Você está na página 1de 12

Imprensa

Po p u l a r
Jornal do Partido Comunista Brasileiro . www.pcb.org.br . Ano VI . n° 33 . Março 2011

Internacional

Oriente Médio:
lutas demonstram
que a História
não morreu
Página 5
Frente Anticapitalista

Entrevista com
Virgínia Fontes
inaugura seção
Página 12
Trabalho
Comunistas lutarão
por reaglutinação
da Intersindical
Página 11

AS CIDADES NO CAPITALISMO
Miséria, violência e exclusão
para os trabalhadores Páginas 6 e 7

ENCARTE 89 ANOS
ESPECIAL DO PCB
2
ImprensaPopular Março 2011

PCB nos estados

Editorial
BRASILIA – DF
SDS. Bloco “R” – Edifício Venâncio V 3º Andar – Sala 311 – Asa Sul Brasília –
DF – CEP.: 70.393 – 904 Telefax.: (61) 3323 – 2226 pcb@pcb.org.br
RIO DE JANEIRO–RJ
Rua da Lapa, 180 – Gr. 801 – Centro Rio de Janeiro – RJ – CEP.: 20.021–180
Telefax.: (21) 2262 – 0855 / 2509 – 3843 pcb@pcb.org.br

Os 89 anos de vida CONTATOS ESTADUAIS


PCB – ALAGOAS
Rua do Comércio, 436, sala 0403 (4º andar) Ed. Lobão Barreto Centro –

e luta do PCB
Maceió – AL – CEP. : 57.020 – 000 (82) 3032 – 6125/9962 – 6323/8805 – 5636
pcbal@pcb.org.br
PCB – AMAPÁ
Av. Maria Quitéria, 387 – Bairro do Trem Macapá – AL CEP: 68.900 – 280 Tel.:
(96) 8119 – 2268
Desde sua criação, em 25 de março res humanos. O PCB sempre lutou pela PCB – AMAZONAS
de 1922, o Partido Comunista Brasilei- ruptura revolucionária com o capitalis- Av. Tarumã nº 1109 – Casa 10 – Pça. 14 de Janeiro Manaus – AM – CEP.:
69.020 – 000 Tel.: (92) 3635 – 6999
ro (PCB) quer e luta pelo socialismo. mo, organizando os trabalhadores.
PCB – BAHIA
Essa é a razão de sua existência e tena- Nesses 89 anos, o Partido viu diver- Contato (71) 9609-3219 (Sandro )
cidade, que superou dois regimes dita- sos experimentos de construções so- PCB – CEARÁ
toriais e uma tentativa de liquidação. cialistas, suas vitórias, acertos, erros e Av. da Universidade nº 2090 – Centro Fortaleza – CE – CEP.: 60.020 – 180 Tel.:
(85) 3292 – 4103 / 8801 – 6492 – Carlinhos
Filiado desde os primeiros tempos derrotas. Aprendeu e continua a apren-
PCB – DISTRITO FEDERAL
ao Movimento Comunista Internacio- der com elas. Para manter a chama e SDS. Bloco “R” – Edifício Venâncio V 3º Andar – Sala 312 – Asa Sul
nal, o PCB, com seus erros e acertos, organizar os trabalhadores brasileiros Brasília – DF – CEP.: 70.393 – 904 Telefax.: (61) 3323 – 2226
sempre esteve atento ao internacio- para a revolução, cujo caráter é socia- PCB – GOIÁS
Rua 233, nº 203 Qd. 52 Lt. 21. Setor Universitário Goiânia – GO – CEP.:
nalismo proletário e à lista. 74.605–120 Tel.: (62) 3626 0893
luta dos povos por sua Nesses 89 anos, PCB – MARANHÃO
autodeterminação. “O PCB sempre difundiu lutamos pela cons- Rua do Alecrim nº 546, sala 07 – Altos Centro – São Luís – MA – CEP.: 65.010
– 020 Tel.: (98) 3221 – 3635
Suas proposições tá- os ideais da sociedade trução da contra-he-
PCB – MINAS GERAIS
ticas e estratégicas, sua gemonia socialista e Rua Curitiba nº 656 – sala 66 – Centro Belo Horizonte – MG – CEP.: 30.170 –
compreensão da reali-
comunista, igualitária, comunista, organi- 090 Telefax.: (31) 3201 – 6478 pcbminas@ig.com.br
dade, sempre se pauta- onde todos, vivendo sem zamos os trabalha- PCB – PARÁ
Rua dos Timbiras, 709 – Jurunas Belém – PA – CEP.: 66.030 – 610 Tel.: (91)
ram pela razão de sua opressões de nenhum tipo dores, atuamos no 3081 – 5762 pcbpa@pcb.org.br
existência: a denúncia e apoiados por uma base campo da disputa
PCB – PARAIBA
do capitalismo e da material igualitária, poderão de idéias e em fren- Rua Profra. Rejane Inácia R. de Alencar nº 139 Mangabeira II - João Pessoa –
exploração do homem ser donos de seu destino” tes de luta diversas, PB CEP. : 58.057 – 112 Tel.: (83) 3236 – 6849 / (83) 8887 – 4600
pelo homem, a constru- com destaque para PCB – PARANÁ
Av. Luiz Xavier nº 68 Conj. 808 – 8º Gal. Tijuca – Centro – Curitiba – PR
ção social desigual que o movimento de CEP. : 80.020–020 Tel. : (41) 3322 – 8193 pcbpr@pcb.org.br
promove a segregação massas, para criar PCB – PERNAMBUCO
das classes e opõe cla- as condições para a Rua do Príncipe, 720 – Sala 102 – Boa Vista Recife – PE – CEP.: 50.050 – 900
Telefax (81) 3423 – 1394
ramente a opulência ruptura revolucio- PCB – PIAUÍ
crescente dos donos nária. Rua Jorge Cury nº 389 – Acarape Teresina – PI – CEP. : 64.003 – 820 Tel. :
(86) 3213 – 1305 – Rogaciano Veloso pcbpi@yahoo.com.br
dos meios de produção – obtida com a É com alegria, altivez e sentido de
PCB – RIO DE JANEIRO
exploração da classe trabalhadora e o responsabilidade que pretendemos Rua Teotônio Regadas, 26 – Sala 402 – Centro Rio de Janeiro – RJ – CEP.:
desemprego – e a vida difícil de quem levar esse projeto adiante. Queremos 20.021 – 360 Telefax.: (21) 2509 – 2056 pcbrj@pcb.org.br
trabalha. ajudar a construir uma frente políti- PCB – RIO GRANDE DO NORTE
Trata-sede um partido firmemente ca anticapitalista e antiimperialista, Rua Gal. Couto Magalhães, 71 – Pitimbú Natal – RN – CEP.: 59.069 – 510 Tel.:
(84) 8845 – 4872
contrário aos valores do egoísmo e de composta de partidos, organizações e
PCB – RIO GRANDE DO SUL
cobiça. Não à toa, o PCB sempre difun- pessoas de esquerda, socialistas, comu- Rua Jerônimo Coelho, 281, sala 401 – Centro Porto Alegre – RS – CEP. :
diu os ideais da sociedade comunista, nistas. 90.010 – 241 Tel. : (51) 3062-4141 pcbrs@pcb.org.br
igualitária, onde todos, vivendo sem Para seguir lutando. Para que, daqui PCB – SANTA CATARINA
Rua José do Patrocínio nº 301 – Centro Criciúma – SC – CEP.: 88.801 – 680
opressões de nenhum tipo e apoiados a 89 anos, os trabalhadores do mundo Tel.: (48) 3433 – 0843 FAX (48) 3437 – 1338 pcbsc@pcb.org.br
por uma base material igualitária, po- estejam vivendo em outra sociedade, PCB – SÃO PAULO
derão ser donos de seu destino, dar va- justa, igualitária, socialista. Construin- Rua Francisca Miquelina, 94 – Bela Vista São Paulo – SP – CEP.: 01.316 – 000
Tel.: (11) 3106 – 8461 pcb@pcb–sp.org.br
zão plena às suas potencialidades de se- do o comunismo.
PCB – SERGIPE
Rua Gararu, 424 – Getúlio Vargas Aracaju – SE CEP.: 49.055 – 300 Tel. : (79)
8802 – 1037
dicas

Novos Temas - Volume 2 DVD Roda Vida - José Quilapayún Canta a Victor Jara
A revista teórica do Saramago & Violeta Parra
Instituto Caio Prado Jr. Entrevista do programa O CD do grupo chileno Quilapayún,
traz em sua segunda de TV Roda Viva, da TV palavra em língua mapuche que
edição entrevista exclusiva Cultura de São Paulo, com o significa “Três Barbas”, relembra as
do sociólogo Michel Löwy falecido escritor comunista obras de Víctor Jara, que logo após
e o pouco conhecido texto português José Saramago, o golpe militar de 11 de setembro de
do “jovem” Marx Glosas prêmio Nobel de Literatura 1973 foi preso, torturado e fuzilado;
críticas marginais ao de 1998. Debate-se a obra o e Violeta Parra, autora de clássicos
artigo da rei da Prússia e pensamento do romancista e como La Carta, que tem entre os seus
a Reforma Social: de um ácido crítico do capitalismo. versos o que diz “Os famintos pedem
prussiano. pão; chumbo lhes dá a polícia”.

Imprensa r E X P E D I E N T E
Popula Jornal do Partido Comunista Brasileiro . www.pcb.org.br . Ano VI . n° 33 . Março 2011

http://www.facebook.com/pages/Partido-Comunista-Brasileiro/109377222413963 http://www.youtube.com/user/TVPCB
Internacional

Twitter - http://twitter.com/#!/partidao
Oriente Médio:
lutas demonstram
que a História

imprensa.popular@pcb.org.br . Fundado por Pedro Motta Lima .


não morreu
Página 5
Frente Anticapitalista

Entrevista com
Virgínia Fontes
inaugura seção
Diretores Responsáveis Eduardo Serra, Edmilson Costa e Ivan Pinheiro
Edição Paulo Schueler (MT 28.923/RJ).
Página 12
Trabalho
Comunistas lutarão
por reaglutinação
da Intersindical
Página 11

AS CIDADES NO CAPITALISMO
Miséria, violência e exclusão
para os trabalhadores Diagramação Daniel de Azevedo
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte
Páginas 6 e 7

ENCARTE 89 ANOS
ESPECIAL DO PCB
Março 2011 Imprensa
Popul
ar 3

Política
Os dois primeiros meses do Governo Dilma
só vêm demonstrar a correção da tática
UM GOVERNO A SERVIÇO DO CAPITAL
proposta pelo PCB no segundo turno das “Lula deu continuidade à
eleições presidenciais de 2010: após a
derrota de Serra nas urnas, será preciso política macro-econômica da
organizar e mobilizar os trabalhadores
brasileiros para derrotar Dilma nas ruas.
era FHC, aplicando apenas
uma política compensatória

N
o lugar do “Brasil para Todos”
do governo Lula, Dilma adotou mais agressiva. Dilma segue a
o lema “País rico é país sem mesma cartilha, com a piora
miséria”. Mera propaganda, já que
a política econômica posta em prá- Dilma de que porá o pé no freio em
entrega
tica é a do franco favorecimento às
atividades do agronegócio, grandes anéis e
relação aos gastos sociais.”

Três meses
indústrias e bancos, visando à con- dedos
tinuidade da integração brasileira à para os
ordem capital-imperialista mundial. poderosos
Sem a providencial ajuda do
de Dilma:
favorecimento
Estado brasileiro, principalmente
através do BNDES, não seria possí-
vel alavancar o capitalismo nacio-
nal, cuja burguesia estreita cada
vez mais seus laços com as empresas
multinacionais.
Ao contrário do que alguns arti-
culistas de esquerda apregoaram, ao agronegócio, grandes
indústrias e bancos
não há uma inversão da política de-
senvolvida antes por Lula, como se
Dilma estivesse voltando a adotar
“práticas neoliberais” que teriam
sido abandonadas pelo antecessor. do PCdoB, PDT, PSB e PP. E é exatamente no âmbito da po- lítica será alterada, a presença das
Nem uma coisa nem outra. Lula Serviços públicos devem piorar lítica externa que o governo Dilma tropas brasileiras no Haiti.
deu continuidade à política macro- Não haverá mudanças, pois, em parece ter promovido uma inflexão Momento exige unidade e luta
econômica da era FHC, aplicando relação à tendência de privatização à direita em relação a Lula, de que Crescem, portanto, os desafios
apenas uma política compensatória dos serviços públicos, como a Saúde, é sintomática a clara atitude de da classe trabalhadora neste ano de
mais agressiva. a Seguridade Social e a Educação. voltar a priorizar as relações com 2011. Para o PCB, é hora de dar um
Dilma segue a mesma cartilha, É revelador da primazia dos interes- os EUA, em detrimento do inter- salto de qualidade na busca da uni-
com a piora de que porá o pé no freio ses de mercado sobre os interesses câmbio privilegiado (mesmo que dade dos movimentos populares, das
em relação aos gastos sociais. Mas públicos o anúncio da suspensão de marcado por interesses dos gran- forças de esquerda e entidades re-
isto não é novidade alguma: Lula concursos públicos para contratação des capitalistas brasileiros) com presentativas dos trabalhadores, no
fez o mesmo em 2003, desaceleran- de novos servidores e do adiamento os governos mais progressistas da caminho da formação de um bloco
do o plano de crescimento, para fa- da nomeação de 40 mil servidores já América Latina. A decisão do pre- proletário capaz de contrapor à hege-
zer caixa e depois abrir o cofre nos selecionados. sidente do Supremo Tribunal Fe- monia burguesa uma real alternativa
últimos anos de seu mandato. No setor do petróleo, o eterno mi- deral, Antônio Cezar Peluso, não de poder popular em nosso país. A
É fato que novos ataques virão nistro Edison Lobão (do PMDB do contestada por Dilma, da recusa criação de uma Frente Anticapitalis-
sobre os direitos dos trabalhadores. Maranhão), capacho de Sarney, já em libertar Cesare Battisti após ta e Anti-imperialista, com vistas à
O ministério de Dilma é quase uma anunciou a retomada dos leilões dos decisão de Lula pela não extradi- construção de um poderoso sistema
repetição do gabinete de Lula, man- campos de petróleo e de áreas de ção do militante revolucionário de alianças capaz de dar vez e voz aos
tidas as disputas fisiológicas entre exploração no pré-sal, mantendo a italiano, demonstra com precisão a produtores da riqueza, é um dos ca-
os partidos da base aliada, com des- política de dilapidação dos recursos tendência mais conservadora deste minhos para a luta contra os impera-
taque para as representações do PT naturais brasileiros, no momento da governo. Este ainda preserva, sem tivos do capital e pela edificação da
e do PMDB e, secundariamente, as visita do presidente Barack Obama. nenhuma indicação de que tal po- sociedade socialista em nosso país.

Nos estados
Em 2011, o PCB decidiu homenagear com a
Medalha Dinarco Reis os camaradas Octávio
Brandão, Ana Montenegro e David Capistrano (in
memoriam), Amadeu Hercílio da Luz e Dalva do
Nascimento.
Os eventos de entrega desta singela e merecida
homenagem do PCB aos revolucionários
ocorrerão no Rio de Janeiro, Bahia e Santa
Catarina, em local e data que serão divulgados no
site do partido (www.pcb.org.br).
A imensa contribuição destes cinco militantes VISITE O SITE DO PCB.
para a libertação dos trabalhadores merecerá
uma matéria especial na próxima edição desse OS COMUNISTAS REVOLUCIONANDO A GRANDE REDE!
periódico. A eles, a eterna gratidão do PCB.
www.pcb.org.br
4
ImprensaPopular Março 2011

Economia
Anúncio do pacote de cortes
de R$ 50 bilhões, cerca de
quatro vezes o que o governo
gasta anualmente no Bolsa
Família e R$ 10 bilhões a mais
que todos os custos do Plano
de Aceleração do Crescimento
(PAC) em 2011. Política de
desvalorização do salário

ricos
mínimo. Dois aumentos na
Taxa Selic em duas reuniões do Governo opta
Comitê de Política Monetária
(Copom). Assim, o novo
governo escancara que
pelos
está ao lado de banqueiros
e rentistas
Salário mínimo de R$ 545 foi
‘bofetada’ na cara do povo

A
condução econômica do novo gover- vez, o anúncio do novo salário mínimo de a taxa de juros para 11,25%, fazendo au-
no começou com o anúncio de cortes 545 reais. A presidenta Dilma, durante a mentar uma dívida pública que em 2010
no Orçamento. O arrocho anunciado campanha eleitoral, como num samba de já somava R$ 1,69 trilhão.
pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, uma nota só, não cansou de propagandear, Para garantir seu pagamento é utilizado o
não especifica o que vai ser retirado de cada a exemplo de Lula, o crescimento econô- superávit primário, estimado em 3,1% (R$
área. Mas quem já saiu perdendo é a maio- mico do país como sendo o jamais visto 60 bilhões) em 2011. E quem são os credo-
ria da população que depende de serviços na história. O aumento de 510 para 545 res que vão receber tais recursos? O capital
públicos de qualidade: os concursos públi- reais (6,87%), foi uma verdadeira bofeta- financeiro. Em 2010, de um Orçamento de
cos estão suspensos, bem como a convocação da na cara do povo brasileiro”. Só para re- R$ 1,848 trilhões, a ele estavam destinados
dos já aprovados. No total, foram canceladas gistrar: em dezembro, o DIEESE calculou R$ 777 bilhões. Outros R$ 138 bilhões servi-
40 mil vagas no setor público. em R$ 2.227,53 o valor mínimo a garantir riam para o pagamento de juros e encargos.
O Ministério da Educação vai sofrer corte dignidade para os trabalhadores. Para alterar essa realidade, e fazer com
de pelo menos R$ 1 bilhão, e o da Ciência que os recursos públicos estejam à serviço
e Tecnologia de R$ 1,3 bilhão. Para quem A banca comemora da maioria da população, o PCB afirma ser
durante a campanha colocou a educação e Como não houve redução dos impostos, fundamental organizar os trabalhadores.
a inovação como prioridades, Dilma está se para quem estão indo os recursos retira- “Na guerra entre o capital e trabalho não
saindo uma boa mentirosa. dos do Estado e trabalhadores? Para ban- pode haver trégua. O fogo concentrado dos
Logo depois, como afirma nota divul- queiros e rentistas. Na primeira reunião inimigos está direcionado para os direitos e
gada pelo PCB, “os trabalhadores brasi- do Conselho de Política Monetária (Co- a rede de proteção social do povo que traba-
leiros assistiram desapontados, mais uma pom), em 2011, o Banco Central elevou lha ou está desempregado ou aposentado”.

7,5% do PIB não esconde:


crescimento se arrastou nos últimos anos
No governo Lula, país cresceu abaixo da média mundial
Explicando os 7,5%
O “espetáculo do crescimento” de Lula parado com outros presidentes; Muito se disse sobre os 7,5% de
só pode ser espetáculo de ilusionismo. Em • Retrocesso relativo no conjunto da econo- crescimento registrado em 2010. É
seu governo, o país cresceu abaixo da mé- mia mundial; preciso, porém, olhar esse número
dia do século XX (4,0% contra 4,5% ao ano) • País fortemente atingido pela crise global de forma mais atenta: esse índice
e também ficou aquém da média global no em 2009; e se compara ao de 2009, quando o
período 2003-2010 (4,5%). O resultado não • O processo de ajuste frente à crise global país foi atingido pela crise e sofreu
poderia ser outro: ao contrário do falatório foi influenciado significativamente pelo ci- uma queda de 0,6% no PIB.
lulista, o país não aumentou sua força na clo eleitoral e oportunismo político em 2010 Mesmo assim esse crescimento não
economia mundial. e não se sustenta em 2011-12 deve se repetir. “O forte crescimen-
Estudo do economista Reinaldo Gonçalves, to econômico em 2010 permitiu
professor da Universidade Federal do Rio de De forma resumida, os números pra o pe- a reversão da recessão provocada
Janeiro (UFRJ), demonstra que entre os 29 ríodo de Lula no Planalto em comparação pela crise global ao mesmo tem-
presidentes que o país já teve, Lula ocupa a com o resto do mundo são estes: po em que foi funcional para os
19ª posição em desempenho econômico. grupos políticos dirigentes tendo
Gonçalves é taxativo em suas conclu- • Taxa de variação real do PIB: o Brasil ocu- em vista o ciclo eleitoral. Por outro
sões: pa a 96ª posição entre 181 países. lado, há o agravamento dos dese-
• A posição do Brasil no PIB per capita pio- quilíbrios macroeconômicos. Além
• Fraco desempenho pelos padrões históri- rou: o país passou da 66ª para a 71ª posição. da pressão inflacionária, verifica-
cos do país; • O passivo externo bruto ultrapassou US$ se a forte deterioração das contas
• Muito fraco desempenho quando com- 1.292 bilhões. externas”, explica o economista.
Março 2011 Imprensa
Popul
ar 5

Internacional

A A hipocrisia dos países imperialistas é profunda


s revoltas populares que varrem o
Oriente Médio e o Norte da Áfri-
ca representam o esgotamento dos
velhos esquemas de poder montado pe-
los Estados Unidos e pelos antigos paí-
ses colonizadores para controlar a região,
suas riquezas minerais, bem como para
apoiar Israel.
Além disso, mantém uma característi-
ca singular, que é a participação massiva
dos jovens como protagonistas das lutas.
No entanto, a grande debilidade desses
movimentos é a falta de uma vanguarda
organizada com capacidade de galvani-
zar a revolta para a realização de trans-
formações sociais e políticas na região.
Iniciado na Tunísia, o quadro pôs

revoltas
abaixo em menos de três semanas uma
ditadura que já durava décadas. Logo a
As
seguir a população do Egito realizou in-
tensa luta contra o regime de Mubarak, no Oriente
Médio e
populares
aliado dos EUA e de Israel, e também o
velho regime caiu. As ondas de protestos
se espalharam por vários países como o
Iêmem, Bahein, Jordânia, Argélia, Sudão, Norte da
África
Emirados e agora já atinge a Arábia Sau-
dita, monarquia absolutista que cumpre
o papel de gendarme de Washington na
região. E na Líbia os protestos assumi-
ram a forma de guerra civil.
Alguns desses governos, como o Egito o maior IDH (Indice de Desenvolvimento te os EUA – que ao lado de seus aliados
no período de Gamal Abdel Nasser, e a Humano) da África, enfrentou o imperia- manteve ao longo das décadas as dita-
Líbia, logo após a queda da monarquia, lismo e apoiou os movimentos revolucio- duras mais reacionárias do planeta, res-
cumpriram um papel progressistas e an- nários e nacionalista em várias partes do ponsáveis por permanentes violações dos
tiimperialista no passado. Nasser foi o mundo. Mas Kadafi se acomodou no poder, direitos humanos. No Oriente Médio essa
inspirador do panarabismo, nacionalizou não prossegui as reformas progressistas e, foi a marca dos EUA, principal apoiador
o Canal de Suez e manteve postura na- nos últimos anos, buscou um acordo com o das monarquias absolutistas e dos gover-
cionalista. Mas com o advento de Anwar imperialismo, desistindo da construção de nos reacionários.
Sadat ocorreu uma reviravolta: ele assi- armas nucleares e assumindo responsabili- As manifestações em toda a região con-
nou os Acordos de Camp David com Is- dade e indenização pelo atentado na Escó- firmam mais uma vez que a luta de classes
rael, pelo qual o País reconhecia Israel cia que matou 270 pessoas. continua sendo o elemento principal para o
em troca da restituição dos territórios Mas não foi apenas no campo política que desenvolvimento da sociedade. As lutas po-
ocupados. Kadafi fez um giro à direita: seu governo pulares estão abrindo um novo capítulo na
Por esse ato de traição ao movimento abriu a exploração das imensas reservas de região. Mas elas possuem grande debilida-
árabe, Sadat foi assassinado por mili- petróleo às empresas inglesas e italianas. de, em função de anos de repressão contra
tantes islâmicos e substituído por Hosni Por essas concessão, o agora arrependido o movimento popular. Trata-se da ausência
Mubarak, que seguiu a mesma política, lutador antiimperialista passou a ser aceito de uma vanguarda organizada, com capaci-
chegando a fechar a fronteira com Gaza como uma liderança junto a governos como dade de conduzir as lutas sociais e políticas
para favorecer Tel Aviv. o de Tony Blair, Sarkozy, Silvio Berlusconi para um processo de transformações so-
Na Líbia, Kadafi derrubou a velha e e Bush. ciais. Com uma organização política ainda
corrupta monarquia comandada pelo frágil, sem partidos proletários organiza-
rei Idris e nacionalizou o petróleo, fez A história não chegou ao fim dos, os trabalhadores participam como po-


um conjunto de reformas progressistas e Merece destaque a profunda hipocrisia dem desse processo e terão pela frente um


modernizou o País, chegando a alcançar dos países imperialistas, especialmen- duro aprendizado nas batalhas de classe.

Grande debilidade desses movimentos é a falta de uma vanguarda organizada com


capacidade de galvanizar a revolta para a realização de transformações

A Internacional
Comunistas gregos organizam encontro de PCs dos Bálcãs
O Partido Comunista Grego (KKE) organizou, Thessaloniki, encontro de PCs dos Bálcãs com o objetivo de reforçar as organizações
comunistas na região. Entre os encaminhamentos foram aprovados o apoio para a Federação Sindical Mundial (FSM), que fará seu
congresso na Grécia, e também para outras organizações antiimperialistas. Outro ponto importante foi a instituição de um calendário de
atividades conjuntas contra a OTAN, a UE e agressão imperialista; inclusive com o reforço do centro anti-OTAN dos Bálcãs.
Além disso, o KKE apontou, através de Giorgios Marinos, membro do Birô Político do Comitê Central, que “os partidos comunistas e
de trabalhadores dos Bálcãs podem ter sua própria contribuição positiva para o sucesso tanto do Encontro Europeu de PCs, quanto do
13º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e de Trabalhadores”. O evento acontecerá em Atenas.
6
ImprensaPopular Março 2011

A
Cidade
consolidação do capitalismo foi
também a da urbanização. Em
seu período comercial, a cidade
voltou a ser o centro de trocas.
Ela voltou a ter ainda o poder
político, com as monarquias absolutistas e
a centralização das decisões. Retomou seu
status cultural, para satisfazer a nobreza e
a burguesia ascendente.
Já na Revolução Industrial, a necessida-
de de concentrar a produção deu mais im-
pulso à urbanização. Como o capitalismo
precisou concentrar pessoas em espaços re-
duzidos para reduzir os custos de produção,
deveria planejar o como fazê-lo garantindo
bem-estar às pessoas. Deveria, se não se
chamasse capitalismo...
Não à toa, a favelização, a especulação
imobiliária, os péssimos serviços de trans-
portes, a concentração de recursos públi-
cos e serviços do estado em áreas nobres, a
concentração da violência em áreas popu-
lares e os cada vez mais dramáticos desas-
tres “causados” por eventos climáticos, com
perdas de grandes contingentes de vidas
humanas.
A falácia das “causas naturais” é facil-
mente desmentida pelo exemplo de Cuba,
cuja população enfrente inúmeros furacões
com número reduzido de vítimas. O motivo
disso é seu regime socialista.
Seguindo o exemplo da ilha caribenha, é
urgente que o planeta tenha uma nova polí-
tica de ocupação do solo urbano, o que virá
através da luta principal é por uma socieda-
de justa e igualitária.
Afinal de contas, trata-se de uma questão
que afeta a maioria da população mundial,
que vive em cidades cada vez mais despro-
vidas de condições para oferecer condições
dignas de existência: a população das favelas
cresce cerca de 25 milhões de pessoas a cada
ano, segundo dados da UN-Habitat (ONU).
O livro Planeta favela, do urbanista nor-
te-americano Mike Davis, investiga esse
crescimento na América Latina, África,
Ásia e nos ex-países socialistas da Europa.
Na obra, ele indica como as políticas capi-
talistas estão relacioandas com o cresci-
mento das gecekondus (Istambul, Turquia),
desakotas (Accra, Gana) e barrios (Caracas,
Venezuela), alguns dos nomes dados às cer-

uma
ca de 200 mil favelas existentes no planeta.

Ilhas de riqueza e as ‘guerras do futuro’


As cidades estão divididas em “ilhas
de riqueza”, que atendem aos interesses
e gostos burgueses, com torres de escritó- invenção
da
rio e condomínios fortificados que imitam
os bairros do subúrbio norte-americano, e
a crescente população que não dispõe de

burguesia
condições dignas de moradia e serviços pú-
blicos.
Davis chega a citar Alphaville, em São
Paulo, como exemplo de “parques temá-

para a
ticos” deslocados da realidade social, nos
quais os moradores deixam de ser cidadãos
para serem “patriotas da riqueza, naciona-

burguesia
lista de um afluente e dourado lugar-ne-
nhum”.
Nessa realidade se opera o conflito de
classes, que já mereceu a atenção do Pen-
tágono. Estudos do stablishment militar
norte-americano já se preparam para o que
batizaram de guerra do “futuro” nas mega-
favelas do Terceiro Mundo.
Março 2011 Imprensa
Popul
ar 7

de,
Brasil possui a terceira maior
população favelada do mundo
De acordo com Planeta Favela, o Bra- Paulo – não conseguiram incluir as
sil possui a terceira maior população populações que vivem nesses locais.
favelada do mundo. Segundo o IBGE, a O Rio de Janeiro chega a ter favelas
população que vive em favelas cresceu estratificadas, divididas em regiões
45% entre 1991 e 2000, três vezes aci- pobres e outras “não tão pobres”.
ma da média de crescimento demográ-
fico do país. Favelização se agravou com neoliberalismo
Tendo como critérios o acesso ao sa-
neamento e a precariedade da moradia, O proceso de favelização começou
existiam naquele ano 6,5 milhões de fa- a se agravar em meados da década de
velados no Brasil. Ao se considerar itens 1970, resultado das crises do petróleo e
como a irregularidade de posse, o total das políticas impostas pelo FMI e o Ban-
sobe para 51,7 milhões, tornando o Bra- co Mundial.
sil o país com a terceira maior popula- O Brasil, que entre 1940 e 1970 cres-
ção favelada do mundo, atrás apenas de cia 7% ao ano, viu sua economia patinar
Índia e China. para 1,3% de crescimento médio nos
Não basta fazer ações cosméticas. É anos 1980 e 2,1% nos 1990. O baixo cres-
preciso que os governos ofereçam so- cimento e a não incorporação dos jovens
luções de transportes, geração e dis- que chegavam ao mercado de trabalho
tribuição de renda, além de reforço agravou a crise urbana. O desemprego
em setores como saúde e educação. A e a pobreza fizeram com que as cidades
prova é que dois projetos nas maiores passassem a apresentar cada vez mais
cidades do país – o Favela-Bairro, no crianças abandonadas, epidemias, en-
Rio de Janeiro; e o Cingapura, em São chentes, desmoronamentos e violência.

Em Nova Friburgo, PCB defende


desapropriações para construção de moradias
Passados dois meses após a tragédia de origem, ao invés de encaminhá-las
provocada pelas chuvas, Nova Friburgo para áreas distantes, que carecem de
vive ainda sob o signo do medo e da in- todo tipo de infraestrutura e que ten-
segurança. Toda chuva mais forte causa dem a se transformar em grandes gue-
apreensão: o trânsito não anda, bueiros tos.
e galerias entupidas despejam água e Os problemas se avolumam: obras re-
lama, inundando as ruas, novos desliza- alizadas pelas empreiteiras contratadas
mentos ocorrem, a população não dor- pelo governo do Estado já começaram
me direito, apavorada com a possibilida- a cair; os abrigos são paulatinamente
de de se repetir desativados,
a tragédia de 12 forçando as fa-
de janeiro. mílias a voltar
Para o PCB, a para as casas
classe trabalha- em área de ris-
dora tem o di- co ou a viver
reito à moradia sem teto; filas
digna em local imensas na Pre-
seguro, com to- feitura aguar-
dos os equipa- dam inscrição
mentos urbanos para o aluguel
e sociais que o social que não
Estado tem a sai, medida pa-
obrigação de liativa que não
oferecer: pavi- supre a real ne-
mentação, ilu- cessidade dos
minação públi- desabrigados.
ca, saneamento De acordo
básico, energia com nota divul-
elétrica, telefonia, transporte público, gada pelos comunistas, “é hora de ir à
saúde, educação, cultura e lazer. luta de forma organizada. Somente a
O Fórum do Movimento Sindical e mobilização dos trabalhadores e das po-
Popular de Nova Friburgo, do qual o pulações atingidas pela tragédia pode
partido participa, apresentou aos re- garantir que sejamos ouvidos e aten-
presentantes do governo estadual alter- didos em nossas reivindicações. Vamos
nativas de espaços já urbanizados para construir comitês populares nos bairros
a construção de habitações dignas. A e locais de trabalho para lutar em defe-
desapropriação destes locais permitiria sa dos nossos direitos! Vamos ocupar as
manter as populações em seus bairros praças e as ruas!”.
8
ImprensaPopular Março 2011

Teoria
Luís Felipe Oiticica
O 18 BRUMÁRIO DE LUIS BONAPARTE
F Uma leitura
fundamental
evereiro de 1848. Na segunda
Revolução Francesa, a aliança
entre correntes burguesas re-
publicanas e o proletariado derruba
Luis Filipe de Orléans e reintroduz a
República. Três anos e meio depois,
a 2 de dezembro de 1851, Luis Bona-
parte – sobrinho de Napoleão e pre-
sidente em final de mandato – apoia-
do pela burguesia e pelos militares,
dissolve a Assembleia Legislativa,
manipula um plebiscito que ratifica
Obra de Marx denuncia o oportunismo burguês
o Golpe de Estado e afoga em san-
gue a insurreição popular, em Paris.
No ano seguinte, outro plebiscito
proclama-o Imperador da França,
sob o nome de Napoleão III. Serão
seis anos de poder absoluto e mais
13, à base de concessões políticas.
O sobrinho imitava o tio, 52 anos
depois! Em referência tanto ao Gol-
pe de Estado com que Napoleão,
em 9 de novembro de 1799 – 18 de
brumário, pelo Calendário Revolu-
cionário francês – evitou a ascenção
das massas ao poder, quanto às di-
ferenças de grandeza entre as figu-
ras chaves dos dois momentos, Karl
Marx aprofunda Hegel e afirma que
os fatos e personagens importantes
da História ocorrem, sim, duas ve-
zes, “mas a primeira como tragédia
e a segunda como farsa”. E chama
ironicamente o Golpe de 1851 de o
18 de brumário de Luís Bonaparte.
Exatamente com este título, “O 18 Brumário de Luís
Marx publicou, em 1852, um de Bonaparte é exatamente a
seus mais brilhantes textos teóri- teoria aplicada à prática, que,
co/políticos, que forma ao lado de
O Capital e do Manifesto do Parti- por sua vez, realimenta e ilumina
do Comunista (este escrito com En- a teoria. O livro não apenas
gels) a base do Materialismo His-
tórico Dialético. O 18 Brumário de narra, mas investiga por dentro
Luís Bonaparte é exatamente a teo- os acontecimentos e relaciona,
ria aplicada à prática, que, por sua
vez, realimenta e ilumina a teoria.
dialeticamente, os choques entre
O livro não apenas narra, mas in- os apoios possíveis, nenhuma das que influirá na reda- classes e frações de classes,
vestiga por dentro os acontecimen- circunstâncias indispensáveis eram ção da Constituição. e o papel das lideranças”
tos e relaciona, dialeticamente, os suficientes para a revolução proletá- Em 10 de dezem-
choques entre classes e frações de ria, naquele momento. bro, Luis Bonaparte
classes, e o papel das lideranças. Daí a famosa e aguda observa- é eleito presidente.
Em sua análise, ainda no res- ção de Marx de que “os homens Em maio de 1849, a
caldo dos acontecimentos, Marx fazem sua própria história, mas Assembleia Consti- os golpes anteriores de Cromwell,
divide-os em três períodos: o revo- não a fazem como querem; não a tuinte é dissolvida na Inglaterra, e do primeiro Napo-
lucionário, a partir da revolução de fazem sob circunstâncias de sua antes do prazo, por leão.
fevereiro de 1848; o da Assembleia escolha e sim sob aquelas com que pressão dos setores mais conserva- A derrota da República é a der-
Constituinte, de maio de 1848 a se defrontam diretamente, lega- dores da aliança burguesa. rocada da burguesia como classe
maio de 1849; e o da Assembleia das e transmitidas pelo passado”. No terceiro período, todas as for- dominante. A ditadura apoia-se no
Nacional Legislativa, de maio de Começa o segundo período, o da ças se enfrentarão na Assembleia lumpen e no campesinato – embora
1849 ao Golpe de Estado. república burguesa. A burguesia in- Legislativa. Luis Bonaparte mano- se pretenda defensora da “ordem
O primeiro é um período de in- dustrial governará em nome do povo. bra habilmente para aumentar seu burguesa”. A contradição provoca
decisão entre as forças momenta- Seus aliados: aristocracia financeira, poder, apoiado na reacionária So- confusão na economia, anarquia em
neamente aliadas. Ao objetivo bur- pequena burguesia, camadas mé- ciedade 10 de Dezembro. Ele rou- nome da ordem. Os ideais de 1848
guês limitado de reforma eleitoral dias, intelectuais de prestígio, cam- ba 25 milhões do Banco da França, estão jogados na lama.
que amplie o círculo privilegiado pesinato, exército, clero – e, como compra generais, organiza seus O extraordinário texto de O 18
do poder, contrapõe-se a vontade do tropa de choque, o lumpen-proleta- asseclas, dissolve a Assembleia e Brumário de Luis Bonaparte é ao
proletariado, que levantara as barri- riado. As reivindicações proletárias encarcera os poucos resistentes. O mesmo tempo uma aula de análise
cadas contra a monarquia e a fizera são barradas. A insurreição de junho proletariado já não tem nem força histórica dialética e denúncia polí-
debandar. Entretanto, a vontade do de 1848 é violentamente reprimida: nem interesse em defender uma tica do oportunismo burguês. Luis
proletariado – uma república social 3 mil mortos e 15 mil deportados. instituição desmoralizada. Luis Bonaparte morreu exilado em 1873,
que chegou a ser proclamada – não O proletariado tenta, em diversos Bonaparte assume o poder ditato- mas a glória tardia de ter o nome
correspondia à real correlação de momentos, retomar a ofensiva, mas rial. É um golpe sem grandeza e ligado a uma obra prima do mar-
forças. O grau de politização das cada vez com menos força. sem coragem. Marx o ironiza im- xismo pode servir de consolo à sua
massas, a força material disponível, Paris fica sob estado de sítio, o piedosamente, na comparação com triste memória.
Março 2011 Imprensa
Popul
ar 9

Cultura

Construindo a
contra-hegemonia
A comunicação é, sem dúvida, uma esfera
essencial na luta de classes. O poder da
socialista
grande mídia se coloca, em geral, a serviço
dos interesses do grande capital e dos países
capitalistas mais desenvolvidos.
O grau de concentração da
mídia é impressionante: um
reduzido número de famílias
é detentor de mais de 80%
das ações dos grandes
grupos de comunicação
mundiais, que englobam
as principais agências
internacionais de notícias e
os grandes conglomerados
de rádios, TVs e jornais
impressos, muitos dos quais atuando em Jornal mantém tradição
configurações próximas ao monopólio, como é de luta e organização da
o caso, na mídia impressa, do grupo “Globo”, imprensa comunista
no Estado do Rio de Janeiro.

A
relação entre a mídia e os in- os bilhões pagos aos grandes bancos combate direto com a ideologia destinado a ser um instrumento
teresses do capital começa e não investidos na área social, a fa- burguesa. Contando, hoje, com ou- de apoio ao trabalho do Partido
pelo caráter de mercadoria lência do sistema público de saúde, tras mídias, o PCB busca, pela com- nas suas áreas de atuação, volta-
das notícias e informações: crimes a falta de moradia para os trabalha- binação de instrumentos e ações, do para os simpatizantes, amigos,
vendem mais do que denúncias dores? As respostas passam pela re- atuar fortemente nesse campo. Te- eleitores, pessoas interessadas na
quanto ao desemprego e à pobreza petição e pela defesa de concepções mos uma homepage, voltada para opinião e nos posicionamentos do
dominante ou às ações políticas e burguesas e de políticas precárias, um público amplo, cuja função é PCB, pessoas com quem queremos
militares do imperialismo; a grande como a das UPAs, do combate mili- divulgar, com atualizações diárias, dialogar e lutar em conjunto.
mídia é recheada com a ideologia tarizado ao crime, da acusação feita os posicionamentos e ações do Par- O “Imprensa Popular” trará in-
burguesa, revelada na linguagem, aos pobres de serem eles próprios tido, trazer informações nacionais e formações que não constam das
na promoção dos valores e “virtu- os responsáveis por morar em áreas internacionais que não constam da pautas dos jornais burgueses, po-
des” da “livre concorrência”, da so- precárias e de risco. pauta dos grandes jornais, divulgar sicionamentos partidários, análi-
ciedade de classes e dos “méritos” Os comunistas buscam atuar, in- estudos de referência marxista; te- ses e reflexões, nas diversas áreas
que justificam a divisão social entre tensamente, desde os primeiros mo- mos um boletim eletrônico, voltado e esferas sociais em que se trava a
ricos e pobres. O padrão de vida das mentos de sua existência, na esfera para a militância, para municiá-la luta de classes. Será um elo forte
camadas de alta renda é o que pre- da comunicação: os jornais comu- para a ação no dia-a-dia da luta; te- com o movimento comunista in-
domina nas novelas da TV, fazendo nistas reúnem as funções de organi- mos notas políticas, divulgadas por ternacional e se propõe a ser um
com que este, subliminarmente, se zadores da militância, de difusores meios impressos e em listas eletrô- forte instrumento na luta pelo
torne o objetivo de todos. de denúncias e informações para nicas; usamos o Youtube e outras construção de uma contra-hege-
No plano político, a mídia cons- municiar a luta dos trabalhadores, formas de comunicação. monia socialista e comunista, no
trói fatos e versões, criando “con- trazendo, também, as reflexões e Em nova versão, volta a circu- caminho da superação revolucio-
sensos” artificiais. Como justificar aportes teóricos do Marxismo, em lar o jornal Imprensa Popular, nária do capitalismo.

ComunistArte
União da Ilha da Magia ganha Carnaval de Florianópolis
Com o enredo “Cuba sim! Em nome da verdade”, a União da Ilha da Magia foi a campeã do Carnaval 2011 de Florianópolis. A escola
fez um desfile impecável e conquistou 264,8 pontos. A médica cubana Aleida Guevara foi destaque e participou da apuração na
arquibancada ao lado da comunidade.
É a primeira vez que a revolução cubana é homenageada em desfile de samba. “Este enredo quer mostrar a saga de um povo que
sonhou revolução e lutou para conquistar sua independência. A fibra de pessoas simples, alegres, cheias de sonhos e desejos que
valorizam o social, o trabalho, a educação, a cultura e o esporte. Um lugar onde se vive sem miséria ou fome e que mantém acesa
a chama dos ideais de liberdade, mesmo com todo o sofrimento do bloqueio que lhes é imposto pela “nação” à qual eles tiveram a
ousadia de dizer não”, dizia a sinopse do enredo.
Na comemoração cantaram-se palavras de ordem como “Cuba sim, yankees não. Viva Fidel e a revolução” também foram ecoadas. O
destaque na pontuação foi para a Comissão de Frente, que trouxe um mosaico com o rosto de Che Guevara; e para a bateria, cujos
integrantes estavam fantasiados vestidos de guerrilheiros revolucionários.
saúde
ImprensaPopular
‘A
10 Março 2011

Movimentos
IMPRENSA POPULAR - Como
você avalia a situação do sistema de
saúde / seguridade social, hoje, no
e as demais
Brasil? O SUS está funcionando a
contento?
MARIA INÊS BRAVO - A propos-
políticas públicas não podem ser privatizadas’
ta do SUS apesar de sua importância
histórica, tendo como marco o Movi-
mento da Reforma Sanitária, não
foi implementada na sua totalidade
face ao avanço do Projeto Privatista Maria Inês Souza Bravo é
nos anos 1990. O que temos na atua- assistente social e coordenadora
lidade é o SUS para os pobres e não dos projetos “Políticas Públicas de
o SUS de direito, previsto na Consti- Saúde: o potencial dos conselhos e
tuição de 1988. dos movimentos sociais do Rio de
Janeiro” e “Saúde, Serviço Social e
IP - O sistema privado de saúde, Movimentos Sociais”.
onde os “planos” tem grande partici-
pação, vem se expandindo cada vez
mais e já domina muitos segmentos.
É possível resolver os problemas de
saúde da maioria da população com
empresas privadas?
MIB - Claro que não. A saúde e
as demais políticas públicas não po-
dem ser privatizadas, mercantiliza-
das. A política de saúde tem que ser
atribuição do Estado e com controle O Imprensa Popular entrevistou Maria Inês Bravo, organizadora da Frente Nacional
democrático da população. contra a Privatização da Saúde. Nela, a assistente social lembra a mobilização peo
Projeto de Reforma Sanitária, nos anos 1980, como exemplo de mobilização para a
IP - Os últimos governos vêm
apontando para propostas de trans- defesa da saúde concebida como melhores condições de vida e de trabalho.
formação de hospitais públicos em
“Organizações Sociais”. Na sua opi- IP - Qual é a sua opinião sobre o rotatividade, típica do setor privado, nacional entre diversas entidades, mo-
nião, esta não é uma forma de disfar- papel dos Hospitais Universitários? no setor público o que compromete vimentos sociais, sindicatos, centrais
çada de privatização? Como você vê a possibilidade de uma a continuidade e qualidade do aten- sindicais, partidos políticos, fóruns de
MIB - As Organizações Sociais empresa controlar a contratação de dimento. Prevê também a criação da saúde de estados e municípios, profes-
são formas de privatização e não são servidores para estes hospitais, como previdência privada fechada para os sores e estudantes vinculados à saúde
disfarçadas.Todas as propostas de aponta a MP 520? funcionários. com a intenção de defender a saúde
modelos de gestão que surgiram a MIB - Os Hospitais Universitários pública estatal e mobilizar lutas cole-
partir dos anos 1990, são frutos da têm papel fundamental na formação IP - O Movimento contra a Privati- tivas. Na plenária final do seminário,
contra-reforma do Estado iniciada de recursos humanos, na pesquisa e zação da Saúde foi lançado, recente- foi formada a coordenação nacional
no primeiro governo FHC, com o no atendimento, ou seja, na articu- mente, no Rio, pelo Fórum de Defe- da Frente composta por diversas enti-
Plano Diretor da Reforma do Apa- lação ensino, pesquisa e extensão. sa da Saúde Pública, foi um grande dades. Considera-se fundamental, na
relho de Estado (1995), coordenado A criação da Empresa Brasileira sucesso. Quais são as características atual conjuntura, o fortalecimento da
por Bresser Pereira. As Organiza- de Serviços Hospitalares, pela MP desse movimento, e quais são as suas Frente Nacional através da articula-
ções Sociais (OS) e as Organizações 520/2010, assinada por Lula, em perspectivas? ção entre diversos movimentos sociais
da Sociedade Civil de Interesse Pú- 31/12/2010, tem, entre outras atribui- MIB- A Frente Nacional contra a e entidades com vistas à construção
blico (OSCIP) foram previstas neste ções, a de contratar servidores para Privatização da Saúde surgiu como de resistência às medidas regressi-
período. Ambas privatizam as polí- os hospitais. A contratação seria por desdobramento do Seminário Nacio- vas quanto aos direitos sociais e de
ticas públicas através de parcerias CLT e por contrato temporário de até nal “20 Anos do SUS: Lutas Sociais mercantilização das políticas sociais.
com o setor privado, não valorizam 02 anos, tendo como conseqüências o contra a Privatização e em Defesa da A mobilização em torno da viabiliza-
a participação popular e os funcio- governo desobrigar-se de fazer novos Saúde Pública Estatal” que ocorreu ção do Projeto de Reforma Sanitária,
nários podem ser contratados sem concursos na área da saúde e aca- na UERJ/RJ, em novembro de 2010, construído nos anos oitenta no Brasil, é
concurso púbico. As mesmas podem bar com a estabilidade, que foi uma organizado pelos Fóruns de Saúde do uma estratégia para a defesa da saúde
adquirir bens e serviços sem proces- conquista dos servidores públicos na Rio de Janeiro, Alagoas, Paraná, São concebida como melhores condições
sos licitatórios e não prestar contas Constituição de 1988.Outras ques- Paulo e Londrina, com a presença de de vida e de trabalho bem como para
a órgãos de controle interno e exter- tões com relação à política de pes- 400 participantes. O Seminário teve construção da democracia econômica,
no da administração pública. soal é a implementação da lógica da como objetivo fortalecer a articulação social e política.

Na luta
UJC convoca seminário
Na luta por um projeto de Universidade Popular, a União da Juventude Comunista (UJC) está convocando organizações,
coletivos, partidos e indivíduos a se somarem na preparação e realização do I Seminário Nacional sobre Universidade
Popular, no segundo semestre de 2011. “Após a primeira reunião de organização, construímos junto a diversos
coletivos e entidades o texto “Rumo ao 1° Seminário Nacional sobre Universidade Popular”, com os primeiros apontamentos consensuais. Essa será uma
grande oportunidade para potencializarmos e qualificarmos nossa atuação como força progressista na disputa por uma universidade para além dos marcos
do capital”, afirma a organização dos jovens comunistas. De acordo com a UJC, a idéia é difundir o ideal de uma universidade “crítica, criadora de ciência e
tecnologia para a superação das mazelas sociais e para a emancipação humana; e popular, em sua forma – sendo aberta a todos que hoje não tem acesso
a uma educação superior pública e de qualidade – e em seu conteúdo – no sentido de se identificar com os anseios dos explorados e oprimidos de nossa
terra, e solidária a todos os povos em luta por transformações sociais”.
Março 2011 Imprensa
Popul
ar 11

Trabalho

A
ENTREVISTA COM SIDNEY MOURA, SECRETÁRIO SINDICAL DO PCB votação do salário mínimo, em meados os sindicatos de carimbo funcionam como
de fevereiro, demonstrou que o novo verdadeiros RHs das empresas ou bombei-
governo está sedento para demonstrar ros do movimento social.
Para PCB, sindicatos às forças da burguesia a disposição por um A única forma de se enfrentar essa suti-

ação
grande arrocho nas contas públicas. O cená- leza das classes auxiliares capitalista é uti-
terão que redobrar rio para os trabalhadores está ainda pior que
no governo Lula. É o que atesta o secretário
lizando todos os recursos de comunicação
sindical e dialogar diretamente com as ba-
a sua Sindical do PCB, Sidney Moura, que conce-
deu entrevista ao Imprensa Popular.
ses nos seus locais de trabalho e moradia.
Este último é onde o trabalhador tem menos
medos de se aproximar das lideranças com-
IMPRENSA POPULAR - - Sidney, qual o bativas. Neste diálogo direto com os traba-
cenário atual para os trabalhadores? lhadores devemos denunciar o peleguismo
SIDNEY MOURA - Nos primeiros momen- e a exploração propondo formas de enfren-
tos da crise, os estados injetaram bilhões de tamentos que só se cristalizam com luta e
dólares para alavancar a economia. No Bra- atividades de formação.
sil não foi diferente. No entanto, a crise não
foi superada, ainda está em curso. Estamos IP - Temas como o poder normativo da

Dirigente comunista assistindo países da Comunidade Européia


enfrentando graves problemas econômicos
Justiça do Trabalho, a PLR e a unicidade
sindical por vezes nos afastam de nossos atu-

anuncia ativo da Só que agora os estados têm enormes difi-


culdades para injetar recursos. A alternativa
ais parceiros no movimento. Como lidar com
isso?

Unidade Classista então é cortar na carne da classe trabalha-


dora.
Estou convencido que manual de cabe-
SM - Sei que vou falar o que para muitos
pode parecer uma heresia. Mas pela fero-
cidade com que o capital tem avançados
ceira Dilma é O Príncipe, de Maquiavel, em sobre direitos e conquistas da classe tra-
Sidney Moura é professor e
edição revisitada: O mal todo de uma vez, de- balhadora, a CLT é um verdadeiro guarda-
secretário sindical do PCB.
pois o mal aos poucos. Ela adotará medidas chuva. Imagine o negociado prevalecer
duras. È só ver como iniciou seu governo faz sobre o legislado, só para exemplificar.
cortes no orçamento que atingiram impor- Acho que suprindo o que existe de tutela
tantes programas sociais. Prepara também autoritária, devemos defender a amplia-
ataque as conquistas históricas dos trabalha- ção de direitos dos trabalhadores na lei já
dores visando atender as exigências do capi- consolidada. A PLR é uma tremenda en-
tal para desonerar folha de pagamentos. ganação, pois condiciona o seu pagamento
Devemos nos preparar para enfrentar ar- a metas inatingíveis No final acaba se tor-
rocho salarial e contra-reforma na previdên- nando apenas uma gratificação que tenta
cia reafirmando a pauta de lutas que con- embaçar a luta pelo salário digno, não con-
tinuaremos levando às ruas e que no nosso tribuindo, portanto, para efetivação do sa-
entendimento deverão animar as atividades lário digno que todos esperamos obter no
do 1º de maio que se aproxima. Greve geral momento das aposentadorias. A unicidade
não deixou de existir no vocabulário da UC deve ser perseguida, pois o paralelismo
(Unidade Classista, corrente do movimento e fragmentação na organização da classe
sindical que aglutina os comunistas brasilei- trabalhadora historicamente só favorecem
ros), nem da INTERSINDICAL. os interesses do capital.


IP - A tentativa de flexibilização dos di- IP - Que saltos organizativos a Unidade
reitos trabalhistas nas pequenas e médias Classista, corrente sindical ligada ao PCB,
empresas atingiria um grande número de precisa dar? Há prioridade por alguma
trabalhadores, por todo o país. Como travar questão em específico?
a luta contra isso com pessoas que em sua SM - Realizaremos ainda neste primeiro
maioria não tem nenhum histórico de orga- semestre um ativo sindical onde faremos

Os capitalistas
nização, e cujos sindicatos em sua maioria ajuste no planejamento e nas metas estra-
são apenas cartoriais? tégicas para maior inserção da UC nos gran-
SM - Os sindicatos comprometidos com
se aproveitam
des pontos de concentração industrial e de
a classe trabalhadora terão que redobrar a serviços públicos. Precisamos reforçar a nos-
sua ação juntos as bases onde o sindicalis- sa comunicação junto aos locais de trabalho,
dos temores da mo de colaboração e resultados pro-capi-
talista atua. A tarefa é usar toda a herança
além de dar maior celeridade nas atividades
de formação sindical para as novas lideran-
recessão por parte organizativa e de formação para desvelar as
armadilhas que as sutilezas do capitalismo
ças que estão se aproximando da nossa se-
ção sindical.
dos trabalhadores e embutem quando introduzem novas tecno-
logias e novas formas de gerenciamentos da IP - Em pouco mais de um mês teremos
procuram convencê- produção. O objetivo de tais medidas é arre-
fecer o processo de alienação e dar aos tra-
o 1º de maio. Quais as bandeiras o PCB pre-
tende levar aos trabalhadores?
los de que a saída balhadores a falsa impressão de que podem
intervir nos processos produtivos recebendo
SM - Mais e melhores empregos; fim do
fator previdenciário; aposentadoria por tem-

só será possível se como prêmio pelo comprometimento com o


aumento da produtividade, participação nos
po de contribuição: não à aposentadoria aos
65 anos que quebra a solidariedade de clas-

houver sacrifícios lucros das empresas. Para que tais mudan-


ças alienantes sejam introduzidas o melhor
se entre as gerações de trabalhadores. Salá-
rio mínimo do DIESSE. Salário não é renda:

de ‘todos’ cenário são as crises. É nessa hora que ocor-


rem as grandes mudanças. Os capitalistas se
aproveitam dos temores da recessão por par-
fim do imposto de renda sobre os salários
dos trabalhadores que não tem a tarefa de
demitir outros trabalhadores. Redução da
te dos trabalhadores e procuram convencê- jornada de trabalho, sem redução de salário.
los de que a saída só será possível se houver Enfim, nenhum direito a menos, avançar em
sacrifícios de “todos”. Nessas oportunidades, novas conquistas.
12
ImprensaPopular Março 2011

Frente Anticapitalista

VIRGÍNIA FONTES

Virgínia participou dos


debates preparatórios ao XIV
Congresso do PCB

“A luta dos trabalhadores contra o


capital-imperialismo
deve tornar-se a luta de toda a humanidade”
Para intelectual, há crescimento da ação imperialista por novos atores

O
Partido Comunista Brasileiro, a partir de sua outra. A crise do capital é de superacumulação. as lutas na Tunísia, no Egito, na Arábia Saudita,
análise do desenvolvimento do capitalismo Ela não atingiu todos os países e é forte nos EUA na Palestina e a complexa guerra que vem sendo
em geral e da formação social brasileira, em e Europa, onde se concentra a riqueza. Essa as- travada na Líbia. Olhem para o mapa: são lutas
particular, entende que o processo revolucionário simetria internacional da crise prenuncia reor- mediterrâneas, se expandindo em todo o contorno
brasileiro é de caráter socialista. Para levar avan- denamento importante, como o crescimento da daquele mar europeu. O povo ali quer decidir o
te esta a construção, o PCB propõe, em seu XIV importância da China e de outros países capital- seu destino e ter vida digna.
Congresso, uma frente política anticapitalista e an- imperialistas. Como toda a crise do capital, ela
tiimperialista, composta de partidos, organizações, se torna uma crise social: os países centrais vêm IP - Como você vê a questão do imperialismo,
movimentos sociais, grupos e ativistas políticos, de piorando a vida dos trabalhadores, expropriando hoje?
esquerda, socialistas e comunistas. direitos e conquistas, principalmente na Europa. VF - As tensões inter-imperialistas tendem a
Para inaugurar, ouvimos as colocações e aná- Mesmo países que não experimentaram a crise crescer em condições de crise, sobretudo sendo
lises da professora Virgínia Fontes, intelectual - Alemanha e o Brasil – estão aproveitando para a crise assimétrica. Há um crescimento da ação
de prestígio e ativista política que, entre outras expropriar direitos. Para alguns, a interferência capital-imperialista por parte de outros países,
contribuições extremamente relevantes para explícita do Estado seria o fim do tal neolibera- como a China, mas também de grandes grupos
o entendimento das condições em que se dá a lismo: esquecem que o Estado só ‘encolheu’ para brasileiros, que vem se transnacionalizando com
luta de classes e dos rumos que esta luta deve os setores populares, os trabalhadores, mas nun- apoio do BNDES. A intervenção dos EUA e da Eu-
seguir para a superação do capitalismo e a cons- ca para o capital. Não há nenhuma reversão ‘por ropa na atual reconfiguração política do Oriente
trução do socialismo, publicou, em 2010, o livro dentro’ das medidas neoliberais. Médio pode levar a uma catástrofe mundial.
“O Brasil e o capital-imperialismo”, pela Editora
EPSJV/Fiocruz e Editora UFRJ. IP - Há uma retomada da mobilização e das lu- IP - O PCB propõe uma frente anticapitalista
tas dos trabalhadores em muitos países, como a e antiimperialista para levar adiante a luta pelo
IMPRENSA POPULAR - Virgínia, você aca- Grécia, a França e outros. É possível que, a partir socialismo. Como você avalia esta proposta?
ba de publicar um excelente livro sobre a atu- desses movimentos, suja uma nova configuração VF - A vida humana vem sendo ameaçada pelo
alidade do capitalismo. Como você vê a crise política, com a retomada, por exemplo de direitos capital-imperialismo, que expropria as águas, a
atual do sistema? Há chances de reversão da sociais perdidos nas últimas décadas? própria biologia humana e envenena a alimenta-
crise “por dentro” da aplicação das políticas VF - As lutas movem a história! Com certeza, a ção e os ares. A luta dos trabalhadores contra o
neoliberais? heróica luta dos povos grego, espanhol, português capital-imperialismo deve tornar-se a luta de toda
VIRGÍNIA FONTES - A crise tem duas caras: e francês tem papel central, expressando graus di- a humanidade por sua emancipação da tragédia
a do capital e a da sociedade e uma alimenta a versos de descontentamento. A essas se agregam social que representa o capitalismo.

A mais recente contribuição de Virgínia para a revolução


O Brasil e o capital-imperialismo: Teoria e História faz parte da coleção “Pensamento Crítico”, da Editora UFRJ. A obra propõe o retorno às obras clássicas para
compreender o papel desempenhado pelo Brasil nas formas contemporâneas do imperialismo capitalista.
Referenciada no marxismo, Virgínia revisita as interpretações de Lênin sobre o imperialismo e utiliza os referenciais de Gramsci para entender a sociedade civil
brasileira e o papel da burguesia brasileira.
Para Mauro Iasi, do Comitê Central do PCB, “a originalidade deste trabalho — que é o culminar de uma extensa pesquisa e fruto do longo amadurecer
de um debate que parte das reflexões acadêmicas da autora, mas que se tempera no profícuo debate político com a militância e resistência da classe
trabalhadora diante das manifestações inquietantes de ‘apassivamento’ da rebeldia que marcou os anos 1970 e 1980 — consiste no paciente trabalho de
articular as dimensões da determinação econômica próprias da essencialidade do capital e de seu irresistível processo de valorização do valor, com as diversas
manifestações que passam a incidir em todo o tecido da vida social, cultural, ideológica e política da sociabilidade subsumida ao capital”.

Você também pode gostar