Você está na página 1de 79

ATOMIZAÇÃO E SPRAYS

INTRODUÇÃO

A transformação de líquidos em sprays ou outras dispersões físicas de partículas


pequenas em atmosferas gasosas é de grande importância em vários processos industriais e
também em muitas outras aplicações na agricultura, meteorologia e medicina. Numerosos
dispositivos para esse fim têm sido desenvolvidos e são geralmente denominados
atomizadores, nebulizadores, injetores e “nozzles”. O processo de atomização é aquele no
qual um jato líquido ou uma folha de líquido ou ainda um filme líquido é desintegrado pela
energia cinética do próprio líquido ou pela exposição a uma corrente de ar ou gás de alta
velocidade ou ainda como resultado de energia mecânica externa aplicada através de
dispositivos rotativos ou vibratórios. Devido à natureza aleatória do processo de atomização
o spray resultante é usualmente caracterizado por um largo espectro de tamanhos de gotas.
Atomizadores naturais compreendem aqueles produzidos em quedas d’água, chuvas
e sprays oceânicos. No lar, sprays são produzidos por chuveiros, irrigadores de jardim,
sprays para cabelos e sprays desodorantes. São comumente usados na atomização de
químicos para proteção de colheitas, atomização de tintas para pintura, sprays para secagem
de sólidos úmidos, processamento de alimentos, resfriamentos de núcleos de plantas
nucleares, aplicações de transferência de massa em interfaces gás-líquido, dispersão de
combustíveis líquidos para combustão e muitas outras aplicações.

Ex.: Se tomarmos como exemplo um cm3 de combustível em um recipiente que


exponha sua superfície superior para a queima com 1 cm2 e o transformarmos em um spray
com gotas de diâmetro médio 10 µ m a área superficial disponível para queima passará de
1cm2 para:
4 1
1cm 3 = n(gotas). πr 3 → n = = 1,89.1010
4 / 3π (0,0005)
3
3
Área superficial das gotas
S = n.(4π )r 2 = 1,89.1010.4.π(0,0005) = 59535cm 2 ≅ 6m 2
2

Ou seja, a atomização é um processo muito eficiente para promover o aumento da


superfície para queima ou outro processo que se deseje acelerar.

Combustão de combustíveis líquidos em motores diesel, motores a ignição por


centelha, turbinas a gás, motores foguete e fornalhas industriais são dependentes de uma
atomização bastante efetiva para aumentar a área superficial específica do combustível e
atingir altas taxas de mistura e evaporação. Na maioria dos sistemas de combustão, a
redução do diâmetro médio da gota leva a altas taxas volumétricas de liberação de calor, à
facilidade de acendimento e a uma larga faixa de queima, e baixa concentração na emissão
de poluentes.
Em outras aplicações, entretanto, tais como a aspersão de colheitas, gotas pequenas
devem ser evitadas porque sua velocidade de queda livre é pequena e sob certas condições
meteorológicas de vento podem ser levadas para longe deixando de serem aproveitadas
para a aspersão. As gotas são também importantes em secagem por sprays e devem ser
produzidas de forma bem controlada para atingirem as condições desejadas de transferência
de calor e massa.
Nas últimas décadas houve um crescente interesse na ciência e tecnologia da
atomização, o que deu origem a um grande campo internacional e interdisciplinar de
pesquisa. O crescimento do interesse foi acompanhado por um largo avanço na área de
diagnóstico a laser para a análise de sprays e pela proliferação de modelos matemáticos
para modelagem da combustão de sprays. É cada vez mais importante que os engenheiros
adquiram uma melhor compreensão dos processos básicos de atomização e que estejam
inteirados da capacidade e limitação dos dispositivos de atomização. Em particular é
importante conhecer qual o tipo de atomizador é o mais indicado para uma dada aplicação e
como sua performance é afetada pela variação das propriedades do líquido e condições de
operação.

ATOMIZAÇÃO

Sprays podem ser produzidos de várias maneiras, porém existem vários processos
básicos associados com todos os métodos de atomização, tais como a hidráulica do
escoamento dentro do atomizador, a qual governa as propriedades de turbulência da
corrente de líquido emergindo do mesmo. O desenvolvimento do jato ou folha e o
crescimento de pequenas perturbações, que levam eventualmente à desintegração em
ligamentos e então em gotas, são também de primária importância na determinação do
formato e penetração do spray resultante bem como de suas características de número de
densidade, velocidade das gotas e função distribuição de tamanho das gotas como função
do tempo e do espaço. Todas essas características são marcadamente funções da geometria
interna do atomizador, das propriedades do meio gasoso no qual a corrente líquida é
descarregada e das propriedades físicas do líquido a ser atomizado. A situação mais simples
é o caso de um jato de líquido emergindo de um orifício circular onde a componente
principal da velocidade está na direção axial e o jato é laminar. Neste estudo clássico [1]
Lord Rayleigh postulou o crescimento de pequenas perturbações que eventualmente levam
à quebra do jato em gotas tendo diâmetros aproximadamente de duas vezes o diâmetro do
jato. Um jato de líquido completamente turbulento pode romper-se sem a aplicação de
qualquer força externa. Uma vez que as componentes radiais não estejam mais sob a
restrição das paredes sua única limitação são as forças de tensão superficial, e o jato rompe-
se no momento em que essas forças são sobrepujadas. A viscosidade age na atenuação do
crescimento das instabilidades inibindo e atrasando a desintegração em seu conjunto. Isto
faz com que a desintegração ocorra longe das regiões de baixa velocidade relativa, fazendo
que a desintegração próxima dessas regiões de baixa velocidade dê origem a gotas de
tamanho grandes. Na maioria dos casos, turbulência no líquido, cavitação na garganta e
interação aerodinâmica com o ar das vizinhanças de forma a aumentar a densidade do
mesmo, todas contribuem para a melhoria da atomização.
Em muitas aplicações se utiliza padrão de sprays planos ou cônicos para se atingir o
desejado padrão de dispersão de gotas e mistura gás-líquido. Folhas ou filmes cônicos
podem ser produzidos por atomizadores do tipo “pressure-swirl” no qual um orifício de
descarga circular é precedido por uma câmara na qual ranhuras ou orifícios tangenciais são
usados para o movimento giratório inicial do líquido que deixa o dispositivo através de uma
garganta estreita. Folhas planas são geralmente produzidas forçando o líquido através de
um anulo estreito como no “fan spray nozzles” ou ainda alimentando o líquido no centro de
um disco ou copo rotativo. Para que a folha se expanda contra as forças de contração da
tensão superficial é necessário que a folha tenha uma velocidade mínima que é produzida
pela pressão nos atomizadores do tipo “pressure swirl” e no “fan spray nozzles” e pela
força centrífuga nos atomizadores do tipo rotativo. Quando a coluna de líquido é formada
suas instabilidades hidrodinâmicas iniciais são amplificadas pelas perturbações
aerodinâmicas de modo que a folha líquida se expende para fora da garganta e sua
espessura diminui, perfurações surgem na mesma e à medida que essas perfurações
aumentam atingem uma à outra e coalescem formando pedaços e ligamentos de líquido.
Esses ligamentos variam grandemente em tamanho e diâmetro e quando colapsam em gotas
as mesmas variam largamente em tamanho. Algumas dessas gotas grandes formadas no
processo desintegram-se posteriormente em gotas menores. Eventualmente uma larga gama
de tamanho de gotas é produzida e seu diâmetro médio depende fortemente da espessura
inicial da falha líquida, de sua velocidade relativa ao meio gasoso e das propriedades físicas
do líquido tais como viscosidade e tensão superficial.
Uma folha líquida viajando em alta velocidade pode desintegrar-se na ausência de
perfurações por um mecanismo conhecido como desintegração por ondulação da folha o
que ocorre quando a crista da onda formada pela interação aerodinâmica com o gás das
vizinhanças torna-se maior do que seu comprimento de onda. Finalmente a velocidades
muito altas do líquido correspondendo a grandes pressões de injeção, a desintegração da
folha ocorre muito próximo do orifício de saída do injetor. Embora vários modos de
desintegração tenham sido identificados, em todos os casos o processo final de atomização
é aquele no qual a quebra dos ligamentos em gotas está em conformidade com o
mecanismo de Rayleigh.
No injetor do tipo “prefilming airblast atomizer” a atomização é conseguida
expondo um filme líquido de baixa velocidade a uma corrente de ar de altíssima
velocidade. Evidências fotográficas sugerem que para líquidos de baixa viscosidade o
mecanismo básico envolvido na produção de gotas é essencialmente aquele observado na
atomização por pressão, nomeadamente a produção de gotas ocorre a partir de ligamentos
criados por perfurações na folha ou pelo mecanismo de ondulação da folha.

Um spray típico inclui uma vasta gama de tamanho de gotas. O conhecimento da


distribuição de tamanhos de gotas é de grande ajuda nos processos de aplicação dos sprays,
especialmente nos cálculos de transferência de calor e massa entre o líquido disperso e a
atmosfera circundante. Desafortunadamente não existe desenvolvida uma teoria completa
da formação de sprays que descreva os processos hidrodinâmicos e aerodinâmicos a que
estão submetidos os sprays quando um jato, ou uma folha líquida desintegra-se sob
condições normais de atomização de tal forma que a maioria das correlações existentes para
tal são experimentais. Fazemos uso, portanto, dessas correlações empíricas para a predição
do tamanho médio das gotas geradas e de sua distribuição.
A comparação dessas correlações em usos comuns revela que todas possuem
deficiências de uma espécie ou outra. Em uma o diâmetro máximo da gota é ilimitado em
outra o diâmetro mínimo é zero ou mesmo negativo. Desse modo a melhor função
distribuição é aquela que, para uma dada aplicação, melhor correlacione os dados
experimentais e seja de mais fácil aplicação.
A dificuldade de especificação de uma dada função distribuição de tamanho de
gotas em sprays levou ao aumento da família de diâmetros médios. Dessa forma um
diâmetro médio divide o spray em duas partes iguais em número, tamanho, área superficial
ou volume.
Diâmetros médios podem ser determinados de curvas cumulativas como a da figura
abaixo.

ATOMIZADORES

Sprays podem ser produzidos de vários modos. Essencialmente o que se precisa é de


uma alta velocidade relativa entre o líquido a ser atomizado e o ar ou gás circundante.
Alguns atomizadores fazem isso descarregando o líquido a alta velocidade em uma corrente
de ar ou gás movendo-se lentamente. Isto inclui vários tipos de atomizadores sob pressão
(pressure atomizers) e também atomizadores do tipo, copo ou disco rotativo, que ejetam o
líquido pela sua periferia em alta velocidade um modo alternativo é expor uma folha ou jato
de líquido em baixa velocidade a uma corrente de ar em alta velocidade. O melhor método
para isso é conhecido como: “twin-fluid, air-assist ou airblast atomization”.

QUEBRA DE JATO LÍQUIDO CILÍNDRICO DE BAIXA VELOCIDADE DE


ESCOAMENTO, CASO DE DEFORMAÇÕES SIMÉTRICAS

Um dos problemas mais importantes em hidrodinâmica da capilaridade e que atraiu


a atenção de cientistas como Rayleigh [2] e Niels Bohr [3], é a quebra de um jato líquido
emanando de um bico injetor dando origem a uma corrente de gotas. O interesse nesse
problema não tem diminuído devido aos sistemas de injeção de combustível líquido em
motores de combustão interna, emulsificação e muitas outras aplicações. Comecemos com
o estudo da quebra de jatos a baixas velocidades de escoamento.
A baixas velocidades com referência às velocidades do gás, a quebra ocorre sob a
ação das forças capilares. A energia de superfície de um jato cilíndrico de líquido não é um
mínimo.
A medida que o jato quebra-se em gotas, a energia de superfície decresce, uma vez
que o líquido aproxima-se de seu formato ótimo, formato esférico.
Consideremos um jato cilíndrico de raio a, emergindo de um bico injetor com
velocidade u0. Ao emergir a superfície do jato está sempre submetida a perturbações. Não
importando o quanto a superfície do orifício seja polida, uma certa rugosidade das paredes
é inevitável. Vibrações do injetor, movimento do ar nas vizinhanças do jato, presença de
turbulência no líquido dentro do injetor – tudo pode servir como fonte inicial das
perturbações. A posteriori examinaremos o caso de uma superfície líquida submetida a
perturbações arbitrariamente pequenas.
As características básicas da quebra de um jato líquido são a duração do intervalo
em que o jato permanece inteiro e o tamanho das gotas formadas. O intervalo de tempo que
o jato permanece inteiro determina a distância de propagação do jato e a natureza de sua
ruptura.
Devido à simetria do problema as equações hidrodinâmicas devem ser escritas em
coordenadas cilíndricas. Por enquanto examinaremos apenas aquelas perturbações em que
não existe movimento do líquido ao redor do eixo de simetria, i.é., aquelas para as quais
podemos assumir a componente de velocidade v θ = 0 . Denominamos tais ondas de
“simétricas”. A secção de corte do jato, no caso de ondas simétricas, são convenientemente
dadas em coordenadas cilíndricas por:

∂v r 1 ∂p ⎡∂2vr ∂ ⎛ 1 ∂ ⎤
=− + υ⎢ 2 + ⎜ (r.v r )⎞⎟⎥
∂t ρ ∂r ⎣ ∂z ∂r ⎝ r ∂r ⎠⎦
(1)
∂v z 1 ∂p ⎡∂2v 1 ∂ ⎛ ∂v z ⎞⎤
=− + υ ⎢ 2z + ⎜ r. ⎟⎥
∂t ρ ∂z ⎣ ∂z r ∂r ⎝ ∂r ⎠⎦
onde vr é a componente radial da velocidade e vz é a componente da velocidade ao longo do
eixo do jato. Uma vez que as deformações são supostas pequenas os termos de segunda
ordem foram omitidos.
A equação da continuidade é dada por:

∂v z 1 ∂
+ (r.v r ) = 0 (2)
∂z r ∂r

Precisa-se conhecer as condições de contorno na superfície do jato. A equação para


a superfície do jato perturbada por uma onda ς(r, z, t ) , onde ς é o deslocamento de um
ponto sobre a superfície do jato é:
r = a + τ(z, t ) (3)
Tendo por hipótese que ς é muito pequeno comparado com o raio a do jato,
podemos escrever as condições de contorno como:
p rr = p a ⎫
⎬ em r ≈ a (4)
p rz = 0 ⎭
Dessa forma as componentes da velocidade ao longo do eixo x, i.é., r = 0 precisam
ser finitas.
A solução do problema é similar ao do movimento de uma onda sobre uma
superfície plana de um líquido viscoso.
Procuramos uma solução do tipo periódica em z e exponencial em t:
ϕ = Φ(r )e ikz +αt
ψ = Ψ(r ) e ikz + αt

A solução completa do problema encontra-se em Phisicochemical Hydrodynamics


de Veniamin G. Levich – Prentice-Hall, Inc., Englewood Cliffs, N.J., 1962.

Onde se chega a:
σk 3
ω= (5)
ρ
Para a freqüência das ondas capilares na superfície de um jato de líquido de baixa
viscosidade.
De maior interesse é o caso de ondas longas, para o qual a seguinte desigualdade é
satisfeita:
2aπ
ka = <1 (6)
λ
α para tais ondas tem valor real e positivo. Valores positivos de α correspondem a uma
taxa de crescimento ilimitada da amplitude de onda. Na teoria da turbulência mostra-se que
um crescimento exponencial na amplitude da onda significa o aparecimento de vórtices
turbulentos contínuos no seio do líquido. A escala desses vórtices é da ordem de um
comprimento de onda. A presença de vórtices turbulentos na superfície livre de um líquido
leva a fragmentação da mesma e à conseqüente ejeção do líquido. No caso de um jato
cilíndrico de líquido, o crescimento exponencial da amplitude de onda com o tempo leva à
instabilidade de sua superfície e à quebra do mesmo em gotas. A superfície do jato é
instável para todo comprimento de onda que satisfaça a equação anterior
α ⎫
Para >> k 2 ⎪
ν ⎬ (7)
l >> k ⎭ ⎪

Chega-se a:
I (ka )
σk
(
α 2 = 2 1 − k 2a 2 1
ρa
)
I 0 (ka )
(7a)

e ka
onde I1 (ka ) ≈ I 0 (ka ) ≈ são funções de Bessel.
2ππk
A equação (7) exibe um máximo para ka< 1 para um dado comprimento de onda. A
posição deste máximo é determinada por:

∂α 2 I1' (ka ) I 0 (ka ) − I '0 (ka ) I1(ka ) I1(ka )


∂k
=0= ( 1 − k )
2 2
a − 2ak
I o2 (ka ) I 0(ka )
A solução numérica desta equação nos mostra que o máximo corresponde a um
valor do número de onda k igual a:
2π l
k max = = 0,70. (8)
9,02a a
ou a um comprimento de onda igual a:

λ max = 9,02a (9)

Esta equação foi primeiramente derivada por Lord Rayleigh. O valor de α para este
máximo pode ser encontrado facilmente substituindo o valor numérico da função de Bessel.
Rayleigh achou:

σ
α max = 0,12 (10)
ρa 3
O número de onda k = kmax corresponde à maior instabilidade nas ondas. Com k =
kmax a instabilidade é muito maior do nas ondas que satisfazem a equação (6). O máximo da
função α 2 (k ) é fortemente definido. Uma vez que a amplitude cresce exponencialmente
com o tempo, qualquer acréscimo na amplitude da onda com comprimento λ que
corresponde ao máximo de α será decisivo na quebra do jato em gotas.
Durante o intervalo de tempo
1 ρa 3
τ= = 8,46 (11)
α max σ
a amplitude aumenta e multiplica-se. A quebra do jato produz gotas cuja tamanho é da
ordem de λ max , i.é., cerca de nove vezes maior do que o raio do jato: ou seja:

ρa 3
L ≈ u 0 τ = 8,46u 0 (12)
σ

Esta fórmula mostra que o comprimento do jato que permanece intacto é


proporcional à potência 3/2 de seu raio e inversamente proporcional à raiz quadrada da
tensão superficial dinâmica σ ρ .
O limite de aplicabilidade da equação (12) é dado substituindo as relações (10) e (8)
na (7) dando:


<<1 (13)
ρν 2

Para a água a desigualdade (13) é satisfeita em quase todos os casos. No caso da


glicerina a desigualdade é satisfeita para a > 3cm.

QUEBRA DE JATOS LÍQUIDOS, CASO DE DEFORMAÇÕES ARBITRÁRIAS.

Foi analisado o caso da quebra de jatos de líquidos resultante do aparecimento de


ondas simétricas na sua superfície. Verificou-se que a quebra do jato é causada pelo
aparecimento de ondas em sua superfície com comprimento de onde de aproximadamente
10 vezes o raio do jato. A viscosidade desloca as deformações mais instáveis para a região
de ondas longas. Isto é uma boa razão para o estudo do caso geral de deformações com
comprimentos de ondas grandes quando comparados com o raio de jato. Isto permite que o
problema seja simplificado consideravelmente. A ordem de magnitude dos componentes da
velocidade vz, vr e v θ é estimada da equação da continuidade:

∂v z 1 ∂
+ (rv r ) + 1 ∂v θ = 0 (14)
∂z r ∂r r ∂θ

Onde temos obviamente,

∂v z ∂v r 1 ∂v θ
≈ ≈ (15)
∂z ∂r a ∂θ

Por outro lado, para ondas cujo comprimento seja λ >>a, temos:

∂v z v z ∂v r v r 1 ∂v θ v θ
~ ; ~ ; ~
∂z λ ∂r a a ∂θ a

Segue da equação (14) que:

λ λ
vz ~ vr ~ vθ (16)
a a

Então temos a desigualdade:

vz >> vr, v θ (17)

A solução para este caso é:

α = − νk 2 ± (νk )
2 2
+
αk 2
2ρρ
(
1 − k 2a 2 ) (18)

O valor de α atinge um máximo em:

1
k max = 1
(19)
⎛ ρa ⎞ 2
⎜ νa + 2 a 2 ⎟⎟
⎜ 2σ
⎝ ⎠

Este valor máximo é dado por:


σ
2ρρ 3
α max = (20)

2 + 3ν

Para viscosidades baixas quando desigualdade (13) é satisfeita, os valores de kmax e


α maxcorrespondem àqueles calculados na sessão precedente. Se a viscosidade é alta e a
desigualdade (13) não é satisfeita, encontramos para kmax e α max , respectivamente:

1 σ σ
k max ≈ ≈4 2 3
= 0,54 2 3 (21)
ρa 18 ν ρa ν ρa
6 νa

σ σ
α max ≈ = 0,2 (22)
6aνa aνν

O intervalo de tempo para a quebra do jato é:

1 aρν
τ~ ≈5 (23)
αmax σ

O tamanho das gotas formadas é:

2π 18ν 2 ρa 3 ν 2 ρa 3
λ~ ~ 2π 4 = 134 (24)
k max σ σ

Que é proporcional à raiz quadrada da viscosidade do líquido e à potência 3/4 do


raio do jato; sendo também uma função fraca da tensão superficial (decresce com a 4 σ .
O comprimento intacto do jato é:

1 u 0 ανρ
L = u0 ≈5 (25)
α max σ

Este comprimento aumenta linearmente com a viscosidade dinâmica do líquido µ , e


é inversamente proporcional à tensão superficial. Deve-se notar que a hipótese de
velocidade constante do jato que se cumpre para baixas viscosidades pode não ocorrer para
líquidos de viscosidade alta.

QUEBRA DE JATOS CILÍNDRICOS DE LÍQUIDOS A ALTAS VELOCIDADES –


ATOMIZAÇÃO.
Anteriormente analisamos a quebra de jatos de líquidos a velocidade tais que a ação
dinâmica do meio externo, ar, em particular, não influenciava na formação das gotas.
A quebra do jato ocorria apenas sob a influência das forças capilares e era
acompanhada pela redução da energia superficial do sistema. A altas velocidades (este
significado ficará esclarecido mais tarde) a quebra do jato em gotas apresenta uma faceta
diferente. A quebra em poucas gotas grandes dá origem a uma nuvem de pequenas gotas
(atomização). O número de gotas se torna tão grande que a área global da superfície total
das gotas é incomparavelmente maior do que a superfície do comprimento intacto do jato.

A formação da área superficial adicional é causada pelo efeito dinâmico do meio


sobre a superfície do jato. Por hipótese o jato de líquido move-se em um meio gasoso com
densidade ρ g << ρ . Quantidades com o sobrescrito g indicam fase gasosa. Devido à sua
baixa densidade, podemos ignorar, em primeira aproximação sua viscosidade e considerar o
gás como um fluido ideal.
O quadro qualitativo do efeito dinâmico do gás na superfície do jato pode ser
apresentado como segue: seja uma perturbação (infinitesimal ou não) sobre a superfície do
jato. A pressão do gás sobra a crista de uma protuberância é menor do que a pressão média,
enquanto que na base da protuberância é menor do que a pressão média. Tracemos uma
linha longe da superfície do jato, de forma de forma que a linha de fluxo não seja
perturbada pela protuberância. Então na zona situada entre a superfície do jato e a linha de
fluxo, vemos que a velocidade na crista da protuberância é maior do que na base da mesma.
Segundo a equação de Bernoulli a pressão é menor onde a velocidade é maior. Logo a
pressão do gás na crista da protuberância é menor do que na sua base. Assim a
protuberância que foi formada de algum modo na superfície do gás tende a crescer. Quanto
maior a velocidade relativa entre o líquido e o gás mais pronunciado é esse efeito.
Um aumento na protuberância sobre a superfície do líquido resulta no destacamento
de uma gota da superfície.
Para uma descrição quantitativa desse fenômeno, consideremos o efeito dinâmico
do gás sobre a formação da onda.
Determinemos o perfil da velocidade no gás. Por conveniência, adotemos a hipótese
de que o jato se encontra em repouso e que o gás longe da superfície do jato move-se na
direção positiva do eixo z com velocidade ug. O problema de relacionar as velocidades ug e
u0 uma com a outra, onde u0 é a velocidade de saída do jato será deixado para mais tarde.
Ignorando a viscosidade do ar como primeira aproximação e tomando-o como
fluido ideal, podemos escrever a equação de Laplace para o potencial de velocidades como:

∂ 2ϕ 1 ∂ 2ϕ 1 ∂ ⎛ ∂ϕ g ⎞
∆ϕ = + + ⎜r ⎟⎟ = 0 (26)
∂z 2 r 2 ∂θ 2 r ∂r ⎜⎝ ∂r ⎠

As condições de contorno a serem satisfeitas pela velocidade do gás no infinito são,


obviamente:

v gz → u g ⎫⎪
⎬para r → ∞ (27)
v gr → 0 ⎪⎭

As seguintes condições de contorno precisam ser obedecidas na superfície do jato:

v gr → v r ⎫⎪
1) ⎬ para r = a (28)
v gz → v z ⎪⎭

2) As tensões normais na superfície do líquido precisam estar balanceadas:

p zz = p σ + p g (29)

3) No escoamento real, as tensões tangenciais são exercidas sobre a superfície.


Forças tangenciais desempenham papel importante em muitos aspectos da transferência de
energia do gás para as ondas e entranhamento do líquido pelo vento. Porém as tensões
tangenciais são proporcionais ao quadrado da amplitude da onda e podem (em nossa
aproximação para ondas de pequenas amplitudes) serem desprezadas. E nesse caso, a
componente tangencial do tensor tensão, como na ausência de escoamento de gás torna-se
zero,
pzr = 0 (30)
O desenvolvimento completo encontra-se em Levich, o qual chega a :

α=
( ) 2
ρ g k 2 u g − σk 3
(31)
ρ

A equação mostra que para velocidades do gás suficientemente altas, a quantidade


α pode ser real, mesmo para ondas curtas. Assim, α é real para números de ondas;
k≤
( )
ρg u g
2

(32)
σ

As ondas correspondentes são instáveis. Esta é a diferença entre jatos de altas e


baixas velocidades. No último caso, foi visto que somente ondas muito longas λ >>a, eram
instáveis. Em altas velocidades, o efeito dinâmico do fluxo de gás sobre a superfície do jato
causa aumento na amplitude das protuberâncias e produzem instabilidades para
comprimentos ondas muito menores.

α como função do número de onda k exibe um máximo bastante largo em:

k = k max =
2 ρg u g ( ) 2

(33)
3 σ

Neste caso o valor máximo de α , é:

α max = 0,4
(u ) (ρ )
g 3 g 3
(34)
σ ρ

Durante o intervalo de tempo

1 σ ρ
τ= ≈ 2,6 (35)
α max (u ) (ρ )
g 3 g 3

a amplitude da onda aumenta e multiplica-se.

Finalmente podemos estabelecer que um aumento na amplitude de onda leva à


destruição da superfície livre do líquido.

Para ondas curtas , esta destruição consiste na separação de gotas cujo tamanho é
aproximadamente determinado pelo comprimento de onda da onda instável.
~
1 σ
L0 ~ ~ (36)
k max ρ u g 2
g
( )
Deve ser enfatizado que as gotas com dimensões determinadas pela fórmula (33)
são acompanhadas por gotas de outras dimensões, todas aquelas que obedecem à relação
(32) porque todos os comprimentos de onda que satisfazem essa relação são instáveis.

Vejamos agora em que condições a relação (36) pode ser aplicada;

A desigualdade (7) é satisfeita se:


( ) ( )
3 2
α ug
3
(ρ g ) 2 ⎛ ρg u g 2

l =k
2 2
+ ≈ >> k 2
≈⎜ ⎟ (37)
max
υ υ 1 max
⎜ σ ⎟
ρ 2
⎝ ⎠

µu g ρg
<< 1
σ ρ

Esta condição é satisfeita para viscosidades baixas e velocidades do jato moderadas.


Ela é sempre cumprida para líquidos semelhantes à água, como mostrado pela substituição
dos valores numéricos:

4.10-6.ug << 1

A quebra de um jato acompanhada pela formação de pequenas gotas é conhecida


como atomização.
A distribuição de gotas formada pode ser calculada uma vez que o processo de
atomização é aleatório. A atomização continua até que o jato inteiro seja atomizado.
Estimemos o tempo necessário para completar a atomização. Conhecendo o período
da atomização, o comprimento do jato que permanece intacto pode ser calculado. É óbvio
que o período pode ser calculado com base em hipóteses simplificadoras. Uma delas é que
todas as gotas possuem o mesmo tamanho L0 como dado pela equação (36). Outras
hipóteses simplificadoras serão dadas mais tarde.
A lei da conservação da energia é usada para calcular o período de atomização. A
energia transferida do gás das vizinhanças para o jato líquido é parcialmente dissipada e
parcialmente utilizada para a formação da nova superfície.
A energia transferida pela corrente de gás com velocidade ug para a superfície
líquida no tempo T é:

2
⎛ ω⎞
E = ρ ⎜ u g − ⎟ ωkς 02 ST
g

⎝ k⎠
⎛ ω⎞
onde ⎜ u g − ⎟ é a velocidade relativa do gás, ω é a taxa de propagação para ondas de
⎝ k⎠ k
freqüência ω , e S é a área superficial do líquido.
A energia consumida para a formação das gotas é dada por:

V V
E σ = σ4πL20 ≈σ
4π 3 L0
L0
3
Finalmente a energia dissipada é dada por:

E ν = ρνω 2 kς 02 ST

Um balanço fornece:
σ
V
L0
2
( )
+ ρνω 2 kς 02 ST ≈ ρ g u g ωkς 02 ST

então

σV
T=
(
L 0 Skς − ρω 2 + ρ g u g ω
2
0 ( )2
) (38)

É evidente que em ω ~ α max , a desigualdade é satisfeita

( ) 2
ρ g u g ω >> ρνω 2 (39)

α
e é equivalente à desigualdade >> k 2 (7). Portanto vem:
ν

σ 1 V σ 1 a ρ a
T≈ ≈ a ≈ς ≈ (40)
2
L ς ρ u
0 0
g
( ) g 2 2
( )
ωk S L 0 ς 0 ρ g u g 2
α max k max L0 ρg u g

Esta fórmula mostra que o período de atomização é substancialmente maior do que


o período de separação de uma gota individual e é inversamente proporcional à velocidade
do jato.
Desde que por hipótese o período de atomização é muito curto e dentro daquele
período a velocidade do jato permanece constante, a seguinte aproximação pode ser posta
para o comprimento intacto do jato:

ρ
L ≈ Tu g ≈ a ≈ 30a (41)
ρg

Este comprimento é independente da velocidade do jato e sob condições normais


em ar é aproximadamente 30 vezes o raio do jato.
Acima foi desprezado o decréscimo do raio do jato e de sua velocidade durante a
atomização. Entretanto a ordem de grandeza do período de atomização pode ser
aproximada pela fórmula (40).
Consideremos agora a ruptura do jato quando a desigualdade (39) não é válida. Em
outras palavras vamos examinar o caso da ruptura do jato quando o líquido é altamente
viscoso.
O termo quadrático na equação (40) é pequeno quando comparado ao termo linear.
Além do mais l ≈ k . Cálculos simples dão aproximadamente:

α≈
( ) 2
ρ g u g − σk
(42)
ρν
Quando ρ g (u g ) > σk , o valor de α é positivo e as ondas são instáveis. Fica
2

claro, porém que ondas com um baixo valor de k, i.é., ondas longas, são estáveis.
Assim, conclui-se que para líquidos altamente viscosos a região de instabilidade é
deslocada na direção das ondas longas.
µu g ρ g
Pode ser visto da equação (38) que quando; ≈ 1 , e a viscosidade
σ ρ
aumenta, que ambos os termos do denominador aproximam-se um do outro e o
período de atomização tende ao infinito.
Este acréscimo no período de atomização está relacionado à energia dissipada
no líquido. O aumento ilimitado do período de atomização indica que a atomização
não ocorre em líquidos altamente viscosos e a ruptura do jato resulta na formação de
gotas relativamente grandes.
Desse modo o fenômeno da atomização é uma característica da ruptura de jatos
de líquidos de baixa viscosidade.

Para o caso da ruptura de jatos líquidos de alta velocidade e ondas longas chega-se
a:
( ) (ka )
ρg u g
2 4
>>
σ
a
(ka )2 (43)
1
ρg u g
(ka )2 .⎛⎜ ln ka ⎞⎟
2
α= (44)
ρ a ⎝ 2 ⎠

Para ondas longas ka <1 e α >0. E a quantidade α possui um máximo largo no


ponto definido por:

ka
4ln +1 = 0 (45)
2

A raiz da equação 45 é:
0,75
k max ≈
a
Com a correspondente λ max ≈ 8a (46)

Para este comprimento de onda obtemos:

ρg u g
α max ≈ (47)
ρ a

O período de ruptura do jato causado pela influência de ondas longas é dado por:

1 ρ a
T~ ~ (48)
α max ρg u g
Correspondentemente o comprimento intacto do jato é:

ρ
L≈ a (49)
ρg

Quando a desigualdade (49) é satisfeita, as ondas longas não são simétricas em


relação ao eixo do jato e a fragmentação do jato ocorre dentro do mesmo período das ondas
simétricas. Assim o quadro geral da ruptura de um jato líquido de baixa viscosidade
emergindo de uma garganta com velocidade suficientemente alta parece ocorrer da seguinte
forma:
Sob o efeito de perturbações infinitamente pequenas que estão sempre presentes,
ambas as ondas longas e curtas (em comparação com o raio do jato) aparecem na superfície
do mesmo. Devido aos efeitos dinâmicos do ar, ambas ondas são instáveis e suas
amplitudes crescem rapidamente no tempo. O crescimento da amplitude das ondas curtas
dá origem às gotas pequenas e a atomização do líquido.
A instabilidade das ondas longas leva ao aparecimento das ondas simétricas, ondas
de primeira ordem com o perfil tipo senoidal que dá origem à quebra do jato em
fragmentos. As dimensões destes fragmentos excedem várias vezes o raio do jato. O tempo
necessário para a atomização da massa inteira do jato e para a ruptura do jato em gotas
grandes são da mesma ordem de grandeza.
É claro que a determinação dos coeficientes numéricos das equações (49) e (41) não
possui significado devido às simplificações realizadas na derivação das mesmas.
Especialmente a hipótese de que a velocidade do jato em relação ao ar não sofre mudanças
durante o regime de quebra. E que não há redução da espessura do jato durante a
fragmentação do mesmo.
Consideremos agora o caso de viscosidade alta, para o qual a desigualdade(38) é
revertida.

Então vem:

α≈−
( )
ρ g u g (ka ) ⎛ ka ⎞
2 2

⎜ ln ⎟ (50)
4µ ⎝ 2 ⎠
O máximo para α é obtido em:

1
k max ≈
a
em um comprimento de onda de:

λ max = 6a (51)

O valor de α é dado por:

α max = 0,2
( )
ρg u g
2

(52)
µ
e o período de ruptura é dado por:

1 µ
T= =5 (53)
α max ρ ug
g
( ) 2

O comprimento intacto do jato é:

µ
L= 54)
ρ ug
g
( )
Dessa forma para fluidos altamente viscosos a fragmentação do jato resulta
somente na formação de gotas grandes. O tamanho das gotas não é uma função da
viscosidade. O tamanho intacto do jato aumenta com a viscosidade de acordo com a
equação (54).

Teoria de Rayleigh

Rayleigh comparou a energia da superfície (diretamente proporcional ao produto da


área superficial pela tensão superficial) da configuração do jato não perturbado com a da
coluna líquida não perturbada. Calculou a energia potencial da configuração perturbada
(relativa ao valor de equilíbrio) como:

Es =
2d
(γ + n 2 − 1)b 2n
πσ 2
(55)
onde
• Es = energia potencial de superfície
• d = diâmetro do jato
• bn = constante da expansão em série de Fourier

• γ = número de onda adimensional =
λ
• λ = comprimento de onda da perturbação
• n = qualquer inteiro positivo (incluindo o zero)

Para perturbações assimétricas, n >> 1 → Es sempre positiva, indicando que o


sistema é sempre estável para esse tipo de perturbação. Quando n = 0 e γ < 1, caso de
perturbações simétricas a equação (55) mostra que Es é negativa e o sistema é instável para
esse tipo de perturbação. Então, uma coluna de jato de líquido é afetada pelas forças de
tensão superficial somente quando se torne instável para qualquer perturbação axissimétrica
cujo comprimento de onda satisfaça a desigualdade:

λ > πd o que corresponde a γ < 1


A conclusão que se pode tirar da análise de Rayleigh para a ruptura de um jato
líquido em regime de escoamento laminar é que toda perturbação cujo comprimento de
onda seja maior do que a circunferência do jato líquido irá se amplificar. Mostra também
que eventualmente uma dada classe de perturbações irá se amplificar dominando o regime
de ruptura do jato. Embora na verdade jatos líquidos sejam viscosos, turbulentos e sujeitos
a influência dos gases da vizinhança, as conclusões de Rayleigh são aceitas nas teorias
posteriores como uma primeira aproximação.
A contribuição de Rayleigh para o tratamento matemático da ruptura de jatos
líquidos sustenta seu reconhecimento de que a ruptura é um problema dinâmico e que a
taxa de colapso do jato é importante. Tendo por hipótese que bn na equação (55) seja
proporcional a exp(qt), onde q é a taxa de crescimento exponencial da perturbação,
Rayleigh mostrou que a taxa de crescimento exponencial da perturbação que cresce mais
rapidamente é dada por:

0,5
⎛ σ ⎞
q max = 0,97⎜⎜ 3 ⎟⎟ (56)
⎝ ρd ⎠

e λ otimo correspondente a qmax é:

λ otimo = 4,51d (57)

Após a quebra, o cilindro de comprimento 4,51d torna-se uma gota esférica, tal que:

πd 2 π 3
4,51d. = D e então D = 1,89d (58)
4 6

Assim, de acordo com o mecanismo de Rayleigh para a ruptura do jato o tamanho


da gota média gerada é cerca de duas vezes o diâmetro do jato não perturbado.

Tyler encontrou D = 1,92d e Weber para as condições de Rayleigh o valor de D =


1,88d, donde se conclui (devido à proximidade dos valores encontrados) que o mecanismo
de quebra é aquele proposto por Rayleigh em sua teoria.

Haenlein (7) identificou quatro regimes distintos de ruptura na desintegração de um


jato de líquido:

• 1 – Formação de gotas sem influência do gás circunvizinho. Este mecanismo


foi estudado por Lord Rayleigh. O termo “varicose” é às vezes usado par o
aparecimento deste regime no jato. Ondas radialmente simétricas como
ilustrado na figura abaixo, são formadas pela interação de perturbações
primárias no líquido com as forças de tensão superficial. Este regime é
caracterizado por uma relação linear entre o comprimento intacto do jato
antes da quebra e a velocidade do jato. Weber calculou o tempo para a
quebra como sendo proporcional a d 1,5 0 para jatos de líquidos sem
viscosidade e a d0 para jatos viscosos.
• 2 – Formação de gotas com influência do gás circunvizinho. À medida que a
velocidade do jato é aumentada as forças aerodinâmicas do gás circunjacente
não são desprezíveis e tendem a acentuar as ondas formadas sob o regime 1.
• 3 - Formação devido a perturbações ondulatórias no jato. Este regime é
associado com o aumento da efetividade das forças aerodinâmicas e a
diminuição da influência das forças de tensão superficial. O termo “sinuoso”
tem sido empregado na descrição do jato neste regime.
• 4 - Desintegração completa do jato, i.é., atomização. O líquido sofre uma
ruptura totalmente caótica e de maneira irregular.
Reitz (8) tentou resolver algumas incertezas que existiam na carta de Ohnesorge.
Sua análise foi baseada na interpretação de dados de sprays de diesel obtidos por ele
mesmo e colaboradores, incluindo Giffen e Muraszew (9) e Haenlein (7). De acordo com
Reitz (8), foram encontrados os seguintes quatro regimes de ruptura à medida que a
velocidade era progressivamente aumentada.

• 1 – Ruptura de Rayleigh. É causada pelo crescimento de oscilações


axissimétricas na superfície do jato, induzidas pela tensão superficial.
Diâmetros das gotas excedem o diâmetro do jato.
• 2 – Primeira ruptura por vento induzido. O efeito da tensão superficial é
aumentado pela velocidade relativa entre o jato e o gás ambiente, que produz
uma distribuição de pressão estática através do jato, acelerando o processo
de ruptura. Como no regime 1 a quebra ocorre muitos diâmetros a jusante da
garganta. Os diâmetros das gotas são aproximadamente da ordem do
diâmetro do jato.
• 3 – Segunda ruptura por vento induzido. As gotas são produzidas pelo
crescimento de ondas curtas de superfície instáveis sobre a superfície do jato
causadas pelo movimento relativo entre o jato e o gás ambiente. Este
crescimento da onda é contrariado pela tensão superficial. A quebra ocorre
vários diâmetros à jusante da garganta. Os diâmetros das gotas formadas são
muito menores do que o diâmetro do jato.
• 4 – Atomização. O jato rompe-se totalmente na saída da garganta. As gotas
são formadas aleatoriamente e com diâmetros muito menores do que o
diâmetro do jato.
Estes quatro regimes são esquematizados na figura abaixo.

Regime Descrição Mecanismo de formação Critério de transição


predominante de regimes
1 Rayleigh Tensão superficial w e > 0,4
2 primeiro vento Tensão superficial e pressão w e > 1,2 + 3,4Oh0,9
induzido dinâmica do gás ambiente
3 segundo vento pressão dinâmica do gás w e > 40,3
induzido ambiente com tensão superficial
opondo-se inicialmente
4 Atomização desconhecido -
Números a adimensionais importantes na formação de sprays.

• Número de Ohnesorge
É um número adimensional que relaciona as forças viscosas com a força de
tensão superficial é definido como:
µ
Z= (59)
ρσD
onde µ é a viscosidade do líquido
ρ é a densidade do líquido
σ é a tensão superficial
D é um comprimento característico de escala
• É freqüentemente usado na fluidodinâmica de superfícies livres tais como:
dispersão de líquidos em gases e em tecnologia de sprays. O número de
Ohnesorge (Z) para uma gota de água de aproximadamente 3 mm de
diâmetro é 0,002, note que o mesmo depende apenas das propriedades do
líquido e do tamanho da gota. Números Z grandes indicam uma influência
maior da viscosidade. O inverso da raiz quadrada de Z é o número de
Laplace (La).
O número de Ohnesorge é usado na tecnologia de sprays em conjunto com o
número de Reynolds e o número de Weber, para mapear regimes de
formação de gotas. Outro uso deste adimensional é na previsão do impacto
de gotas em uma superfície (12) e (13).

• Número de Weber
O número de Weber é um adimensional usado freqüentemente em mecânica
dos fluidos na análise de escoamentos com interface entre fluidos diferentes,
especialmente em escoamentos multifases com superfícies fortemente
curvadas. Pode ser visto como uma medida da importância relativa entre a
inércia do fluido e sua tensão superficial. É muito utilizado na análise de
escoamento em filme e na formação de gotas e bolhas.
Seu nome é uma homenagem a Moritz Weber (1871 – 1951)
ρv 2 l
We = (60)
σ
onde ρ é a densidade do fluido
v é a velocidade
l é um comprimento característico
σ é a tensão superficial

• Número de Laplace (La) é um adimensional usado na caracterização de


superfícies livres em dinâmica de fluidos. Está relacionado à razão da tensão
superficial com o transporte de momentum dentro de um fluido.
È definido como segue:
σρL
La = 2 (61)
µ
onde µ é a viscosidade do líquido
ρ é a densidade do líquido
σ é a tensão superficial
L é um comprimento característico de escala

Coeficiente ou número de Reynolds


O coeficiente, número ou módulo de Reynolds (abreviado como Re) é um número
adimensional usado em mecânica dos fluídos para o cálculo do regime de escoamento de
determinado fluido sobre uma superfície. É utilizado, por exemplo, em projetos de
tubulações industriais e asas de aviões. O seu nome vem de Osborne Reynolds, um físico e
engenheiro irlandês. O seu significado físico é um quociente de forças:

forças de inércia (vρ) entre forças de viscosidade (µ/D). É expresso como:


(62)

Onde:

v - velocidade média do fluído

D - longitude característica do fluxo, o diâmetro para o fluxo no tubo

µ - viscosidade dinâmica do fluído

ρ - densidade do fluído

A grande importância do número de Reynolds é que permite avaliar a estabilidade do fluxo


e pode indicar se flui de forma laminar ou turbulento. Para o caso de um fluxo de água num
tubo cilíndrico, admite-se os valores de 2.100 e 4.000 como limites. Dessa forma, para
valores menores que 2.100 o fluxo será laminar e para valores maiores que 4.000 o fluxo
será turbulento. Entre estes dois valores o fluxo é considerado como de transição.

O número de Reynolds constitui a base do comportamento de sistemas reais, pelo uso de


modelos reduzidos. Um exemplo comum é o túnel aerodinâmico onde se medem forças
desta natureza em modelos de asas de aviões. Pode-se dizer que dois sistemas são
dinamicamente semelhantes se o número de Reynolds, for o mesmo para ambos. D refere-
se em geral, a qualquer dimensão do sistema, por exemplo a corda da asa de um avião

Valores típicos em escoamentos


Fluxo laminar:

Espermatozóides ~

Fluxo de sangue no cérebro ~

Fluxo de sangue na aorta ~

Fluxo turbulento:

Pessoa nadando ~

Avião ~

Baleia azul ~
Um grande navio (RMS Queen Elizabeth 2) ~

Retirado de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Coeficiente_de_Reynolds"

Cavitação
Número de Euler
O número de Euler ou número de cavitação é um número adimensional usado
no cálculo de escoamentos. Expressa a relação entre a diferença da pressão do
escoamento com a pressão de vapor do fluido em escoamento pela energia
cinética do mesmo e é usado para caracterizar a tendência do escoamento para
cavitar. Seu nome é uma homenagem a Leonhard Euler.
• É definido como:

• onde:
• ρ é a densidade do fluido
• p é a pressão local
• pv é a pressão de vapor do fluido
• V é uma velocidade característica do escoamento
Atomização secundária

A atomização secundária das gotas de um spray influencia o desempenho geral dos


sistemas em vários campos da ciência e da engenharia. Em particular a atomização e
subseqüente vaporização de sprays de combustível dentro de motores a ignição por centelha
[spark ignition direct injection (SIDI )] e injeção direta por compressão, [compression-
ignition direct injection, (CIDI )], afetam diretamente a economia, a combustão, a
estabilidade e as emissões. A atomização ocorre em um ambiente onde às condições no
cilindro (temperatura, pressão e campo de velocidades são dependentes do tempo e
geralmente não uniformes e a fase gasosa é turbulenta).
Dois modelos clássicos que têm sido largamente usados na literatura são a Analogia
de Ruptura de Taylor (Taylor Analogy Breakup, TAB) e ruptura por instabilidade de
Kelvin-Helmholtz (KH), existem outros modelos adicionais propostos, porém estes são os
mais usados.
No modelo TAB, uma gota simples ou um pacote de gotas é atomizado no instante
da ruptura. Por outro lado no modelo KH a gota é rasgada em tiras continuamente
(cisalhada) a partir de uma gota mãe durante o processo de ruptura.
Existem muitos desafios para aumentar a capacidade de previsão dos submodelos de
sprays operando dentro dos SIDI e CIDI. Um que surge em particular é a garantia de
aplicabilidade de um modelo de atomização nas gamas dos regimes de ruptura: bolsa
(13<We>18), multímodo (18<We>80), cisalhamento (80<We>800) e catastrófico
(We>800).

Resumo do modelo TAB

O modelo TAB prediz os resultados da atomização das gotas baseado na analogia


entre uma gota se deformando e um sistema de amortecimento massa-mola que oscila
harmonicamente. As forças externas sobre a gota são devidas ao arrasto aerodinâmico.
Forças de restauração e amortecimento são devidas as forças de tensão superficial e
viscosidade, respectivamente. O modelo TAB utiliza 4(quatro) constantes, Cµ, Cb, Cf e Ck,
nem todas são independentes. SE x é uma distorção da gota de sua posição de equilíbrio, a
ruptura é admitida ocorrer quando x>Cbr. Cf e Ck são constantes de proporcionalidade para
as forças aerodinâmicas e de restauração, respectivamente. Cf, Cb e Ck estão relacionadas ao
número de We crítico, que determina o início abrupto da ruptura (que o autor original
adotou como 12), via a seguinte relação:

Cf C k
= (64)
C b 12
Baseado na solução que descreve a distorção da gota, a razão de Cf e Cb pode ser
tratada como uma constante, assim tornando Ck o parâmetro controlador. A constante
remanescente, Cµ está relaciona a Ck pela freqüência de oscilação da gota, ω.

σl 1 1 µl
ω2 = Ck 3
− 2 , onde = Cµ (65)
ρlr td td 2ρ l r 2
Uma vez a atomização ocorrendo o modelo TAB substitui instantaneamente a gota
mãe pelo pacote originado pela gota totalmente atomizada.

Modelo Kelvin-Helmholtz (KH)

O modelo KH, rasga em tiras (filetes) a gota nascente devida à instabilidades na


superfície da gota mãe. Numericamente o mecanismo de filetamento oferece uma vantagem
ao aumentar a resolução espacial do fenômeno de atomização.
O processo de filetamento é controlado por três parâmetros, B0, B1 e Mshed. O
tamnho de equilíbrio (Req) da gota mãe sob filetamento é por hipótese gerada com a mesma
ordem que a superfície instável de comprimento de onda (Λ) via a constante de
proporcionalidade B0. Quando as gotas filhas são formadas seu tamanho instantâneo é igual
ao do valor instantâneo de Req. A constante temporal (τ) do processo de filetamento é
especificada como sendo inversamente proporcional ao produto de Λ e Ω via a constante
B1. A magnitude de B1 depende do projeto inicial da garganta e do nível de perturbação
inicial do spray.
R eq = B0 Λ
3,778B l r (66)
τ=
ΩΛ

Ambos os parâmetros influenciam a taxa de filetamento da gota mãe, que por


hipótese comporta-se de acordo com a seguinte lei de decaimento:

dr ⎛ r − R eq ⎞
= −⎜⎜ ⎟⎟ (67)
dt ⎝ τ ⎠
Mshed controla a freqüência na qual gotas são filetadas a partir da gota mãe. Uma
gota filha é introduzida quando a razão de massa do líquido a ser removido da gota mãe
pela massa inicial da gota é igual a Mshed.
O tamanho da gota filha é por hipótese igual ao valor de Req. A colisão e
coalescência de gotas filhas com a gota mãe ou com outras gotas filhas não é incluída no
modelo (29)
Problemas que permanecem necessitando desenvolvimento em sprays de diesel
1 – Influência da geometria da garganta no início do regime de cavitação (3D)
2 – Posição e condição de geração de gotas e seu crescimento
3 - Comportamento de escoamentos com onda de choque: Física do fenômeno
4 – Cavitação e condições de escoamento não permanente
5 – Condições para evitar os efeitos danosos da cavitação
6 – Tamanho das bolhas na saída da garganta
7 – Influência dos combustíveis
8 – Distribuição de bolhas e gotas na saída da garganta
9 – Modelos físicos para a região de ruptura primária
10 – direção do escoamento e da velocidade da fase gasosa e da fase líquida
próximo da saída da garganta
12 – Influência da cavitação sobre a atomização
13 – Detalhes da injeção tipo efervescência.

INSTABILIDADE AERODINÂMICA E DESINTEGRAÇÃO DE FOLHAS


LÍQUIDAS VISCOSAS

Outro tipo de injetor largamente usado é aquele que utiliza a desintegração de uma
folha (filme) de líquido, sendo exemplos do tipo os seguintes atomizadores: tipo jato em Y
(Y-Jet), turbilhão por pressão (pressure swirl), copo rotativo (rotary cup), tipo leque (fan
spray), etc.
A teoria da desintegração de filmes líquidos foi desenvolvida por vários
pesquisadores atingindo seu clímax com o trabalho de Dombrowski e Johns (14), sendo a
partir de então aceita como o modo de desintegração por excelência de filmes líquidos.
Segundo o mecanismo proposto por Dombrowski e Johns a causa principal da
instabilidade em filmes líquidos é devida às perturbações surgidas na folha pela interação
do filme com a atmosfera circunjacente dando origem a perturbações ondulatórias que se
amplificam rapidamente. A desintegração ocorre quando a amplitude da onda atinge
valores críticos e a folha é fragmentada.
Hagerty e Sea (15) e Squire (16) analisaram as características dessas ondas para
folhas formadas por líquidos invíscidos e com espessura uniforme, seus resultados foram
usados com sucesso (17) e (18), na previsão do tamanho de gotas produzido por
atomizadores do tipo leque para líquidos de viscosidade baixa.

Pressão do gás em uma interface líquida

Para um gás invíscido o movimento de uma onda com amplitude crescente induz
uma velocidade local do gás na direção y, conforme figura abaixo, a qual pode ser escrita
como:
∂δ ∂ 2 Φ
v= = (68)
∂t ∂t∂y ′
∂Φ
onde δ = (69)
∂y
O gradiente de pressão está relacionado à aceleração do gás pela seguinte equação
linearizada:
1 ∂q ∂v ∂ 3Φ
− = = (70)
ρ ∂y ′ ∂t ∂y ′∂t 2
Quando a velocidade da onda é pequena em relação à velocidade local do som no
gás, o gás pode ser considerado incompressível e portanto, com densidade constante.
Logo a integração fornece:

∂ 2Φ
q = −ρ (71)
∂t 2

A relação entre a pressão e a aceleração do gás ao longo do eixo x é:

∂u 1 ∂q
− (72)
∂t ρ ∂x

Assim,
∂ 2Φ
u= (73)
∂t∂x

Se por hipótese a folha é considerada infinita, o movimento do gás é causado


somente pelo movimento da onda na direção x e, portanto é irrotacional e a equação de
Laplace é definida por:

∂ 2ψ ∂ 2ψ
+ =0 (74)
∂x 2 ∂y 2
∂Φ
onde ψ = (75)
∂t

Para uma perturbação senoidal de amplitude crescente movendo-se ao longo da


direção x com velocidade U1, vem:
ψ = ψexp[(a + in )(x − U 1 t )] (76)

onde ψ = ψ(y ′)

Combinando as equações (70) e (72) vem:

∂2 ψ
+ (a + in ) ψ = 0
2
(77)
∂y 2

que sob integração dá:

ψ = ψ 0 exp[i(a + in )y ′] (78)

Combinando as equações (72) e (74), obtemos:

∂Φ
ψ= = ψ 0 exp[(a + in )(x − U 1t ) + i(a + in )y]
∂t
de forma que integrando vêm:

ψ0
Φ=− exp[(a + in )(x − U 1 t ) + i(a + in )y ′] (79)
(a + in )U1

∂Φ iψ
e desde que δ = = − 0 exp[(a + in )(x − U 1 t ) + i(a + in )] (80)
∂y U1

Também pelas equações (67) e (75) resulta:

q = ρ(a + in )U 1 ψ 0 exp[(a + in )(x − U 1 t ) + i(a + in )y ′] (81)

a é geralmente pequeno compara a n. Assim das equações (76) e (77) vem:

q = − ρU 12 nδ (82)

Dombrowski e Johns solucionaram o caso de um filme líquido que vai diminuindo


de espessura com o tempo e movendo-se na direção x com velocidade U através de um gás
estacionário. A equação para o eixo neutro médio entre as duas interfaces gás líquido é
obtida inter-relacionando as forças de pressão do gás, tensão superficial, inércia do líquido
e viscosidade. Juntamente com a hipótese de movimento na direção y e com o eixo
movendo-se com o filme.
Diagrama esquemático proposto por Dombrowski e Johns (14) para a fragmentação
de uma folha líquida, esquema aceito hodiernamente por cientistas da área.
Estágios do desenvolvimento de um spray com o aumento da pressão.
Fotografia de um filme gerado por um injetor do tipo leque, onde se verifica o
mecanismo proposto por Dombrowski e Johns.

A solução para uma folha tipo leque das equações propostas por Dombrowski e
Johns é (14):
16 15
13
⎛ 4⎞ ⎛ k σ
2 2
⎞ ⎡ kρ 4 U 8 ⎤
d l = 2⎜ ⎟ ⎜⎜ 2
⎟⎟ ⎢1 + 2,6µ 3 ⎥ (83)
⎝ 3f ⎠ ⎝ ρρ l U ⎠ ⎢⎣ 6fρ l2 σ 5 ⎥⎦

onde dl é o diâmetro dos ligamentos formados e destacados da folha conforme esquema.

Para uma folha radiando com velocidade uniforme, a espessura do filme é dada em
qualquer ponto por h = K/x, então;

Kt K
k = ht = = (84)
x U

Já havia sido mostrado previamente (18) que na ruptura f tem um valor constante
igual a 12 independentemente das condições de operação. Isto implica em uma razão
constante entre a amplitude da onda na ruptura e a perturbação inicial de exp(12). Logo o
tamanho das gotas é pouco afetado por uma mudança desconhecida neste valor, por
exemplo se por hipótese o valor da razão de amplitude estiver em erro por um fator de 10, o
tamanho calculado das gotas será afetado em apenas 7%.

Substituindo o valor f = 12 e k = K/U na equação (79) temos:

16 15
⎛ K 2σ 2 ⎞ ⎡ Kρ 4 U 7 ⎤
d l = 0,9614⎜⎜ 4
⎟⎟ ⎢1 + 2,6µ 3 ⎥ (85)
⎝ ρρ l U ⎠ ⎢⎣ 72ρ l2 σ 5 ⎥⎦

Foi observado (19) que ligamentos produzidos a partir de uma folha líquida
rompem-se quando submetidos às perturbações ondulatórias simétricas (senoidais ou
dilatacionais). Weber (20) analisou as propriedades destas ondas onde as forças de tensão
superficial predominavam, e para escoamento de ar co-corrente onde o ar auxilia a
desintegração. No presente caso os ligamentos movem-se transversalmente através da
atmosfera. Sob essas condições a atmosfera circundante não tem efeito sobre o
comprimento de onda e o resultado de Weber para ruptura por tensão superficial é
aplicável. Isto é:

1
⎡ 3µ ⎤ 2
⎛ 3 ⎞
1
2
nd l = ⎢1 + ⎥ = ⎜1 + Oh ⎟ (86)
⎣⎢ 2(ρσd l ) 2 ⎦⎥
1
⎝ 2 ⎠

Se tivermos por hipótese que as ondas crescem até atingirem uma amplitude igual
ao raio dos ligamentos, uma gota será produzida por comprimento de onda. Assim um
balanço de massa entre o tamanho da gota e o comprimento de onda fornece:
1 1
⎡ 3π ⎤ 3 ⎡ 3 ⎤ 6
d D = ⎢ ⎥ d l ⎢1 + Oh ⎥
3
(87)
⎣ 2⎦ ⎣ 2 ⎦

Couto e Bastos-Netto (21), generalizaram a teoria de Dombrowski e Johns (14)


calculando os fatores de forma para cada tipo de injetor e propondo uma formalização para
o perfil de velocidades, dessa forma a teoria proposta para injetores com filme líquido do
tipo leque, aplica-se para todo tipo de injetor que forme um filme líquido tenha ele qualquer
formato.
Perfil de velocidades proposto:
1
⎧1
[ ] 2 ⎫2
U i = ⎨ U f2 + (U 1a − U f ) + (U 2a − U f ) ⎬
⎩3
2


(88)

onde Ui é a velocidade resultante que deve ser introduzida na fórmula de dl


U1a e U2a velocidades do gás de um lado e do outro lado do filme.

Couto e outros (22) mostraram que para o caso do injetor por jato em Y (Y-Jet) e
outros tipos de injetores que façam uso de correntes de ar ou vapor em alta velocidade que
a correção (1 + 3/2Oh) proposta por Weber não é válida, uma vez que a tensão superficial
exerce uma fraca influência frente à velocidade do escoamento. Nesse caso a correção que
mais aproxima os dados é a proposta por Rayleigh, ou seja:

Dd = 1,89dl (89)

Podemos ter como regra prática que qualquer líquido cujas propriedades físicas
estejam no entorno daquelas da água líquida ou sejam menores são passíveis de
atomização.

Líquido Temperatura Viscosidade Densidade Tensão superficial


Água 300 0,00085 - 0,0717

Óleos pesados e altamente viscosos devem ser aquecidos antes de serem propícios à
atomização. Existe no CRANE (26) um ótimo gráfico de viscosidade da água e de líquidos
derivados do petróleo e sua variação com a temperatura.

Distribuição de tamanhos de gotas em sprays


Um spray é geralmente considerado como um sistema de gotas imerso em uma fase
gasosa contínua.
A maioria dos atomizadores de uso prático geram gotas com tamanhos situados
entre poucos mícrons até cerca de 500 µm
. Devido à natureza heterogênea do processo de atomização, os filamentos e ligamentos
formados por vários mecanismos de desintegração presentes nos jatos e filmes líquidos
variam largamente em diâmetro e as gotas principais e satélites variam em tamanho
correspondentemente. Dessa forma injetores práticos não produzem sprays com tamanho de
gotas uniformes em qualquer condição de operação, e dessa forma o spray pode ser
considerado como um espectro de tamanhos de gotas distribuído ao redor de um dado valor
médio. Somente sob certas condição especiais pode-se obter um espectro relativamente
uniforme, em uma faixa estreita de vazões e rotações. Desse modo além do tamanho da
gota média, outro parâmetro de importância no estudo dos sprays é sua função distribuição
de tamanho de gotas.

FUNÇÕES DISTRIBUIÇÕES MATEMÁTICAS

Devido a que funções distribuições gráficas são difíceis e trabalhosas para se obter e
que não são facilmente relacionadas com os resultados experimentais, muitos estudiosos
envidaram esforços em representá-las por expressões matemáticas equivalentes cujos
parâmetros pudessem ser obtidos por meio de um número limitado de medidas
experimentais. Expressões matemáticas apropriadas devem ter os seguintes atributos:

• 1 – Fornecer um ajuste satisfatório dos dados;


• 2 – Permitir extrapolação dos tamanhos de gotas fora da faixa de valores
medidos;
• 3 – Permitir de forma fácil o cálculo dos diâmetros médios representativos e
outros parâmetros de interesse inerentes ao escoamento;
• 4 – Fornecer meios de consolidação de um grande numero de dados;
• 5 – Idealmente, fornecer alguma perspectiva dos mecanismos envolvidos nos
processos básicos da atomização.

Devido à ausência de quaisquer mecanismos fundamentais com o qual construir


uma teoria das funções distribuição de gotas, lança-se mão foram propostas várias funções
baseadas no cálculo probabilístico ou em considerações puramente empíricas que
permitissem a representação matemática das distribuições de tamanho de gotas medida.
Estas incluem de modo geral as funções distribuições: normal, log-normal, Nukiyama-
Tanasawa, Rosin-Rammler e distribuições do limite superior. Como os mecanismos básicos
envolvidos na atomização não são completamente compreendidos e nenhuma função
distribuição conhecida pode representar toda a gama de tamanhos de gotas, faz-se
usualmente necessário testar várias funções distribuições para encontrar aquela que melhor
aproxime os dados de um conjunto experimental.
Distribuição normal

Distribuição baseada na ocorrência aleatória de um dado tamanho de gotas.


Relativamente simples, mas sua aplicação restringe-se a processos de natureza aleatória
onde não exista uma tendência evidente presente.

⎡ 1 2⎤
exp ⎢− 2 (D − D ) ⎥
dN 1
= f (D ) = (90)
dD 2πSn ⎣ 2Sn ⎦
onde Sn é uma medida dos desvios de D (em estatística desvio padrão) em relação a D (um
diâmetro médio). S2n , é a variância. A área sob a curva que varia de+ ∞ a -∞ é igual a 1 e a
curva é simétrica em relação ao eixo y, vide figura acima.

A integral da curva normal padrão é a função distribuição cumulativa padrão.


Substituindo na equação (90) a expressão:

D−D
t= (91)
Sn
e notando que para D = 0 Sn = 1 para a curva normal padrão, F(D) pode ser escrita como:

⎛ 1 ⎞
D
⎛t2 ⎞
F (D ) = ⎜⎜ ⎟⎟ ∫ exp− ⎜⎜ ⎟⎟dt (92)
⎝ 2π ⎠−∞ ⎝2⎠

Valores tabelados desta função distribuição podem ser encontrados em vários livros
de matemática. A equação (87) indica que se os dados conformarem-se a uma distribuição
normal, eles cairão sobre uma reta quando plotados em um papel probabilístico aritmético.
Este gráfico pode ser usado juntamente com a equação (92) para definir o diâmetro médio
da gota e seu desvio padrão.
Distribuição Lognormal

Muitas distribuições de tamanhos de partículas encontradas na natureza seguem


uma distribuição Gaussiana ou normal se for usado o logaritmo do diâmetro da partícula
como variável. Com esta modificação a equação (90) fica:

⎡ 1 ⎤
exp− ⎢ 2 (ln D − ln Dng )⎥
dN 1
= f (D ) = (93)
dD 2π DS g ⎣⎢ 2S g ⎦⎥

onde Dng é a média geométrica numérica do tamanho das gotas e Sg é o desvio padrão
geométrico. Os termos Sg e Dng possuem o mesmo significado em um gráfico log-
probabilístico que os termos Sn e D em um gráfico aritmético probabilístico.
Da inspeção da equação (93) vê-se que quando os dados de tamanho de gotas ou
partículas se ajustam a uma função deste tipo, o log de seu diâmetro é distribuído
⎛ d ⎞
normalmente. Assim, usando y = ln⎜ ⎟ na equação (93) ela se reduz à distribuição
⎜D ⎟
⎝ ng ⎠
normal (90).

A equação (93) está plotada na figura acima para fins de comparação com a
distribuição normal. A distribuição log-normal pode ser escrita para superfícies e volumes
da seguinte forma:
⎡ 1 2⎤
( )
f D2 =
1
exp − ⎢ 2 (lnD − lnD sg ) ⎥ (94)
2π D sg ⎢⎣ 2Sg ⎥⎦

onde D sg é o diâmetro médio geométrico superficial.

Distribuição log-normal de volume

⎡ 1 2⎤
( )
f D3 =
1
exp − ⎢ 2 (lnD − lnD vg ) ⎥ (95)
2π D vg ⎢⎣ 2S g ⎥⎦

onde D vg é o diâmetro médio geométrico volumétrico ou mássico.

A relação entre os vários diâmetros médios é:

Superfície: lnD sg = lnD ng + 2S g2 (96)


Volume: lnD vg = lnD ng + 3S g2 (97)

Volume/Superfície (SMD): lnD vsg = lnD ng + 2,5S g2 (98)

FUNÇÕES DISTRIBUIÇOES EMPÍRICAS

Várias relações empíricas foram propostas para caracterizar a distribuição de gotas


em um spray. Nenhuma delas é universalmente melhor do que qualquer outra, e o ajuste de
um dado conjunto de dados por uma dada função particular depende do mecanismo de
desintegração envolvido. Algumas das funções mais comumente usadas na análise e
correlação de dados de tamanho de gotas são dadas a seguir:

Nukiyama-Tanasawa

É uma função matemática relativamente simples que descreve adequadamente


distribuições reais.

dN
= aD p exp− (bD )
q
(99)
dD

Contém quatro constantes independentes, a, b, p e q. A maioria das funções


distribuição de tamanho de gotas comumente usadas utilizam simplificações ou
modificações desta função. Um exemplo é a Nukiyama-Tanasawa com p = 2.

dN
= aD 2 exp − (bD )
q
(100)
dD
dividindo a equação (100) acima por D2 e tomando o log vem:

⎛ 1 dN ⎞
⎟ = lna − (bD )
q
ln⎜ 2 (101)
⎝ D dD ⎠

⎛ 1 dN ⎞ q
adota-se um valor de q para um certo conjunto de dados e se plota, n ⎜ 2 ⎟ versus D .
⎝ D dD ⎠
Se o valor adotado de q for correto, a plotagem dará uma linha reta através da qual o valor
de a e b poderão ser determinados.

Rosim- Rammler

No presente é a distribuição mais utilizada para o tamanho de gotas, foi


desenvolvida originalmente como função distribuição de tamanho de partículas para pós
pelos autores Rosin e Rammler.

q
⎛D⎞
1 − Q = exp − ⎜ ⎟ (102)
⎝X⎠

onde Q é a fração do volume total contido nas gotas de diâmetros menores do que D, sendo
X e q constantes. Dessa forma ao aplicarmos a relação de Rosim-Rammler a uma
distribuição de tamanhos de gotas de um spray é possível descrever a DTG em termos de
dois parâmetros X e q. O expoente q é uma medida da dispersão do tamanho de gotas.
Quanto maior for q, mais uniforme será o spray. Se q for infinito, todas as gotas terão o
mesmo tamanho. Para a grande maioria dos sprays q situa-se entre 1,5 e 4. Mas para
injetores tipo copo ou disco rotativo que pode chegar ao valor 7.
Embora a faixa de tamanhos de gotas na distribuição de RR seja infinita ela tem a
virtude da simplicidade. Além disso, permite extrapolações para a região de gotas pequenas
onde as medidas são difíceis e menos precisas.
Um gráfico típico de uma distribuição de tamanhos de gotas do tipo RR é mostrado
na figura a seguir. O valor de q é obtido da inclinação da reta, enquanto que X (diâmetro
representativo de alguma espécie) é dado pelo valor de D para o qual 1 – Q = exp -1(1), que
tem por solução Q = 0,632, i.é., X é o diâmetro de gota para o qual 63,2% do volume total
do líquido está nas gotas de diâmetro menor que D.
Rosim-Rammler modificada

Analisando uma quantidade enorme de dados obtidos de injetores do tipo turbilhão


por pressão “pressure swirl”, Risk e Lefebvre (1985) (23), acharam que embora a expressão
de RR forneça um ajuste adequado para a maioria das faixas de tamanhos de gotas para
esse tipo de injetor, existe, ocasionalmente, um desvio significativo dos dados
experimentais na região de gotas grandes. Desse modo, reescreveram a equação de RR na
forma:

q
⎛ lnD ⎞
1 − Q = expe − ⎜ ⎟ (103)
⎝ lnX ⎠

a equação para a distribuição de volumes fica dada por:

dQ
=q
(lnD) exp − ⎛ lnD ⎞
q −1 q

⎜ ⎟ (104)
D(lnX )
q
dD ⎝ lnX ⎠

que permite um ajuste aos dados muito melhor nessa região. Porém há necessidade
de muitos mais dados para que possamos afirmar que a versão modificada é melhor do que
a versão original.
Função Limite Superior

Mugele e Evans (1951) (24) analisaram as várias funções distribuições usadas na


representação de dados, calculando os diâmetros médios dos dados experimentais e
comparando-os com as médias fornecidas pelas distribuições mais freqüentemente usadas.
As constantes empíricas usadas foram determinadas das distribuições experimentais. Como
resultado de suas análises propuseram a função “limite Superior”, como sendo a que melhor
se ajusta na representação da distribuição de tamanhos de gotas em sprays.
Essa função é uma forma modificada da equação log-probabilística, que é baseada
na função distribuição normal. A equação da distribuição volumétrica é dada por:

dQ ⎛ δ2 y2 ⎞
= δexp− ⎜⎜ ⎟⎟ (105)
dy ⎝ π ⎠

⎛ aD ⎞
onde y = ln⎜⎜ ⎟⎟ (106)
⎝ Dm − D ⎠

Quando y varia de − ∞ a + ∞ , D varia de D0 (diâmetro mínimo) a Dm (diâmetro


máximo), enquanto δ está relacionado ao desvio padrão de y, logo a D, a é uma constante
adimensional. O diâmetro médio de Sauter é dado por:

Dm
SMD = (107)
(
1 + aexp 1 4 δ 2 )
daí segue que uma diminuição em δ , implica em um spray com distribuição mais uniforme.
Essa distribuição envolve um spray mais real com tamanhos de gotas máximo e
mínimo finitos, porém envolve dificuldades de integração e necessita do uso de papel log-
probabilístico. Precisa que se adote um valor de Dm e então se faz necessário muitas
tentativas e erros até que se encontre o melhor valor de Dm.
Mugele e Evans compilaram as várias fórmulas estatísticas usadas no cálculo de
diâmetros médios e variâncias. Sua conclusão principal parece ser de que a DTG a ser
usada de ser a que melhor se ajuste aos dados experimentais de cada caso. Até que os
mecanismos envolvidos na atomização sejam convenientemente relacionados à uma ou
outra distribuição, não existe justificativa teórica para se acreditar (ou esperar) que uma
dada distribuição seja superior ou melhor que outra representação da função DTG.
Provavelmente a melhor razão para a escolha de uma dada função distribuição seja (1)
simplicidade matemática, (2) fácil manuseio em cálculos, e (3) consistência com o
fenômeno físico envolvido.

Diâmetros médios

Em muitos cálculos de transferência de massa ou escoamentos é conveniente se


trabalhar com médias ou diâmetros médios em do uso da DTG completa.
O conceito de diâmetro médio foi generalizado por Mugele e Evans (24). Um dos
mais comuns diâmetros médios é D10, onde:
Dm

∫ D(dN dD)dD
D0
D10 = Dm
(108)
∫ (dN dD)dD
D0

Outros diâmetros médios de interesse são:

1
⎡ Dm 2 ⎤2
⎢ ∫ D (dN dD )dD ⎥
⎢D ⎥
Diâmetro médio superficial → D 20 = ⎢ 0D m ⎥ (109)
⎢ ( ) ⎥
⎢⎣ D∫0
dN dD dD
⎥⎦

1
⎡ Dm 3 ⎤3
⎢ ∫ D (dN dD )dD ⎥
⎢D ⎥
Diâmetro médio volumétrico → D 30 = ⎢ 0D m ⎥ (110)
⎢ (dN dD )dD ⎥
⎢⎣ D∫0 ⎥⎦

Dm

∫ D (dN dD)dD
a

Em geral temos: (D ab )
a −b D0
= Dm
(111)
∫ D (dN dD)dD
b

D0

Onde a e b tomam os valores do efeito investigado e a soma a + b é chamada ordem do


diâmetro médio.

A equação (106) pode ser reescrita como:

1
⎡ ∑ N i D ia ⎤ a −b

D an =⎢ b ⎥
(112)
⎣⎢ ∑ N i D i ⎦⎥

onde i denota o tamanho da faixa considerada, Ni é o número de gotas dentro da faixa e Di é


o diâmetro médio da faixa i.
Assim, por exemplo, D10 é o valor médio linear do diâmetro de todas as gotas no
spray; D30 é o diâmetro de uma gota cujo volume se multiplicado pelo número de gotas é
igual ao volume total da amostra, e D32 (SMD) é o diâmetro da gota cuja razão volume/área
superf[icial é a mesma daquela do spray completo. Esses e outros valores médios
importantes são listados na próxima tabela, juntamente com seus campos de aplicação
como sugerido por Mugele e Evans (24).
Diâmetro médio e suas aplicações

a b a +b Símbolo Nome do diâmetro Expressão aplicação


ordem médio
1 0 1 D10 aritmético ∑N D i i
Comparações
∑N i

2 0 2 D20 superficial 1 Controle de área


⎛∑N D 2
⎞ 2
⎜ i i
⎟ superficial
⎜ ∑N ⎟
⎝ i ⎠
3 0 3 D30 Volumétrico 1 Controle de
⎛ ∑ N i D 3i ⎞ 3
⎜ ⎟ Volume
⎜ ∑ Ni ⎟ hidrologia
⎝ ⎠
2 1 3 D21 Superfície-
aritmético
∑N D i
2
i
absorção

∑N i

3 1 4 D31 Volume-aritmético 1 Evaporação


⎛∑N D ⎞ 3 2
⎜ ⎟ i i Difusão molecular
⎜ ∑N D ⎟
⎝ ⎠ i i

3 2 5 D32 Sauter (SMD) ∑N D i


3
i
Transferência de
Massa, reação
∑N D i
2
i

4 3 7 D43 De Brouckere
ou Herdan
∑N D i
4
i
Combustão
equilíbrio
∑N D i
3
i

Diâmetros representativos

Para a maioria dos propósitos em engenharia a DTG em um spray pode ser


representada concisamente como uma função a dois parâmetros, um dos quais é um
diâmetro representativo e o outro uma medida da gama de ocorrência do tamanho das
gotas. Em alguns casos pode ser vantajoso introduzir outro termo, tal como um parâmetro
para exprimir o tamanho mínimo da gota, mas basicamente por fim necessitamos de dois
parâmetros para a descrição da DTG.
Existem muitas escolhas possíveis de diâmetros representativos, cada um sendo
responsável por uma faceta da definição da DTG.
As várias possibilidades incluem as seguintes:

• D0,1 – Diâmetro da gota tal que 10% do volume total do líquido encontra-se
em gotas de diâmetros menores.
• D0,5 – Diâmetro da gota tal que 50% do volume total do líquido encontra-se
em gotas de diâmetros menores. Este é o diâmetro médio mássico (MMD)
• D0,632 - Diâmetro da gota tal que 63,2% do volume total do líquido encontra-
se em gotas de diâmetros menores. Este é o valor de X na equação (98).
• D0,9 - Diâmetro da gota tal que 90% do volume total do líquido encontra-se
em gotas de diâmetros menores.
• D0,999 - Diâmetro da gota tal que 99,9% do volume total do líquido encontra-
se em gotas de diâmetros menores.
• Dpico – Valor de D correspondente ao pico (máximo) da DTG.

Chin (27, 28)e colaboradores posicionaram-se a favor do uso da distribuição de


Rosim-Rammler, devido à facilidade de uso e de ser obtida diretamente dos dados usando
um analisador padrão de tamanho de gotas. Uma outra vantagem consiste em que todos os
diâmetros representativos podem ser relacionados um ao outro mediante o parâmetro q. Por
exemplo, se tem:

MMD ⎛ 1⎞
= (0,693) q Γ⎜⎜1 − ⎟⎟
1
(113)
SMD ⎝ q⎠

onde Γ é a função gama.

Esta equação (108) mostra que a razão MMD/SMD não é uma constante, como é as
vezes afirmado, mas sim uma função única de q.
A definição de Dpico é evidente por inspeção da figura anterior. Claramente em Dpico,
q 2 q
D q −2 ⎛D⎞ ⎛ D ⎞
q −1
d 2Q ⎛D⎞
2
= q (q − 1) 2
exp − ⎜ ⎟ − ⎜
⎜ q q ⎟
⎟ exp − ⎜ ⎟ = 0 (114)
dD X ⎝X⎠ ⎝ X ⎠ ⎝X⎠

Então:

1
D pico⎛ 1⎞ q
= ⎜⎜1 − ⎟⎟ (115)
X ⎝ q⎠

Da equação (97), temos:

D 0,1
= (0,1054)
1
q (116)
X

D 0,9
= (2,3025)
1
q (117)
X

MMD
= (0,693) q
1
(118)
X

−1
SMD ⎡ ⎛ 1 ⎞⎤
e = ⎢Γ⎜⎜1 − ⎟⎟⎥ (119)
X ⎣ ⎝ q ⎠⎦

Outras relações são:

D 0,1
= (0,152 )
1
q (120)
MMD

D 0,9
= (3,32)
1
q (121)
MMD

D 0,999
= (9,968)
1
q (122)
MMD

É interessante o exame de onde MMD e SMD caem sobre a curva DTG, em relação
a Dpico. Das equações (115) e (118) temos:

1
⎛ 1 ⎞q
⎜⎜1 − ⎟⎟ 1
D pico ⎝ q⎠ ⎛ 1,4428 ⎞ q
= = ⎜1,4428 − ⎟ (123)
SMD (0,6931) 1q ⎜⎝ q ⎟⎠
Onde se vê que MMD = Dpico quando q = 3,2584. O que implica que MMD
aparecerá à esquerda ou direita de Dpico dependendo se q é maior ou menor do que 3,2584,
respectivamente.
Das equações (110) e (114), temos:
1
D pico⎛ 1⎞ q ⎛ 1⎞
= ⎜⎜1 − ⎟⎟ Γ⎜⎜1 − ⎟⎟ (124)
SMD ⎝ q ⎠ ⎝ q⎠

Mostrando que Dpico é sempre maior do que SMD e, portanto SMD está sempre à
esquerda de Dpico.

Das equações (115) até a (124), fica evidente que a razão entre quaisquer dois
diâmetros representativos será sempre uma função única de q.

Dispersão do tamanho de gotas

O termo dispersão é as vezes usado alternativamente no lugar de distribuição para


expressar a faixa de tamanhos de gotas de um spray. O conceito de largura de faixa é
também empregado para indicar a gama de tamanho das gotas, mas pode ser entendido
erroneamente. Por exemplo, a largura de faixa de um spray tendo um certo SMD pode ser
menor do que a de um outro spray que possui um SMD maior, mas isso não quer dizer que
o primeiro tenha uma dispersão menor de tamanho de gotas do que o último, porque seus
valores médios são diferentes.
É aceito geralmente que a razão MMD/SMD fornece uma boa indicação da
dispersão do tamanho de gotas e uma pequena variação nesta razão corresponde a uma
grande variação na dispersão (ou q).

Índice de uniformidade de gotas

Tate (1982), propôs um índice de uniformidade para descrever o espalhamento do


tamanho de gotas em um spray e definiu-o como:

∑ V (D i 0,5 − Di )
IUG = i
(125)
D o,5
onde IUG (índice de uniformidade de gotas, base volumétrica), Di é o ponto médio da
classe de tamanho i, e Vi é a fração volumétrica desta classe.

Fator de amplitude relativa

D 0,9 − D 0,1
∆= (126)
D 0,5

Fator de dispersão de fronteira


Para se ter uma idéia do tamanho da gota máxima possível em um spray é usual
definir-se um fator de dispersão de fronteira dado por:

D 0,999 − D 0,5
∆B = (127)
D 0,5

Para uma DRR vem:

D 0,999
= (6,90775)
1
q (128)
X

Dessa forma da equação (122) e (128) resulta:

∆ B = (9,9665)
1
q −1 (129)

que é uma função apenas de q.

Algumas observações para se evitar as armadilhas mais comuns ao se usar uma


DTG:

1 – Nenhum parâmetro simples, pode definir completamente uma DTG. Por


exemplo, dois sprays de mesmo SMD ou de mesmo MMD, não são necessariamente
similares. Em muitas aplicações práticas é a menor gota de um spray ou a maior gota que
tem importância e o SMD ou MMD não pode fornecer esta informação.

2 – Não existe uma correlação universal entre um diâmetro médio (ou diâmetro
representativo) de um spray e sua DTG. São completamente independentes um do outro.

3 – Diâmetros médios e diâmetros representativos são de natureza diferentes. O


MMD não é um diâmetro médio; é um diâmetro representativo. Em particular, MMD (D 0,5 )
não deve ser confundido com o diâmetro médio mássico (ou volumétrico) D30.

4 – Se usarmos a DRR a DTG em um spray será definida por dois parâmetros, um


diâmetro representativo e uma medida da dispersão do tamanho de gotas q.

5 – O fator de amplitude relativa pode ser usado para indicar o espalhamento do


tamanho de gotas de um spray.

6 – O fator de dispersão de fronteira pode ser usado para definir-se o tamanho da


gota máxima possível em um dado spray.
TIPOS DE ATOMIZADORES
Sprays podem ser produzidos de vários modos. Tudo o que se necessita é uma alta
velocidade relativa entre o líquido a ser atomizado e o ar ou gás das circunvizinhanças.
Alguns atomizadores atingem esse objetivo pela descarga do líquido em alta velocidade em
um meio gasoso que se move lentamente, tais como os atomizadores por pressão e
atomizadores rotativos o qual ejeta o líquido em alta velocidade da periferia de um disco
rotativo ou copo. Um procedimento alternativo é expor o filme líquido de baixa velocidade
a uma corrente gasosa de alta velocidade. Os melhores métodos são conhecidos como:
fluidos gêmeos, ar-assistido e atomização por rajada de ar (air blast atomization).

• Atomizadores por pressão

Quando um líquido é descarregado através de uma pequena abertura sob


2
uma alta pressão aplicada, por meio da expressão ∆P = ρv a pressão é
2
convertida em energia cinética (velocidade). Para hidrocarbonetos
combustíveis, típicos na ausência de perdas por atrito uma diferença de
pressão da ordem de 138 kPa (20 psi) produz uma velocidade de saída da
ordem de 18,6 m/s. Como a velocidade aumenta com a raiz quadrada da
pressão, 689 kPa (100 psi) a velocidade atinge 41,5 m/s enquanto que a 5,5
MPa (800 psi) atinge-se 117 m/s.

• Orifício plano

Um orifício plano simples é usado para injetar um jato cilíndrico no ar ou


gás das vizinhaçãs. Atinge-se uma atomização bastante fina com pequenos
orifícios, mas na prática devido à dificuldade de se obter líquidos livres de
impurezas sólidas (partículas) o orifício mínimo situa-se no entorno de
0,3mm. Aplicações típicas desse tipo de injetor são: pós-queimadores de
turbojatos, ramjets e motores foguete.

• Turbilhão por pressão (pressur-swirl simplex) simples

Este atomizador consta de um orifício circular de saída precedido de uma


pré-câmara dentro da qual vários orifícios ou ranhuras tangenciais injetam
combustível. O líquido girando cria um núcleo de ar ou gás que se estende
do orifício de descarga até o fundo da câmara de turbilhão. O líquido emerge
do orifício de descarga como um filme líquido de formato cone oco que se
desintegra em um spray fino. O ângulo do cone varia de 30o a próximo de
180o, dependendo da aplicação em vista. Atomização fina ocorre em altos
ângulos de cone e altas pressões de operação.
Para algumas aplicações prefere-se um spray de cone sólido, isto é
conseguido injetando-se axialmente uma coluna de líquido ou pela utilização
de algum outro dispositivo que injete no centro do cone oco gotas para
preenchê-lo.
Estes dois modos de injeção criam uma distribuição bimodal de tamanhos de
gotas, as gotas do centro do cone sendo maiores do que as da periferia.

• Spray quadrado

É essencialmente um atomizador de cone sólido, porém com seu orifício de


saída especialmente formatado par distorcer o spray cônico em um padrão
grosseiramente na forma de um quadrado. A qualidade da atomização não é
tão alta quanto a do spray de cone oco convencional, mas quando usado em
combinação de múltiplos atomizadores uma cobertura bastante satisfatória
em área pode ser coberta.

• Turbilhão por pressão (pressure-swirl duplex) duplo

Uma desvantagem de todos os tipos de atomizadores por pressão é que a


vazão de líquido é proporcional à raiz quadrada do diferencial de pressão. Na
prática isto limita a faixa de vazões para o tipo “simplex” a cerca de 10 para
1. O tipo “duplex” sobrepuja esta limitação alimenta a câmara de turbilhão
com dois conjuntos distintos de ranhuras ou orifícios tangenciais, cada um
tendo separado o suprimento de líquido. O conjunto menor de orifícios (ou
ranhuras) é denominado de alimentação primária e o conjunto maior de
orifícios (ou ranhuras) de alimentação secundária. A baixas vazões todo o
líquido a ser atomizado escoa pelo conjunto primário de orifícios (ou
ranhuras). A medida que a vazão aumenta e a pressão de injeção aumenta
abre-se a válvula que alimenta o conjunto secundário.
Este atomizador (duplo) atinge boa atomização na gama de 40:1 sem a
necessidade do emprego de diferenciais de pressão muito altos. No entanto
nas proximidades onde o conjunto secundário é ligado existe uma pequena
faixa de operação em que a atomização é pobre. Por outro lado o ângulo de
abertura do spray muda com a vazão sendo alto para pequenas vazões e
diminuindo à medida que a vazão aumenta.

• Orifício dual

É similar ao tipo “duplex” exceto por possuir duas câmaras de


turbilhonamento separadas e concêntricas, uma para o conjunto primário de
orifícios e a outra para o conjunto secundário de orifícios. As duas câmaras
são alinhadas concentricamente de forma que suas gargantas despejam o
líquido em uma garganta comum. Em baixas vazões todo o líquido passa
através da câmara e garganta internas. Em altas vazões o líquido continua a
fluir pela garganta primária, mas a maioria do líquido passa através da
garganta secundária exterior, que é projetada para vazões muito mais altas.
Como no tipo “duplex” quando a válvula abre para o escoamento secundário
existe uma faixa de operação em que a atomização é bastante pobre.
Orifício duplo oferece maior flexibilidade do que um atomizador do tipo
“duplex”. Por exemplo, pode-se projetá-lo para que o spray primário e o
spray secundário se fundam formando um spray único. Alternativamente
pode ser projetado para que o spray primário e o secundário tenham ângulos
de abertura diferentes, sendo o primeiro otimizado para baixas vazões e o
segundo para altas vazões.

• Atomizador por turbilhão com retorno (spill return)

É basicamente um tipo turbilhão (simplex), porém com uma linha de retorno


no fundo da câmara de turbilhonamento e uma válvula para o controle da
quantidade de líquido a ser removida da câmara para retornar à linha de
suprimento. Obtém-se faixa de operação bastante ampla. A qualidade da
atomização é sempre boa porque a pressão de operação é alta e constante, a
redução da vazão é obtida pelo ajuste da válvula de retorno. Fornece um
spray do tipo cone oco e o ângulo do mesmo sofrem variação com a vazão.

• Spray em leque

Existem vários modos de se produzir um spray em leque. O mais comum é


aquele no qual o orifício de saída é formado pela intersecção de uma ranhura
em V com uma cavidade hemisférica com uma entrada de líquido cilíndrica.
Isto produz um filme líquido paralelo ao eixo maior do orifício, que se
desintegra em um fino spray elíptico.
Também pode ser produzido pelo impacto de um jato líquido em um
superfície curva defletora, isto produz um spray não muito fino. Uma vasta
gama de vazões pode ser atingida com esse tipo de injetor. Devido às
passagens relativamente largas, o problema de entupimento é minimizado.
Este tipo de spray também pode ser produzido pela colisão de jatos de
líquidos. Este tipo de atomização é relativamente pobre e envolve altas
velocidades de impacto. É de difícil construção, uma vez que os jatos têm
que colidir exatamente sem desvio de seus centros. Sua grande vantagem é o
isolamento de diferentes líquidos até sua colisão fora do injetor.

• Atomizadores rotativos

Um dos tipos mais utilizados de atomizadores rotativos compreende um


disco em alta rotação com o líquido sendo alimentado no centro do disco. O
líquido escoa radialmente para a periferia do disco e é descarregado de sua
periferia pela alta velocidade tangencial adquirida. O disco pode ser curvo
ou plano, ser liso ou conter ranhuras ou aletas que guiem o líquido para a
periferia. Em baixas vazões as gatas formam-se próximas à borda do disco.
Em altas vazões, ligamentos e o filme líquido formam-se a partir da borda do
cisco e desintegram-se em gotas. Discos pequenos e com alta velocidade
angular e baixas vazões são capazes de produzir sprays com tamanho de
gotas relativamente uniforme. Um spray padrão de 360o é desenvolvido por
discos rotativos, que são instalados em câmaras cilíndricas ou cônicas, onde
um spray tipo guarda chuva é formado à jusante do escoamento.
Alguns atomizadores rotativos utilizam um copo em vez de disco. O
copo é usualmente menor em diâmetro do que o disco e tem formato
alongado tipo uma cesta. Em alguns projetos a borda do copo é serrilhada
para uniformizar a distribuição de gotas do spray. Uma corrente de ar é
utilizada algumas vezes para formatar o spray e levar as gotas formadas para
longe do atomizador. Ao contrário dos atomizadores por pressão, permitem
variação da vazão e da velocidade do disco independentemente, o que dá
maior flexibilidade de operação.

• Atomizadores assistidos por ar

Neste tipo de atomizador o líquido é exposto a uma corrente de ar ou vapor


de alta velocidade. No tipo mistura interna,o gás e o líquido misturam-se
dentro da garganta antes de descarregar através do orifício de saída. O
líquido algumas vezes é alimentado através de ranhuras ou furos tangencias
para fornecer uma descarga de padrão cônico. Porém o ângulo máximo
atingido pelo spray é de 60o. O dispositivo tende a ser energeticamente
ineficiente, mas pode produzir uma spray bastante mais fino do que os
atomizadores por pressão.
Nos de tipo mistura externa a corrente de ar colide externamente com
o líquido no orifício de saída ou fora dele. Sua vantagem em relação ao de
mistura interna é evitar problemas de contrapressão devido a não haver
comunicação interna entre o líquido e o gás. Porém é menos eficiente do que
o de mistura interna e altas vazões são necessárias para se atingir o mesmo
padrão de tamanho de gotas gerado. Ambos os tipos podem atomizar
líquidos altamente viscosos eficientemente.

• Atomizadores por rajada de ar (airblast atomizers)

Estes dispositivos funcionam de maneira similar aos assistidos por ar e


ambos os tipos caem na categoria geral de atomizadores de fluidos gêmeos.
A principal diferença entre o primeiro (air assist) e o segundo (air blast) é
que o tipo primeiro tipo (air assist) utiliza uma pequena quantidade de ar ou
vapor fluindo a velocidades muito altas (usualmente sônica) enquanto o
segundo emprega uma grande quantidade de ar ou vapor fluindo a
velocidades bem mais baixas (< 100 m/s). Atomizadores por rajada de ar são
especialmente adequados para atomizar líquidos de forma contínua em
sistemas de combustão como os de turbinas a gás, onde velocidades desta
magnitude são usualmente disponíveis. O tipo mais comum é aquele no qual
o líquido primeiramente é transformado em um filme líquido fino de formato
cônico e então submetido a correntes de ar de alta velocidade em ambos os
lados do filme. O desempenho deste tipo de atomizador é superior ao do tipo
plano por rajada de ar, no qual o líquido é injetado na corrente de ar na
forma de um ao mais jatos.
Outros tipos de atomizadores

A maioria dos atomizadores práticos são dos tipos, por pressão,


rotativos ou do tipo fluido gêmeos. Entretanto, têm sido desenvolvidas
muitas outras formas de atomizadores, para aplicações específicas.

• Atomizadores eletrostáticos

Um jato líquido ou filme é exposto a uma pressão elétrica intensa que tende
a expandir sua área. Esta expansão é oponível às forças de tensão superficial.
Se a pressão elétrica predomina, gotas são formadas. O tamanho das gotas é
função da pressão elétrica, da vazão de líquido e das propriedades físicas e
elétricas do líquido. As baixas vazões associadas com os atomizadores
eletrostáticos têm limitado suas aplicações à pintura eletrostática e impressão
sem impacto.

• Atomizadores ultra-sônicos

O líquido a ser atomizado é alimentado através ou sobre um transdutor e


uma corneta no formato de chifre, que vibra a freqüências ultra-sônicas
produzindo comprimentos de ondas muito curtos necessários a atomização.
O sistema necessita de uma entra de alta freqüência elétrica, dois
transdutores de pressão piezoelétricos e uma corneta tipo chifre. O conceito
é adequado para aplicações que requeiram atomização muito fina e um spray
de baixa velocidade. Até o presente à aplicação mais importante desses
atomizadores reside na nebulização de medicamentos para inalação, onde
sprays muitos finos produzidos na ausência de gás são necessários.

• Sônicos

Gás é acelerado dentro de um dispositivo até atingir velocidade sônica e


incide sobre uma placa ou cavidade anular (câmara de ressonância). As
ondas sonoras produzidas refletem-se na direção da trajetória da entrada de
líquido. A freqüência das ondas sonoras é cerca de 20kHz, e serve para
desintegrar o líquido em gotas pequenas, abaixo de 50 µ m. Os efeitos
sônicos e pneumáticos são difíceis de se isolar uma do outro. Esforços têm
sido envidados para projetar-se atomizadores que operem acima da
freqüência limite audível humano para diminuir o barulho. Entretanto em
algumas aplicações o campo sonoro pode resultar em benefício (exemplo
combustão).

• Atomizador tipo ventilador (moinho de vento “windmill”)

A aplicação aérea de pesticidas (pulverização de plantações, etc.) requer um


espectro de tamanho de gotas bem estreito. Atomizadores do tipo copo
rotativo só fornecem o espectro necessário em baixas vazões e no modo de
atomização por formação de ligamentos. Realizando cortes radiais na
periferia do disco e curvando suas pontas bruscamente o disco pode ser
convertido em um ventilador que gira rapidamente quando inserido em um
escoamento de ar proveniente do vôo de um avião (baixa velocidade) De
acordo com Spillmann e Sanderson (25), o disco desse formato constitui o
ideal de um atomizador rotativo para aplicações aéreas de pesticidas. Ele
fornece um espectro de tamanho de gotas estreito o suficiente para cair na
gama necessária para herbicidas e em altas vazões.

• Vibração Capilar

Este tipo de atomizador foi primeiro usado para o estudo da colisão e


coalescência de gotas pequenas. Consiste de uma agulha hipodérmica
vibrando em sua freqüência natural (ressonância) podendo fornecer um fluxo
de gotas uniformes com diâmetros abaixo de 30 µ m. O tamanho e a
freqüência com a qual as gotas podem ser produzidas dependem da vazão do
líquido através da agulha, do diâmetro da agulha, da freqüência de
ressonância (tamanho da agulha) e da amplitude de oscilação da ponta da
agulha.
Os números que aparecem entre colchetes nas equações referem-se aos autores e seus
trabalhos listados no capítulo 6 da referência (12), onde existem inúmeras outras
tabelas de equações empíricas listadas.

EVAPORAÇÃO DE GOTAS

Evaporação de gotas no estado estacionário

O termo estacionário não é bem utilizado quando aplicada à evaporação de gotas,


uma vez que uma gota de combustível jamais atinge uma evaporação estacionária durante
seu tempo de duração. O termo é mais apropriado para gotas de combustível
multicomponentes, que pode conter vários componentes do petróleo, cada um sendo
processado por suas propriedades físicas e químicas. Desse modo, é conveniente,
principalmente para óleos destilados leves, considerar um estado quase-estacionário da fase
gasosa que engloba as facetas principais dos processos de difusão mássica e térmica.

Medida da taxa de evaporação

Duas abordagens são usadas no estudo experimental da evaporação de uma gota.


Em um a gota é suspensa por uma fibra de sílica ou fio de termopar. (O último permite que
a temperatura da gota seja medida). A diminuição do diâmetro da gota com o tempo é
gravada usando-se uma câmera cinematográfica operando em uma velocidade de 100 fotos
por segundo. O formato elíptico da gota é corrigido para o de uma esfera de mesmo
volume. Após um período transiente inicial, a evaporação no estado estacionário é
estabelecida e o diâmetro da gota diminui de acordo com a seguinte relação:

D 02 − D 2 = λt (130)

Esta expressão é chamada de Lei de Evaporação do Diâmetro Quadrado; e λ é a


constante de evaporação.
O método alternativo de determinação das taxas de evaporação consiste na
alimentação do líquido dentro de uma esfera com paredes porosas. A vazão de líquido pode
ser ajustada para manter a superfície exterior da esfera úmida. Com esta técnica o diâmetro
da superfície de evaporação permanece constante e a taxa de evaporação é igual à taxa de
alimentação do líquido.
Existem tabelas da constante de evaporação no estado estacionário para vários
líquidos, se não for encontrada na literatura de vê-se calculá-la, este cálculo é dado em
detalhes na referência (12).
Como é sabido o combustível ou outro líquido qualquer é fornecido e atomizado em
um temperatura diferente da temperatura de evaporação (menor que), desse modo deve-se
calcular o período de aquecimento da gota até que a mesma atinja a temperatura de
evaporação.
Este cálculo também se encontra na referência (12) e da para o período de
aquecimento:

(
c pf ρ f c pg D a2 Ts ee − Ts0 )
∆t a = (131)
12k g ln (1 + B M )L(B T B M − 1)

onde Da é o diâmetro efetivo durante o período de aquecimento e está relacionado ao


diâmetro inicial da gota por:


D a = D 0 ⎢1 +
(
c pf Ts ee − Ts 0 ⎤ ) −0,5

(132)

⎣ 2L(BT BM − 1) ⎦

O diâmetro da gota no final do período de aquecimento é dado por:

D12 = D 02 − λ a ∆t a (133)
enquanto que o tempo de vida da gota é dado pela soma do tempo de aquecimento mais o
período de evaporação no estado estacionário.

D12
t = ∆t a + ∆t ee = ∆t a + (134)
λ ee

YFs
BM = (135)
1 − YFs

onde YFs é a fração mássica do vapor de combustível na superfície da gota.


(BM é chamado de número de transferência de massa.)

c pg (T∞ − Ts )
BT = (136)
L

onde L é o calor latente de vaporização do combustível correspondente à temperatura da


superfície da gota. Este número denota a razão da entalpia disponível no gás ao redor da
gota pelo calor necessário para evaporar o combustível.

Queima de uma gota

Equação da taxa de evaporação do combustível com convecção forçada:

⎛ k ⎞
m
⎜c ⎟
(
 F = 2ππ ⎜ ⎟ ln (1 + B) 1 + 0,30R e 0,5
d
0,33
Pr g ) (137)
⎝ p ⎠g
Esta equação fornece a taxa de evaporação instantânea para uma gota de diâmetro
D. Para obter a taxa de evaporação média da gota durante seu tempo de vida, a constante
deve ser reduzida de 2 para 1,33. Substituindo também D = 0,667D0 e Prg = 0,7 dá:

⎛ k ⎞
 F = 1,33π, 0 ⎜
m
⎜c ⎟
(
⎟ ln (1 + B) 1 + 0,22R e 0,5
D0
) (138)
⎝ p ⎠g

ρ F D 02
e t= (139)
⎛ k ⎞
8⎜
⎜c ⎟
(
⎟ ln (1 + B) 1 + 0,22R e 0,5
D0
)
⎝ p ⎠g
Como a taxa de queima de uma gota individual é limitada pela taxa de evaporação,
a equação derivada acima para a taxa de evaporação mássica, m  F e para o tempo de vida da
gota t são diretamente aplicáveis.Uma vez que os processos de transferência de calor são
dominantes, é apropriado usar BT como número de transferência de massa. No início da
combustão da gota, enquanto que a temperatura no centro da gota permanece com seu valor
inicial, um valor apropriado para B é:

c pg (Tf − Tb )
B= (140)
(
L + c pf Tb − TF0 )
onde:
Tf = temperatura da chama
Tb = temperatura de ebulição do combustível
TF0 = temperatura inicial do combustível
L = calor latente de vaporização na temperatura Tb
c pg = calor específico médio do gás entre as temperaturas Tb e Tf
c pf = calor específico médio do combustível entre as temperaturas Tb e TF0 .

A medida que a queima avança, a recirculação induzida dentro da gota cria uma
distribuição de temperaturas razoavelmente uniforme, de forma que em toda a gota a
temperatura é aproximadamente Tb. Desse modo sob condições estacionárias o número de
transferência simplifica-se para:

c pg (Tf − Tb )
B= (141)
L
Substituindo o valor de B na equação (132) resulta na seguinte expressão para a taxa
de queima instantânea de queima da gota de combustível:

⎛ k ⎞ ⎛ c (T − Tb ) ⎞
 F = 2πD⎜ ⎟ ln⎜⎜1 + pg f
m
⎜c ⎟ L
(
⎟⎟ 1 + 0,30R e 0,5 P
D0 r g
)
0,33
(142)
⎝ p ⎠g ⎝ ⎠
Para gotas muito pequenas podemos dizer que o período de aquecimento é
praticamente zero e nessas condição a equação (134) torna-se efetivamente:

ρ F D02
t= (143)
⎛ k ⎞ ⎛ c pg (Tf − Tb ) ⎞
8⎜
⎜c
⎟ ln⎜1 +
⎟ ⎜ L
(
⎟⎟ 1 + 0,22R e 0,5
D0
)
⎝ p ⎠g ⎝ ⎠

que é o tempo de evaporação da gota


Exemplos:
Ex. 1 – Uma gota de n-heptano de 200µm de diâmetro, está sob evaporação no estado
estacionário, em ar com atmosfera normal e temperatura de 773K, sua temperatura
superficial é de 341,8K. Ache a taxa de evaporação do combustível.

Para T = 341,8K a pressão de vapor é de 38,42 kPa, MA = 28,97 e MF = 100,2. A pressão


atmosférica normal é de P = 101,33 kPa, daí vem:
−1 −1
⎡ ⎛ P ⎞M ⎤ ⎡ ⎛ 101,33 ⎞ 28,97 ⎤
YFs = ⎢1 + ⎜⎜ − 1⎟⎟ A ⎥ = ⎢1 + ⎜ − 1⎟ ⎥ = 0,679
⎢⎣ ⎝ PFs ⎠ M F ⎥⎦ ⎣ ⎝ 38,42 ⎠ 100,2 ⎦
YFs 0,679
e BM = = = 2,115
1 − YFs 1 − 0,679
Para obter BT é necessário que primeiro derivemos os valores de referência de T ,
YA e YF.

T∞ − Ts 1
Tr = Ts + = 341,8 + (773 − 341,8) = 485,5
3 3

2 2
YFr = YFs = (0,679) = 0,453
3 3

2 2
YAr = 1 − YFr = 1 − YFs = 1 − (0,679) = 0,547
3 3

Fig. (1)
Fig. (2)

Fig. 3
Fig. 4

Das figuras acima, cpA e cp, na temperatura de referência de 485,5 são 1026 e 2450 J/kgK,
respectivamente.

De c pg = YAr (c pA a Tr ) + YFr (c p a Tr ) = 0,547(1026 ) + 0,453(2450 ) = 1671 J


kgK
O calor latente de vaporização é dado por Watson, K. M., Prediction of Critical
Temperatures and Heats of Vaporization, Ind. Eng. Chem., vol 23, No 4, 1931, pp. 360 –
364, como:

−0,38 −0,38
⎛ T − Ts ⎞ ⎛ 540,17 − 341,8 ⎞
L = L TBn ⎜⎜ cr ⎟⎟ = 371.800⎜ ⎟ = 349.655
⎝ Tcr − TBn ⎠ ⎝ 540,17 − 371,4 ⎠
Então:
1671(773 − 341,8)
BT = = 2,061
349.655
Desse modo os valores calculados de BM e BT, são muito próximos o que é
esperado.
A taxa de evaporação do combustível pode ser avaliada usando as equações:
⎛ k ⎞ ⎛k ⎞
m F = 2πD⎜ ln (1 + B T )⎟ ou m F = 2πD s ⎜ ⎟ln(1 + B M )
⎜c ⎟ ⎜c ⎟
⎝ p ⎠ ⎝ p⎠
onde k é o único termo desconhecido nessas equações. Ele é estimado usando a equação a
seguir:

k = YAr (k A a Tr ) + YFs (k υ a Tr )
k = 0,547(0,0384) + 0,453(0,0307) = 0,0349

2π(0,0002)(0,0349)ln(1 + 2,063)
F=
m = 2,94.10 −8 kg/s
1671

Cálculo da constante de evaporação:

No exemplo anterior, o cálculo de B, número de transferência para o caso de


evaporação no estado estacionário, foi grandemente simplificado, devido à temperatura de
superfície da gota Tsee ter sido dada. Usualmente é necessário avaliá-la para calcularmos o
valor de B e λ. Um método gráfico para a determinação de Tsee e B proposto por Spalding
(30) e Kanury (31). A idéia básica é plotar gráficos de BM e BT versus Ts até que as duas
curvas se interceptem. O ponto de intersecção das duas linhas define B e Tsee. O valor de λee
é então obtido da equação a seguir:

8k g ln(1 + B)
λ g ee =
c pg ρ f

Ex. 2 – Uma gota esférica de n-heptano é imersa em ar à temperatura de 773k e pressão


atmosférica normal. Necessita-se calcular os valores no estado estacionário de B e λee.
Uma vez que Tsee é sempre menor do que a temperatura normal de ebulição Tem
que para o n-heptano a i atmosfera é de 341,4 k, propõe-se calcular BM e BT para uma gama
de valores de Ts abaixo de 341,7 K, partindo de 320K e então Ts em pequenos valores até
que os gráficos de BM e BT versus Ts convirjam.

Cálculo de BM:
⎛ b ⎞
1 – Utilizando a equação PFs = exp⎜⎜ a − ⎟⎟ , PFs )a 320 K ) = 16,5 kPa
⎝ Ts − 43 ⎠
−1
⎡ ⎛ P ⎞M ⎤
2 – E a equação YFs = ⎢1 + ⎜⎜ − 1⎟⎟ A ⎥
⎣ ⎝ PFs ⎠ MF ⎦
Com MA = 28,97 e para o n-heptano, MF = 100,2 e P = 101,33 kPa, então YFs = 0,4022.

3 – BM = YFs/(1 – YFs) = 0,6727.

Cálculo de BT:

1 – Da equação YFr = 2/3 YFs resulta YFr = 2/3 (0,4022) = 0,2681.

2 – Da equação

2
YAr = 1 − YFr = 1 − YFs = 1 – 0,2681 = 0,7319.
3

T∞ − Ts
3 – Da equação Tr = Ts + = 320 + 1/3(773 – 320) = 471 K
3
4 – Estime c PA e c Pυ a 471 K a partir das figuras (1) e (2), respectivamente, isto dá:
c PA = 1024 J/kgK
c Pυ = 2400 J/kgK
Da eq. c pg = YAr (c pA a Tr ) + YFr (c p a Tr ) = 0,7319(1024) + 0,2681(2400) = 1393 J/kgK

−0,38
⎛ T − Ts ⎞
Da equação L = L TBn ⎜⎜ cr ⎟⎟ , resulta L a 320 K = 350.000 J/kg.
⎝ Tcr − TBn ⎠
Assim temos:
c p (T∞ − Ts ) 1393(773 − 320 )
BT = = = 1,803
L 350.000

Desse modo para Ts = 320 K, BM é menor do que BT. Isto significa que o valor selecionado
de Ts é muito baixo. Refazendo os cálculos acima para um novo valor de Ts incrementado,
e plotando o resultado em um gráfico de BM e BT versus Ts os valores requeridos de BT, BM
e Tsee serão aqueles correspondentes ao cruzamento da linha BT com a linha BM na
temperatura correspondente a esse ponto. Para este exemplo, este procedimento está
plotado na figura abaixo e a intersecção das linhas fornece os valores:
Tsee = 341,8 K e B = 2,13.

Para calcular o valor de λ, no estado estacionário existe ,a necessidade de


informações adicionais dos valores de cpg, kg e ρF. A densidade do combustível pode ser
calculada usando a seguinte expressão:


ρ FT = ρ F288,6 ⎢1 − 1,8C ex (T − 288,6) − 0,090
(T − 288,6)2 ⎤

⎣⎢ (Tcr − 288,6)2 ⎦⎥
onde Cex é o coeficiente de expansão térmica, vide figura.
Para o n-heptano à temperatura de 341,8 K ρF é obtido da equação anterior como 638
kg/m3.. Do exemplo anterior para condições experimentais idênticas c pg = 1671J/kg e kg =
0,0349 J/m.s.K.
8k g ln(1 + B)
8ln(1 + 2,13)
Substituindo esses valores em λ g ee = = = 0,30 . 10-6mm2/s.
c pg ρ f ⎛ 1631 ⎞
638⎜ ⎟
⎝ 0,0349 ⎠
Ex. 3 – Considere uma gota de n-heptano de 200µm de diâmetro em ar a temperatura de
773K e à pressão de 101,33kPa. A temperatura inicial da gota é de 288K. Necessita-se
calcular o período de aquecimento, o diâmetro da gota no final desse período e o tempo de
vida total da gota.
Ts0
Da figura acima para T = 773K e Tb = 371,4K, temos = 288 = 0,776 e
Tb 371,4
Ts = 0,62 . No exemplo anterior calculamos Tee = 341,8K. Então vem:

Ts hu = 288 + 0,62(341,8 − 288) = 321,3K

⎛ b ⎞
PFs = exp⎜⎜ a − ⎟ = 17,4
⎝ Ts − 43 ⎟⎠
−1 −1
⎡ ⎛ P ⎞M ⎤ ⎡ ⎛ 101,33 ⎞ 28,97 ⎤
e YFs = ⎢1 + ⎜⎜ − 1⎟⎟ A ⎥ = ⎢1 + ⎜ − 1⎟ ⎥ = 0,4176
⎣ ⎝ PFs ⎠ M F ⎦ ⎣ ⎝ 17,4 ⎠ 100,2 ⎦
YFs
BM = = 0,717
1 − YFs
2
YFr = YFs = 0,2784
3
YAr = 1 − YFr = 0,7216
1
3
( ) 1
Tr = Ts hu + T∞ − Ts hu = 321,3 + (773 − 321,3) = 472K
3
Da figura 1, CpA a 472K = 1024 J/kgK. Da figura 2, Cp= a 472K = 2406 J/kgK

c pg = 0,2784(2406) + 0,7216(1024) = 1409

−0,38
⎛ T − Ts ⎞
Da equação com Ts = 321,3K vem: L = L TBn ⎜⎜ cr ⎟⎟ = 350.000J/kgK
⎝ Tcr − TBn ⎠

c pg (T∞ − Tshu ) 1409(773 − 321,3)


BT = = = 1,818
L 350.000

760 + 3,35T
Da equação: c p F = J/kgK , a 0,5(288 + 341,8)= 341,9K vem; c p F = 2330J/kgK
(0,001ρ F )0,5


ρ FT = ρ F288,6 ⎢1 − 1,8C ex (T − 288,6) − 0,090
(T − 288,6) ⎤
2
a 321,3 K vem ρF = 650 kg/m3
2⎥
⎣ (Tcr − 288,6) ⎦

Das figuras 3 e 4 a 472K, kA = 0,0376 e kν = 0,0228 J/m.sK. Então:

Kg = 0,7216(0,0376) + 0,2784(0,0288) = 0,03515

Substituindo esses valores na equação


(
c pF ρ F c pg D 2hu Ts ee − Ts0 )
∆t hu =
12k g ln (1 + B M )L(B T B M − 1)
2330x650x1409(341,8 − 288)D 2hu
∆t hu = = 0,9375x10 6 xD 2hu
12x0,03515ln(1,717 )x350.000x[(1,818/0,717 ) − 1]

Da equação
⎡ (
c pf Ts ee − Ts 0 ⎤ ) −0,5

−6 2330(341,8 − 288) ⎤
− 0,5

D a = D 0 ⎢1 + ⎥ = 200x10 ⎢1 + ⎥ = 187x10 −6 m
⎣ 2L(B T B M − 1) ⎦ ⎣ 700.000[(1,818/0,717 ) − 1]⎦

( )
Então: ∆t hu = 0,9375x10 6 x 187 2 x10 −12 = 0,0328s = 32,8ms

Desse modo a duração do período de aquecimento é de 32,8 ms, tempo durante o


qual o diâmetro da gota reduz-se de 200 para 187 µm.

O valor médio de λ durante o período de aquecimento é obtido como:

D o2 − D12 200 2 − 187 2


λ hu = = = 0,1534x10 −6 m 2 /s = 0,1534mm 2 /s
∆t hu 0,0328x1012

Do exemplo anterior λee=0,30x10-6m2/s. Então da equação a seguir, o tempo total de vida da


gota é:

t t = ∆t hu +
D12
= 0,0328 +
(
187 x 10 −6 ) 2

= 0,0328 + 0,1166 = 0,1494 s = 149,4 ms


λ ee 0,30 x 10 −6
Bibliografia

1 – Lord Rayleigh. On the Instability of Jets, Proc. London Math. Soc., Vol. 10, 1878. pp. 4
2 – Lord Rayleigh. Theory of Sound, 2nd ed., Dover repreint, New York, 1945.
3 – Bohr, N., Trans. Roy. Soc. 204 (A), 281 (1909).
4 – Levich, V. G., Phisicochemical Hydrodynamics – Prentice-Hall, Inc., Englewood
Cliffs, N.J., 1962.
5 – Tyler, F., Instability of Liquid Jets, Philos. Mag. (London), Vol. 16, 1933, pp. 504 –
518.
6 – Weber, C., Disintegration of Liquids Jets, Z. Angew. Math. Mech., Vol 11, No 2, 1931,
pp. 136 – 159.
7 – Haenlein, A., Disintegration of a Liquid Jet, NACA TN 659, 1932.
8 – Reitz, R. D., Atomization and Other Breakup Regimes of a Liquid Jet, Ph.D. thesis,
Princeton University, 1978.
9 – Giffen, E., and Muraszew, A., The Atomization of Liquid Fuels, John Wiley and Sons,
New York, 1953.
10 – Ohnesorge, W., Formation of Drops by Nozzles and the Breakup of Liquid Jets, Z.
Angew Math. Mech. Vol. 16, 1936, pp. 355 – 358.
11 – Miesse, C. C., Correlation of Experimental Data on the Disintegration of of Liquid
Jets, Ind. Eng. Chem. Vol. 47, No 9, 1955, pp. 1690 – 1701.
12 – Lefebvre, A., Atomization and Sprays, Hemisphere, 1989, ISBN 0-89116-603-3
13 – Lui, H., Science and Engineering of Droplets, pp. 171-182, 2000, Noyes Publications,
ISBN 0-8155-1436-0
14 – Dombrowski, N. and Johns, W. R., Thje Aerodynamic Instability and Disintegration
of Viscous Liquid Sheets, Chemical Engineering Science, vol. 18, 1963, pp. 203 – 214,
Pergamon Press Ltd., Oxford. Printed in Great Britain.
15 – Hegerty, H.W. W. and Shea, J. F., Appl. Mech., 1955, Vol. 22 pp. 509.
16 – Squire, H. B., Brit. J. Appl. Phys., 1953, Vol 4 pp. 167.
17 – Fraser, R. P., Eisenklam, P., Dombrowski. N. and Hasson, D., Ame. Inst. Chem.
Engrs. J. 1962, Vol. pp. 672.
18 – Dombrowski, N. and Hooper, P., Chem. Engng. Sci., 1962, Vol. 17, pp. 291.
19 – Dombrowski, N. and Frser, R. P., Phil. Trans. 1954, A247, pp. 101.
20 – Weber, C. Z., Angew. Math. Mech. 1931, vol. 11 pp. 136.
21 - Couto, H. S. and Bastos-Netto, D., Generalized Liquid Film Atomization Theory,
Jornal of Thermal Science Jts, Beijing, China, vol. 9, n0 3, pp. 265 – 270, 2000.
22 – Couto, H. S., Carvalho Jr, J. A., Bastos-Netto, D., Theoretical Formulation for Sauter
Mean Diameter of Pressure-Swirl Atomizers, Jornal Propulsion and Power, Vol. 13, No 5,
pp. 691-696, sept-oct. 1997.
23 – Risk, N. K., and Lefebvre, A. H., Drop-Size Distribution Characteristics of Spill-
Return Atomizers, AIAA, J. Propulsion Power, Vol. 1, No 3, 1985, pp. 29 – 36.
24 – Mugele, R., and Evans, H. D., Droplet Size Distributions in Sprays, Ind. Eng. Chem.,
Vol. 43, No 6, 1951, pp. 1317 – 1324.
25 – Spillmann, J., and Sanderson, R., A Disc-Windmill Atomizer for the Aerial
Applications of Pesticides, Proceedings of the International Conference on Liquid
Atomization and Sprays, Madison, Wis. 1982, pp. 169 =- 172.
26 – CRANE CO., Flow of Fluids, Through Valves, Fittings and Pipe, Technical Paper No
410 M, 1986.
27 – Chin, J. S., and Lefebvre, A. H., Some Comments on the Characterization of Drop
Size Distributions in Sprays, Proceedings of the International Conference on Liquid
Atomization and Sprays Systems, London, Paper No. IVA/1, 1985.
28 - Zhao, Y. H., Hou, M. H., and Chin, J. S., Dropsizes Distributions from Swirl and
Airblast Atomizers, Atomization and Spray Technol., Vol.2, 1986, pp. 3 – 15.
29 – Grover Jr, R. O., Assanis, D. N., and Lippert, A. M.,A Comparison of Classical
Models against Current Experimental Measurements within a Zero-Dimensional
Framework.ILASS Americas, 17th Annual Conference on Liquid Atomization and Spray-
Systems, Arlington, VA, May 2004.
30 – Chin, J. S. and Lefebvre, A. H., The Role of the Heat-up Period in Fuel Drop
Evaporation, Int. J. Turbo Jet Engines, Vol. 2, 1985, pp. 315 – 325.

Você também pode gostar