Faculdade Sudoeste Paulista

INTERAÇÃO COMUNITÁRIA Psicologia

PROJETO DE INTERVENÇÃO:
“ Ser adolescente é normal”

Alessandro Almeida
Eli Oliveira
Nathalia Martins
Tamires Rosa
INTRODUÇÃO
Através de palestras formativas com o corpo docente de escolas estaduais do
interior de São Paulo, serão trabalhados conteúdos relativos aos aspectos da
chamada “adolescência normal”, fase psicológica correspondente ao período
biológico da puberdade, fomentando a compreensão dos processos comuns a este
período e consequentemente as disfuncionalidades que possam surgir, auxiliando
assim o docente na identificação e abordagem de possíveis psicopatologias,
apoiando indiretamente o eixo de formação e educação permanente proposto pela
PNPS.

CONTEÚDO:
1. Adolescência e Puberdade: Um Paralelo

2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de Maurício Knobel

3. A Sensibilização do Docente

4. A PNPS e a Rede de Atenção à Saúde

1. Adolescência e Puberdade: Um Paralelo

A puberdade tem um aspecto biológico e universal, Estas mudanças físicas

caracterizado por modificações corporais visíveis,
costumam caracterizar a
como por exemplo, o crescimento de pêlos
puberdade, que neste
pubianos, o aumento da massa corporal,
desenvolvimento das mamas, evolução do pênis, caso seria um ato
menstruação, etc. biológico ou da natureza.

A Adolescência é uma atitude ou postura do ser

humano durante uma fase de seu desenvolvimento,
que deve refletir as expectativas da sociedade sobre A adolescência, portanto,
as características deste grupo.
é um papel social, que
Cada cultura possui um conceito de adolescência,
baseando-se sempre nas diferentes idades para parece sempre ter sido
definir este período. simultâneo à puberdade.
No Brasi, o ECA define esta fase como sendo dos 12
aos 18 anos de idade.
1. Adolescência e Puberdade: Um Paralelo

PANORAMA PSICOSSOCIAL NO BIOLÓGICO HUMANO

Algumas vezes, as transformações do estado físico da criança para o adulto,

ocorrem muito cedo ou muito tarde. Puberdade Precoce ou Puberdade
Atrasada.

Quando as meninas com menos de 8 anos de idade ou os

meninos com menos de 9 anos de idade começarem a
desenvolver sinais de puberdade, estaremos diante de
uma condição que chamamos de "puberdade precoce".
Isso acontece numa criança a cada 5.000 a 10.000 crianças.

A maioria dos atrasos da puberdade é de causa puramente

emocional, onde a criança se "nega" a crescer e a se
desenvolver, relutando em abandonar o corpo e os
prazeres da vida infantil, ou então aparece como resposta
às privações de estímulos ambientais.
A ADOLESCÊNCIA: UMA DEFINIÇÃO BIOPSICOSSOCIAL

“[...] a etapa da vida a qual o indivíduo procura estabelecer sua identidade

adulta, apoiando-se nas primeiras relações objeto-parentais
internalizadas e verificando a realidade que o meio social lhe oferece,
mediante o uso dos elementos biofísicos em desenvolvimento à sua
disposição e que por sua vez tendem à estabilidade de personalidade [...]
o que só é possível quando consegue o luto pela identidade Infantil” –
Knobel, 1981

• Acréscimo no rendimento psíquico;

Aspectos • Fase do Herói;
• Elaboração das “Personas”.

1) a perda do corpo infantil,

Lutos 2) a perda dos pais da infância, e
3) a perda da identidade e papel sócio-familiar infantil.

IDENTIDADE
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

O adolescente em sua busca de uma identidade adulta, passa por um

período “turbulento” (variável segundo o seu ecossistema sócio-familiar),
onde comportamentos considerados anormais ou patológicos em outras
fases do desenvolvimento, devem ser considerados normais nessa transição
para a vida adulta.

Estas observações e estudos levam a

propor a existência de modalidades
conductuais que adequadamente
analisadas e agrupadas, constituem
uma verdadeira “SÍNDROME DA
ADOLESCÊNCIA NORMAL”.
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

As manifestações externas de conduta são

culturalmente diferentes, Entretanto, os
psicodinamismos e a base do comportamento,
assim como também condutas manifestas são
essencialmente as mesmas.

Alterações nessa base ou permanência por

tempo longo nela, devem ser vistas com maior
cuidado, pois podem representar alguma
psicopatologia, ou necessidade especial.
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

•
1- Busca de si mesmo e da identidade: uma procura incessante e
angustiante para saber qual identidade adulta constituíra.
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

• Tendência grupal: Nessa busca da individualidade o/a adolescente

2- desloca o sentimento de dependência dos pais para o grupo de
companheiros e amigos, onde todos se identificam com cada um.
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

• Necessidade de intelectualizar e fantasiar: Caracterizada por

ser um tipo de fuga para o interior, leva à preocupação por
3- princípios éticos, filosóficos, sociais e políticos, que muitas
vezes implicam formular-se um plano de vida bem diferente
do que se tinha até esse momento.
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

• Crises Religiosas: Adotando posições

extremas: pode se manifestar como um
4- ateu exacerbado ou como um místico
muito fervoroso, tentativas de solucionar
a angústia que vive.
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

• A deslocalização temporal: Caracterizado por uma desorientação

temporal, tudo pode chegar a ser “agora ou nunca”, ou um
5- permanente “ainda temos tempo”. É durante a adolescência que a
dimensão temporal vai adquirindo lentamente características
discriminativas, fator essencial para a vida adulta
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

• A evolução sexual desde o auto-erotismo até a

heterossexualidade: O estímulo biológico e cultural forçam o/a
adolescente a iniciar sua atividade genital. A principio na

6- masturbação, a seguir com relações. Essa exploração leva a

sexualidade afetiva madura e responsável dentro de seu particular
sistema cultural estruturante.
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

• Contradições sucessivas na conduta: Por possuir a personalidade

7- permeável não pode manter uma linha de conduta rígida,

permanente e absoluta, embora o queira. Esta é uma
instabilidade necessária.
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

•Atitude social e reivindicatória: Na medida em que o/a adolescente não

8- encontra o caminho adequado para a sua expressão vital e para a aceitação
de uma possibilidade de realização, sendo reprimido pela sociedade, ele se
rebela, pois tem em si o sentimento da necessidade de mudança social e
busca concretizar essa necessidade sendo revolucionário.
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

•Separação progressiva dos pais: Para atingir a maturidade é

necessário ter individualidade e independência reais. A separação
9- progressiva dos pais, a entrada na turma, e a posterior individuação são
passos necessários do processo evolutivo humano. Isso acaba gerando
um conflito de gerações, realidade necessária para o desenvolvimento
de pais e filho(a)s.
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

•Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo: são

10- características normais da adolescência e fazem

transformação e lutos enfrentados nessa idade. Por
parte das
meio dessas
flutuações os sentimentos são aprendidos.
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

IDIO
SUÍC

Transt. Alimentares

Bullyng
2. A “Síndrome da Adolescência Normal” de
Maurício Knobel

Entre as questões externas à 1. Perda de um dos pais (morte ou divórcio)

personalidade capazes de se 2. Urinar na sala de aula
traduzirem em problemas 3. Perder-se; ser deixado sozinho
emocionais, encontram-se as 4. Ser ameaçado por crianças mais velhas
dificuldades adaptativas da 5. Ser o último do time
6. Ser ridicularizado na classe
Adolescência e Puberdade, do 7. Brigas dos pais
Abuso Sexual Infantil, os 8. Mudar de classe ou de escola
problemas relativos à 9. Ir ao dentista/hospital
Criança Adotada, à 10. Testes e exames
Gravidez na Adolescência, à 11. Levar um boletim ruim para casa
12. Quebrar ou perder coisas
Violência Doméstica, aos 13. Ser diferente (sotaque ou roupas)
problemas das separações 14. Novo bebê na família
conjugais dos pais, morte na 15. Apresentar-se em público
família, doenças graves, etc. 16. Chegar atrasado à escola
3. A Sensibilização do Docente

A Síndrome da Adolescência Normal marca a passagem da adolescência e

possibilita a inserção do adolescente na vida adulta. Destaca-se que, apesar da
terminologia situar a adolescência como uma pseudopatologia, a maioria dos
adolescentes consegue vivenciar e elaborar os lutos necessários para formação de
sua identidade e personalidade com comportamentos considerados normais, no
entanto, existem casos onde este processo resulta em desvios e psicopatologias.

Salientamos a pressão massiva que a sociedade impõe ao indivíduo que está nesta
fase e a falta de informação que leva a sua marginalização, sendo que isso restringe
o respaldo e cuidados singulares que ele necessita, destarte, reforça-se a
urgência de formação a todos os envolvidos com adolescentes, desde
pais a profissionais, para que possam atender as demandas tão urgentes deste
período.
4. PNPS E A REDE DE ATENÇÃO A SAÚDE

A ideia de que pessoas com transtornos mentais e/ou

necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas
precisam de atendimento em hospitais psiquiátricos e
isoladas da sociedade vem sido progressivamente
descontruída pelo Ministério da Saúde. Em 2011 foi
instituída a Rede de Atenção Psicossocial do SUS (RAPS),
que defende um modelo de atenção em saúde mental
baseada na convivência dessas pessoas dentro da
sociedade.
4. PNPS E A REDE DE ATENÇÃO A SAÚDE

Na Atenção Básica, aqueles que têm necessidade de

atendimento devido a transtornos mentais e/ou uso
decorrente de álcool e outras drogas podem receber
atendimento tanto nas Unidades Básicas de Saúde, como
nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família e Consultórios na
Rua. Isso permite um primeiro acesso ao sistema de saúde
antes de um encaminhamento para os demais serviços
que compõe a Rede de Atenção.
Outra maneira possível para acessar a Rede de Atenção
Psicossocial do SUS é através dos Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), que são locais destinados a prestar
atenção diária a pessoas com transtornos mentais e/ou
decorrentes do uso de álcool e outras drogas, tanto em
situações graves ou de crise, quanto em situações de
reabilitação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FIGUEIREDO, E.N. Estratégia Saúde da Família e Núcleo de Apoio à Saúde da Família: diretrizes e
fundamentos.
SANTANA, M.L.; CARMAGNANI, M.I. Programa Saúde da Família no Brasil: um enfoque sobre seus
pressupostos básicos, operacionalização e vantagens. Saúde e Sociedade, v.10, n.1:33-53, jan./jul. 2001.
TEIXEIRA, C.F.; PAIM, J.S.; VILASBOAS, A.L. SUS: modelos assistenciais e vigilância da saúde. Informe
Epidemiológico do SUS, VII(2): 7-28, 1998.

ABERASTURY, A.; KNOBEL. M. Adolescência normal: um enfoque psicanalítico. Ed. Artmed, 1981. 92p.
 
JUNIOR, F.B.A. Semiologia em Psiquiatria da Infância e da adolescência. Ed. Casa do Psicólogo, 2001. 148pg.
 
BEE, H.: BOYD, D. A criança em desenvolvimento. Ed. Artmed,2011, 568pg.
Faculdade Sudoeste Paulista
TEORIAS E SISTEMAS EM PSICOLOGIA 1
COMPORTAMENTAL
Psicologia
Profª. Me. Sária Cristina Nogueira

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