcançáveis pela atividade executiva alheia, ou seja, que não se acha
incluído nas situações previstas nos arts. 790 e 792, do CPC.
O que haverá de restar positivado é a incompatibilidade do direito do embargante com a
execução pendente.
Legitimidade ativa:
I – o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou
de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843;
II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a
ineficácia da alienação realizada em fraude à execução;
III – quem sofre constrição judicial de seus bens por força de
desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV – o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de
direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos
atos expropriatórios respectivos.
Legitimidade passiva:
Podem ter situações em que o sujeito não participe da relação processual, porém, ainda
assim, lhe faltará legitimidade para ingressar com embargos de terceiro.
O terceiro possui responsabilidade patrimonial nos moldes do art. 790, do CPC;
Do ponto de vista processual será terceiro, porém não terá legitimidade para se valer dos
embargos porque por expressa disposição legal, os seus bens responderão pelo débito
exequendo.
Situação inversa: o sujeito integra a relação processual e pode ingressar com embargos de
terceiro.
É o sujeito que não pode sofrer os efeitos decorrentes do processo por não ser titular do
direito material deduzido em juízo.
É o caso, por exemplo, do substituto processual, que litiga em nome próprio na defesa de
interesse alheio. Este não poderá ter seu patrimônio embaraçado.
Momento de interposição:
Competência:
Mesmo se tratando de uma ação autônoma, os embargos de terceiro possuem uma relação
com o processo principal – aquele que determinou a constrição do bem. Assim, os embargos
de terceiro deverão ser opostos perante o mesmo juízo responsável pela execução.
Serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição;
Se a constrição foi realizada através de carta precatória: os embargos serão apresentados
ao juízo deprecado, salvo se a constrição tiver sido determinada pelo juízo deprecante ou se
a carta já tiver sido devolvida.
Procedimento:
1. Petição inicial: art. 319 . Para obtenção de medida liminar, a inicial será instruída
com documentos que comprovem sumariamente a posse ou domínio do autor, sua
qualidade de terceiro e o rol de testemunhas, se necessário (art. 677). O valor da
causa é o dos bens cuja posse ou domínio disputa o embargante e não o valor
dado à causa onde foram eles objeto de apreensão judicial.
A ação de embargos de terceiro admite medida liminar de manutenção ou
reintegração provisória de posse em favor do embargante, que, no entanto, poderá
ser condicionada à prestação de caução, ressalvada a impossibilidade da parte
economicamente hipossuficiente.
2. Citação: a cientificação, nos embargos de terceiro, se faz por intimação do
advogado; só será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos
autos da ação principal. Trata-se, porém, de hipótese de raríssima ocorrência, visto
que o embargado é justamente a parte que, no processo principal, provocou o ato
constritivo impugnado.
3. Contestação: prazo é de quinze dias e o procedimento que se segue após é o
comum (art. 679). Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado
somente poderá alegar como matéria de defesa:
(i) que o devedor comum é insolvente;
(ii) que o título é nulo ou não obriga terceiro; ou
(iii) que é outra a coisa dada em garantia (art. 680).
6. Recurso: o recurso cabível é a apelação, que não tem efeito suspensivo quando
os embargos opostos pelo terceiro à execução são julgados improcedentes (art.
1.012, III).
7. Verbas sucumbenciais. Princípio da causalidade: em regime de recurso repetitivo
(Tema 872) e, portanto, com força vinculante, no julgamento do REsp 1.452.840, o
STJ aplicou aos encargos sucumbenciais dos embargos de terceiro o princípio da
causalidade.
O acórdão do STJ, reduziu suas conclusões a uma tese jurisprudencial, para os fins
do art. 1.040 do CPC/2015, consolidada: “Nos Embargos de Terceiro cujo pedido foi
acolhido para desconstituir a constrição judicial, os honorários advocatícios serão
arbitrados com base no princípio da causalidade, responsabilizando-se o atual
proprietário (embargante), se este não atualizou os dados cadastrais. Os encargos
de sucumbência serão suportados pela parte embargada, porém, na hipótese em
que esta, depois de tomar ciência da transmissão do bem, apresentar ou insistir na
impugnação ou recurso para manter a penhora sobre o bem cujo domínio foi
transferido para terceiro”.
Esquema retirado do livro
do Humberto Theodoro
Junior, v.2