Você está na página 1de 5

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Professor Bibliotecário:
Desenvolvimento de novas competências

Manifesto IFLA sobre a Internet


Manifesto do Bibliotecário 2.0

Docente: Maria José Vitorino


Mestrando: Pedro Rafael Fialho de Oliveira Moura

Julho 2010
1
Introdução
No âmbito dos temas abordados na disciplina de Professor Bibliotecário:
Desenvolvimento de novas competências, no Curso de Mestrado em Bibliotecas
Escolares e Literacias do Século XXI, da Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias, foi me pedido que elaborasse uma reflexão sobre "O Manifesto da IFLA
sobre a Internet" e ao mesmo tempo, cruzasse essa informação com o "Manifesto do
Bibliotecário 2.0".

O Manifesto da IFLA sobre a Internet


Este documento tornou-se muito relevante, uma vez que foi aprovado por
unanimidade, sem discordância ou abstenções, durante a reunião da "68th IFLA
General Conference and Council", em 23 de Agosto de 2002, em Glasgow, na Escócia,
após ter sido aprovado pelo Conselho da IFLA (International Federation of Library
Associations and Institutions), em 27 de Março de 2002, em Haia, na Holanda. Apesar
da versão em Inglês se encontrar disponível online, trabalhámos a versão directamente
traduzida pela FEBAB (Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários,
Cientistas da Informação e Instituições).
Neste documento, na IFLA há consenso geral sobre o facto do livre acesso à
informação ser essencial para a liberdade, para a igualdade, para o entendimento
mundial e para a paz. É defendido que os indivíduos devem ter a liberdade de terem
opiniões e de as poderem manifestar, base da sua liberdade intelectual, mas também a
liberdade de procurarem e receberem informação, factores que juntos, são a base da
democracia e estão na essência do serviço bibliotecário.
A IFLA advoga também que é uma responsabilidade primordial da biblioteca e
dos profissionais da informação assegurarem a liberdade de acesso à informação,
independentemente do suporte e fronteiras. É conhecida a ideia que a biblioteca pode
ser um factor democratizador da sociedade, uma vez que o livre acesso e gratuito à
Internet, é uma forma de aproximar das classes mais desfavorecidas, as oportunidades
que as classes mais favorecidas têm em casa, é uma forma da sociedade atingir de uma
forma globalizante, a liberdade, a prosperidade e o desenvolvimento. Para que estes
efeitos sejam alcançados, é necessário que as barreiras para a circulação da informação
sejam combatidas, pois são factores de desigualdade, de pobreza e de desespero. Não
podemos esquecer que, em alguns casos, as bibliotecas são os únicos pontos de acesso à
informação disponíveis a algumas pessoas.
2
As bibliotecas e os serviços de informação deverão ser instituições pró-activas,
que ligam as pessoas aos recursos globais de informação através desses mesmos
recursos. Assim, alcança-se uma maior riqueza de informação e uma maior diversidade
cultural.
Segundo este Manifesto, a Internet promove o acesso igual à informação a todas
as pessoas e isso é um factor determinante no desenvolvimento pessoal, na educação,
no estímulo e enriquecimento cultural e visa uma participação informada na
democracia. É inegável a comodidade que a Internet nos oferece e as bibliotecas
oferecem ainda ajuda para ultrapassar os obstáculos que forem surgindo.
Já que falámos em democracia, lembramos que o acesso à Internet e a todos os
seus recursos deve ser compatível com a Declaração Universal dos Direitos Humanos
das Nações Unidas, em particular com o Artigo 19º, que declara que "Todo o indivíduo
tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser
inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de
fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão."1 E como tal será ainda
essencial que os indivíduos não estejam sujeitos a qualquer tipo de censura ideológica,
política ou religiosa.
Para uma biblioteca ser verdadeiramente democrática não deverá fazer qualquer
distinção sobre a idade, raça, nacionalidade, religião, cultura, filiação política,
incapacidade física ou de outra natureza, género ou orientação sexual, dos seus
utilizadores e é primordial que respeitem a sua privacidade e a confidencialidade das
informações obtidas.
A IFLA mostra a sua influência em três campos primordiais: na comunidade
internacional, nos governos nacionais e nos membros da comunidade bibliotecária e os
responsáveis pelas tomadas de decisão, em âmbito nacional e local. Da comunidade
internacional, espera-se que estabeleça um plano que providencie o acesso da internet a
todas as pessoas, uma vez que essa acção trará benefícios para todos os indivíduos.
Contudo, é aos governos nacionais que cabe a tarefa de desenvolverem uma infra-
estrutura de informação nacional para fornecer o acesso à Internet a toda a população e
também igualmente importante, promoverem o apoio à livre circulação da informação
acessível pela Internet, por meio das bibliotecas e serviços de informação e a oporem-se
a quaisquer tentativas de censura ou inibição de acesso a essa informação.

1
Artigo 19º da Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, disponível em URL:
http://www.dre.pt/comum/html/legis/dudh.html#19

3
Dos membros da comunidade bibliotecária e dos responsáveis pelas tomadas de
decisão, em âmbito nacional e local, esperam-se estratégias, políticas e planos para a
implementação dos princípios expressos neste Manifesto.

Manifesto do Bibliotecário 2.0

Com a mudança de paradigma com o desenvolvimento das tecnologias, o papel


das bibliotecas e dos bibliotecários tinha necessariamente que se alterar e evoluir para
acompanhar os tempos.
Assim as bibliotecas deverão disponibilizar os recursos e os serviços que os
utilizadores precisam e querem, independentemente do formato. O bibliotecário deverá
ter, depois deste manifesto, um papel muito mais pró-activo, investindo em formação
para fazer face às necessidades dos utilizadores da biblioteca, mas também ter um papel
reflexivo das suas práticas e promover a autoavaliação da biblioteca, para estabelecer
um plano de acção para as melhorias que surgirem como necessárias. O bibliotecário
deve ser parte activa nessas melhorias, incentivar e auxiliar os pares para a mudança e
saber resistir às energias contra.
É essencial que as bibliotecas tenham uma mente aberta à abordagem
experimental e não temer o erro, muito pelo contrário, devem saber partir desse mesmo
erro interpretado das reacções dos utilizadores, para melhorar as práticas.
A Internet deve ser vista como uma vantagem em benefício dos utilizadores e
utilizada para se criarem espaços, como sítios ou blogues que permitam a contribuição
de conteúdos, tanto da parte dos bibliotecários, como dos próprios utilizadores.
As bibliotecas têm idealmente de estarem disponíveis para os utilizadores,
online e em espaços físicos e manter um catálogo aberto com dados personalizados e
com uma grande componente interactiva.

4
Bibliografia

IFLA/FAIFE (2002). O Manifesto da IFLA sobre a Internet. Página consultada em


15 de Julho de 2010, disponível em URL: http://archive.ifla.org/III/misc/im-pt.htm

COHEN, Laura (2006). A Librarian's 2.0 Manifesto. [Trad. Margarida Serafim,


Biblioteca ESDICA (2010) Escola Secundária D. Inês de Castro, Alcobaça]. Página
consultada em 15 de Julho de 2010, disponível em URL:
http://liblogs.albany.edu/library20/2006/11/a_librarians_20_manifesto.html

Você também pode gostar