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Perturbadores Endócrinos

Bisfenol A
Muitos problemas ambientais começaram
a aparecer a partir dos anos 1970-1980:

• Aparição do buraco na camada de ozônio;

• Aumento do efeito estufa;

• Persistência no meio ambiente de


pesticidas orgânicos (DDT);..

→ INICIO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL


Persistência no meio ambiente de pesticidas
orgânicos (DDT)

Silent Spring foi publicado em1962 e facilitou o banimento do pesticida


DDT em 1972 nos EUA.

DDT é uma substância estrogênica e anti-andrógena → feminização


• diminuição da qualidade do sêmen
• diminuição do tamanho do pênis dos jacarés
Convenção de Estocolmo, sobre Poluentes Orgânicos
Persistentes: POP´s
Iniciaram-se em 1995 (ratificação 2004), sob os auspícios da UNEP, as
negociações para controlar o uso, produção e libertação de POP´s. Foi criado um
grupo de especialistas que identificou, com base em critérios científicos, os doze
poluentes objeto da Convenção:
oito pesticidas: aldrina e dieldrina, endrina, clordano, heptacloro, DDT,
toxafeno e mirex;
dois químicos de aplicação industrial: hexaclorobenzeno e PCBs;
dois resíduos (sub-produtos não intencionais): dioxinas e furanos.

Quase todos são


considerados
PERTURBADORES
ENDÓCRINOS
Histórico
Os primeiros relatos dessas substâncias
químicas indicam o Dietilestilbestrol
(DES), medicamento prescrito para evitar o
aborto espontâneo e promover o
crescimento do feto, usado por mulheres
entre os anos 50 e 70, que apresentou
resultados desastrosos como: Dietilestilbestrol

•Câncer de vagina e infertilidade nas filhas nascidas de mães que o usaram;


•Deformações irreversíveis do útero em filhas nascidas de mães que usaram
DES;
•Os homens que trabalhavam nas fábricas do medicamento tiveram crescimento
das mamas;

•Meninos filhos de mães que usaram o medicamento durante a gravidez vieram


a sofrer de criptorquidia, ou seja, a ausência de testículo no escroto e também
apresentaram contagem média de espermatozoides diminuída e apresentaram
um risco maior de desenvolvimento de câncer de testículos.
2’ OH
1’ 6

1 5
2 3
4
Dietilestilbestrol
1’’
HO
2’’

OH
Me
2’

1’ 6
H 5
1 3
4
2
H H
1’’ Estradiol
HO 2’’
Hormônio sexual feminino:
manutenção da fertilidade e das características
sexuais secundárias das mulheres.
Histórico
Um estudo na Dinamarca relata o declínio da qualidade do sêmen de
homens durante aproximadamente 50 anos, entre os anos de 1938 e 1990:

“Carlsen, E.; Giwercman, A.; Keiding, N.; Skakkebaek, N.; British Medical J. 1992, 305,
609.”

Pode ser encontrado em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1883354/ .


O exemplo mais famoso dos efeitos ambientais dos produtos
químicos do tipo hormônio sobre a vida animal relaciona-se aos crocodilos do
Lago Apopka, Flórida. Em 1980, quantidades enormes de DDT e seus
análogos foram despejadas no lago. Em meados da década de 80, o professor
Louis Guilette Jr., da Univesity of Florida, em Gainesville, descobriu que os
ovos de crocodilo estavam sendo incubados em escasso número – e que
poucos dos crocodilos incubados sobreviviam dentre aqueles nascidos – o que
constituía uma ameaça para a população futura da colônia. Além disso, os
ovos incubados produziam crocodilos com sistemas reprodutivos anormais, o
que tornava pouco provável que fossem capazes de executar sua função
reprodutiva com eficiência. A proporção de estrogênio natural em relação ao
hormônio sexual masculino, testosterona, foi grandemente elevada nos
crocodilos jovens. Presumivelmente como consequência, os pênis dos
crocodilos machos sofreram redução em tamanho, comparando aos normais.
Aparentemente, esses efeitos foram causados pelo DDE, o metabólito do
DDT, que segundo pesquisas, inibe a ligação dos hormônios masculinos a
seus receptores.
DEFINIÇÕES:

Perturbadores Endócrinos
Tais substâncias são mundialmente denominadas
“endocrine disruptors” (EDs) ou ainda “endocrine
disrupting compounds or chemicals” (EDCs). A tradução
para a língua portuguesa tem gerado algumas
denominações diferentes, uma vez que há poucos
grupos de pesquisadores brasileiros trabalhando com
esta temática. Podem ser encontradas as seguintes
denominações: “perturbadores endócrinos”, “disruptivos
ou disruptores endócrinos”, “desreguladores endócrinos”,
“interferentes endócrinos”, “estrogênios ambientais”,
“interferentes hormonais”, dentre outras.
DEFINIÇÕES:

Perturbadores Endócrinos
As substâncias denominadas perturbadores
endócrinos são uma categoria recente de poluentes
ambientais que interferem nas funções do sistema
endócrino. Essas substâncias são encontradas no meio
ambiente em concentrações da ordem de μg L-1 e ng L-1 e
são suspeitas de causarem efeitos adversos à saúde
humana e animal.
DEFINIÇÕES:
Perturbadores Endócrinos
Alguns efeitos citados na literatura, têm sido associados à
exposição de espécies de animais aos desreguladores endócrinos, tais
como:

•diminuição na eclosão de ovos de pássaros, peixes e tartarugas;


•femininalização de peixes machos;
•problemas no sistema reprodutivo em peixes, répteis, pássaros e
mamíferos;
•alterações no sistema imunológico de mamíferos marinhos.

Em alguns casos esses efeitos podem conduzir ao declínio da


população. Em seres humanos esses efeitos incluem:

•redução da quantidade de esperma;


•aumento da incidência de câncer de mama;
•aumento da incidência de câncer de testículo e de próstata;
•endometriose (doença do sistema reprodutiva da mulher que provoca dor
e infertilidade).
DEFINIÇÕES:
Perturbadores Endócrinos
Os estrogênios ambientais abrangem uma grande faixa de
classe de substâncias com estruturas distintas, incluindo
hormônios sintéticos e naturais, substâncias naturais e uma
grande quantidade de substâncias sintéticas.

Dietilestilbestrol

Etinilestradiol
Contraceptivo oral
Bisfenol A
De acordo com a “Environmental Protection Agency”
(EPA), um desregulador endócrino é definido como um
“agente exógeno que interfere com a síntese, secreção,
transporte, ligação, ação ou eliminação de hormônio natural
no corpo que são responsáveis pela manutenção,
reprodução, desenvolvimento e/ou comportamento dos
organismos”.

O EDSTAC (“Endocrine Disrupter Screening and


Testing Advisory Committee ”), descreve um interferente
endócrino como sendo uma substância ou mistura química
exógena que altera uma ou mais funções do sistema
endócrino, bem como a sua estrutura, causando efeitos
adversos tanto sobre um organismo e sua descendência,
como em populações ou subpopulações de organismos.
O SISTEMA ENDÓCRINO
O sistema endócrino (Figura 1) é
constituído por um conjunto de glândulas
localizadas em diferentes áreas do corpo,
como a tireóide (regula o metabolismo), o
timo (sistema imunológico), as gônadas e
as glândulas supra-renais, e pelos
hormônios por elas sintetizados, tais
como a tiroxina, os estrogênios e
progestagênios, a testosterona e a
adrenalina. Hormônios são substâncias
químicas (mensageiros) produzidas e
secretadas pelas glândulas endócrinas e
que, lançadas na corrente sanguínea,
coordenam o funcionamento do
organismo como um todo. Algumas
funções que controlam são: atividades de
órgãos completos, níveis de sais,
açúcares e líquidos no sangue, o uso e
armazenamento de energia, o Gislaine Ghiselli e Wilson F. Jardim
crescimento e o desenvolvimento de um Quim. Nova, Vol. 30, No. 3, 695-706, 2007
determinado organismo, sua reprodução,
suas características sexuais, etc.
O SISTEMA ENDÓCRINO SEXUAL
Os interferentes endócrinos podem exibir tanto um comportamento
estrogênico como androgênico. Estrogênios são esteróides
hormonais que regulam e sustentam o desenvolvimento sexual
feminino e suas funções reprodutivas. Já os androgênios são
esteróides hormonais responsáveis pelo desenvolvimento das
características sexuais secundárias masculinas. De fato, várias
substâncias químicas suspeitas de causar alteração no sistema
endócrino estão relacionadas com uma série de problemas de saúde
humana e animal. Segundo o Comitê Científico de Toxicidade,
Ecotoxicidade e Ambiente – CCTEA, há associações envolvendo a
presença destas substâncias no organismo humano e o surgimento de
algumas doenças como câncer de testículo, de mama e de próstata, a
queda da taxa de espermatozóides, deformidades dos órgãos
reprodutivos, disfunção da tireóide e alterações relacionadas com o
sistema neurológico.

Estradiol Diidrotestosterona
MECANISMOS DE AÇÃO DOS
INTERFERENTES ENDÓCRINOS

A ação de um determinado hormônio inicia-se através da sua ligação a


um receptor específico (proteína), no interior de uma célula. O
complexo resultante liga-se a regiões específicas do DNA presente no
núcleo da célula, o que determina a ação dos genes. Certas
substâncias químicas podem também se ligar ao receptor hormonal e,
conseqüentemente, mimetizar ou bloquear a ação do próprio hormônio.
• Quando a concentração de um determinado hormônio no
organismo é elevada, o caminho que leva a sua
produção é consequentemente desativado.

• Embora muitos destes caminhos possam ser


influenciados por estimulações externas ao organismo, a
grande maioria dos distúrbios endócrinos observados e
explicados até o momento é atribuída ao funcionamento
das gônadas, responsáveis pelas características sexuais
secundárias e pelo desenvolvimento e funcionamento
dos órgãos sexuais.
1) Imitando a ação de um hormônio produzido naturalmente -
EFEITO AGONISTA

Um receptor hormonal (proteína) possui elevada sensibilidade e afinidade por


um hormônio específico, produzido no organismo. Por isso, concentrações extremamente
baixas de um determinado hormônio geram um efeito, produzindo uma resposta natural.
Entretanto, estes receptores hormonais também podem se ligar a outras substâncias
químicas. Isso explica o porquê de determinados interferentes endócrinos presentes no
organismo, mesmo em baixíssimas concentrações, serem capazes de gerar um efeito,
provocando conseqüentemente uma resposta. Muitos interferentes endócrinos competem
com o estradiol (hormônio sexual feminino produzido naturalmente pelo organismo) pelos
receptores de estrogênio = EFEITO ESTROGÊNICO. Outros competem com a
diidrotestosterona (hormônio sexual masculino produzido naturalmente pelo organismo)
pelos receptores de androgênio = EFEITO ANDROGÊNICO . Portanto, estas substâncias
exercem efeitos de feminilizazação ou masculinização sobre o sistema endócrino .

Estradiol
Diidrotestosterona
ESTROGÊNIOS
Os três hormônios sexuais femininos naturais são:

•Estradiol
•Estriol
•Estrona

Estriol Estradiol Estrona

Muitos interferentes endócrinos exibindo um comportamento estrogênico


(competindo com o estradiol = efeito AGONISTA) possuem anel fenol com uma
substituição em posição para.

Ex: dietilestilbestrol, bisfenol A, genisteína, nonil-fenol, parabenos, etc...


2) Bloqueando os receptores nas células que recebem os
hormônios, impedindo assim a ação dos hormônios naturais -
EFEITO ANTAGONISTA
Substâncias que produzem efeitos de feminilização são conhecidas
como estrogênicas, enquanto que as que produzem efeitos de masculinização
são conhecidas como androgênicas.

Portanto, se uma substância é considerada anti-androgênica como a


flutamida (usado contra o câncer de próstata), ela certamente inibirá a ação
biológica dos androgênios, ligando-se e, consequentemente, inativando os
receptores de androgênios presentes nos tecidos-alvo. Já uma substância anti-
estrogênica, como o tamoxifeno (usado contra o câncer de mama), inibe a ação
biológica dos estrogênios ligando-se e, consequentemente, inativando os
receptores de estrogênios presentes nos tecidos-alvo.
Em suma, os interferentes endócrinos podem interferir no
funcionamento do sistema endócrino pelo menos de três formas
possíveis:

1) Imitando a ação de um hormônio produzido naturalmente


pelo organismo, como o estrogênio ou a testosterona,
desencadeando deste modo reações químicas semelhantes no
corpo = EFEITO AGONISTA

2) Bloqueando os receptores nas células que recebem os


hormônios, impedindo assim a ação dos hormônios naturais =
EFEITO ANTAGONISTA

3) Afetando a síntese, o transporte, o metabolismo e a excreção


dos hormônios, alterando as concentrações dos hormônios
naturais.
SUBSTÂNCIAS CLASSIFICADAS COMO
INTERFERENTES ENDÓCRINOS

Existem basicamente duas classes de substâncias que podem alterar o


funcionamento do sistema endócrino:

1) Os hormônios naturais que incluem estrogênio, progesterona e


testosterona, presentes no corpo humano e nos animais, e os fitoestrogênios,
substâncias contidas em algumas plantas, como nas sementes de soja, e que
apresentam uma atividade semelhante aos esteróides hormonais quando
ingeridas por um determinado organismo.

2) As substâncias sintéticas que incluem os hormônios sintéticos (hormônios


idênticos aos naturais, fabricados pelo homem e utilizados como
contraceptivos orais e/ou aditivos na alimentação animal), bem como os
xenoestrogênios, substâncias produzidas para utilização nas indústrias, na
agricultura e para os bens de consumo. Estão incluídos nesta categoria os
pesticidas e aditivos plásticos, as bifenilas policloradas (PCB´s), os
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA´s), compostos de
organoestanho, alquilfenóis, e ainda subprodutos de processos industriais,
como as dioxinas e furanos.
HERBICIDA
INSETICIDA Organofosforado

INSETICIDAS ORGANOCLORADOS
4-nonilfenol
HO

Clx

Cly

Cl O Cl Cl Cl

Cl O Cl Cl O Cl

2,3,7,8 TCDF
2,3,7,8-TCDD Furano
Benzo[a]pireno

Estradiol
Dietilestilbestrol Etinilestradiol
Esteróides Sexuais

Esteróides compreendem um grupo de substâncias, tais como os


hormônios e seus precursores, frequentemente determinado em
materiais biológicos como sangue e urina. De acordo com suas
funções, podem ser divididos em três principais classes: esteróides
hormonais, como os androgênios, corticóides, estrogênios e
progestágenos; colesterol e derivados; e fitoesteróides.
Estrogênios, androgênios e progestagênios,
tanto naturais quanto sintéticos, são
excretados principalmente pela urina, na
forma biologicamente inativa, ou seja, como
conjugados solúveis em água (principalmente
glucoronídios ou sulfatos) e em menor
proporção pelas fezes (na forma livre),
apresentando variações com relação à
solubilidade em água, taxa de excreção e
catabolismo biológico. Sob condições
ambientais estes conjugados são rapidamente
hidrolisados, levando aos hormônios livres e
seus metabólitos.
Vários organismos excretam diferentes
quantidades de esteróides sexuais
(hormônios), dependendo da idade, do estado
de saúde, da dieta ou gravidez. Apenas como
curiosidade, a quantidade de estrogênio
excretada por uma mulher grávida pode ser
até mil vezes maior que a de uma mulher em
atividade normal (da ordem de 2 a 20 ìg
estrona/dia, 3 a 65 ìg estriol/dia, e 0,3 a 5 ìg
estradiol/dia), dependendo do estágio da
gravidez.
Hormônios sintéticos

Quando a concentração de um determinado hormônio


no organismo é elevada, o caminho que leva a sua
produção é consequentemente desativado.

Etinilestradiol
Estradiol
contraceptivo oral
Fitoestrogênios

Fitoestrógenos são compostos derivados de plantas com estrutura química


e atividade hormonal semelhante ao estradiol. Os principais fitoestrógenos são:
isoflavona (genisteína, daidzeína), lignanos e coumestanos. Estas substâncias,
principalmente as isoflavonas, podem afetar o sistema reprodutivo, glândulas
mamárias, hipotálamo e hipófise. A abundância de fitoestrógenos com ação
estrogênica é balanceada pela sua baixa afinidade para os receptores de
estrogênio. Na alimentação da criança tornam-se importantes por estarem
presentes nas fórmulas à base de leite de soja. Cientistas afirmam que os
fitoestrógenos derivados da soja têm baixa afinidade por receptores de estrogênio e
baixa potência estrogênica em bioensaios.
Fitoestrogênios
Os estrogênios naturais são encontrados em vegetais, cereais, plantas, temperos e frutas, tais
como maçãs, cerejas, ameixas, batatas, cenouras, ervilhas, soja, feijão, salsa, alho, trigo, aveia, centeio e
cevada.
Contudo, estes disruptores não conseguem se acumular no nosso corpo e são excretados de
forma natural. Os fitoestrogênios são substâncias químicas naturais contidas nas plantas, que possuem
atividade estrogênica e que atuam como constituintes das membranas celulares, como hormônios de
crescimento, como antioxidantes (proteção contra as radiações UV), fungicidas, e algumas vezes como
herbicidas. Estes fitoquímicos não nutricionais somam mais de 12.000 substâncias químicas naturais
presentes nos alimentos de origem vegetal. Diferentemente dos hormônios sexuais, os fitoestrogênios são
substâncias não esteroidais que apresentam uma estrutura do tipo 2-fenilnaftaleno. Estes compostos
fenólicos pertencem, basicamente, à família dos flavonóides e das ligninas. Vários cientistas têm focado
suas pesquisas nas isoflavonas e nas ligninas. As isoflavonas são encontradas em uma variedade de
plantas, incluindo as frutas, legumes e vegetais e são especialmente abundantes na soja e seus derivados,
enquanto que as ligninas são produzidas a partir do catabolismo biológico de grãos inteiros, sementes,
fibras e algumas frutas e vegetais, apresentando altas concentrações nas sementes do linho. As estruturas
da genisteina (isoflavona) e enterolactona (lignina) são mostradas na Figura 3. As isoflavonas possuem
uma estrutura difenólica que se assemelha aos estrogênios sintéticos como o dietilestilbestrol (DES). Já as
ligninas possuem uma estrutura derivada do 2,3-dibenzilbutano.
Ambos os tipos de fitoestrogênios têm apresentado uma atividade estrogênica da ordem
de 10 a 10-3 quando comparada ao 17-estradiol. Isto significa que, se um fitoestrogênio se ligar no
-2

organismo a um receptor de estrogênio, irá produzir uma resposta cerca de 100 a 1000 vezes menor que a
de um estrogênio endógeno. Embora a concentração destas substâncias no corpo humano possa ser até
100 vezes maior que os valores encontrados para os estrogênios endógenos, elas são facilmente
metabolizadas e excretadas pela urina e pela bílis, na forma de glucoronídios e sulfatos conjugados. Por
outro lado, estudos realizados com animais provenientes de regiões agrícolas (monocultura)
demonstraram que alguns fitoestrogênios apresentaram atividade estrogênica com efeitos
deletérios à saúde animal. Algumas ovelhas, após terem sido alimentadas por longo período com
um tipo especial de pasto que continha as isoflavonas genisteina, formonoetina e biochanina A
desenvolveram sintomas de infertilidade.
Fitoestrogênios

Em comparação com os seres humanos, a evidência de que os animais são


afetados pelo consumo ou exposição à isoflavonas de soja é extensa. É geralmente
bem aceito que a fertilidade feminina animal é desregulada por exposição, ainda no
útero, ou exposição neonatal a isoflavonas. Vários estudos em animais têm
documentado alterações no momento da abertura vaginal, ciclicidade estral, a
função ovariana, eixo HPG, um aumento do número de folículos multi- oócito e
subfertilidade. Molecular and Cellular Endocrinology 355 (2012) 192–200
Substâncias Químicas Sintéticas

Pesticidas organoclorados persistentes

– DDT e DDE
– Dieldrin
– Aldrin
– Toxafeno
DDT e DDE = substâncias estrogênicas→ feminização

DDT DDE

- Persistente e bioacumulável
- Baixa pressão de vapor
- Solubilidade bastante reduzida em água
- Solúvel em tecidos adiposos

Pesquisas recentes indicam que os estrogênios ambientais podem afetar as características


sexuais nos seres humanos: meninas que foram expostas no período pré-natal a altos níveis
de DDE alcançaram a puberdade quase um ano completo antes das que sofreram níveis de
exposição menores.
Espécies de jacarés jovens que viveram em lagos
da Flórida poluídos apresentaram anomalias no sistema
reprodutivo, tais como, concentrações anormais de
hormônios sexuais no plasma (baixa concentração de
testosterona) e anomalias morfológicas nas gônadas
(redução no tamanho do pênis). A causa dessas
anomalias pode estar relacionada com a presença de
substâncias estrogênicas e anti-androgênicas. O principal
poluente encontrado nesses jacarés foi o DDE, o mais
persistente metabólito do DDT.
Efeitos adversos no sistema reprodutivo de
pássaros também podem estar relacionados com a
exposição aos desreguladores endócrinos, tais como,
pesticidas (DDT, dicofol) e PCB. Foram observadas
anomalias em embriões machos e fêmeas, como por ex.,
a feminilização dos machos.
Dieldrin, aldrin, toxafeno

O dieldrin, o aldrin e toxafeno são pesticidas organoclorados


com ação estrogênica. Estudo utilizando células mamárias concluiu que eles
possuíam atividades estrogênicas similares à do DDT, e que seus efeitos
também eram cumulativos.
O aldrin e o dieldrin acumulam-se no solo por longos
períodos, tornando-se disponíveis para o consumo animal por meio de
contaminação de pastagens. Também podem se acumular na poeira de tapetes
domésticos facilitando a exposição das crianças e são encontrados em
sedimentos de rios contaminando bacias hídricas . Resíduos de aldrin foram
encontrados em lençóis freáticos do rio Atibaia, no Estado de São Paulo , e
resíduos de dieldrin detectados em amostras de água, peixes e mamíferos da
região dos Grandes Lagos na América do Norte . Como estas substâncias são
lipofílicas elas têm a tendência de se acumular em tecidos e líquidos com alto
teor de gordura . Na Espanha, pesquisa em área rural, detectou
concentrações excessivas de aldrin, dieldrin e toxafeno no leite materno .
Embora banidos na década de 90 do século passado, 39 países ainda reportam
produção destes pesticidas . No Brasil, a comercialização do aldrin e eldrin foi
interrompida em 1985, sendo seu uso permitido somente em campanhas de
saúde pública no combate a vetores .
Dieldrin

Toxafeno

Aldrin
PCBs: Bifenilos policlorados

Um dos doze POPs da Convenção de Estocolmo

Clx

Cly

Bifenilas policloradas (PCB) são compostos


organoclorados que apresentam alta estabilidade térmica e elevada
constante dielétrica. Estas propriedades permitiram seu uso na
produção de isolantes termoelétricos. As PCB são altamente
resistentes à degradação. Elas se acumulam no tecido gorduroso,
fazendo com que a exposição ocorra através do consumo de peixe ou
outros predadores no topo da cadeia alimentar . Exposição a PCB foi
associada a atraso puberal e diminuição do volume testicular em
meninos e retardo no surgimento das mamas em meninas. Ação anti-
estrogênica e anti-androgênica. A utilização desses produtos foi
suspensa no final da década de 70 do século passado . No Brasil, as
PCB foram comercializadas com o nome de Ascarel.
Contaminação Globalizada 

Um exemplo bem sombrio que mostra as lamentáveis


conseqüências da interação do ser humano com estrogênios ambientais foi
verificado em uma pesquisa realizada em 1984. Envolveu 242 crianças
recém-nascidas cujas mães consumiram peixes do Lago Michigan/USA,
por mais de seis anos. Eles estavam contaminados com quantidades
moderadas de PCB’s. As mães que gestaram estes bebês haviam
consumido estes peixes e as crianças demonstraram, ao nascer, uma
média de 190 gramas a menos do que outras crianças saudáveis que
serviam como controle. Este nível foi comparado aos pesos também baixos
de nascituros de mães que fumavam durante a gravidez. As crianças
expostas ao PCB apresentavam menores circunferências de seus crânios
e exibiam retardamento em sua maturidade neuromuscular. Além disso,
mães que consumiram maiores quantidades de peixes apresentavam
concentrações muito mais altas de PCB e seus bebês apresentavam níveis
elevados de PCB em seus cordões umbilicais. E é mais perturbador
quando se constata que estas mães consumiram não mais do que dois
salmões, ou trutas do lago, por mês.
Bifenilas Polibromadas

As bifenilas polibromadas (PBB) são empregadas como aditivos nas


formulações de materiais usados como agentes retardantes de chama, no
combate a incêndios. Tais agentes são usados em plásticos, circuitos
eletrônicos, pela indústria têxtil e em outros materiais empregados para
prevenir incêndios. Além das PBB (dos 209 possíveis congêneres apenas 45
destes foram sintetizados), outras substâncias como os difeniléteres
polibromados (PBDE), o hexabromociclododecano (HBCD) e o
tetrabromobisfenol A (TBBPA) também são comumente utilizados como
agentes retardantes de chama. Estas substâncias são empregadas
mundialmente em vastas quantidades. Estima-se que 600 mil t de retardantes
de chama são produzidas mundialmente, a cada ano, sendo 60 mil
correspondente aos compostos clorados e 150 mil aos compostos bromados.
Estas substâncias são bastante persistentes, lipofílicas e apresentam elevado
potencial para bioacumulação. Também mostraram produzir uma resposta
estrogênica em estudos envolvendo ensaios in vitro.
Dioxinas e Furanos
Dois dos doze POP’s da Convenção de Estocolmo

As dioxinas e furanos são denominações genéricas para dois grupos


similares de substâncias químicas aromáticas e policloradas: as
dibenzo-p-dioxinas (PCDD) e os dibenzofuranos (PCDF). Estas
substâncias não são produzidas comercialmente e sim geradas como
subprodutos de vários processos industriais e de combustão. Sem
dúvida, a principal fonte destas substâncias é a incineração de
resíduos (lixo), como os provenientes de áreas hospitalares e
municipais.
O Cly
9 1
8 2

7 3
6 4
Clx
O O
Clx Cly
FURANO (similar às dioxinas)
DIOXINAS = dibenzo-p-dioxinas policloradas
PCDD (polychlorinated-p-dibenzodioxins) dibenzofurano PCDF (policlorodibenzofurano)
Família de 75 congêneres 135 congêneres
Estudos com animais mostraram que a TCDD
apresenta um efeito deletério nas funções
reprodutivas, produzindo ambos os efeitos anti-
estrogênico e antiandrogênico. Dioxinas e furanos
também são persistentes no meio ambiente e
podem ser bioacumuladas nos organismos,
causando alterações no sistema endócrino, uma vez
que são substâncias comprovadamente
cancerígenas.
Combustão → Incineração de lixo

→ A maior fonte de emissão atua de dioxinas e furanos


Chamas de muitos tipos, incluindo as que ocorrem em incêndios florestais e em
incineradores, também emitem para o embiente vários congêneres da família
das dioxinas; tais compostos químicos são produzidos como subprodutos
minoritários a partir de cloro e matéria orgânica presentes no material
combustível. A produção de dioxinas parece inevitável quando a combustão da
matéria orgânica ocorre em presença de cloro, a não ser que as etapas sejam
efetuadas de modo a garantir a combustão completa usando temperaturas de
chama muito elevadas.
Processos de combustão: incineradores
de lixo municipais, incineradores de
resíduos industriais, incineradores de
lodos, incineradores hospitalares, plantas
de preparação de carvão, termelétricas a
carvão, recuperação de arames, produção
de papel e celulose, queima ao ar livre de
resíduos de madeira, veículos
automotores, fumaça de cigarro, lareiras
que queimam madeira, aciarias, fundições
de cobre, e outros.
Bisfenol A (BPA) 

Estradiol

O bisfenol-A (ação estrogênica) é um composto utilizado na fabricação de


plásticos policarbonatos e epóxi de resina, presentes na resina do forro de latas
de alimento e bebida, e na composição de material odontológico selante . Ele já
foi encontrado no soro de mulheres grávidas, liquido ascítico e amostras de urina.
Isto mostra que a exposição é universal e a partir de múltiplas fontes, inclusive da
água usada para beber ou banhar. A exposição pré-natal tem sido associada à
ocorrência de câncer no trato reprodutivo e anormalidades fetais em seres
humanos.

plásticos policarbonatos
O bisfenol A é uma substância amplamente utilizada durante
os processos industriais como monômero na produção de polímeros,
policarbonatos, resinas epóxi e resinas de poliésterestireno
insaturadas, e ainda como fungicidas e agentes retardantes de chama.
Outras aplicações incluem seu uso como estabilizante na
produção de plásticos (inclusive embalagens de alimentos), como
revestimento interno nas latas de alumínio usadas em bebidas, como
selante dentário, como antioxidante, dentre outras. Este composto
ocorre no ambiente como resultado do processo de lixiviação dos
produtos finais manufaturados a partir deste, podendo estar presente
nos vários compartimentos: ar, água, solo, sedimento e biota.
Com relação à sua atividade estrogênica, alguns estudos
envolvendo ensaios in vitro mostram que o bisfenol A possui um
potencial de 4 a 6 ordens de magnitude menor que o 17β- estradiol e,
ainda, que pode apresentar atividade anti-androgênica. Pelo fato do
bisfenol A ser bastante empregado nos processos industriais e também
por participar das formulações de produtos de uso doméstico, suas
principais fontes no meio ambiente são os efluentes industriais, os
esgotos domésticos, bem como os lodos provenientes das estações de
tratamento de esgoto (ETE).
Uma resina epóxi ou poliepóxido é
um polímero termofixo que se endurece quando se
mistura com um agente catalisador ou
"endurecedor". As resinas epóxi mais frequentes são
produtos de uma reação
entre epicloridrina e bisfenol-a.
Estudos humanos recentes indicam que a exposição ao BPA em
adultos pode estar associada a:

- uma resposta reduzida de ovário e do sucesso da FIV,


- sucesso de fertilização e qualidade embrionária reduzida,
- falhas de implantação,
- aborto espontâneo,
- parto prematuro,
- diminuição da função sexual masculina,
- redução da qualidade do esperma,
- concentrações alteradas de hormônios sexuais,
- alteração das concentrações de hormônio da tireóide,
- função imunológica atenuada,
- diabetes tipo 2 ,
- doença cardiovascular,
- alteração da função hepática,
- obesidade,
- albuminúria,
- estresse oxidativo e inflamação,
- alteração dos marcadores epigenéticos e expressão gênica. .
(Johanna R. Rochester Reproductive Toxicology 42 (2013) 132– 155)
Além disso, a exposição ao BPA durante a gestação pode resultar em
aumento de:

•aborto espontâneo,
•tempo de gestação anormal,
•redução do peso do recém nascido,
•aumento das anormalidades genitais masculinos,
•aumento da obesidade infantil.

Particularmente forte são as associações entre a exposição


precoce ao BPA e comportamento alterado e desenvolvimento
neurológico interrompido em crianças, bem como o aumento da
probabilidade de chiado na infância e asma.

(Johanna R. Rochester Reproductive Toxicology 42 (2013) 132– 155 )


Canada
Brasil

Anvisa proíbe a comercialização de mamadeiras com bisfenol A no Brasil

A decisão, baseada em estudos recentes que apontam os riscos da exposição ao BPA, visa proteger crianças de 0 a 12
meses.
Mamadeiras que contenham bisfenol A não poderão mais ser fabricadas e comercializadas no Brasil. As empresas terão 90
dias, a partir da publicação no Diário Oficial da União, para paralisar a fabricação e até o dia 31 de dezembro de 2011
para vender os produtos que estão estocados. 

Essa determinação foi baseada em estudos recentes que indicam que o BPA, substância presente no policarbonato e
material mais utilizado na fabricação de mamadeiras, oferece diversos riscos à saúde. Crianças de 0 a 12 meses são as
maiores vítimas potenciais, porque, no primeiro ano de vida, o organismo delas ainda não é capaz de eliminar a substância. 

E são as crianças que ficam mais expostas a ela do que os adultos. “O aumento do calor facilita a liberação do BPA. Ou seja,
quando a mamadeira é aquecida ou quando colocamos algo quente dentro delas, a substância é liberada em maior
quantidade”, diz Adriana Pimentel, doutora em química e professora da Universidade Pequeno Príncipe (PR). Além disso,  a
estrutura química dessa substância, quando ingerida, se assemelha ao estrógeno, hormônio feminino, o que é prejudicial. “A
fase da puberdade pode ser adiantada por esse tipo de substância”, acrescenta Adriana. 

Enquanto o mercado brasileiro não se adequa à determinação, você tem como opções as mamadeiras de vidro ou
de polipropileno. Hoje em dia, muitas marcas oferecem produtos com BPA free. Então fique atenta ao escolher a
mamadeira de seu filho. Se a informação não estiver destacada na embalagem, leia a composição do produto. 

Embora ainda não existam resultados conclusivos a respeito dos riscos oferecidos pelo BPA, diversos países já proibiram seu
uso, entre eles Canadá, Costa Rica, alguns estados americanos e toda a União Europeia. “Os estudos com seres humanos
não são conclusivos, mas já sabemos que ele pode fazer mal, então essa é uma precaução válida”, afirma Adriana. De
acordo com a Anvisa, os países do Mercosul devem adotar a mesma medida em breve
Ftalatos

Ftalatos são substâncias usadas para dar flexibilidade e durabilidade ao


policloreto de vinila (PVC). Eles são encontrados em uma grande variedade de
produtos como material médico-hospitalar, roupas, cosméticos, detergentes,
solventes, oleos lubrificantes e brinquedos. Dois ftalatos, o dietilexil (DEHP) e
diisononil (DINP), têm recebido atenção. O DEHP, usado na fabricação de
equipamentos médicos, mostrou ser mais tóxico que o DINP, usado para
fabricação de brinquedos infantis. As principais vias de exposição são
contaminação alimentar das embalagens plásticas, aspiração de partículas
de aerossol e ingestão de ftalatos por sucção de brinquedos contendo este
material. Alguns componentes do ftalato podem interferir no desenvolvimento
mamário por simular a ação do estradiol . No Brasil, o uso de ftalatos é
permitido na produção de embalagens que possuam contato com alimentos .

O dietilexil é um dos
componentes de
bronzeadores
Parabenos

Parabenos  (substâncias estrogênicas) são uma classe de produtos químicos muito


utilizados em cosméticos. Eles são conservantes eficazes em muitos tipos de fórmulas, por
isso são utilizados para eliminar micro-organismos. Eles podem ser encontrados em:

-Shampoo e condicionadores
- Sabonetes
- Hidratantes
- Lubrificantes
- Pasta de dentes
- Maquiagem
- Loções e cremes
- Gel de barbear
- Gel de cabelo
- Alimentos pré-embalados..
Stevia: Edulcorante “natural”
Alquilfenóis

Os alquilfenóis, usado como agente antioxidante em


plasticos, emulsificador e dispersor em numerosos produtos
industriais e domésticos (e.g., detergentes e pesticidas), é
um potencial interferente endócrino com o qual os seres
humanos estão em constante contato. = substâncias
estrogênicas

4-nonilfenol
HO

Estradiol

Nonilfenol etoxilado
Os alquilfenóis compreendem os surfactantes não iônicos
empregados principalmente na forma de etoxilados e que são sintetizados
através da adição de óxido de etileno ao nonilfenol, sob condições
alcalinas. Dentre os alquilfenóis, 4-nonilfenol e 4-octilfenol são os
compostos de maior importância ambiental devido à escala em que são
produzidos no ambiente, a partir de processos de biodegradação dos
alquilfenóis etoxilados. Embora nos últimos anos o uso destes compostos
na formulação de detergentes de uso doméstico tenha sido diminuído em
alguns países da Europa, eles ainda continuam sendo empregados como
componentes de detergentes industriais, como agentes dispersantes na
produção de polpa e papel, como agentes emulsificantes nas formulações
de tintas látex e pesticidas, como aditivos plásticos na produção de resinas
fenólicas, como agente floculante, como espermicida em aplicações
contraceptivas, nas indústrias têxteis, dentre outras. A maioria destes
etoxilados, durante os processos de biodegradação como os empregados
nas ETE, geram subprodutos tóxicos e persistentes que, após serem
introduzidos no meio ambiente, são acumulados nos organismos aquáticos
uma vez que são mais lipofílicos que os compostos que os originaram.
HAP´s (PAH´s): Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos

Estradiol
Benzo[a]pireno

A persistência dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos no ambiente


varia de acordo com a massa molar. Os que apresentam baixa massa molar, como
naftaleno e antraceno, são degradados mais facilmente, apresentando um tempo
de meia-vida que varia entre 9 a 43 h. Entretanto, a maioria deles apresenta
elevada lipofilicidade podendo ser facilmente bioacumulados no meio ambiente.

Pelo fato de apresentarem estruturas similares aos esteróides sexuais


podem também interferir no funcionamento natural do sistema endócrino, ligando-
se aos receptores hormonais e produzindo um efeito antagonista (resposta
inibida).
EFEITOS CAUSADOS PELA EXPOSIÇÃO AOS
DESREGULADORES ENDÓCRINOS
1) ANIMAIS

Alguns moluscos (caramujos e lesmas) que vivem no litoral brasileiro


desenvolveram anomalias no sistema reprodutivo resultante da
exposição ao TBT. Esses compostos orgânicos contendo estanho,
oriundos da tinta dos cascos das embarcações, estão provocando o
surgimento de órgãos masculinos em fêmeas, fenômeno conhecido
como imposex – imposição sexual – que é irreversível e provoca a
esterilização das espécies, podendo causar declínio considerável nas
populações de espécies mais sensíveis. Essas substâncias interferem
na síntese da testosterona (hormônio masculino), causando um
aumento na sua produção nas fêmeas. Essa alteração hormonal faz
surgir estruturas sexuais masculinas não funcionais, mantendo-se,
porém, a anatomia interna do organismo.
Vários testes e biomarcadores têm sido desenvolvidos para
detectar a atividade estrogênica de uma determinada substância.
Um marcador bastante usado é a vitelogenina (VTG), uma proteína
presente no plasma sanguíneo e que desempenha importante papel
no sistema reprodutivo de vertebrados ovíparos fêmeas. Tal
substância, sintetizada no fígado, é regulada por estrogênios e
transportada através do sangue para os ovários. Em organismos de
machos a vitelogenina também está presente, mas apresenta uma
concentração pouco expressiva. Entretanto, sua concentração no
plasma pode se tornar elevada após a exposição de um
determinado organismo a substâncias que apresentam atividade
estrogênica.
Houve diminuição de jacarés no lago Apopka, na
Flórida, decorrente da reversão de sexo de 25 a 30%
dos jacarés machos encontrados. A maioria
apresentava anormalidades no pênis, geralmente com
tamanho reduzido de 2/3 à metade do tamanho
normal. O mesmo foi constatado com as tartarugas do
lago. Todos os machos observados eram intersexuais.
Não foi encontrado nenhum macho normal.
Atividade agrícola faz peixe macho desenvolver ovos

Um estudo recente na América descobriu que peixes machos podem


desenvolver características do sexo feminino em áreas de maior atividade
agrícola.
2) Homens

Uma variedade de substâncias químicas é suspeita de causar


efeitos adversos na saúde humana, resultando em alterações no
sistema endócrino, incluindo efeitos no sistema reprodutivo feminino:
•diferenciação sexual
•função dos ovários
•aumento no risco de câncer de mama e de vagina
•ovários policísticos
•endometriose

e no sistema reprodutivo masculino:


•redução na produção de esperma
•aumento do risco de câncer testicular e
de próstata
•infertilidade
•alterações nos níveis hormonais da tireóide.

Esses e outros efeitos foram revisados em alguns estudos.


Em respeito aos efeitos na saúde humana, o Comitê Científico da
Toxicidade, Ecotoxicidade e Ambiente concluiu que há relação
entre alguns desreguladores endócrinos e alterações na saúde
humana, como o câncer de testículo, de mama e de próstata, o
declínio das taxas de espermatozóides, deformidades dos órgãos
reprodutivos e disfunção da tiróide.
O uso de DES em mulheres grávidas na década de 70 e no
desenvolvimento de anomalias no sistema reprodutivo feminino de
meninas nascidas de mães que fizeram uso desse medicamento, tais
como, câncer vaginal, gravidez anormal e redução na fertilidade, é,
sem dúvida, uma evidência dos efeitos à exposição aos
desreguladores endócrinos. Vários grupos de pesquisas acreditam
que grande parte da população sofre com o decréscimo na
qualidade do sêmen nas últimas décadas. De 1973 a 1992, Auger
et al. analisaram a qualidade do sêmen de um grupo de homens
férteis saudáveis, levando em conta o volume do fluido seminal, a
concentração de esperma e a mobilidade e morfologia dos
espermatozóides. Os autores observaram um declínio na
concentração e mobilidade dos espermas nos homens por um
período de 20 anos, e esse decréscimo da qualidade do sêmen
coincide um aumento na incidência de anomalias no sistema
reprodutivo masculino, incluindo câncer testicular. O aumento da
incidência de câncer testicular também tem sido relatado
por outros autores.

DES: Dietilestilbestrol
Conclusão

Uma das principais razões para que haja uma


preocupação sobre este tema está nos possíveis efeitos
dos interferentes endócrinos na saúde humana e no meio
ambiente, incluindo várias espécies animais. Substâncias
químicas suspeitas de causar alteração no sistema
endócrino estão potencialmente associadas a várias
doenças, como o câncer de testículo, de mama e de
próstata, à queda da taxa de espermatozoides,
deformidades dos órgãos reprodutivos, disfunção da
tireoide e alterações relacionadas com o sistema
neurológico.
Agressão ao Homem (Parte 1 de 5)
Documentário da BBC

http://www.youtube.com/watch?v=9WUJ-hmAqJg
http://www.youtube.com/watch?v=GCGF5GAg-lQ&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=-kEPT4wDWd8&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=1zQy7Pg1El4&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=N251XD6nzdk&feature=related

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