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Organização e registro da leitura: esquemas,

fichamentos,
resumos e resenhas
Esquema
• O esquema funciona como um roteiro do que foi lido de
forma muito concisa.
• O esquema pode ser elaborado como um organograma,
gráfico ou com secções e subsecções, desde que facilite seu
entendimento geral.
• Ele deve ser elaborado na mesma sequência em que o texto
original foi escrito, apresentando as partes mais relevantes
do texto.
“ [...] corresponde, grosso modo, a uma radiografia do texto,
pois nele aparece apenas o ‘esqueleto’, ou seja, as palavras-
chave, sem necessidade de se apresentar frases redigidas”
(ANDRADE, 2006, p. 26, grifo do autor).
Ruiz (2002) sugere algumas regras para
elaboração de um esquema:

 Ser fiel ao texto original.


 Compreender o tema e destaque para os títulos e subtítulos que
conduziram a introdução, o desenvolvimento e as conclusões do
texto.
 Usar simplicidade e clareza.
 Subordinar ideias e fatos.
 Manter sistema uniforme de observações, gráficos e símbolos para
as divisões e subordinações que caracterizam a estrutura do texto.
A seca no nordeste

A história demonstra que a região nordestina é marcada pela falta de chuvas.


Entretanto, faz-se necessário compreender como o fenômeno da escassez
pluviométrica ocorre no Nordeste. Para tal, convém analisar este fenômeno nos
seus aspectos geográficos, políticos e sociais.
O problema da seca não é só um problema de falta d´água, como se imagina
superficialmente, é um problema muito mais grave que envolve muitas outras
variáveis e ciências diversas como a economia, a política, a sociologia, a
meteorologia, a engenharia, dentre outras, ou seja, é um problema complexo,
mas que se consegue conviver com o mesmo, como acontece em outros países
situados em regiões geográficas mais desfavoráveis que a do semiárido
nordestino.
Apesar de ser um fenômeno meteorológico previsível, as secas continuam ainda
hoje a atingir de forma devastadora as populações carentes nordestinas, que
vivem na zona rural e nos pequenos municípios no interior da região e que têm
como fonte de renda principal a agricultura de subsistência.
Na realidade, o problema das secas no Nordeste e dos flagelos causados as
populações já foram documentados e relatados na imprensa desde inicio do
século, e foi um tema que sensibilizou os grandes escritores, músicos e artistas do
Nordeste.
Esquema
Exemplo 1

1. Região nordestina
1.1 Fenômeno da escassez pluviométrica
1.1.1 Aspectos geográficos, políticos e sociais.
1.2 O problema da seca
1.2.1 Envolve diversas variáveis e ciências
1.2.2 Atinge populações carentes
1.2.2.1 Zona rural e pequenos municípios
Esquema
Exemplo 2
Importante!

A montagem de um esquema é variável.


Um esquema escrito por diversas pessoas, sobre o
mesmo texto, nunca será semelhante.
Cada pessoa tem o seu estilo próprio para escrever, uns
preferem usar setas, formas, fluxogramas, outras usam
símbolos e outras usam apenas palavras.
Fichamentos
Fichamentos
• A prática do fichamento representa uma forma
fundamental para o exercício da escrita.

• Pesquisa bibliográfica - eficácia na preparação e


execução do trabalho científico.
Tipos de fichamento de leitura:

• Fichamento de citação (ou transcrição)


• Fichamento de resumo (ou de conteúdo)
• Fichamento de comentário (ou analítico)
Fichamento de citação (ou transcrição)

• É a seleção de trechos de alguns autores, que poderão ser


usados como citações no trabalho ou destacar as ideias de
determinados autores.

• Reprodução fiel dos trechos do texto que poderão ser usados


posteriormente em citações diretas.

• Fichamento de citação obedece a cinco normas:


a) toda citação deve vir entre aspas;
b) após a citação, deve constar o número da página de onde foi
extraída a citação;
c) a transcrição tem de ser textual;
d) a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada [...] ;
Fichamento de citação
Exemplo:

TUNDISI, J. G. Água no Século XXI: enfrentando a escassez. São


Carlos: RiMa, IIE, 2003.
“A disponibilidade de águas doces está relacionada com todas as
atividades da existência humana, desde a saúde das populações
até a produção de alimento e de energia. Somente na última
década do século XX a percepção sobre a complexidade do
problema e as diversas interações entre os componentes do
sistema tornou-se mais clara, gerando ações internacionais e
iniciativas nacionais mais efetivas para o controle e gestão das
águas”. (p. 23)
Fichamento de resumo ou de conteúdo:

• Síntese/compilação das ideias do autor, ou seja, dos


assuntos e características principais abordadas no
livro ou documento/ Resumo dos aspectos essenciais
da obra.
• É o registro de um resumo em que o leitor escreve
com suas próprias palavras aquilo que leu.
• Esse tipo de fichamento poderá auxiliar nas citações
indiretas na redação do trabalho.
Exemplo de Fichamento de resumo:
Fichamento de comentário ou analítico

• Explicitação ou interpretação crítica pessoal das ideias do autor.

• É aquele que realiza uma avaliação completa do livro ou


documento em todos os seus aspectos, principalmente levando
em consideração a opinião de quem elabora o fichamento.

• Descrição com comentários dos aspectos abordados na obra.

• Descrição e análise da obra – facilita e enriquece a redação


final do trabalho pois já traz a voz do leitor/pesquisador em
diálogo com a obra.
Resumo
Resumo
Santos (2001, p. 25): resumir é “condensar o que foi extensamente
escrito; reduzir, abreviar, concentrar, limitar; sintetizar, com visão de
conjunto [...]”.

NBR 6028: resumo é a “apresentação concisa dos pontos


relevantes de um documento ” (ABNT, 2003, p.1).

O Resumo pode ter como objetivos:


1- apresentar um sumário narrativo das partes do texto, sem
dispensar a leitura do texto original.

2- apresentar uma condensação do conteúdo, abordando a


finalidade, a metodologia, os resultados e as conclusões do
autor, o que dispensa a leitura do texto original. Análise
interpretativa do texto, com crítica dos diferentes aspectos do
texto.
Como resumir?
• Primeira leitura: para captar o plano geral da obra e seu desenvolvimento.

• Segunda leitura: responder duas questões: de que trata esse texto? O que se
pretende demonstrar? – Identificar a ideia central e o propósito que
nortearam o autor.

• Terceira leitura: Como o autor disse o que disse? Partes principais em que se
estrutura o texto.

• Quarta leitura: a)compreensão do sentido de cada parte importante;


b)anotações de palavras-chave; verificação do tipo de relação entre as partes:
consequência, oposição, complementação etc.

 Uma vez compreendido o texto, selecionadas as palavras-chaves e entendido


a relação entre as partes essenciais, passa-se a elaboração do resumo.
Tipos de resumos
Lakatos e Marconi (2001)

• Resumo indicativo ou descritivo


• Resumo informativo ou analítico
• Resumo crítico
Resumo indicativo ou descritivo:
• Deve-se fazer referência apenas às principais partes do
texto.
• Uso de frases curtas, diretas e objetivas.
• Este tipo de resumo se detém a apresentar exclusivamente a
ideia central do texto não dispensando, a leitura do texto
original.
• Descreve sua natureza, forma e propósito.
• Descrição da estrutura da obra – visão geral da organização
do texto.
• Deve-se usar a forma impessoal, não empregar citações e
não emitir opiniões pessoais para escrevê-lo.
Resumo informativo ou analítico
• Escrito com impessoalidade, de forma clara, sem citações, evitando o uso
desnecessário de algumas preposições, advérbios ou adjetivos, ou seja,
eliminando as palavras supérfluas e não emitindo críticas e juízo de valor
sobre as ideias do autor.
• Tem a finalidade de informar o conteúdo e as principais ideias do autor,
salientando:
- Os objetivos e o assunto.
- Os métodos e as técnicas, descritos de forma concisa.
- Os resultados e as conclusões do texto.

 De acordo com a NBR, 6028, “informa ao leitor finalidades, metodologia,


resultados e conclusões do documento, de tal forma que este possa,
inclusive, dispensar a consulta ao original” (ABNT, 2003, p. 1).
 Como é uma apresentação condensada do texto, esse tipo de resumo não
apresenta comentários pessoais, julgamentos de valor ou críticas.
Resumo crítico
 Caracteriza-se por apresentar as ideias principais do autor, seguido
de opiniões e comentários sobre o que foi escrito por ele
(ANDRADE, 2006).
 Crítica dos aspectos metodológicos, do alcance ou não dos objetivos,
do conteúdo, do desenvolvimento da lógica utilizada pelo autor.

“No resumo crítico não pode


haver citações” (LAKATOS;
MARCONI, 2001, p. 74).
Resumo crítico X Resenha crítica
Alguns autores não fazem distinção entre resumo
crítico e resenha crítica, entretanto, Andrade (2006, p.
30) considera resenha como:
Um tipo de resumo crítico; contudo, mais
abrangente. Além de reduzir o texto, permitir
opiniões e comentários, inclui julgamentos de
valor, tais como comparações com outras obras
da mesma área de conhecimento, a relevância
da obra em relação às outras do mesmo gênero.
Resenha
Resenha
• Resenha é uma descrição minuciosa da obra, síntese das
ideias fundamentais.

• Resenhar significa destacar as


propriedades de um objeto,
mencionar seus aspectos mais
importantes, descrever as
circunstâncias que o envolvem,
sempre de acordo com uma
intenção/finalidade previamente
definida pelo resenhador (FIORIN;
SAVIOLI, 1990).
Cuidados ao elaborar uma resenha:

• Não deturpar o pensamento do autor


• Fidelidade ao pensamento do autor
• Não há lugar para sarcasmos
• Conhecimento completo da obra
• Capacidade de juízo de valor (Resenha Crítica)
Importância da Resenha:
• Permite ao pesquisador ter acesso à obra, sem
lê-la na íntegra e assim facilita o trabalho de
seleção de obras.

Tipos de Resenha:
• Resenha descritiva
• Resenha crítica
Resenha descritiva X Resenha crítica

• Resenha descritiva é guiar o leitor pela


produção cultural – descrição da obra, síntese
do conteúdo do texto.

• Resenha crítica é um texto síntese que, além de


descrever/resumir o objeto, faz uma avaliação
sobre ele, apontando os aspectos positivos e
negativos. Trata-se, portanto, de um texto de
informação e de opinião.
Resenha crítica
• Texto que deve ser escrito de forma objetiva para
resumir uma obra, filme ou artigo, com uma análise
crítica sobre ele.
• Portanto, a resenha crítica não deixa de ser um texto
informativo, mas com detalhes que destacam a
opinião de quem fez a resenha.
Estrutura da resenha crítica
• Título (diferente do título da obra resenhada);
• Referência dos dados da obra: autor, título, editora, local de publicação,
número de páginas etc.;
• Alguns dados biobibliográficos do autor da obra resenhada: dizer algo
sobre quem é o autor, o que ele já publicou etc.;
• Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítulos, em seções, sobre o
foco narrativo ou até, de forma sutil, o número de páginas do texto
completo;
• Resumo do conteúdo da obra: indicação breve do assunto tratado e do
ponto de vista adotado pelo autor (perspectiva teórica, gênero, método, tom
etc.) e resumo dos pontos essenciais do texto e seu desenvolvimento geral;
• Avaliação crítica: comentários, julgamentos, juízos de valor do resenhador
sobre as ideias do autor, o valor da obra etc.;
• Referências (só se for um trabalho de maior extensão, em que houver a
utilização de outras obras para complementar o estudo crítico).
Estrutura da Resenha Crítica
p. 292-293
Referência:
ANDRADE, M. M. Técnicas para elaboração dos trabalhos de graduação. In: ______. Introdução
à metodologia do trabalho científico. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 25 – 38.

BRASILEIRO, Ada Magaly Matias. Manual de produção de textos acadêmicos e científicos. São
Paulo: Atlas, 2013. p. 91-167.

DINIZ, Célia Regina; SILVA, Iolanda Barbosa da. Metodologia científica. Campina Grande; Natal:
UEPB/UFRN - EDUEP, 2008.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. 6.ed. São Paulo: Atlas,
2001.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Procedimentos didáticos. In: LAKATOS, Eva
Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2019. p. 1-22.

RUIZ, J. A. Estudo pela leitura trabalhada. In: ______. Metodologia científica: guia para
eficiência nos estudos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 34 – 45.

SANTOS, I. E. Técnicas de Aprendizagem. In: ______. Textos selecionados de métodos e


técnicas de pesquisa científica. 3. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2001, p. 19-26.

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