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O que temos produzido na saúde mental?

 Em nome da proteção e do cuidado, que formas de exclusão, de sofrimento e de tratamentos cruéis,


desumanos e degradantes têm sido produzidas? No campo do direito à saúde mental, problematizar as
lógicas e racionalidades da dimensão jurídico-política que envolve essa questão apresenta-se como
um desafio permanente às instituições voltadas à promoção e proteção dos direitos humanos.

 Por muitas décadas, o Brasil conferiu aos loucos e aos indesejáveis regime de segregação social e de
degeneração nos manicômios e hospitais psiquiátricos. Dezenas de milhares de mulheres, homens e
crianças foram vítimas dessa prática – já nomeada como o “holocausto brasileiro”.
Dormitório de um hospital psiquiátrico de Minas Gerais.
Lobotomia (1933) - Intervenção cirúrgica no cérebro na qual são seccionadas as vias
que ligam as regiões pré-frontais e o tálamo.
A eletroconvulsoterapia (ECT), terapia eletroconvulsiva, eletroconvulsivoterapia, também conhecida
por eletrochoques, é um tratamento psiquiátrico no qual são provocadas alterações na atividade
elétrica do cérebro induzidas por meio de passagem de corrente elétrica, sob condição
de anestesia geral.
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas diferentes
modalidades são pontos de atenção estratégicos da RAPS:

 serviços de saúde de caráter aberto e comunitário constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre
a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno
mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em sua área
territorial, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial e são substitutivos ao
modelo asilar.
CAPS.

 CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo
uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes.
 CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo
uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes.
 CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação; todas faixas etárias; transtornos
mentais graves e persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo
menos 150 mil habitantes.
CAPS

 CAPS i: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais graves e  


persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com
pelo menos 70 mil habitantes.
 CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias, especializado em
transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos
70 mil habitantes.
 CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento e 8 a 12 vagas de acolhimento noturno e
observação; funcionamento 24h; todas faixas etárias; transtornos pelo uso de álcool e
outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 200 mil habitantes.
OUTROS SERVIÇOS...

 Serviços Residenciais Terapêuticos – SRT.


 Programa de Volta para Casa – PVC.
 Serviço Hospitalar de Referência para atenção a pessoas com sofrimento ou transtorno
mental e com necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas.
 Centros de convivência.
 Unidade Básica de Saúde (UBS).
 Consultório na Rua.
 Escola de Redutores de Danos (ERD).
Papel da Psicologia no CAPS.

 Triagem, coordenação de grupo operativo, atendimento e acompanhamento individual (como técnico de


referência), encaminhamento para profissionais específicos, inclusive psicoterapeuta, atendimento à família,
palestra para os usuários e família, tanto na própria instituição, CAPS, como nas comunidades de origem dos
usuários. (atividade de caráter preventivo).
 Reuniões técnicas (com a equipe de trabalho para discussão de admissões, altas e situações diversas), reuniões
clínicas (com todas as equipes, com estudo, discussão de casos, informes e pontos de pauta), reuniões
administrativas (abrange todos os funcionários a fim de tratar assuntos gerais), evolução de prontuários, visitas
institucionais para estabelecer parceria e rede de apoio psicossocial, visitas a residência dos usuários, elaboração de
laudos, organização e elaboração de eventos comemorativos com a participação dos técnicos, usuários e familiares,
atendimento em situação de crise e supervisão de estagiários.
 Essas atividades são desenvolvidas tanto individualmente quanto em dupla ou em grupos com outros profissionais.
(CREPOP/CFP, 2007)
Rompendo com o modelo biomédico.

 Na clínica da saúde mental, as psicólogas devem construir diagnósticos que se apresentem como
ponto de orientação num percurso a ser construído na história do sujeito. Ele deve significar a
possibilidade, muito menos de responder sobre uma doença e muito mais de indicar as possibilidades
de projetos a partir do que se identifica como um modo do sujeito atuar na vida, estabelecer relações e
constituir sua experiência subjetiva.
EUGENISMO E HIGIENISMO

 A eugenia foi um movimento científico e social que se fortaleceu entre o fim do século
XIX e início do XX, estando presente nos círculos científicos de todo o mundo, usada
como prática para se atingir a “raça pura”.

 O  “higienismo” surgiu  entre os séculos XIX e XX, quando médicos e sanitaristas 


refletiam sobre sucessivas ocorrências de surtos epidêmicos de algumas doenças,  como
por exemplo: febre amarela, tifo, varíola e tuberculose, as quais aumentavam em 
estatísticas de mortes entre populações urbanas. Tais acontecimentos  chamaram a atenção
sobre as razões de  sua ocorrência, originando-se uma linha de pensamento denominada de
higienismo, em que defendiam-se padrões sociais e  de comportamento em nome da saúde.
Biopolítica e Biopoder (Michel Foucault).

 Se a disciplina criou um conjunto homogêneo de viventes, então a pergunta da biopolítica


será: como organizá-los? Em outras palavras, dada uma população devidamente
disciplinada, como conduzi-la? Como cuidar de sua saúde, educação natalidade, seu trabalho,
produção? Como ensiná-los a se conduzirem segundo os interesses do poder? Todas estas
perguntas necessitam de uma Biopolítica ou seja, o desenvolvimento de um poder sobre a vida.

 Biopolítica: eu entendia por isso a maneira como se procurou, desde o século XVIII, racionalizar
os problemas postos à prática governamental pelos fenômenos próprios de um conjunto de
viventes constituídos em população: saúde, higiene, natalidade, longevidade, raças…”.
Biopolítica e Biopoder (Michel Foucault).

 Biopoder é uma tecnologia de poder, um modo de exercer várias técnicas em uma única tecnologia. Ele
permite o controle de populações inteiras. Em uma era onde o poder deve ser justificado racionalmente,
o biopoder é utilizado pela ênfase na proteção de vida, na regulação do corpo, na proteção de outras
tecnologias. Os biopoderes se ocuparão então da gestão da saúde, da higiene, da alimentação, da
sexualidade, da natalidade, dos costumes, etc, na medida em que essas se tornaram preocupações
políticas.
 A emergência do biopoder só se dá a partir da firmação da governamentalidade. Governamentalidade
um conjunto de instituições, práticas e formas de pensamento próprias desta forma de exercer o poder,
em que temos a população como alvo principal, a economia política como saber mais importante e os
dispositivos de segurança como instrumento técnico essencial.

 Exemplo: indústria da loucura – 1970.


“18 de Maio” – Dia Nacional da Luta Antimanicomial.

 Por uma sociedade sem


manicômios!!!

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