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Sonhos e

Abordagem
Centrada na
Pessoa –
reflexões a partir
da noção de
experienciação

Rosa Angela Cortez de Brito


Psicóloga Clínica
Mestre em Psicologia
Professora (FATECI)
Sonhos
 Abbagnano (2007) – Ação da imaginação sobre
o sono (p. 919).
 Houaiss (2001) – Sequências de imagens
produzidas pela mente durante o sono.
 Priberan – Conjunto de ideias ou imagens que se
apresentam ao espírito durante o sono.
Sonhos

 Perls (1974 apud LIMA FILHO, 2002) entendia os


sonhos como a criação mais espontânea da
pessoa; se dá a conhecer sem a intervenção da
intenção, do desejo ou da escolha da pessoa.
Abordagem Centrada na Pessoa
 Fases do pensamento de Rogers (MOREIRA, 2010)

 Não-diretiva
 Reflexiva
 Experiencial
 Coletiva/Inter-humana
 Pós-Rogeriana
Conceito de experiência
 Fase Reflexiva – […] se refere a tudo que se
passa no organismo em qualquer momento e
que está potencialmente disponível à
consciência; em outras palavras, tudo o que é
suscetível de ser apreendido pela consciência. A
noção de experiência engloba, pois, tanto os
acontecimentos de que o indivíduo é consciente
quanto os fenômenos de que é inconsciente.
(KINGET e ROGERS, 1977, p. 161).
Possibilidade de compreensão dos
sonhos na fase reflexiva
 Experiência passível de chegar à consciência. Sua
simbolização auxilia na compreensão sobre a congruência
e a incongruência (aqui entendidas a partir da equação
“vivências organísmicas e a estrutura de eu”).
 Mais importante que a avaliação valorativa do paciente
sobre a experiência do sonho é se esta é passível ou não
de ser assimilada à consciência.
 Papel do terapeuta – servir como um espelho preciso para
que o cliente reconheça a si próprio.
Experienciação
 Elemento importante da Fase Experiencial.
 Desenvolvido por Eugene Gendlin e incorporado
por Rogers à sua teoria.
 Processo de sentimento vivido corpórea e
concretamente e que constitui a matéria básica
do fenômeno psicológico e da personalidade
(GENDLIN, 1964, apud MESSIAS e CURY, 2006, p.
356-357).
Experienciação
 Características:
 É um processo de sentimento
 Ocorre no presente imediato
 Pode ser diretamente referida
 Guia a conceituação
 É implicitamente significativa
 É um processo organísmico pré-conceitual
 “Experienciação não se refere primordialmente
à forma acabada, mas sim à matéria prima,
capaz de adquirir qualquer forma. Mais do que o
vaso ou a estatueta trata-se da argila passível de
molde” (MESSIAS e CURY, 2006, p. 357).
Experienciação
 Diferença entre processo e conteúdo

 Conteúdo – símbolo derivado da experienciação no


processo de criação de significado.

 A experienciação contempla as dimensões conceitual e


simbólica, mas não se atém a eles e sim ao processo
subjecente à formação dos mesmos.

 Significado sentido – dimensão da experiência


sentida de forma pré-conceitual
Experienciação
 Para que a mudança terapêutica possa
acontecer, é necessária a referência direta ao
significado sentido, presente no fluxo
experiencial subjacente à relação terapêutica
[...] Sob a ótica experiencial, um discurso
eloqüente, uma comunicação bizarra e delirante
ou mesmo longos períodos de silêncio, têm o
mesmo valor, pois tratam-se apenas de
desdobramentos do significado sentido
(MESSIAS, 2001, p. 106).
 Pode- se afirmar que a verbalização – especialmente no
contexto da psicoterapia – representa uma forma
privilegiada de simbolização, mas não a única. Há diversas
outras formas de simbolização do senso sentido como a
ação, o movimento, a arte, o jogo, o corpo, os sonhos e o
próprio pensamento. Assim, passa a existir uma base
conceitual sólida e segura para o entendimento
experiencial do que se encontra implícito no brincar com
massinha em uma sessão de ludoterapia, por exemplo, na
dimensão simbólica de uma somatização, ou no conteúdo
de um sonho (MESSIAS, 2006, p. 358).
Possibilidade de compreensão dos
sonhos na Fase Experiencial
 Sonhos – simbolizações representativas de um significado
sentido.
 Os conteúdos ou mesmo as conceituações dadas pelo
cliente para o que se apresenta no sonho podem ser
mudados de acordo com o fluxo experiencial imediato
deste.
 Papel do terapeuta – Exploração de dois mundo
fenomênicos, para fazê-los interagir em benefício do
cliente; deslocamento do conteúdo verbal para a vivência
das pessoas envolvidas.
 Andrea Koch (2012) – delineamento do sonho
sentido com potencialidades e “zonas de
perigo”.
 Sonho como um processo de cura:
potencializadora da tendência atualizante.
Referências Bibliográficas
 ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
 GENDLIN, E. Experienciação: uma variável no processo de mudança terapêutica. American
Journal of Psychotherapy, Vol 15, 233-245, 1961 (Tradução e adaptação José Carlos Caselli
Messias e Daniel Bartholomeu.
 KINGET, M; ROGERS, C. R. Psicoterapia e Relações Humanas (Vol. 1). Belo Horizonte: Interlivros,
1977
 MESSIAS, J. C. C.; CURY, V. E. Psicoterapia Centrada na Pessoa e o Impacto do Conceito de
Experienciação. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 19, n. 3, 2006. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/%0D/prc/v19n3/a03v19n3.pdf>.
 MESSIAS, J. C. C. (2001). Psicoterapia centrada na pessoa e o impacto do conceito de
experienciação. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP.
Disponível em: http://gruposerbh.com.br/textos/dissertacoes_mestradodissertacao06.pdf
 MOREIRA, V. Revisitando as fases da abordagem centrada na pessoa. Estudos de Psicologia
(Campinas), v. 27, n. 4, 2010b. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v27n4/11.pdf>.

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