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A SÍDROME DE JONAS

Introdução
Frequentemente ouvimos falar de Jonas como ‘o profeta
fujão’. Contudo Jonas cometeu outros erros além de fugir
e mesmo assim manteve o status de profeta. Além disso,
quem somos nós para julgar Jonas? Muitas vezes fazemos
as mesmas coisas.
A Síndrome de Jonas é como vamos chamar uma série de
erros cometidos pelo profeta e que muitas vezes
repetimos em nosso ministério. A maneira como reagimos
diante de um desafio mostra sintomas de como
entendemos o chamado de Deus para nossas vidas.
Como você reage ao
chamado de Deus?

Vamos refletir alguns erros ministeriais que


caracterizam a Síndrome de Jonas
FUGA
Jonas 1.3 “Jonas se dispôs, mas para fugir
da presença do SENHOR, para Társis; e,
tendo descido a Jope, achou um navio que ia
para Társis; pagou, pois, a sua passagem e
embarcou nele, para ir com eles para Társis,
para longe da presença do SENHOR”
O primeiro sintoma da Síndrome de Jonas é a
Fuga. Note que o texto inicia dizendo que
“Jonas se dispôs, mas para fugir”, ou seja, ele
achou que estava fazendo algo de bom, mas no
fundo sabia que estaria desobedecendo a Deus.
Na primeira oportunidade de fugir, embarcou e
ainda pagou sua passagem para garantir que
nada daria errado.
A distância para Nínive era de 800 km por
terra, já para Társis seria de 3.000 km de
navio. Mesmo assim Jonas preferiu o caminho
mais longo e difícil.
A fuga muitas vezes aparenta ser agradável,
mas sempre é a pior escolha. Às vezes fugimos
fazendo outra coisa e não o que recebemos
como mandato de Deus.
O excesso de atividades ocupa o tempo que
temos para realizar nosso ministério principal.
Um pastor, por exemplo, acumula tantas
funções administrativas que se torna um office
boy da igreja deixando a desejar o seu
chamado pastoral de cuidar das ovelhas com a
desculpa de ‘não tenho tempo’.
Se você tem um chamado de Deus, foque
naquilo que o Senhor te deu (Atos 6.2-4). Não
confunda sua missão com outras tantas coisas
‘urgentes’ que surgem e tomam seu tempo.
Evite fugas que aparentemente são agradáveis
e fáceis, mas que tirarão o seu destino
principal.
Não fuja!
PREGUIÇA
Jonas 1.5 “Então, os marinheiros, cheios de
medo, clamavam cada um ao seu deus e
lançavam ao mar a carga que estava no
navio, para o aliviarem do peso dela. Jonas,
porém, havia descido ao porão e se deitado; e
dormia profundamente”
O segundo sintoma da Síndrome de Jonas é a
preguiça. Enquanto todos estavam apavorados
e lutando para salvar suas vidas, orando e
trabalhando ao mesmo tempo, Jonas dormia
‘profundamente’. A sua consciência estava
aparentemente tranquila e não queria nem
saber se o barco estava afundando. Nem
mesmo o chacoalho das ondas e os gritos
acordavam Jonas.
O desânimo é um grande perigo para o
ministério. A falta de metas ou até mesmo da
organização de uma agenda de atividades, faz
com que a ociosidade tome conta do ministério.
Enquanto todos estão trabalhando e muitas
vidas estão sofrendo não podemos ficar na
inércia esperando as coisas acontecerem.
Muitas tempestades que enfrentamos são culpa
nossa mesmo como no caso de Jonas (Jonas
1.7-15). Gaste tempo em oração e seu
ministério fluirá acalmando as tempestades
(Jonas 1.6). Se você ficar esmorecido e sem
animo para trabalhar lembre-se da palavra
que diz “ó preguiçoso, até quando ficarás
deitado? Quando te levantarás do teu sono?”
(Provérbios 6.9).
Os grandes pregadores da história que
alcançaram milhares de vidas para o Senhor
renunciavam muitos de seus privilégios para se
dedicar à obra de Deus. Entretanto vemos hoje
muitos líderes que gastam mais tempo com TV,
internet e lazer do que com a obra de Deus.
Cuidado com a Preguiça!
MEDO
Jonas 2.1 e 7 “Então, Jonas, do ventre do
peixe, orou ao SENHOR, seu Deus”
“Quando, dentro de mim, desfalecia a minha
alma, eu me lembrei do SENHOR; e subiu a
ti a minha oração, no teu santo templo”
O terceiro sintoma da Síndrome de Jonas é o
medo. A única motivação de Jonas para orar
dentro do ventre do peixe foi o medo que sentiu
ali na escuridão (Jonas 2.4,5). Na verdade o
medo já acompanhava Jonas em toda sua fuga.
Tendo medo do futuro e da reação das pessoas
de Nínive ou o que pensariam dele.
O medo persegue quem foge dele como
alcançou Jonas. Começa trazendo tempestades
e na pior das hipóteses somos engolidos. Este
pavor é capaz de paralisar nosso pensamento
limitando a capacidade de agir e decidir
corretamente. Por isso os nossos medos devem
ser questionados e confrontados. Satanás usa o
medo baseado em suas mentiras para atrasar
nossas vidas.
Então não podemos aceitar isso, pois confiamos
em Deus e “no amor não existe medo; antes, o
perfeito amor lança fora o medo” (I João 4.18). Se
Deus está conosco não há o que temer.
Muitos líderes cristãos são intimidados por causa
do medo. As exigências externas e a dúvida se vai
conseguir alcançar os objetivos, muitas vezes
amedrontam pessoas altamente capacitadas por
Deus e com isso não conseguem sair do lugar.
Por isso a Palavra de Deus traz tantas
declarações do Senhor para seus servos
dizendo “não temas”. Se o medo tentar te
impedir de ir adiante não aceite e enfrente
como uma nuvem passageira que impede a
visão, mas pode ser rompida com facilidade.
Enfrente o medo!
INCREDULIDADE
Jonas 3.4 “Começou Jonas a percorrer a
cidade caminho de um dia, e pregava, e
dizia: Ainda quarenta dias, e Nínive será
subvertida”
O quarto sintoma da Síndrome de Jonas é a
incredulidade. Depois de ser salvo do grande peixe,
Jonas foi a Nínive levar a mensagem de Deus, mas não
porque acreditava realmente e sim porque temia algo
pior sobre sua vida.
A cidade de Nínive era tão grande que se gastava “três
dias para percorrê-la” (Jonas 3.3), contudo com apenas
um dia de caminhada e pregação, toda a cidade
acreditou desde o menor até o próprio rei (Jonas 3.5-9).
Esta é a história de um grande avivamento espiritual ao
ponto de Deus não deixar que nada de mal lhes
acontecesse (Jonas 3.10).
Esta é a pior faze da Síndrome de Jonas, pois
quando você não acredita nem naquilo que
prega, se torna cada vez mais frágil e
vulnerável. O povo de Nínive teve mais fé do
que o próprio profeta. Isso ensina que às
vezes pensamos que as pessoas não vão
acreditar na mensagem, mas na verdade nós é
que estamos duvidando.
Muitas vezes em nosso ministério fazemos o que
sabemos ser certo não por vontade, mas para
‘bater o cartão’ e cumprir uma obrigação. As
decepções com as pessoas nos fazem ficar com o
coração endurecido e desacreditado. A falta de fé
traz uma cegueira espiritual onde não
conseguimos visualizar o agir de Deus. Não deixe
sua fé se esfriar e nem duvide do que Deus pode
fazer através de sua vida.
Nunca perca a fé!
IRA
Jonas 4.1 “Com isso, desgostou-se
Jonas extremamente e ficou irado”
O quinto sintoma da Síndrome de Jonas é a
ira. Este é o momento em que o profeta fica
com raiva do povo e até de Deus, porque não
queria a salvação da cidade (Jonas 4.3).
Preferia morrer a ver a libertação daquelas
vidas (Jonas 4.3). Sua ira era baseada na falta
de fé e de amor, por isso Deus lhe perguntou
duas vezes “é razoável essa tua ira?” (Jonas
4.4 e 9).
A raiva de Jonas era tão grande que ainda
faltavam dois dias para concluir sua missão de
anunciar a mensagem para todo povo e ele saiu
da cidade e subiu num monte para ficar olhando
“até ver o que aconteceria à cidade” (Jonas 4.5).
Agora estava disposto até a acreditar que Deus
destruiria Nínive.
Conviver com pessoas não é nada fácil.
Frequentemente somos testados pelo povo e
passamos por situações embaraçosas.
É preciso muito equilíbrio para saber lidar com
temperamentos diversos no meio da
comunidade. Por isso muitas vezes nos tornamos
impacientes e intolerantes com as pessoas. Não
podemos achar que somos mais importantes que
os outros como Jonas que subiu num monte para
dizer que estava acima de todos.
Um líder nunca pode ter raiva de seus
cooperadores. O relacionamento cristão deve
ser baseado no amor que tolera até mesmo os
erros dos irmãos. Não deixe a ira tomar o lugar
do amor que Deus te deu pelas vidas e peça ao
Espírito Santo que te dê os frutos de “mansidão
e domínio próprio” (Gálatas 5.23).
Cuidado com a ira!
COMODISMO
Jonas 4.5,6 “Então, Jonas saiu da cidade, e
assentou-se ao oriente da mesma, e ali fez uma
enramada, e repousou debaixo dela, à sombra,
até ver o que aconteceria à cidade. Então, fez o
SENHOR Deus nascer uma planta, que subiu
por cima de Jonas, para que fizesse sombra
sobre a sua cabeça, a fim de o livrar do seu
desconforto. Jonas, pois, se alegrou em
extremo por causa da planta”
O sexto Sintoma da síndrome de Jonas é o
comodismo. Jonas achou que já tinha feito o
bastante e saiu da cidade para se assentar
num lugar onde poderia ficar só olhando.
Ainda fez uma cobertura para ter sombra.
Tudo estava dando certo e até nasceu uma
planta para refrescar mais ainda. Agora
Jonas estava confortável e satisfeito.
Um grande perigo para o ministério é o
conforto. O incômodo nos faz reagir e querer
fazer algo para melhorar, mas o conforto nos
faz acomodar e pensar que tudo está bem.
Por isso vemos pessoas com grandes
limitações realizar obras grandiosas enquanto
outros com muitos recursos não conseguem ir
muito longe.
Quando começamos o ministério, nos esmeramos
ao máximo naquilo que fazemos, mas com o tempo
vamos acomodando e relaxando um pouco em
algumas coisas. Se o ministério começa a ter
sucesso então achamos que já está bom e
começamos a parar de fazer coisas essenciais como
evangelismo, visitação, oração e estudo da Bíblia.
Por isso não podemos nos deixar acomodar, mas
estar despertos e atentos para o que Deus nos
chamou.
Não se acomode!
DESAMOR
Jonas 4.10,11 “Tornou o SENHOR: Tens
compaixão da planta que te não custou
trabalho, a qual não fizeste crescer, que numa
noite nasceu e numa noite pereceu; e não hei
de eu ter compaixão da grande cidade de
Nínive, em que há mais de cento e vinte mil
pessoas, que não sabem discernir entre a mão
direita e a mão esquerda, e também muitos
animais?”
O sétimo e pior sintoma da Síndrome de
Jonas é a falta de amor. Jonas não estava nem
aí para o povo de Nínive. Teve mais gosto pela
planta que lhe dava sombra do que pelas
pessoas que estavam perecendo naquela
cidade. Por isso Deus fez que a planta
nascesse e depois morresse, para que Jonas
percebesse a dureza de seu coração.
Vivemos em um tempo que as pessoas são
avaliadas pelo que têm e não pelo que são. Por
isso o amor tem se esfriado (Mateus 24.12).
Somos treinados a descartar as coisas e depois
inconscientemente pensamos que podemos nos
desfazer das pessoas. O materialismo faz com
que as coisas sejam mais valorizadas do que a
vida. Mas para Deus ninguém é descartável e
uma vida tem muito valor (Mateus 6.26).
Certa vez aprendi com um pastor experiente
que se eu quiser ser bem sucedido no meu
ministério devo ‘pregar o evangelho e amar
as vidas’. Se o líder não sentir amor pelas
pessoas, não será capaz de suportar as
dificuldades na obra de Deus. Somente por
amor é que somos capazes de nos doar para
outras pessoas.
Infelizmente nos vemos muitos líderes que “se
apascentam a si mesmos” (Ezequiel 34.2) e
estão interessados no que as ovelhas podem
oferecer mais do que na salvação de suas
vidas. Então não podemos deixar esfriar o
nosso amor e buscar preservar aquele
“primeiro amor” (Apocalipse 2.4,5).
Nunca deixe de amar!
Deus tem um chamado
para sua vida!
CONCLUSÃO
Jonas 4.11 “não hei de eu ter compaixão da grande
cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil
pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e
a mão esquerda, e também muitos animais?”
O livro de Jonas termina com um ponto de
interrogação. A pergunta de Deus continua ecoando e
espera uma resposta de nossa parte. Será que por
muitas vezes, não estamos vivendo esta Síndrome de
Jonas?
Avalie sua vida e ministério refletindo nestas
fazes e busque o remédio o mais rápido
possível. A boa notícia é que se Jonas viveu
um grande avivamento mesmo em tanta crise,
nós também podemos viver pela Graça de
Deus que supera os nossos dilemas.

Deixe Deus curar o seu ministério!


Deus Abençoe

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