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Universidade Veiga de Almeida

Centro de Ciências Sociais


Curso de Comunicação Social
Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica

BLOGS COMO EXTENSÃO DE SALA DE AULA


Participantes do projeto: Luís Carlos Bittencourt (Orientador), Érica Ribeiro (Pesquisador)
e Rafael Malhado – 2009110246-2 (Aluno de Comunicação Social)

Alunos dispersos e desinteressados. Como concorrentes, os telefones celulares, os


computadores, a televisão e o mundo on-line. E esta é apenas uma parte do cenário que o
professor encontra hoje. A chamada Geração Y (nascidos na era da internet e dos grandes
avanços tecnológicos) precisa estar envolvida nas atividades de sala de aula para participar.
Essa geração cresceu na era digital, na qual as informações são efêmeras e chegam de
forma fragmentada; o futuro para eles é o aqui e o agora.
Desenvolver projetos em longo prazo é uma das maiores dificuldades, já que
pensam de forma mais instantânea e necessitam cumprir metas rapidamente para superar
suas expectativas. Os interesses são inúmeros, porém poucos conhecimentos são
aprofundados; resistem aqueles que chamam a atenção desses jovens tão despreocupados
com o amanhã. O conflito de gerações na sala de aula entre aluno e professor só acentua,
pois esses estudantes não conseguem cumprir prazos, principalmente em projetos que
precisam de uma maior concentração e dedicação.
Para aproximá-los do conteúdo acadêmico, o professor lança mão de diversos
recursos: vídeos, apresentações, debates e práticas em sala de aula. Mas isso parece ser
insuficiente. De uma semana para a outra, esses estudantes envolvem-se em várias
atividades, que incluem interações no ciberespaço, e o conhecimento adquirido na aula
anterior parece desaparecer.

PROBLEMA
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Diante de todo esse cenário vivido no dia a dia educacional, uma das maiores
dificuldades é encontrar tempo para desenvolver os conhecimentos e questionamentos
trabalhados em sala de aula. Em grupo, o trabalho parece ser mais simples. No entanto,
quando essas pessoas podem se encontrar fora do ambiente acadêmico? Como atrair e
envolver o aluno com o conteúdo proposto?
Para cativar essa geração caracterizada, principalmente, pelo envolvimento com o mundo
digital, o docente pode incluir ferramentas que já são de domínio desses jovens no
desenvolvimento da disciplina. As possibilidades são inúmeras, mas para este projeto será
escolhida a ferramenta blog, por parecer proporcionar mais opções de uso didático e possibilitar
a integração das outras redes sociais na sua utilização, como YouTube, Orkut e Twitter.
Com intefaces gráficas simplificadas, os blogs são criados por um passo-a-passo.
Gratuitos, ainda permitem conexões com diversas outras ferramentas da web, como as redes
sociais – as mais novas formas de interação on-line.
Incluindo o uso desses novos canais de comunicação no ensino, será possível estender o
conhecimento adquirido e fazer com que este estudante participe das discussões mesmo
fora da sala?

OBJETIVO GERAL
Utilizar um blog como uma extensão da sala de aula no curso de Comunicação Social da
Universidade Veiga de Almeida, a partir das disciplinas de Oficina de Comunicação e
Laboratório de Comunicação, buscando maior interação dos alunos com o conteúdo
ministrado nas aulas e criando um canal de comunicação professor-aluno e aluno-aluno fora
do ambiente acadêmico para discussões e aprendizado.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
● Analisar o uso de ferramentas on-line no auxílio no processo de aprendizagem.
● Identificar quais outras ferramentas podem ampliar a utilização dos blogs nas salas de aula.
● Coletar dados para analisar a aplicação do blog na perspectiva dos métodos pedagógicos
aplicados atualmente no ensino.
● Elaborar um projeto para o desenvolvimento de uma metodologia de uso das ferramentas
on-line para os docentes.
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JUSTIFICATIVA
A aproximação entre alunos e professores é uma das grandes dificuldades que se
encontra atualmente no meio acadêmico. E isso não se deve somente às diferenças de idade,
de conhecimento ou de experiência. O jovem universitário mudou e em um curto espaço de
tempo. Se até o início nos anos 90, o estudante precisava ir à biblioteca para realizar
pesquisas, hoje ele busca a maioria das informações no Google (página na internet de
buscas em geral). Além disso, há livros digitais e o relacionamento com os amigos da turma
é frequente por intermédio de programas de mensagens instantâneas e redes sociais.
Essa geração busca mobilidade e interatividade de forma constante e, segundo TELLES
(2009, p.21), é preciso se adaptar a essas transformações, pois o que eles desejam é tudo “a
qualquer tempo, em qualquer lugar, sem problema”.

O comportamento da geração digital é fortemente influenciado pela evolução


tecnológica, com a entrada nas nossas vidas do que nos acostumamos a chamar
de tecnologia da informação, ou informática, que transformou nosso dia a dia.
Esses avanços trouxeram a conectividade, a transmissão de voz, dados e imagens,
a partir de fontes fixas ou móveis, com ou sem fio, e-mails, videoconferência,
salas de chat, redes sociais, sites pessoais, blogs, fotologs, lojas virtuais
(TELLES, 2009, p. 23).

Esses avanços tecnológicos também trouxeram o desejo de colaboração e agora


fazem parte do cotidiano desses jovens que cresceram em um mundo globalizado e
conectado à Internet, desenvolvida no final do século XX e que ganhou novos ares no início
do século XXI com a chamada Web 2.0, a segunda revolução da Internet.
Por isso, um novo modelo de ensino seria necessário para que as mudanças que as
tecnologias trazem para a educação, tanto presencial quanto a distância, trouxessem bons
resultados. Sem esquecer, claro, o papel que os professores precisam desempenhar nessa
revolução. As redes digitais podem organizar o aprendizado, o qual se transforma em mais
ativo, dinâmico e variado, privilegiando a pesquisa, a interação e a customização dos
estudos, em múltiplos ambientes – real e virtual.
Essa nova fase alterou a experiência do sujeito diante do computador ligado à rede.
“[...] As redes de computadores (por exemplo) modificam profundamente nossa relação
com o mundo, e em particular nossas relações com o espaço e o tempo, de tal modo que se
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torna impossível decidir se eles transformam o mundo humano ou nossa maneira de


percebê-lo” (Levy, p. 98).

“O ciberespaço oferece objetos que rola entre os grupos, memórias


compartilhadas, hipertextos comunitários para a constituição de coletivos
inteligentes [...] Os cibernautas não tem necessidade de dinheiro porque sua
comunidade já dispõe de um objeto constitutivo, virtual, desterritorializado,
produtor de vínculo e cognitivo por sua própria natureza” (1996, p.129).

O compartilhamento de informações e o fácil acesso a elas tornaram esse jovem um


sujeito mais ativo – fator fundamental para o uso do ambiente on-line. Esse jovem que não
somente consome, mas também oferece, produz informações. Essa interação forma uma
arquitetura de participação, em que se têm conteúdos criados a partir da associação de
conhecimentos de várias pessoas. Muitos sites hoje oferecem essa experiência aos usuários,
como espaço para debates e/ou gestão coletiva de trabalho. Por outro lado, há a necessidade
de ser ouvido e ter o próprio lugar para expressar ideias. Assim, o jovem internauta utiliza
diversas ferramentas disponíveis na rede: os blogs representam um desses espaços.
Por ser um instrumento de sociabilidade na rede e gratuita, o uso dos blogs pode
auxiliar o professor na transmissão do conteúdo e funcionar como um canal de extensão e de
troca do conhecimento atualizado sobre a área estudada. O fato de poder ser acessado de
qualquer suporte com conexão à Internet também é um fator relevante. Em casa, no trabalho ou
até mesmo na rua – com um mobile –, alunos e professores podem interagir em uma mesma
plataforma. Há alguns anos atrás, essa interação não acontecia com tanta facilidade.
Assim, o ambiente on-line deve ser pensado como uma possibilidade de ampliar o
alcance do professor, que poderá acompanhar as ações do estudante durante o aprendizado.
Por meio de um blog, docente e discentes desenvolverão uma atividade acadêmica de forma
contínua, reforçando os conhecimentos adquiridos e aproximando conceitos e prática do dia
a dia do aluno.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A leitura de blogs, seja para informação ou entretenimento, faz-se cada vez mais
comum, principalmente para as novas gerações, nascidos em um mundo movido pelo zeros
e uns da linguagem digital. A ferramenta trouxe a possibilidade de qualquer usuário básico
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da rede compartilhar texto, foto, áudio e vídeo; trabalhando, assim, com a convergência de
diversos meios no computador.
Henry Jenkis, Pierre Levy e André Telles são alguns dos teóricos que defendem o
uso da rede no diversos campos de relacionamento humano, assim como os entusiastas da
tecnologia Marshall McLuhan e Nicholas Negroponte. De uma forma geral, esses
pesquisadores apontam para um mundo interligado em redes cibernéticas, nas quais os
sujeitos relacionam-se digitalmente uns com os outros, seja pessoal ou profissionalmente.
A ideia de interconexões digitais foi inserida, inicialmente, por Negroponte, e a vida
estendida por meio das tecnologias estudada por McLuhan. Jenkis e Levy dedicam suas
pesquisas a entender o uso dessas linguagens e novas descobertas no cotidiano e como isso
é aplicado, principalmente, nos veículos de comunicação. Por meios desses estudos, é
possível perceber as características de diversos meios, com foco especial para as
comunicações mediadas por computador.
Para entender as novas gerações e suas relações com o mundo digital e traçar as
possibilidades de uso dos blogs para atrair a atenção dos jovens universitários, este trabalho
terá como base os teóricos Garcia Canclini, André Telles e Rogério Costa, que apresentam
um panorama do comportamento dos jovens contemporâneos e as relações que eles mantêm
com a sociedade e com as tecnologias.
Para aproximá-los das instituições educacionais, o educador José Manoel Moran ressalta
que a evolução da educação é muito maior do que simplesmente colocar e manter os alunos
no espaço de aprendizado; é preciso oferecer a estes uma educação instigadora, estimulante,
provocativa, dinâmica e que acompanha as mudanças da nossa sociedade. Essa ação
pedagógica deve estabelecer possibilidades do ensino dentro e fora da sala de aula,
principalmente com acesso às ferramentas do mundo digital, pois o mundo físico e virtual
se completam e interagem de modo contínuo e cada vez maior.
A Civilização 2.0 – termo utilizado por Carlos Nepomuceno, outro autor que contribuirá
para o nosso objeto de pesquisa – é o resultado da combinação desses dois mundos, real e
virtual, e a ruptura de mais uma tecnologia cognitiva: a plataforma da internet. E a
ampliação e desenvolvimento desse poder cognitivo criarão novos ambientes de
informação, comunicação e conhecimento para criar outras ferramentas, como os blogs, por
exemplo.
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Durante a pesquisa e aplicação do uso dos blogs em sala, outros autores poderão ser
inseridos como fontes, já que a área tecnológica está em plena transformação e a renovação
deverá se dar de forma continua.

METODOLOGIA
Para desenvolver essa pesquisa, será utilizado o blog Escaletas 1, já criado para as
disciplinas mencionadas anteriormente, porém, utilizado hoje somente como forma de
entrega de trabalhos. Nessa nova proposta, o blog deverá integrar outras ferramentas on-
line, como o YouTube e o Twitter. Páginas com todas as informações acadêmicas deverão
ser criadas. Essas divisões deverão ser desenvolvidas de forma que o aluno não tenha
quaisquer dúvidas sobre as disciplinas no ensino e baseadas em nos conceitos de
usabilidade e arquitetura de informação.
Para criar maior acesso ao blog, periodicamente, serão postadas informações sobre
assuntos ligados às disciplinas, que abordarão, resumidamente, a produção de material
audiovisual: novidades de equipamentos, filmes, festivais, concursos, tutoriais, análises etc,
ou qualquer outra informação que tenha relação direta com as matérias ministradas.
Além das postagens do professor e do aluno participante do projeto, os estudantes
matriculados nas disciplinas também poderão escrever. Para isso, no início do semestre,
todos eles serão cadastrados como autores do blog e, objetivando a participação, os posts
não serão moderados, apenas revisados.
A aplicação prática da ferramenta blog será o método primordial neste momento, pois
será por intermédio dessa que as disciplinas serão desenvolvidas (informações sobre o
mercado, conteúdo programático, programa de aulas, informes e entrega de trabalho). A
partir da participação de todos e de pesquisas regulares com as turmas, serão desenvolvidas
possibilidades de tornar o blog um instrumento de ensino.

CRONOGRAMA
A pesquisa terá a duração de dois semestres eletivos, com as seguintes atividades
previstas:

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No endereço: http://www.escaletas.wordpress.com
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Mês Atividades
Fevereiro Planejamento de usabilidade para a reestruturação
do blog
Março Reestruturação do blog Escaletas
Abril Implementação do uso da ferramenta em sala de
aula.
Cadastro dos alunos.
Inclusão de postagens referentes à disciplina
Disponibilização de material
Maio Participação dos alunos com trabalhos acadêmicos
Incentivo a participação e interação com outras
ferramentas (YouTube e Twitter)
Junho Postagens
Julho Aplicação de pesquisa sobre o funcionamento da
ferramenta Blog
Agosto Análise dos dados coletados Relatório parcial
Setembro Estudo de participação ativa no blog (Google
Analitycs)
Outubro Análise do blog como ferramenta de interação
Comparativo
Novembro Apresentação de resultados Relatório final

ORÇAMENTO E OS RECURSOS
Pelo fato do blog ser de uso gratuito, assim como todas as ferramentas de interatividade;
não haverá custo para a criação do mesmo.
Os equipamentos utilizados – computador com acesso à Internet - já são
disponibilizados pelo curso de Comunicação Social e estão no Laboratório de ‘Mídias
Digitais’, sala localizada ao lado da Coordenação do curso e criado para pesquisas na área
de tecnologia digital.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, Rogério Da. A cultura digital. São Paulo: Publifolha, 2008.
GARCIA CANCLINI, Néstor. Diferentes, desiguais e desconectados: mapas da
interculturalidade. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2007 (cap. 8).
JENKIS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009.
LEMOS, André. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea.
Porto Alegre, Sulina. 2007.
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LÉVY, Pierre. O que é o virtual? Tradução de Paulo Neves – São Paulo: Ed. 34, 1996.
MORAN, José Manoel. A Educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá.
Campinas, SP : Papirus Educação, 2007.
NEPOMUCENO, Carlos. E-book. Civilização 2.0: Por que a Internet cria uma nova
civilização? 2010.
TELLES, André. Geração Digital: como planejar o seu marketing para a geração que
pesquisa Google, se relaciona no Orkut, manda mensagens pelo celular, opina em blogs, se
comunica pelo MSN e assiste vídeos no YouTube. São Paulo: Editora Landscape, 2009.

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