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PROCESSOS FORMATIVOS ARTICULADOS POR

ATIVISTAS NEGRAS EM REDE: CONTRIBUIÇÕES


DE SABERES E DIÁLOGOS PARA O ENSINO
PÚBLICO NA FORMAÇÃO DE IDENTIDADES
AFRODESCENDENTES

Fortaleza, Ce 2018
Universidade Estadual do Ceará - UECE
Centro de Educação - CED
Coordenação do Curso de Pedagogia – COPED

Karina Ketlen de Sousa Fernandes


Graduanda em Pedagogia - UECE
Profa. Mª. Tatiana Santos da Paz
Doutoranda em Educação - UFC
1. Introdução
1. Busca pela superação do racismo e o
entendimento das contribuições que a escola
tem ao elaborar práticas de supressão do
racismo;
2. O diálogo entre educação e tecnologias
digitais pode promover a interação e troca
de ideias de forma colaborativa;
3. Neste sentido, esta pesquisa apresenta os
Blog Charme na Make, 2016
resultados das aproximações etnográficas
com o contexto escolar e tece relações com
o cenário de atuação ativista de mulheres
Sites de redes sociais têm sido o contexto de debates e
reflexões sobre este processo, que envolvem discussões sobre
negritude, empoderamento, feminismos, etc. Estes debates são
protagonizados por mulheres negras que investem em produções
audiovisuais, em formatos de tutoriais, sobre o cabelo, ou
comentários temáticos sobre suas identidades. Tais práticas têm
alterado a forma como aprendemos, ensinamos e comunicamos
(SANTAELLA, 2010; CASTELLS, 2009). A escola, no entanto,
pouco se aproxima de experiências de aprendizagem nas quais os
sujeitos são protagonistas na produção de conteúdo.
Inquietações Indagadoras

Como experiências de
Como estas práticas, forjadas no aprendizagem em rede,
ciberespaço, tencionam o currículo protagonizadas por jovens negras,
escolar de uma escola municipal, no acerca do debate sobre o
que diz respeito ao trabalho empoderamento da estética negra e
pedagógico com conteúdos voltados das relações étnico-raciais podem
para a discussão sobre as relações tencionar o currículo escolar?
étnico-raciais?
1.2 Problematização A relevância desta abordagem
evidencia-se na medida que,
● O interesse em estudar tal
problematiza as relações étnico-
temática, advém das experiências
raciais e a formação de identidades
que tive na escola durante todos os
afrodescendentes em espaços
ciclos, exceto em algumas
informais, evidenciando o Youtube
disciplinas do ensino superior;
como uma plataforma de articulação
● Materiais didáticos e abordagens
de processos formativos mediado e
pedagógicas eurocêntricas, o
protagonizado por mulheres negras.
referencial de ser negro disposto
para mim estava sempre
NARRATI
VAS DE
MINHA EXPERIÊNCIA MULHER EXPERIÊNCIA DAS
ES VLOGUEIRAS
NEGRAS
ONLINE
METODOLOGI
A
➢ OBJETIVO: construir
apontamentos sobre o fazer ativista
no Youtube de três vlogueiras negras
acerca da identidade do cabelo
crespo, propondo uma análise sobre
como esta prática pode ser aplicada
na escola para a formação de uma
rede de aprendizagem acerca das
identidades e relações étnico-raciais.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
➢ a) Identificar os saberes e diálogos
que estão sendo difundidos em rede ➢ c) Compreender como como as
por mulheres negras sobre as estratégias comunicacionais
relações étnico raciais no Youtube; utilizadas por mulheres negras no
➢ b) Reconhecer as estratégias de Youtube podem ser apropriadas
socialização de conteúdo de em práticas de ensino no contexto
mulheres negras no Youtube; Avaliar da educação formal.
uma experiência formativa na escola
que se aproprie das estratégias
comunicacionais utilizadas pelas
Trajetória metodológica Lócus da investigação

❏ Abordagem qualitativa com ❏ 3 canais na plataforma YouTube;


princípios etnográficos. ❏ Uma Escola Municipal de
Técnicas da pesquisa
Fortaleza.
❏ Análise de Conteúdo;
❏ Observação participante;
❏ Grupo focal.
Instrumentos de Pesquisa
❏ Roteiro de observação;
❏ Roteiro de grupo focal.
ETAPAS DA PESQUISA
a) análise das trocas comunicativas na

produção de narrativas sobre as relações

étnico-raciais no Youtube;

b) desenvolvimento de uma proposta

pedagógica baseada nas experiências

observadas em rede;

c) compreensão do processo de

aprendizagem em rede vivenciado pelos


Relações étnico-raciais e descolonização de
currículos
O currículo é o dispositivo

CONCEITOS BÁSICOS primordial de estruturação da escola


e organização dos conteúdos a serem
DE CURRÍCULO trabalhados, ou seja, um núcleo
organizacional que as instituições
educativas constroem para
determinar as atividades que serão
desenvolvidas na escola. Estruturado
com o objetivo de direcionar os
processos pedagógicos, assim como
os níveis de ensino no processo de
aprendizagem escolar.
CURRÍCULO
MULTIRREFERENCIAL
O currículo multirreferencial requer uma mudança drástica de objetivos que
tendem a desvelar o conhecimento com técnicas e conteúdos eurocêntricos, sendo
assim, o interesse primeiro deve centrar-se na descolonização do currículo no
ensino básico e superior, pretendendo desconstruir construções estereotipadas em
relação aos povos indígenas e afro brasileiros. Mudanças que permeiam os
conteúdos e o ensino. Problematizações a respeito dos direitos e privilégios de
determinadas classes sociais enraizadas em nossas relações políticas e
educacionais, nas escolas de ensino básico e no ensino superior.
Currículo, relações étnico-raciais
e cibercultura

Sabendo que o currículo é a base para


elaboração de todos os procedimentos ligados
ao desenvolvimento da aprendizagem, pensá-lo
sobre dois aspectos importantes como relações j
étnico raciais e cibercultura é bastante
complexo. Para tanto, um currículo que
representa os aspectos mencionados precisa
perceber as relações de trocas entre as
sociedades, a cultura negra que vem sendo Projeto Redação, 2016.
discutidas em diversas plataformas on-line,
causando impactos e sendo impactada.
O currículo e a Diversidade Cultural
1. Interesse das ciências humanas e sociais na discussão de temas relacionados a
legitimação do pluralismo cultural, multiculturalismo e ou diversidade cultural.
2. Ainda sensível e conflituosa realiza aplicações de tais saberes em documentos
referentes a políticas de currículo nacional como no caso da lei 10.639/03.
3. PCNs referentes ao ensino fundamental caracterizam a diversidade cultural
como um conteúdo transversal a ser aplicado em diversas disciplinas, o
paradoxo está no desenvolvimento de ações que tenha como objetivo a
apresentação de conteúdos transversais com a diversidade cultural, na prática o
que se percebe é que diversidade cultural, de gênero, racial, são trabalhados em
projetos desvinculados dos conteúdos da base comum.
Documentos que versam sobre a
Diversidade Cultural Aplicada ao
Currículo

● Diretrizes Nacionais de
Educação, Referenciais e
Parâmetros Curriculares;
● Ministério de Educação e
Cultura (MEC);
● Organização das Nações
Unidas (ONU).
DESCOLONIZAÇÃO DO
CURRÍCULO

A luta antirracista do movimento negro


no campo educacional conta com
diversas iniciativas que visam, além do
acesso e permanência às instituições
educacionais, uma mudança curricular
que contemple a história e cultura
africana, afro-brasileira e indígena.
Ter cachos, Ser Diva, 2015
Os dispositivos móveis estão sendo utilizados
para o intermédio das relações sociais atuais.
Cibercultura, práticas autorais e
relações étnico-raciais Este ambiente de conexões online é nomeado
Cibercultura, de acordo com Pesce (2011),
estas relações em rede podem intensificar a
melhoria da qualidade educacional uma vez
que, viabiliza trocas de sujeitos pertencentes
a diferentes culturas e que compartilham da
mesma vivência sócio-histórica, trabalha
com diferentes linguagens (ex.: textual,
imagética, sonora etc), interação e co
Raiz, 2016.
autorias dialógicas por intermédio dos
Análise de Dados
● Trocas comunicacionais
em rede;
● História de vida como
fonte de investigação:
Perspectivas pessoais e
conectadas;
● Ambientes de discussão
sobre as Relações Étnico-
Raciais;
● Representatividade e
● Parâmetros didáticos:
Localização do saber e
fundamentação teórica;
● Relações étnico-raciais no
contexto escolar: desafios e
possibilidades;
● Experiência pedagógica com a
experiência das mulheres
negras no Youtube;
● A concepção de currículo
multirreferencial e a
descolonização do currículo
e na escola em questão, evidenciam
possibilidades de intersecção entre
Conclusão
processos formativos gestados em
ambientes não formais e em contextos
formais de educação, à vista disso,
evidenciamos as trocas
comunicacionais iniciais que os
professores tiveram com os
educandos, que participaram e
contribuíram com falas sobre o tema,
demonstrando identificação com o
assunto.
Sendo assim, conclui-se que o
ativismo em rede articulado pelas
vlogueiras negras, sobre a
construção da identidade da mulher
negra e o combate ao racismo,
indicam a necessidade de criar
espaços em que o estudante seja
protagonista na produção do
conhecimento, em especial, de
conteúdos que possuem relação
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