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DIREITO CIVIL III

PARTE GERAL DOS CONTRATOS


PROF. MS. ANA MARIA ORTEGA ALONSO
Introdução

Código Civil, lei 10.406/2002, Parte Especial, no


livro I, “Dos Direitos das Obrigações”, nos títulos V
(parte geral) e VI (parte especial).

Fonte de obrigação;
Vontade;
Declaração bilateral.
Conceito

Contrato vem do latim “contractu”, que significa


“trato com” é um acordo de vontades, com o intuito
de criar, extinguir ou modificar um ou mais direitos e
obrigações. É um negócio jurídico bilateral ou
plurilateral que possa ser, de forma direta ou
indireta, apreciada economicamente.
Função Social do contrato

Art. 421 CC

A função social do contrato se resume na


limitação contratual em que as partes devem
observar as normas gerais de direito, as normas
morais e éticas da sociedade, bem como os interesses
coletivos e sociais, traduzido no bem comum.
Sinteticamente, o contrato deve cumprir sua
função social que dele se espera.
Atividade

Crie, com suas palavras, um conceito de “função


social do contrato”.
Elementos constitutivos e pressupostos de validade.

1) Capacidade:
absolutamente incapaz – nulo
relativamente incapaz – anulável
capacidade genérica para praticar atos da vida civil
aptidão específica para contratar;

2) Objeto lícito e possível:


juridicamente e fisicamente;
deverá ter apreciação econômica;
 contrato que tenha como objeto ilícito ou impossível será
considerado nulo (Ex. artigo 426 do Código Civil, que trata
do contrato de herança de pessoa viva – pacto sucessório).
3) Forma:
Em regra, o informalismo;
Todavia, quando a lei exigir certa forma para os contratos,
deverá esta ser obedecida, sob pena de nulidade.

4) Consenso ou acordo de vontade:


As partes ou contratantes devem anuir reciprocamente,
seja de maneira expressa ou tácita;
Questão do silencio;
Contrato consigo mesmo (art.117 CC);
Princípios Contratuais

1) Princípio da probidade: Probidade significa retidão, honradez. Deve ser


observada tanto na conclusão, como na sua execução. Toda base negocial repousa em
princípios de moral, assim, o respeito à palavra dada é o fundamento ético do
negócio jurídico.
 
2) Princípio a Boa-fé: É o princípio pelo qual os contratos devem ser
interpretados visando buscar sempre o que foi querido pelas partes, qual a real
intenção dos contratantes, pois a declaração somente será justa, quando traduzir a
vontade real presente. Pela boa-fé ainda, temos que as partes devem agir sempre às
claras, procurando sempre pactuar aquilo que desejam, assumindo obrigações que
sabem podem cumprir. A boa-fé é uma cláusula geral, cujo conteúdo é estabelecido
em concordância com os princípios gerais do sistema jurídico – liberdade, justiça e
solidariedade, conforme está na Constituição da República – é fonte autônoma de
deveres, independente da vontade (art. 422).
 
Art. 422 – Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão
do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
3) Princípio da Autonomia da Vontade:
Este princípio pode ser encarado sob dois aspectos:
 1) o da liberdade de contratar ou não;
 2) da liberdade de contratar aquilo que bem entender.
Limita-se apenas, pelos bons costumes, pela ordem pública e pela revisão
dos contratos.
 
4) Princípio da Supremacia da Ordem Pública:
Limitador do Princípio da Autonomia da Vontade: o contrato não pode
estipular nada que for contra à moral, à ordem pública e aos bons costumas.

Ordem pública pode ser entendida com um conjunto de interesses jurídicos


e morais que incumbe a sociedade preservar. Esta não pode ser ferida pela
vontade dos particulares.
5) Princípio da Obrigatoriedade da Convenção: aquilo que as partes
estipularam deverá ser fielmente cumprido, pacta sun servanda. Tal princípio
surgiu no século XIX, em decorrência do liberalismo, que permitia a pessoa
contratar da maneira como lhe bem aprouvesse, porém deveria respeitar o que
foi pactuado. Por este princípio, temos que, uma vez obedecidos os requisitos
legais, o contrato se torna obrigatório para as partes, que não poderão dele se
desligar, exceto por outro contato.
Cada contratante fica ligado ao contrato, sob pena de execução ou de
responsabilidade por perdas e danos. O contrato, portanto, deve ser executado
como se fosse lei para o que estipularam, sendo que as partes, em regra geral,
dele não podem se libertar ad nutm.
Exceções:
 casos fortuitos e de força maior;
 Revisão dos Contratos, fundanda nos princípios de direito, boa-fé, comum intenção das partes,
amparo do fraco contra o forte e interesse coletivo; além da possibilidade de resolução por
onerosidade excessiva.
6) Princípio da relatividade das convenções: Por este
princípio temos que os efeitos dos contratos somente se
manifestam entre as partes, não aproveitando e nem
prejudicando terceiros, salvo exceções no Código Civil,
como por exemplo, as estipulações em favor de terceiro.
 
7) Princípio do consensualismo: o simples acordo de
duas ou mais vontades é suficiente para gerar o contrato
válido, sendo que a maioria dos negócios jurídicos bilaterais
previstos são consensuais. Há exceções, como os contratos
que para se aperfeiçoarem necessitam da tradição.
Atividade

Elabore um breve histórico do direito contratual.


Classificação dos contratos

Unilaterais: são os contratos que, na sua formação, atribuem obrigações a apenas uma das
partes. Ex.: doação simples. Existem sempre duas vontades para que o contrato se
aperfeiçoe; porém, as obrigações são criadas apenas para um.

Bilaterais: são os contratos que na época de sua formação atribuem obrigações para ambas
as partes. Ex.: compre e venda. É importante observar que a obrigação de uma parte tem
como causa a prestação do outro contratante. As partes são ao mesmo tempo credoras e
devedoras uma da outra.

Plurilaterais: são os contratos que geram obrigações para mais de duas partes, nos mesmos
termos entrelaçados. Ex: o contrato de sociedade com mais de dois sócios.

A importância de se distinguir os contratos unilaterais dos bilaterais, se refere a possibilidade


de se arguir nestes a exceção de contrato não cumprido ou “exceptio non adimplenti
contractus”, prevista no artigo 476 do Código Civil. Por tal exceção, temos que nos contratos
bilaterais, uma das partes pode se escusar a não cumprir sua obrigação, se a outra não
cumprir os seus deveres, quando os contratos estabelecerem prestações contemporâneas.
Onerosos: são aqueles que trazem vantagens para os ambos contraentes,
sendo que eles sofrem um prejuízo patrimonial correspondente. As partes
sofrem sacrifícios patrimoniais, correspondentes as vantagens que pleiteiam.
Ex: contrato de aluguel. O locatário paga o aluguel, podendo usar e gozar do
bem, enquanto o locador entrega o objeto e recebe o aluguel.

Gratuitos: são aqueles que oneram apenas uma das partes, proporcionando
à outra uma vantagem, sem qualquer contraprestação. Apenas uma das partes
obtém proveito, que corresponde um sacrifício ao outro. Ex: doação pura e
simples.

É importante referente distinção, pois a responsabilidade do devedor no


contrato a título gratuito, deverá ser determinada com benignidade. O doador
não responderá por tal vício na coisa. Outrossim, é princípio do Código Civil,
que os contratos benéficos devem ser interpretados restritivamente (vinha
expressamente previsto no art. 1090 do Código Civil anterior).
Aleatórios: é o contrato bilateral e oneroso em que não se sabe com
exatidão o conteúdo da prestação de uma das partes ou até das duas, vez
que dependem de um risco futuro e incerto. Podem ser:
 Emptio spei (venda da esperança): Art. (458): não se sabe se a coisa existirá
realmente. Neste caso, um dos contratantes assume o risco de existência da coisa,
ajustando um preço, que será devido integralmente mesmo que a coisa não venha
a existir.
 Emptio rei speretae: (art. 459): não se sabe a quantidade, porém a coisa
existirá com certeza.

Comutativos: são os contratos, em que ambos os contratantes conhecem


suas prestações no momento em que o contrato se aperfeiçoa. É, pois, um
contrato bilateral e oneroso, no qual a estimativa da prestação a ser
recebida por qualquer das partes no ato do contrato.
Contratos consensuais: são aqueles que se
aperfeiçoam com o mero consentimento das partes,
sem necessidade de qualquer outro complemento.
Ex: compra e venda de bens móveis, locação.

Reais: são aqueles que se aperfeiçoam desde que


haja entrega da coisa por um contratante para outro.
Ex: o comodato, mútuo, depósito, etc.
Solenes: também chamados de formais. São
aqueles que para se aperfeiçoarem dependem de
forma prescrita em lei. Ex: compra e venda de
imóvel.

Não solenes: também chamados de informais. São


aqueles que não dependem de forma prescrita em lei,
podendo ficar no livre arbítrio entre as partes eleger
a forma como pretendem contratar. É a regra no
Código Civil.
Típicos (ou nominados): São os contratos descritos na
lei, que lhes dá nomes próprios e regras para os seus
aperfeiçoamentos. Ex: compra e venda.

Atípicos (ou inominados): São os contratos não


descritos no corpo da lei. Porém, além de serem
permitidos juridicamente, desde que não contrariem os
bons costumes e a ordem pública, são protegidos por
todos os princípios. Devem os contratos atípicos seguir as
normas gerais previstas no Código Civil, (art. 425).
 
 Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observados as
normas gerais fixadas neste Código.
Principal: é aquele cuja existência não depende de
nenhum outro, exercendo sua função e finalidade com
independência. (Ex: compra e venda).

Acessório: É aquele que existe em função do


principal e surge para garantir sua execução. (ex:
contrato de fiança).

A importância de tal classificação é de que o acessório sempre segue o


principal. Assim, se este for nulo, nulo será o acessório, porém a recíproca
não será verdadeira.
Instantâneos: as obrigações das partes são cumpridas no
mesmo momento ou logo depois da conclusão do contrato, ex.
compra e venda, permuta, entre outros.
De duração: as prestações se prolongam no tempo.
Modalidades:
 a) no caso das prestações, pela própria natureza do negócio, só
podem ser fornecidas no futuro e periodicamente, como no caso de
locação de imóveis;
 b) por convenção das partes, o pagamento é efetuado de maneira
parcelada.

 Nos contratos de execução de duração é que pode ser alegada a teoria da


imprevisão. Nos contratos de execução instantânea é que se pode alegar
exceção de contrato não cumprido.
Contrato preliminar: é aquele que tem por objeto
a realização de um contrato definitivo. É chamado de
pacto de contrahendo. Ex: contrato de compromisso
de compromisso de compra e venda.
-juiz poderá realizar a supressão da vontade (art.
464),
-sua inexecução gera perdas e danos (art. 465).

Definitivo: tem por objeto a criação de várias


obrigações, conforme a vontade dos contratantes.
Contratos paritários: as partes interessadas estão
colocadas em pé de igualdade, ante o princípio da
autonomia de vontade. Há manifestação livre e coincidente
de duas ou mais vontades, que acordam de maneira igual
como se dará o contrato, sendo que na fase da puntuazione
discutem os termos do ato negocial, eliminando os pontos
divergentes mediante transigência mútua.

Contratos por adesão: nestes contratos se exclui a


possibilidade de liberdade de convenção, não havendo
debate ou transigência entre as partes, uma vez que as
cláusulas e condições são previamente redigidas e impressas
pela outra. A outra parte cabe apenas aderir a uma situação
contratual.
Regras de hermenêutica:
 
a) Na dúvida o contrato deve ser interpretado contra quem o redigiu (art. 423);
 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
 
b) Serão nulas as cláusulas que estipularem renúncia antecipada do aderente a direito resultante da
natureza do negócio (art. 424);
 
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
c) As cláusulas acessórias não têm a mesma força vinculante que as principais;
d) As cláusulas escritas têm prevalência sobre as impressas.
e) Por força da lei nº 11.785, de 22 de setembro de 2008, que alterou o § 3º do artigo 54 do
Código de Defesa do Consumidor, determinando que a formatação seja realizada com letras não
inferior a fonte tamanho 12 e Arial, sob pena de considerar-se nulo o contrato, pois materializado
“contra legem”.
Impessoais: quando as partes não especificam
quem irá cumprir a obrigação, importando apenas
que ela seja executada.

Pessoais: as partes especificam quem deve cumprir


a obrigação. Normalmente ocorre nas obrigações de
fazer.

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