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EMBARGOS DE Art.

674 e seguintes, do CPC


TERCEIRO
“Os embargos de terceiro têm natureza de ação própria, mesmo quando se ligam
ao processo de execução. É dizer que, ao contrário da impugnação ao
cumprimento de sentença, que constitui incidente no curso do processo, os
embargos de terceiro são sempre ação e processo autônomos que se dirigem
contra atos praticados no processo executivo.” (Marinoni; Mitidiero e Arenhart,
volume 3, Tutela dos direitos mediante procedimentos diferenciados, p. 216)

Será utilizada quando um terceiro, que não seja parte no processo, tem a sua
esfera jurídica atingida por ato de apreensão judicial.

Objetivo: repelir constrição ilícita ou desembaraçar determinado bem de


constrição judicial injusta. É a proteção possessória, dominial ou de qualquer outro
direito do bem, objeto de constrição, isto é, a proteção de patrimônio de terceiro
que, não sendo parte em um processo, veja seu bem atingindo por constrição
judicial.
 É através da ação de embargos de terceiro que serão desfeitos os atos de constrição
ou de ameaça de constrição, garantindo, por conseguinte, sua inibição ou seu
desfazimento.

 Sua principal função é resguardar o direito do terceiro possuidor sobre ato


expropriatório fruto de uma lide na qual não figura como parte, e que seja a medida
judicial incompatível com os direitos que tem sobre a coisa, constrita ou ameaçada
indevidamente.

Nos embargos, o objetivo não é o direito das partes em litígios, mas o ato estatal do
juízo que, indevidamente constrangeu ou ameaçou bem de quem não era parte do
processo.

 Tutelam tanto posse, quanto direitos reais de garantia, sendo o pedido veiculado por
intermédio da ação de embargos de terceiro de cunho possessório, objetivando a inibição
ou desfazimento da constrição indevida.
 Requisitos:

Existência de medida executiva em processo alheio;


Atingimento de bens de quem tenha direito ou posse incompatível com a medida;
Tempestividade

A responsabilidade patrimonial, como regra geral, recai sobre as partes que participam
da relação jurídica processual, daí porque é possível afirmar que, sendo desrespeitada,
e não se verificando hipótese de exceção, o terceiro poderá ajuizar a ação de embargos
de terceiro com a finalidade de evitar ou de afastar constrição judicial.
Cumpre-lhe, pois, comprovar que não é parte da execução e nem seus bens se acham
legalmente alcançáveis pela atividade executiva alheia, ou seja, que não se acha
incluído nas situações previstas nos arts. 790 e 792, do CPC.
O que haverá de restar positivado é a incompatibilidade do direito do embargante com a
execução pendente.
 Legitimidade ativa:
 I – o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou
de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843;
 II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a
ineficácia da alienação realizada em fraude à execução;
 III – quem sofre constrição judicial de seus bens por força de
desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
 IV – o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de
direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos
atos expropriatórios respectivos.

 Legitimidade passiva:

 Será legitimado passivo, o sujeito a quem o ato de constrição se aproveita, assim


como o será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do
bem para a constrição judicial, conforme prevê o artigo 674, §4º CPC/2015.
Atenção:

Podem ter situações em que o sujeito não participe da relação processual, porém, ainda
assim, lhe faltará legitimidade para ingressar com embargos de terceiro.
 O terceiro possui responsabilidade patrimonial nos moldes do art. 790, do CPC;
 Do ponto de vista processual será terceiro, porém não terá legitimidade para se valer dos
embargos porque por expressa disposição legal, os seus bens responderão pelo débito
exequendo.

Situação inversa: o sujeito integra a relação processual e pode ingressar com embargos de
terceiro.
É o sujeito que não pode sofrer os efeitos decorrentes do processo por não ser titular do
direito material deduzido em juízo.
É o caso, por exemplo, do substituto processual, que litiga em nome próprio na defesa de
interesse alheio. Este não poderá ter seu patrimônio embaraçado.
Momento de interposição:

a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a


sentença e,
no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da
adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da
assinatura da respectiva carta.

Competência:
 Mesmo se tratando de uma ação autônoma, os embargos de terceiro possuem uma relação
com o processo principal – aquele que determinou a constrição do bem. Assim, os embargos
de terceiro deverão ser opostos perante o mesmo juízo responsável pela execução.
Serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição;
Se a constrição foi realizada através de carta precatória: os embargos serão apresentados
ao juízo deprecado, salvo se a constrição tiver sido determinada pelo juízo deprecante ou se
a carta já tiver sido devolvida.
Procedimento:

1. Petição inicial: art. 319 . Para obtenção de medida liminar, a inicial será instruída
com documentos que comprovem sumariamente a posse ou domínio do autor, sua
qualidade de terceiro e o rol de testemunhas, se necessário (art. 677). O valor da
causa é o dos bens cuja posse ou domínio disputa o embargante e não o valor
dado à causa onde foram eles objeto de apreensão judicial.
A ação de embargos de terceiro admite medida liminar de manutenção ou
reintegração provisória de posse em favor do embargante, que, no entanto, poderá
ser condicionada à prestação de caução, ressalvada a impossibilidade da parte
economicamente hipossuficiente.
2. Citação: a cientificação, nos embargos de terceiro, se faz por intimação do
advogado; só será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos
autos da ação principal. Trata-se, porém, de hipótese de raríssima ocorrência, visto
que o embargado é justamente a parte que, no processo principal, provocou o ato
constritivo impugnado.
3. Contestação: prazo é de quinze dias e o procedimento que se segue após é o
comum (art. 679). Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado
somente poderá alegar como matéria de defesa:
 (i) que o devedor comum é insolvente; 
 (ii) que o título é nulo ou não obriga terceiro; ou 
 (iii) que é outra a coisa dada em garantia (art. 680).

Havendo contestação, o rito a observar é o do procedimento comum, respeitada,


inclusive, a fase dos debates ou alegações finais dos litigantes, no caso de
produção de prova oral.

4. Revelia: não havendo contestação, o juiz decide desde logo, presumindo-se


verdadeiros os fatos narrados pelo embargante e proferindo o julgamento
antecipado da lide, segundo a prova documental disponível (art. 355).
5. Sentença: a sentença que acolhe os embargos é de eficácia executiva imediata.
Se houver medida liminar, transformar-se-á em definitiva, liberando-se a caução
em favor do autor. Se não houver, expedir-se-á a ordem para imediata cassação
da medida constritiva e liberação dos bens indevidamente apreendidos.
“Art. 681 que “acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será
cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da
reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante”.

6. Recurso: o recurso cabível é a apelação, que não tem efeito suspensivo quando
os embargos opostos pelo terceiro à execução são julgados improcedentes (art.
1.012, III).
7. Verbas sucumbenciais. Princípio da causalidade: em regime de recurso repetitivo
(Tema 872) e, portanto, com força vinculante, no julgamento do REsp 1.452.840, o
STJ aplicou aos encargos sucumbenciais dos embargos de terceiro o princípio da
causalidade.
O acórdão do STJ, reduziu suas conclusões a uma tese jurisprudencial, para os fins
do art. 1.040 do CPC/2015, consolidada: “Nos Embargos de Terceiro cujo pedido foi
acolhido para desconstituir a constrição judicial, os honorários advocatícios serão
arbitrados com base no princípio da causalidade, responsabilizando-se o atual
proprietário (embargante), se este não atualizou os dados cadastrais. Os encargos
de sucumbência serão suportados pela parte embargada, porém, na hipótese em
que esta, depois de tomar ciência da transmissão do bem, apresentar ou insistir na
impugnação ou recurso para manter a penhora sobre o bem cujo domínio foi
transferido para terceiro”.
Esquema retirado do livro
do Humberto Theodoro
Junior, v.2

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