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TEMA:

A CORRUPÇÃO E A LEI DA PROBIDADE


PÚBLICA
(LEI Nº 3/10, de 29 de Março)
PARTICIPANTES:

•Magistrados Públicos;
•Magistrados Judiciais;
•Estudantes Universitários;
•Professores;
•Funcionários Públicos
INTRODUÇÃO
A Constituição da República de Angola consagra no capitulo dos
princípios gerais do Titulo referente a Administração pública,
concretamente no art. 198º, o principio da Probidade
Administrativa e o respeito pelo Património público a que
estão sujeitos ou que deve ser observado pelos órgãos da
Administração Pública, no exercício da sua actividade para a
prossecução do interesse público.
O instrumento legal onde vem plasmado e abordado o
conteúdo da probidade administrativa é a já conhecida Lei nº
3/10, de 29 de Março;
É um instrumento de suporte que vem juntar-se a um conjunto
de normas administrativas já existentes que conduzem a boa
actividade administrativa no nosso país, que antige como
destinatários fundamentalmente os gestores públicos e o
mesmo deve ser cumprido copiosa e rigorosamente;
Estabelece os alicerces e o regime jurídico relativo a moralidade
pública e ao respeito pelo património público por parte do
agente público.
Corrupção vem do latim “corruptus”
significa quebrado em pedaços. Verbo co
• romper significa “tornar pútrido”
O nosso tema versa sobre a corrupção e a lei da
Probidade Pública, no essencial qual é o ponto de
convergência entre essas duas figuras:
A corrupção em termos gerais é um fenómeno
mundial e de acordo com a declaração final do IV
Fórum Global de Combate à corrupção, realizado
de 7 a 10 de Junho de 2005 em Brasília, ela impõe
ameaças a democracia, ao crescimento económico
e ao Estado de direito.
Corrupção é crime? Sim. vejamos alguns intens:
• Favorecer alguém prejudicando outros;
• Aceitar e solicitar recursos financeiros para
obter um determinado serviço público;
• desviar verbas públicas, dinheiro destinado
para um fim público e canalizado fins pessoais
ou impróprios.
A corrupção é mais presente em países não
democráticos e de terceiro mundo, o jogo de
interesse dos corruptos atinge o todo, o uso
do cargo ou da posição para obter qualquer
tipo de vantagem, o denominado trafico de
influencia.
Toda sociedade corrupta sacrifica a camada
pobre, porque estes dependem puramente
dos serviços públicos, mas fica difícil suprir
todas as necessidades sociais.
Então o que é a probidade?
Probidade é honestidade, rectidão, integridade,
fidelidade lealdade, virtude, direitura.
Se é assim não nos resta duvidas de que os tipos
penais de que trata a corrupção são de grande
importância para a manutenção da probidade
administrativa e consequentemente defender
o Estado em relação a má administração
pública.
De forma genérica a presente lei tem a sua amplitude e alcance
de actividades e tem como sujeitos e destinatários todas as
actividades de natureza pública, integra o âmbito material das
actividades de entidades não públicas, singulares ou
colectivas circunstancialmente investidas de poderes
públicos.
Os agentes públicos na sua actuação devem pautar pelos
seguintes princípios:
• Princípio da legalidade
• Princípio da probidade pública
• Princípio da competência
• Princípio do respeito pelo património público
• Princípio da imparcialidade
• princípio da prossecução do interesse público
• Princípio da responsabilidade
• Princípio da urbanidade
• Princípio da reserva e da descrição
• Princípio da parcimónia
• Princípio da lealdade.
O princípio da legalidade, significa que todos os actos
devem estar em conformidade com a lei.
O princípio da probidade pública, significa observar os
valores da boa administração, honestidade no
desempenho da função evitando tudo que
prejudique a bom funcionamento da administração.
O princípio da competência, significa que o agente
público nas suas funções deve pautar e assumir o
brio e a eficiência como critérios elevados de
profissionalismo público.
O princípio do respeito pelo património público, deve o
agente público abster-se de praticar actos que lesem o
património do Estado ou de actos que diminuam o valor
dos bens, tais como o desvio, a apropriação,
esbanjamento e delapidação.
O princípio da imparcialidade, o agente público deve
tratar de forma imparcial os cidadãos com os quais
entrem em relação devendo merecer todos o mesmo
tratamento.
Princípio da prossecução do interesse
público, o agente público deve exercer as suas funções
exclusivamente ao serviço do interesse público.
Princípio da responsabilidade e da responsabilização,
significa que o agente público deve pugnar pela
lealdade e pela transparência e é responsável pelo
sucesso ou insucesso, pela legalidade ou ilegalidade
da actividade a seu cargo.
Princípio da urbanidade, significa que o agente público
nas relações com os cidadãos deve actuar com
urbanidade.
Princípio da reserva e da discrição, significa que o
agente público deve ter o maior reserva e discrição
ou seja manter o sigilo profissional.
Princípio da parcimónia , o agente público deve
agir com equilíbrio, ponderação, moderação,
cautela e precaução na utilização dos recursos
Princípio da lealdade , no exercício das suas funções o
agente público deve desempenhar com lealdade as
actividades e as missões definidas superiormente no
respeito escrupuloso à lei e as ordens legítimas dos
seus superiores hierárquicos.
Sujeitos e serviços, são?
os sujeitos e serviços são os que possam ser
considerados pessoas qualificadas como agentes
públicos. Logo, quem é o agente público?
A luz do instrumento em causa, agente público é a
pessoa que exerce mandato, cargo , emprego ou
função, entidades pública em virtude de eleição, de
nomeação, de contratação ou de qualquer outra
forma de investidura ou vinculo. (Artº 15º)
Esses agentes públicos são:
a) Os membros do Executivo
b) Os Deputados à Assembleia Nacional
c) Os magistrados judiciais e do ministério público de
todos os Tribunais sem excepção.
d) Os membros da administração central do Estado
e) Os membros dos governos provinciais, das
administrações municipais e comunais.
f) Os gestores, responsáveis e funcionários ou
trabalhadores da administração pública central e
local do Estado
g) Os gestores responsáveis e funcionários dos
Tribunais e da Procuradoria geral da República;
h) Os gestores do património público afecto as Forças
Armadas Angolanas e a Policia Nacional
independentemente da sua qualidade.
i) Os gestores responsáveis e funcionários ou
trabalhadores dos institutos públicos dos fundos ou
das fundações públicas, das empresas públicas e das
empresas participadas pelo Estado.
j) Os titulares, responsáveis e funcionários ou
trabalhadores das autarquias locais, das
associações públicas e das entidades que recebam
subvenção de órgãos públicos.
k) Os titulares, responsáveis e funcionários ou
trabalhadores das instituições de utilidade pública;
l) Os gestores, responsáveis e trabalhadores de
empresas privadas investidas de funções públicas
mediante concessão, licença, contrato ou outros
vínculos contratuais;
m) Os funcionários públicos, agentes administrativos e
trabalhadores dos sectores público-administrativos
e empresarial integrados na administração directa ou
indirecta do estado, bem como na administração
autónoma ou independente.
Direitos e deveres do agente público: (art.º 16 e 17)
Dependentemente da função que o agente
administrativo exerça, este goza dos seguintes
direitos:
a) Imunidades nos termos da presente lei.
b) Notificação antecipada da cessação do cargo.
c) Audiência prévia no caso de instauração de um
processo disciplinar.
d) Direito a progressão ou promoção na carreira.
Os deveres que o agente público deve observar são:
a) Qualidade na prestação do serviço público,
b) Isenção e imparcialidade
c) Cortesia e informação
d) Dedicação, zelo, auto-formação, aperfeiçoamento e
actualização,
e) Reserva e discrição
f) Parcimónia
g) Solidariedade e cooperação
h) Lealdade
i) Recusar qualquer tratamento de favor
j) Acatar fielmente as ordens dos seus legítimos superiores
Quanto ao recebimento de ofertas (art.º 18)
No exercício das suas funções o agente público não
deve beneficiar directa ou por interposição de
pessoas de ofertas por parte de entidades singulares
ou colectivas de direito angolano ou estrangeiro ou
outras ofertas como:
a) Dinheiro em moeda nacional ou estrangeira,
independentemente do valor.
b) Imóveis ou quaisquer trabalhos de reparação manutenção
ou beneficiação;
c) Viaturas, embarcações e outros meios de transportes;
d) Mobiliários, electrodomésticos, e demais apetrechos de lar;
e) Abastecimento regular ou intermitente de bens alimentares;
f) Férias pagas,
g) As ofertas que pela sua natureza e valor pecuniário, sejam
susceptíveis de comprometer o exercício das suas funções
com a lisura requerida e sejam lesivas a boa imagem do
Estado.
De acordo com o nº 3 do referido artigo é permitido
ao agente público o recebimento de ofertas nas
seguintes situações:
a) Bens que pela sua natureza podem ser
imediatamente integradas no património do Estado;
b) Ofertas que se enquadram na prática protocolar;
c) Presentes por ocasião de datas festivas, como
aniversários, casamentos, dia de família e de ano
novo, desde que adequado no seu valor e natureza à
respectiva data;
O agente público deve sempre ter em conta que está
investido de funções ao serviço do Estado e
prossegue sempre a satisfação dos interesses gerais
dos cidadãos, este é o tal interesse público;
E essa satisfação dos interesses gerais dos cidadãos
deve sempre ser realizado com eficiência dos
serviços, evitando o descuido, a negligência e
comportamento que prejudique o cumprimento das
suas tarefas. (art.º 19º e 20º),
Ainda neste capitulo está consagrado a forma como
os agentes públicos devem utilizar os meios adstritos
ao serviço público, como deve proteger e conservar,
e abster-se de utilizar as instalações, veículos e
serviços em beneficio particular
(art.º 21º);
Neste âmbito, os recursos, os meios técnicos e o
material gastável devem serem utilizados para o
desempenho das tarefas da instituição, não
permitindo que qualquer outra pessoa se aproveite a
margem do fim que lhes foi destinado.
TEMPO PARA DECISÃO (art.º 22º)
impõe este preceito que o agente público deve
tomar a decisão no tempo requerido para sua
adequada realização, com respeito aos prazos legais,
bem como deve tratar os assuntos com diligencia
evitando demora e atrasos injustificados na decisão,
na resposta ou na comunicação da petição,
solicitação ou requerimento
Constitui falta grave e passível de responsabilidade
disciplinar e civil do agente público.
a) Retardar ou deixar de praticar injustificadamente
actos em condições normalmente exigidas;
b) Revelar factos relacionados com procedimentos ou
processos em apreciação, salvo nos casos de
cumprimento do principio do arquivo aberto;
c) Recusar ou retardar a divulgação de actos públicos
susceptíveis de publicidade;
Actos de improbidade (art.º 23º à 26º)

a) improbidade pública

b) actos contra os princípios da administração pública

c) actos que conduzem ao enriquecimento ilícito.

d) actos que causam prejuízo ao património público.

Estes princípios resumem-se nas acções ou omissões do agente


público contrarias a imoralidades administrativa, ao respeito
pelo património público.
Garantia de probidade e sanções ( art.º 27 à 32)
A garantia da probidade administrativa, sujeita os
agentes púbicos declararem os seus direitos,
rendimentos, títulos, acções, ou qualquer outra
espécie de bem e valores localizados no país ou no
estrangeiro conforme o modelo em anexo;

O Procurador Geral da República é o fiel depositário


da declaração de bens, à qual apenas é permitido
acesso por mandato judicial, quando haja um
processo crime e/ou disciplinar e administrativo ou
outras razões de forte indício de ilícito criminal
administrativos o justifiquem.
Após cessar as funções, o agente público deve estar
disponível para a passagem de pastas e
consequentemente deve no prazo máximo de 60 dias
proceder a restituição do material, dos equipamentos,
dos meios da instituição que por força da função
estiveram ao seu dispor.
Crimes cometidos por agentes públicos:
Os crimes que podem ser cometidos pelos agentes
públicos são:
a) Prevaricação – Pena de prisão maior de dois à
oito anos
b)Denegação do poder disciplinar – prisão e multa
correspondente.
c) Não acatamento ou recusa de execução de
decisão judicial.
d)Violação de normas de execução do plano e
orçamento
e) Enriquecimento sem causa (locupletamento)
f) Emprego de força pública contra a lei
g) Abuso de poder
h) Denúncia caluniosa
Exclusão da responsabilidade disciplinar – art.º
42.º
Com a entrada em vigor deste instrumento jurídico,
ficam revogadas as seguintes leis:
• Lei nº22/90, de 22 de Dezembro, sobre a
disciplina estatal;
• Lei nº 13/96, de 31 de Maio, regime jurídico e
estatuto remuneratório dos membros do
governo
• Decreto nº23/90, de 6 de Outubro, sobre
regalias patrimoniais dos dirigentes,
• Decreto nº 24/90 de 6 de Outubro, sobre
recebimento de pequenas ofertas a Membros
do governo.
Anexo
Modelo de declaração de bens a que se refere o artigo
27.º da Lei da Probidade Pública
Eu ____estado civil ____profissão ou função
______residencia, ______ titular do B.I. nº
, emitido aos de de ,
tendo sido nomeado para o exercicio das funções de
__________ declaro por minha honra e para os efeitos
do disposto no artigo 27.º da Lei da Probidade Pública
que sou proprietário do seguinte:
1- Bens Imóveis 2- Bens semoventes 3-Dinheiro 4- Títulos
a)No País A)No País A)No País A)No País
……………………. ………………………… ………………. ……………….
……………………. ………………………… ………………. ……………....
……………………. ………………………… ………………. ……………….

5-Acções
A)No País B) No estrangeiro B) No estrangeiro B) No estrangeiro
……………… …………….... ………..……….. ………..………..
……………… ………………. …………………. ………………….
……………… ……………… …………………. ………………….

B) No estrangeiro B) No estrangeiro B) No estrangeiro B) No estrangeiro


………..……….. ………..……….. ………..……….. ………..………..
…………………. …………………. …………………. ………………….
…………………. …………………. …………………. ………………….
A ressalva que deve ser colocada e bastante
debatida a luz do presente tema, é a de que
deve existir um rigor de apuramento dos
factos tanto contra o funcionário público,
como contra o particular pois não se pode
correr o risco de elencar uma determinada
classe para que seja punida baseada no
clamor da sociedade e deixar outros menos
visados por esse clamor.
obrigado

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