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2008
Instituto Superior de Psicologia Aplicada
2008
Dissertação de Mestrado realizada sob a
orientação da Professora Doutora Ana Cristina
Monteiro Quelhas, apresentada no Instituto
Superior de Psicologia Aplicada para obtenção do
grau de Mestre na especialidade de Psicologia
Clínica conforme o despacho da DGES, nº
19673/2006 publicado em Diário da República 2ª
série de 26 de Setembro de 2006
Agradecimentos
que cada um teve no apoio à realização deste estudo e do meu percurso académico em
geral:
-À minha Avó. Serás sempre a minha luz e orientação. Esta é para ti!
-Ao meu Pai, porque estiveste sempre lá, e pelo orgulho que tens demonstrado em mim.
-À minha Mãe, pelo amor que me tens, e porque mostramos que é possível avançar.
-Às minhas colegas, companheiras e, mais que tudo, amigas: Joana e Sofia. Por tudo.
-Ao Nico. Pelo estímulo, pelas nossas conversas. Muitas virão ainda.
-Ao Dr. Csongor Juhos. Pela força e orientação que me deste, e pelo extraordinário
-Ao Vítor, à Joana e ao Jorge. Porque estiveram sempre ao meu lado e porque a vida
não é só escola.
-À Rita. Pela orientação que foste para o “caloiro” e pela amizade, sempre.
-À Ana.
Resumo
Psychology and Economics are two scientific areas who have walked different paths
concerning the understanding of human behavior, many times with conflicting results. In this
study we analyzed how mood, measured in it’s valence, affects economic behavior. For that
we used the Ultimatum Game (UG), an economic decision game, played by Proposers and
Receivers, in which concerns about fairness and self interest conflict. The results, although,
not statistically significant, indicate that mood is an influence factor in the decisions made in
the UG. Proposers in a positive mood show a greater proportion on unfair offers than
Proposers in a negative mood, while Receivers in a negative mood are more willing to accept
an unfair offer than Receivers in a positive mood. These results are in line with the mood
theories that postulate mood as a mediator in the choice of cognitive processing mode,
heuristic or systematic, and with the theories that view mood as a signal of the environment,
that serves as a regulator of available resources.
Keywords: Economics, Mood, Ultimatum Game, Affective processes
I
ÍNDICE
Lista de tabelas...........................................................................................................III
Lista de figuras............................................................................................................IV
Lista de anexos............................................................................................................V
Psicologia Económica..................................................................................................2
Jogo do Ultimato.........................................................................................................11
Jogo do Ditador..........................................................................................................13
Afectivos..........................................................................................................19
Assimilação.....................................................................................................28
A Heurística do Afecto…………………………………………..….....................….30
MÉTODO..............................………..................…………….....……………................40
Amostra…………………………………….……….………..…………………........……..40
Material…………………………………………….……………….……….……………….41
Resultados…………………….………………………………………..................……....43
Discussão Geral…....…………….……………………….…………………..........……..50
ANEXOS...............................................................................................……..............62
III
Lista de Tabelas:
Tabela 1: Valores dos quartis da variável estado de espírito nos grupos positivo e
negativo..................................................................................................................................45
Tabela 2: Distribuição do tipo de oferta dos Proponentes por género dos participantes e
por estado de espírito induzido...................................................................................46
Tabela 3: Distribuição do tipo de oferta mínima, justa ou injusta, por género dos
participantes e por estado de espírito induzido...........................................................48
IV
Lista de figuras:
Figura 3: Médias do estado de espírito nos 3 grupos (positivo, neutro e negativo) antes e
depois da realização da tarefa.........................................................................................44
Figura 4: Médias do estado de espírito dos dois novos grupos (positivo e negativo)
antes e depois da realização da tarefa........................................................................46
Lista de Anexos:
Medidas de Controlo...............................................................................................................63
Questionário Decisor..............................................................................................................65
ANOVA para comparação dos valores do estado de espírito dos 3 grupos iniciais...............67
Teste t-student para comparação das médias do estado de espírito nos dois grupos criados.
................................................................................................................................................68
Teste t-student para comparação dos valores médios das ofertas dos dois grupos de
Proponentes em estado de espírito positivo e negativo.........................................................69
Teste qui-quadrado para comparação das proporções das ofertas dos dois grupos de
Proponentes. .........................................................................................................................70
Teste t-student para comparação dos valores médios das ofertas dos dois grupos de
Decisores em estado de espírito positivo e negativo. ...........................................................71
Teste qui-quadrado para comparação das proporções das ofertas mínimas dos dois grupos
de Decisores. .........................................................................................................................72
Psicologia Económica
podemos esperar o nosso jantar, mas da consideração em que eles têm o seu
próprio interesse. Apelamos, não para a sua humanidade, mas para o seu
egoísmo, e nunca lhes falamos das nossas necessidades, mas das vantagens
deles.
Esta visão do ser humano como alguém apenas preocupado com o seu ganho
tornar-se-ia um dos conceitos centrais na teoria económica posterior. Esta
simplificação, embora por vezes útil no sentido de construir hipóteses testáveis, é o
primeiro assomo do homo economicus que dominou o paradigma económico a partir
John Stuart Mill (Barracho, 2001).
Contudo, em “Teoria dos Sentimentos Morais” a visão do homem apresentada
por Smith (1999 [1759], pág. 64) é bastante diferente e complementar da oferecida
anteriormente:
Por muito egoísta que seja o homem, há evidentemente alguns princípios na
sua natureza que o fazem interessar-se pela sorte dos outros e precisar da
felicidade deles, embora nada ganhe com ela para além do prazer de os ver
felizes. É deste tipo a pena ou compaixão, emoção que sentimos em relação à
infelicidade dos outros, quando a observamos ou somos levados a pensar nela
de forma muito realista. Que ficamos tristes com a tristeza dos outros é facto
óbvio demais para necessitar provas, porque este sentimento, tal como outras
paixões originais da natureza humana, não se limita de forma alguma aos
virtuosos ou humanitários, embora eles possam experimentá-las através de
uma sensibilidade mais refinada. Nem o pior rufião nem o criminoso mais
endurecido estão completamente isentos dela.
Neste livro, Smith lança a semente dos modelos de processamento dual que
são agora centrais no estudo do comportamento humano. Para ele, a generalidade dos
comportamentos dependem de dois factores, as paixões, que englobam a fome, o
sexo, emoções como raiva e medo, e sensações como a dor; e aquilo a que chamou o
“espectador imparcial”, que garantiria a capacidade de adiar as recompensas imediatas
em prol de ganhos a longo prazo. Seria ele que seria responsável pela “...auto
negação, auto governo e pelo comando das paixões...” (Smith, 1999 [1759]).
Decouvieres (1998; cit. por Barracho, 2001) considera a “Teoria dos
sentimentos morais” o primeiro estágio da Psicologia Económica.
Num artigo recente, Ashraf, Camerer e Loewenstein (2005) enunciam cinco
áreas exploradas por Smith na sua primeira obra, que são coincidentes com linhas de
investigação actuais, algumas delas ligando comportamento económico com
pressupostos psicológicos. Elas são: aversão ao risco, escolha inter-temporal, auto-
controlo, excesso de confiança, altruísmo e justiça (fairness).
1.4
Decrescentes, este acréscimo de utilidade é cada vez menor. Por exemplo, quando
se consome a primeira maçã, é retirada uma determinada utilidade; ao consumir a
segunda maçã a utilidade total aumenta mas o incremento é inferior ao que se
verificou com o consumo da primeira maçã; quando se consome a terceira maçã,
supondo que ainda não se atingiu a saciedade, a utilidade volta a aumentar mas o
incremento volta a reduzir-se.
Em 1899, Thorstein Veblen publica “Theory of Idle Class”, no qual afirma que o
impulso básico do homem é em direcção ao status, sendo que são a época e as
condições sociais que medeiam os meios usados para o alcançar. Criticou também a
teoria da racionalidade visto pensar que as paixões e emoções eram determinantes na
orientação do comportamento humano (Barracho, 2001).
No início, a Psicologia Económica estava mais ligada às noções de
propriedade e posse, tendo evoluindo posteriormente para a análise de outras
componentes do comportamento económico, como os limites do processamento
humano.
Herbert Simon (1967) propõe uma abordagem ao estudo da emoção centrada
na noção de racionalidade confinada (“bounded rationality”), como reacção à noção de
utilidade esperada desenvolvida no âmbito das teorias económicas da tomada de
decisão. A proposta de Simon é que as representações e processos mentais são
diferentes das assumpções da racionalidade clássica, na qual um agente conhece a
informação exacta que necessita para computar, em princípio, qualquer utilidade que
deseje. A sua ideia é que os organismos estão adaptados ao seu ambiente de tal
modo, que a capacidade cognitiva de um organismo é suficiente para lhe permitir
sobreviver nesse ambiente. Não importa que o organismo viole as normas da
racionalidade desde que consiga encontrar comida e consiga evitar o perigo. Ou seja,
um organismo satisfaz um determinado nível de aspiração, no sentido de encontrar
uma solução suficientemente boa perante as condições em que se encontra, em vez de
maximizar, no sentido de tentar encontrar a solução óptima (Simon, 1956; Simon,
1967). Isto implicava a necessidade de heurísticas que impedissem um impasse
quando as possibilidades a analisar ultrapassassem as capacidades cognitivas.
O reconhecimento do facto que os organismos são limitados em termos de
recursos, quer físicos (como energia e tempo), quer cognitivos (como capacidade de
processamento e de memória), é um dos pontos de partida para a proposta seguinte,
que consiste na possibilidade da emoção desempenhar um papel importante para a
racionalidade, num contexto de limitação de recursos (Simon, 1967). De acordo com
Simon, sendo o sistema nervoso limitado em termos de capacidade de processamento
e de memória, um evento no ambiente, uma memória ou uma motivação deve poder
1.6
de 1881 para a revista Filosófica. Além disso, Gabriel Tarde é considerado o pai da
Psicologia Económica como disciplina definida. A publicação do curso - que ministrava
no Colégio de França – deu-se em dois volumes com o nome de Psicologia
Económica. Era seu objectivo explicar o lado subjectivo dos fenómenos económicos.
Para isto, propunha ser necessário estudar 3 mecanismos que considerava essenciais:
a imitação, a repetição e a inovação (Barracho, 2001).
têm muitas vezes como força motriz motivações sociais induzidas, como por exemplo,
pedir ao sujeito que imagine que é um médico ou um gestor que tem de tomar uma
determinada decisão.
-Aprendizagem e Equilíbrio: o tipo de racionalidade que cada abordagem
privilegia, substantiva na economia e processual na psicologia, é reflectido aqui
também. A teoria económica tem maior interesse sobre os estados de equilíbrio, como
definidos pela teoria dos jogos, ou seja, no resultado final de repetidas interacções ou
de uma interacção em que os jogadores têm acesso a toda a informação. A
aprendizagem na teoria económica apenas tem sido estudada com o objectivo de
justificar os conceitos de equilíbrio que surgem nas diversas situações estudadas.
Na psicologia, a aprendizagem recebe muita atenção e os mecanismos ou
processos pelos quais os sujeitos aprendem são centrais para qualquer teoria
psicológica, seja qual for o seu enfoque específico. Embora isto, é de extrema
importância e abordagem comum a forma como os indivíduos se comportam perante
situações novas e de que forma processam essa situação.
-Cognição a quente vs. Racionalidade fria: até recentemente, grande parte dos
estudos, quer na economia quer na psicologia, procuravam a todo o custo a
“neutralidade” dos sujeitos, ou seja, que estes não estivessem em estados afectivos e
emocionais que pudessem alterar o seu procedimento. Grande parte dos estudos
económicos ainda assim é. Embora a tentativa inicial de manter as influências
afectivas fora do laboratório psicológico tenha permitido estudar profundamente vários
fenómenos, foi necessário abrir o espaço experimental a esta componente, que se veio
a revelar uma fonte fantástica de efeitos, muitas vezes paradoxais, sendo hoje uma
das áreas de investigação mais frutíferas ao nível da psicologia (Damásio, 1994).
Jogo do Ultimato
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Oferece:
9 8 7 6 5 4 3 2 1
1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0
9 0 8 0 7 0 6 0 5 0 4 0 3 0 2 0 1 0
Jogo do ditador
enquanto 24 por cento escolheram a divisão mais lucrativa. Outros estudos realizados
com este jogo reproduzem esta preocupação (Camerer & Thaler, 1995)
Um outro jogo bastante utilizado nesta área é o jogo dos bens comuns. Neste
jogo, que envolve vários jogadores e várias repetições, cada um deve decidir como
dividir uma determinada quantia entre si e um pote comum que depois de ter o seu
valor multiplicado por um factor superior a 1 será dividido pelos jogadores. Aqui a
prescrição da teoria dos jogos é de que cada indivíduo contribua, desde o inicio, com o
mínimo possível para esse pote comum, pois se todos estão interessados em aumentar
o seu rendimento não teriam razões para partilhar nada num pote comum, devido ao
risco de que algum jogador não contribua. O que se verificou experimentalmente foi
que nas primeiras rondas os jogadores contribuem para o pote comum, contudo com o
decorrer do jogo essas contribuições diminuem até que se tornam zero. Os
investigadores argumentam que este padrão se deve a uma tentativa inicial de
colaboração por parte dos jogadores, contudo ao verificarem que nem todos
contribuem de forma igual, essa tentativa de colaboração desfaz-se dando origem ao
interesse próprio puro.
que por vezes têm sido usadas para explicar as ofertas dos proponentes no JU, e que
postulam que o ser humano se preocupa com os ganhos relativos nas interacções e
que a desigualdade é fonte de desconforto e motivação para restaurar uma situação de
equidade (Oxford reference, equity theory).
Contudo numa meta análise conduzida por Oosterbeek, Sloof e van Der Kuilen
(2004) envolvendo 37 estudos que originaram 75 conjuntos de resultados, concluíram
não existir diferenças significativas ao nível do comportamento dos Proponentes em
diferentes contextos culturais. Registaram, sim, diferenças entre o comportamento dos
Receptores, nomeadamente que os asiáticos tinham uma taxa de rejeição
significativamente superior à dos norte-americanos e que dentro dos EUA, os
originários da zona oeste, por comparação com a zona este, estavam dispostos a
aceitar ofertas mais baixas. Os autores tentaram também averiguar se existia alguma
relação entre as variáveis culturais estudadas por Hofstede (1991) e Inglehart (2000) e
o comportamento dos sujeitos. Nesta análise a única diferença encontrada é relativa
aos valores da escala de respeito à autoridade de Inglehart, que está correlacionada
negativamente com o valor das propostas efectuadas, as sociedades mais
caracterizadas por respeito à autoridade são aquelas que apresentam valores mais
baixos nas ofertas.
Solnick e Schweitzer (1999) procuraram perceber que influência a
atractividade física tinha no comportamento dos jogadores. Concluíra que não existiam
diferenças entre as propostas ou no valor mínimo que estavam dispostos a receber,
quando comparando os grupos dos que foram avaliados como mais atractivos e os
menos atractivos, ou seja, a beleza própria não era um factor que distinguisse as
ofertas que fizeram ou o valor que estavam dispostos a aceitar. Contudo quando
analisando as ofertas ou exigências à luz da beleza do par com que tinham sido
emparelhados, foi possível distinguir um padrão, as ofertas feitas a sujeitos
considerados mais bonitos eram significativamente superiores àquelas feitas a sujeitos
menos bonitos e as ofertas feitas a homens significativamente superiores às ofertas
feitas a mulheres. Curiosamente o nível de exigência reproduzia este padrão, no que
diz respeito às diferenças de beleza. Quando na posição de receptor, os sujeitos
também exigiam um valor superior quando estavam emparelhados com alguém mais
bonito que com alguém menos bonito.
Van der Bergh e Dewitte (2006) estudaram o efeito que pistas sexuais, como a
exposição a fotos de mulheres sexy ou o contacto com lingerie, na probabilidade de os
sujeitos rejeitarem ofertas injustas no JU. A previsão dos autores era de que este efeito
se verificaria nos sujeitos com um ratio dos dedos indicador e anelar mais baixo
(2D/4D). Este ratio está ligado à exposição a androgénios pré-natais e a altos níveis de
18
1.
testosterona (Maning, Scutt, Wilson & Lewis-Jones, 1998), e foi já estudado com
preditor de agressividade nos homens (Bailey & Hurd, 2005) ou da dominância nos
homens (Mazur & Booth, 1998). Foi esse o padrão que encontraram. Sujeitos com um
ratio 2D/4D mais baixo rejeitavam menos ofertas injustas, quando no grupo exposto a
pistas sexuais, mas rejeitavam mais ofertas injustas no grupo de sujeitos que não fora
exposto a pistas sexuais. Estes resultados estão em acordo com outro estudo
(Burnham, 2007), em que indivíduos com os níveis mais altos de testosterona tiveram
uma taxa de rejeição de ofertas injustas mais alta. Burnham (2007) infere que tal
comportamento se deve ao passado evolutivo da espécie humana, no qual as
interacções de uma só vez (one shot games) eram raras.
Com relação a variáveis de personalidade, Brandstatter e Guth (2002)
concluíram que a única variável estudada que influencia o comportamento no JU é a
orientação para a reciprocidade, que é preditora de um nível de exigência mais alto
nos Receptores. Com relação ao Jogo do Ditador, a única variável com efeitos
significativos foi a benevolência, que previa ofertas mais elevadas. Num outro estudo
relacionado com variáveis de personalidade, neste caso a orientação pró-self ou pró-
social, e usando também a assimetria de informação entre os jogadores como variável,
van Dijk, de Cremer e Handgraaf (2004) concluíram que a orientação para o self é
preditora de ofertas mais baixas, contudo este efeito apenas se verifica quando a
informação é assimétrica entre os jogadores, ou seja quando o proponente é o único
que sabe que as fichas usadas neste jogo têm mais valor para si que para o receptor,
condição de informação assimétrica. Quando ambos sabem esta informação as
propostas mais comuns reflectem essa diferença de valor, tentando compensá-la,
condição de informação simétrica. Os autores oferecem a imagem de “lobo em pele de
cordeiro” como hipótese explicativa das diferenças obtidas entre as duas condições de
informação, nos sujeitos com orientação pró-self.
A linguagem usada na formulação das alternativas foi outra das variáveis
estudadas. Handgraaf, van Dijk, Vermunt e Wilke (2003) estudaram como formular as
alternativas como 2 escolhas (8 para ele e 2 para si ou 0 para ele e 0 para si) e não
como aceitar ou rejeitar a oferta, aumenta de 33 para 63 por cento a probabilidade de
aceitarem ofertas injustas. Os autores explicam esta alteração do comportamento dos
jogadores por a formulação das instruções não frisar a recusa e por ênfase no conceito
de escolha.
Num estudo conduzido no Japão por Yamamori, Kato, Kawagoe e Matsui
(2004), as ofertas efectuadas pelos proponentes numa versão do jogo do ditador,
dependiam do valor que o receptor dizia que gostaria de receber. As ofertas
aumentavam em função do pedido para valores abaixo dos 50 por cento do pote.
19 1.
Fridja (1993) distingue entre três tipos de estados afectivos: estado de espírito,
emoções e episódios emocionais. A distinção essencial por ele estabelecida concerne
20
1.
as emoções e o estado de espírito e são três os eixos a partir dos quais é feita essa
diferenciação:
- Duração, maior no caso do estado de espírito e menor no caso das emoções.
- Intensidade, maior nas emoções e menor no estado de espírito.
- Difusão, maior no estado de espírito e menor nas emoções, sendo que, uma
característica fundamental da caracterização destas por parte de vários autores, é o
facto de terem um objecto ao qual são direccionadas.
Ainda segundo este autor, uma das características do estado de espírito é
poder ser experimentado de duas formas diferentes. Como um estado não focado de
sensações agradáveis ou desagradáveis, ou como um estado em que o limiar para
avaliar determinada experiência como positiva ou negativa é modificado (Fridja, 1993).
Os episódios emocionais são caracterizados por um envolvimento emocional
com um objecto específico, que se prolonga no tempo e que envolve uma série de
emoções sucessivas.
Num outro artigo, Frijda (1994) reforça a ideia de que a distinção essencial se
deve basear num critério de pendor qualitativo, a existência ou não de um objecto
intencional. No caso do estado de espírito esse objecto não existe, sendo definido
como um estado afectivo não intencional. No caso das emoções esse objecto existe,
sendo ele o foco dos processos associados a essa emoção.
Alguns investigadores utilizam o termo afecto num sentido abrangente, no qual
incluem as noções de emoção e de estado de espírito (Matthews, Zeidner & Roberts,
2002). Em contrapartida, outros investigadores utilizam a noção de afecto para se
referir, especificamente, ao carácter agradável ou desagradável da experiência
subjectiva associada aos fenómenos emocionais (Scherer, 2001).
Numa tentativa de distinguir, com base em premissas funcionais em relação ao
processo de tomada de decisão, a categoria designada por emoções, Pfister e Bohm
(2008) propõem que a distinção entre os diversos estados afectivos se faça tendo em
conta os contributos funcionais efectuados. Os autores não fazem uma análise do
estado de espírito, não usando sequer o termo, preferindo partir da classificação
efectuada por Loewenstein e Lerner (2003) entre emoções antecipadas, que dizem
respeito às emoções que a pessoa crê vir a sentir como resultado da sua decisão e
emoções imediatas que são as emoções sentidas na altura da decisão. Estas últimas
podem ainda ser distinguidas entre emoções incidentais, que não estão relacionadas
com a decisão e emoções antecipatórias, que são causadas pelo problema que exige a
decisão. As quatro funções distinguidas por Pfister e Bohm são: fornecer informação,
aumentar a velocidade de resposta, definir relevância e implementar compromissos.
Os estados afectivos usados com função informativa são o prazer e a dor, o
21 1.
gostar e o desgostar. Estes estados são aquilo que os autores designam de emoções
redutíveis, emoções que possuem apenas valência e não representam uma avaliação
complexa da situação. O indivíduo pode assim usar estas emoções como fonte de
informação acerca do objecto de julgamento, isto acontece mesmo que a origem desse
estado não seja o objecto, mas que seja a ele atribuída, erroneamente, essa origem.
Outra função que alguns estados afectivos desempenham é a de acelerar o processo
de decisão. Os estados incluídos que contribuem para essa função são o medo, a
repulsa ou o impulso sexual. Os autores chamam a este tipo de emoções programas
afectivos e impulsos.
A terceira função é a de estabelecer o foco de atenção do sujeito nos aspectos
mais relevantes da situação tendo em conta os objectivos deste. As emoções que
desempenham esta função de definir a relevância dos diversos aspectos da situação,
são, por exemplo: a inveja, o arrependimento ou o orgulho. A estas o autor chama
emoções discretas. A última função desempenhada pelas emoções neste quadro de
referência é de implementar compromissos. Neste grupo está incluído o amor, a culpa
ou a raiva. Estas funcionam no sentido de fortalecer as relações sociais, servindo
como mecanismo sinalizador de comprometimento.
Clore et al. (2001) fazem a distinção entre 6 termos: afecto, estado, emoção,
estado de espírito, sensação, informação.
-Afectos são entendidos como qualquer coisa que tenha um valor de
positividade ou negatividade, incluindo preferências e atitudes, vistas como
disposições afectivas, e emoções e estados de estado de espírito, vistos como estados
afectivos.
-Estados são definidos como determinadas disposições do organismo,
envolvendo sistemas múltiplos. Incluem-se aqui as emoções e os estados do estado de
espírito.
-Emoções são o termo usado para estados que envolvam avaliações
específicas de positividade ou negatividade em relação a um objecto específico e que
desencadeiam um impulso para acção.
-Estado de espírito é usado para descrever estados similares aos emocionais,
contudo sem um objecto específico, não sendo assim dirigido para uma acção
imediata. Contudo, os autores salientam que, mais que duas categorias estanques, os
termos emoção e estado de espírito fazem parte de um contínuo no que diz respeito à
atribuição da origem do estado a um objecto. É assim possível existir uma emoção com
um objecto pouco definido e um estado de estado de espírito com um objecto
relativamente definido.
22
1.
positivo assinala que a situação benigna ou não problemática. Contudo se ele for
atribuído, mesmo que de forma incorrecta, a um objecto ele perde o seu valor
informativo.
Ainda segundo Schwarz (2001), podemos distinguir entre dois tipos de efeitos
do estado de espírito. Ao nível do julgamento avaliativo, usando da heurística “Como é
que eu me sinto em relação a isto?” e a nível do estilo de processamento, em que o
carácter informativo do estado de espírito assinala a necessidade ou não de um
processamento sistemático.
Segundo Clore et al. (2001), são cinco os princípios centrais na abordagem do
estado de espírito como informação:
1- Princípio da experiência: O modelo estado de espírito como informação põe
especial ênfase na componente experiencial consciente das sensações. Este princípio
é o exemplo disso. Clore et al. (2001) citam, por exemplo, um estudo de Gasper e
Clore (2000) como demonstração do efeito aumentado do estado de espírito em
indivíduos que monitorizam frequentemente as suas emoções. Para que se
compreenda bem a ênfase que este modelo põe na experiência consciente a seguinte
frase será esclarecedora: “One can have an emotion without doing anything or saying
anything, but not without felling anything.”
espírito positivo estar associado com o uso de estruturas gerais de conhecimento como
os scripts, esquemas, heurísticas ou estereótipos. Este modelo tem como objectivo
principal perceber que efeitos do estado de espírito no tipo de processamento são
adaptativos e funcionais. Para isto, parte da assumpção fundamental do modelo do
estado de espírito como informação (Schwarz, 1990): de que o estado de espírito
sinaliza o estado da situação actual, como sendo problemática ou benigna. Mais
especificamente, Bless (2001) assume que os indivíduos se sentem bem em situações
caracterizadas por resultados positivos, em situações que não representem ameaça ou
que conjuguem ambos os requisitos. Pelo contrário, sentir-se-ão mal em situações que
ameacem os seus objectivos ou que sejam caracterizadas por resultados negativos.
Se um estado de espírito positivo significa uma situação não-problemática,
então o uso de estruturas gerais de conhecimento pode funcionar como uma forma de
conservar recursos, pois os elementos da situação que se encontrem na estrutura
geral requerem menos atenção, libertando assim recursos para outras aspectos da
situação. Segundo esta perspectiva os efeitos do estado de espírito estão localizados
não, necessariamente, na quantidade de processamento mas na atenção a cada uma
das variáveis situacionais. Este processamento, menos dispendioso cognitivamente,
não implica o descartar automático de informação inconsistente com a estrutura geral.
Se com motivação e capacidade suficiente, os indivíduos podem processar a
informação inconsistente com a estrutura usada. Outra das vantagens referidas por
este autor é de que estas estruturas gerais podem ser usadas para enriquecer o
estímulo e terem um papel facilitador na formação de inferências que estendam o seu
conteúdo para além da informação inicial. Esta situação, devido ao carácter mais
arriscado dessas soluções, conclui Bless (2001), seria mais adaptativa quando a
situação em mãos seja segura.
Com isto, não pretende afirmar que o uso de estruturas gerais de
conhecimento esteja confinado a essas situações, visto elas serem necessárias na
resolução de quase todos os tipos de tarefa, apenas que uma propensão para o seu
uso deverá ser verificada quando em estado de espírito positivo.
processos. O uso destes processos está ligado ao uso destes dois tipos de
aprendizagem, uma ligada aos estados apetitivos, em que a exploração e a criatividade
são estimuladas, e outra associada aos estados aversivos, em que o evitamento do
erro é a prioridade.
Tal como na conceptualização descrita anteriormente (Bless, 2001), Fiedler
(2001) reconhece também que, virtualmente, qualquer tarefa usa os dois tipos de
processo. Contudo, nas tarefas que ocorrem fora dos cenários laboratoriais, existe
quase sempre uma tendência para o uso predominante de uma destas estratégias de
processamento.
Este modelo centra-se na valência do estado do estado de espírito, pois o seu
eixo positivo - negativo é análogo ao eixo apetitivo – aversivo que caracteriza as
situações. Assim sendo, Fiedler (2001) considera que os estados de espírito positivos
ou negativos servem como pistas com relação ao carácter apetitivo ou aversivo,
respectivamente, de uma determinada tarefa, estimulando assim o uso de processos
assimilativos quando a situação não representa perigo e processos acomodativos
quando o importante é evitar erros e considerar todos os dados.
Uma interessante experiência relacionada com estas duas tendências foi
efectuada por Bargh (1997). Nela era pedido aos sujeitos que puxassem ou
empurrassem uma alavanca assim que viam uma palavra no ecrã. A um dos grupos
pedia-se que puxassem, aproximação, e ao outro que empurrassem, afastamento.
Apesar de não ter sido dada qualquer instrução relativa ao conteúdo semântico das
palavras e os sujeitos não terem tempo de fazer uma avaliação consciente desse
conteúdo, os investigadores verificaram que o grupo a quem tinha sido pedido que
empurrasse era mais rápido para palavras com um conteúdo negativo, como “vómito”
do que para palavras com um conteúdo positivo como “amor”. O padrão inverso surgiu
no grupo a quem pediram para puxar a alavanca.
Não sendo este modelo uma perspectiva funcional dos efeitos do estado de
espírito, dá uma importância elevada às experiências anteriores e salienta um uso de
processos cognitivos diferenciados, não encarando um estado de espírito como
moderador da capacidade de processamento. É assim uma teoria que está virada para
o que as aprendizagens anteriores e os estados afectivos a elas associadas
condicionam as acções actuais. Nesta perspectiva, não são os objectivos futuros que
regulam o efeito do estado de espírito, é a sinalização que o estado de espírito faz de
uma situação aversiva ou apetitiva que vai condicionar o tipo de abordagem que se faz
à tarefa, uma função mais conservativa, acomodativa ou mais generativa, assimilativa,
respectivamente.
30
1.
A Heurística do Afecto
motivação para os tentar reparar, contudo devido à natureza social do homem existem
situações nas quais é necessário dissipar um estado de espírito de espírito positivo,
por exemplo, um funeral. Daí este modelo se centrar na análise das estratégias e
situações que estão relacionadas com a regulação do estado de espírito.
-reparar danos causados se a perda foi causada pela violação de uma norma
social ou da expectativa de um parceiro.
Carver e Scheier (1998) mostraram que o estado de espírito depende não só
do nível de realização de objectivos mas também da velocidade a que nos
aproximamos ou afastamos deles. Assim sendo, para além do nível de realização total
de uma determinada situação, se estamos a aproximarmo-nos mais rápido ou mais
lento que o previsto tem também influência no estado de espírito, e o estado de
espírito tem também efeito de influenciar essa percepção.
A maior parte dos investigadores que argumentam que o estado de espírito
negativo pode ser adaptativo, defendem que a sua função será de domínio geral, tal
como sinalizar submissão após uma perda de status (Beck, Epstein & Harrison, 1983),
uma forma de comunicação social (Watson & Andrews, 2002) ou uma forma de
reavaliar planos falhados (Watson & Andrews, 2002). Outros têm proposto que a
selecção natural desenhou a nossa capacidade para estado de espírito negativo de
forma a permitir vantagem em situações que ameacem a capacidade reprodutiva,
nomeadamente envolvendo perdas ou investimentos que não se revelam vantajosos
(Nesse, 2000; Keller & Nesse, 2005). Nesse (1991) afirma que a função essencial o
estado de espírito é assinalar se uma situação é propicia ou não, querendo com isto
dizer que o estado de espírito positivo assinala uma situação em que se podem correr
riscos se os ganhos possíveis forem elevados, enquanto o estado de espírito negativo
assinala situações em que qualquer risco deve ser evitado mesmo envolvendo
possíveis ganhos elevados.
bom estado de espírito ou dias de chuva que originavam mau estado de espírito, e
comprovaram que esta variável afectava significativamente as avaliações dos sujeitos.
Contudo, se a atenção dos sujeitos era direccionada, previamente, para a causa do
estado de espírito, o efeito sobre o julgamento de satisfação de vida desaparecia,
apesar de os efeitos sobre o estado de espírito se manterem.
Tentando perceber os efeitos do estado de espírito positivo, Sinclair (1988)
pediu aos sujeitos que efectuassem uma avaliação de desempenho de outro indivíduo.
Os resultados mostraram um aumento da susceptibilidade ao efeito de halo por
comparação com sujeito em estado de espírito neutro. Além disso avaliaram esses
desempenhos de forma geral mais positivamente que os sujeito em estado de espírito
neutro ou negativo (Sinclair, 1988).
No estudo de Riener, Stefanucci, Proffitt e Clore (2003) pediu-se aos sujeitos
que avaliassem a inclinação de um monte enquanto ouviam música triste ou alegre.
Foram retirados 3 tipos de medidas; uma verbal, os sujeitos diziam quantos graus
pensavam que a inclinação do monte tinha; uma visual, indicavam num transferidor
esses graus; e outra cinestésica, em que reproduziam com a palma da mão a
inclinação. Os resultados indicam que os sujeitos que estavam num estado de espírito
triste sobreavaliaram a inclinação quando comparados com os sujeitos em estado de
espírito positivo, o que está de acordo com as perspectivas do estado de espírito como
informação (Schwarz, 2001) e do estado de espírito como resposta evolutiva às
necessidades do ambiente (Nesse, 2000). Apenas na medida cinestésica ambos os
grupos tiveram resultados iguais.
Forgas (2002) mostrou que indivíduos em estado de espírito positivo são mais
directos, indelicados e formulam pedidos menos elaborados que os sujeitos em estado
de espírito negativo quando confrontados com uma situação em que é necessário
formular um pedido a outra pessoa. Este estudo demonstrou também que os sujeitos
em estado de espírito negativo são mais hesitantes e demoram mais tempo a efectuar
o pedido que os sujeitos em estado de espírito neutro ou positivo.
38
1.
otimismo não se reflectia nas suas decisões. Segundo a análise dos investigadores isto
deve-se ao facto de o afecto positivo fazer com que a regra de decisão se altere. A
regra usada comummente está ligada à consideração única das probabilidades como
base para a decisão, enquanto quando em estado de espírito positivo os participantes
focam-se no resultado numa perspectiva de ganho ou perda apenas.
Este estudo vem assim procurar estudar de que forma o estado de espírito
influencia o comportamento de ambos os jogadores no Jogo do Ultimato. Como se
pode observar pela revisão de literatura associada ao JU e ao estado de espírito, são
vários os factores envolvidos na tomada de decisão por parte do Proponente e do
Receptor e várias as formas de influência potencial do estado de espírito. Os factores
mais salientes para este estudo são: o risco envolvido na decisão, no caso do
Proponente o risco de ver a sua oferta rejeitada e no caso do Receptor o risco de a
oferta efectuada pelo outro jogador ser inferior á oferta mínima exigida; o modo de
processamento cognitivo envolvido na decisão, heurístico ou sistemático, sendo que no
caso dos Proponentes, se estes adoptarem um processamento heurístico será
expectável que sigam ou uma regra de divisão equitativa do valor do pote ou uma
regra de maximização do lucro e que não processem exaustivamente a situação,
dando menos importância a uma possível rejeição da oferta e se adoptarem um
processamento sistemático será expectável que orientem a sua decisão no sentido de
garantirem algum ganho com a situação tendo assim a decisão do outro jogador em
conta. No caso dos Receptores, um processamento heurístico terá tendência a seguir
também a regra de divisão equitativa ou do maior ganho absoluto possível e um
processamento sistemático dará origem a uma decisão que já tem em conta a oferta
provável do outro jogador.
Assim as nossas hipóteses são de que Proponentes em estado de espírito
positivo efectuam um valor médio de ofertas inferior ao valor proposto pelos
Proponentes em estado de espírito negativo. Para além disso, propomos também como
hipótese que a percentagem de ofertas justas (iguais ou superiores a metade do pote)
será maior no grupo de participantes a quem foi induzido o estado de espírito negativo,
quando comparado com o grupo em estado de espírito positivo, visto estes estarem
mais focados nos valores absolutos e não se centrarem na hipótese de rejeição da sua
oferta.
As hipóteses relativas ao comportamento dos Receptores são de que aqueles
a quem foi induzido estado de espírito positivo efectuam um valor médio de ofertas
mínimas exigidas superior ao valor mínimo exigido pelos participantes em estado de
espírito negativo. Com relação à justiça das ofertas, a nossa hipótese é de que os
40
1.
Receptores a quem foi induzido estado de espírito positivo serão mais exigentes, tendo
assim uma maior percentagem de ofertas mínimas justas que os Receptores em
estado de espírito negativo.
MÉTODO
Amostra
46,8%
27,5%
11,9%
6,4% 7,3%
Material
Cada participante foi aleatoriamente designado para uma das três condições
(estado de espírito positivo, estado de espírito neutro e estado de espírito negativo) e
posteriormente para uma das duas posições do JU (Proponente e Receptor). Desta
forma criou-se um desenho experimental do tipo 3 (estado de espírito positivo, neutro e
negativo) X 2 (Proponente e Receptor).
O processo de indução do estado de espírito foi efectuado através de uma
tarefa de avaliação da qualidade de som e vídeo que exigia o visionamento de 2
excertos de filmes, com duração aproximada entre os 10 e 15 minutos. Estes excertos
tinham sido usados em outros estudos e sido eficazes na indução do estado de espírito
desejado. Os participantes foram instruídos que os dois estudos não estavam
relacionados e que o visionamento dos filmes se destinava a um pré-teste de materiais.
Tentamos desta forma evitar que os efeitos do estado de espírito fossem atenuados
devido à atribuição externa desse mesmo estado de espírito.
As instruções foram as seguintes:
“Bom dia. / Boa tarde.
Gostaríamos de agradecer a vossa colaboração nestas duas investigações.
A primeira está ligada ao pré-teste de alguns materiais vídeo. A segunda é
independente da anterior e tem a ver com a forma como lidamos com
determinados problemas.
Agradecemos que esperem pela instrução de virarem as folhas, e que não as
separem.
Quando terminarem, deixem as folhas com o investigador e podem sair.
42
1.
apenas incentivos hipotéticos. Eles sugerem que o seu estudo parte da assumpção de que
as pessoas têm uma forma de agir especifica naquela situação e que não têm razões para
esconder as suas verdadeiras preferências. Alguns estudos recentes ( Holt & Laury, 2005)
parecem desafiar este argumento, sugerindo que a aversão ao risco aumenta com o valor
dos incentivos quando usado dinheiro real. Apesar disso o uso de cenários hipotéticos já
mostrou ser uma boa ferramenta experimental, associando ao facto de as respostas dos
sujeitos no nosso estudo serem anónimas e por isso não haver hipótese do experimentador
identificar os autores de cada uma das propostas faz-nos ter confiança nos resultados do
estudo.
A quarta e última página era constituída pelas segundas medidas de controlo
que tinham como objectivo confirmar que o estado de espírito se mantinha depois de
efectuada a tarefa.
Resultados
Foram efectuadas uma série de análises estatísticas neste estudo. Para analisar os
dados recolhidos foi usado o programa Statistical Program for Social Sciences, versão 15.0,
(SPSS, 2006).
Este estudo tem como objectivo compreender a influência do estado de espírito no
comportamento dos jogadores no JU.
Para isso calculou-se a média aritmética simples dos valores dos itens de
diferenciação semântica Bem-Mal, Contente-Triste e Positivo-Negativo para cada um dos
participantes e usamos esse valor como medida do estado de espírito, de acordo com
Garcia-Marques (2004).
Para analisar as propriedades do diferencial semântico usado para a mensuração
do estado de espírito, procedeu-se à análise factorial dos seis pares que constituíam o
diferencial, tendo esta análise revelado dois factores principais, um factor comum aos seis
itens do diferencial e um outro factor comum a apenas os itens Bem-Mal, Contente-Triste e
Positivo-Negativo. Procedeu-se depois à análise da consistência interna destes 3 pares que
se mostrou ser elevada (alpha Cronbach = 0.766).
Os valores mais altos da escala são relativos ao pólo negativo dos itens, assim
quanto mais alto o valor de cada participante, mais negativo o seu estado de espírito. As
médias para os grupos que viram os filmes positivos, neutros e negativos mostram que o
grupo com média de estado de espírito mais negativa foi aquele que assistiu aos excertos
44
1.
tristes e o grupo com média do estado de espírito mais positiva foi o que viu os excertos
neutros. A figura 3 resume os dados obtidos para a média do estado de espírito de cada um
dos grupos, antes e depois da tarefa.
4,11 4,11
3,51 3,48 3,36
3,31
Figura 3: Médias do estado de espírito nos 3 grupos (positivo, neutro e negativo) antes e
depois da realização da tarefa.
Tabela 1: Valores dos quartis da variável estado de espírito nos grupos positivo e negativo.
Tipo de filmes
Quartis
Positivos Negativos
1º 2,33 2,67
2º 3,165 4
3º 4,67 5,5
Tendo em conta que quanto mais alto o valor na nossa escala mais negativo era o
estado de espírito do participante, excluímos o primeiro quartil no grupo que assistiu aos
excertos tristes e excluímos o último quartil no grupo que assistiu aos excertos divertidos.
Desta forma procedeu-se à criação, a posteriori, de dois grupos que incluíam os elementos
com estado de espírito mais negativo daqueles que tinham assistido aos excertos tristes,
estado de espírito medido superior a 2,67, e os elementos com o estado de espírito mais
positivo daqueles que tinham assistido aos excertos alegres, estado de espírito medido
inferior a 4,67.
Foram assim criados dois novos grupos que foram testados de seguida para saber
se as médias do estado de espírito são significativamente diferentes. Para isso usou-se o
teste t-student para amostras independentes comparando a média do estado de espírito do
grupo positivo (M = 2.88, DP = 1.2) com a média do estado de espírito do grupo negativo (M
= 4.59, DP=1.26). Os resultados deste teste, t(58)=5,369, p<.01, confirmam que os grupos
criados diferem significativamente com relação às médias do estado de espírito medido.
Daqui podemos concluir que para um nível de significância de 0.05 existem
diferenças significativas entre os dois grupos na variável estado de espírito, dado que
p<.01.
Com o objectivo de verificar se a realização da tarefa tinha impacto no estado
de espírito dos participantes comparam-se as médias do estado de espírito antes e
depois de realizada a tarefa para ambos os grupos. Realizou-se uma anova de
medições repetidas do tipo 2 (positivo e negativo) x 2 (antes e depois). Os valores das
médias da variável estado de espírito, usados na anova de medições repetidas, para
cada grupo antes e depois da tarefa são apresentados no Figura 4.
46
1.
4,59 4,51
2,88 2,83
Figura 4: Médias do estado de espírito dos dois novos grupos (positivo e negativo)
antes e depois da realização da tarefa.
Estado de Oferta
Total
Espírito injustas justas
Feminino 4 11 15
Sexo
Positivo Masculino 0 3 3
Total 4 14 18
Feminino 1 11 12
Sexo
Negativo Masculino 0 2 2
Total 1 13 14
47 1.
Tabela 2: Distribuição do tipo de oferta dos Proponentes por género dos participantes e
por estado de espírito induzido.
injustas
22%
justas
78%
injustas
7%
justas
93%
Tabela 3: Distribuição do tipo de oferta mínima, justa ou injusta, por género dos
participantes e por estado de espírito induzido.
Feminino 1 6 7
Sexo
Positivo Masculino 1 4 5
Total 2 10 12
Feminino 4 5 9
Sexo
Negativo Masculino 3 4 7
Total 7 9 16
As proporções das ofertas mínimas que os participantes dos dois grupos estavam
dispostos a receber, quando divididas pela justiça, justas e injustas, são apresentadas nas
figuras 7 e 8.
49 1.
injustas
17%
justas
83%
injustas
44%
justas
56%
Discussão Geral
situação como problemática ou segura, sendo que se problemática o individuo deve tentar
aproveitar todos os recursos disponíveis e se segura pode tentar maximizar os seus ganhos
correndo mais riscos.
O comportamento dos Proponentes pode então ser explicado da seguinte forma.
Quando em estado de espírito positivo, dão uma maior importância ao valor concreto da
divisão centrando-se no seu ganho e descurando a hipótese de rejeição por parte do
Receptor, daí a maior percentagem de ofertas injustas verificadas nos participantes com
estado de espírito positivo. Por outro lado, quando num estado de espírito negativo, a maior
preocupação é que o resultado final da interacção seja diferente de zero, logo têm em conta
a hipótese de rejeição por parte do Receptor e fazem uma maior percentagem de ofertas
justas quando comparados com os Proponentes em estado de espírito positivo.
Quanto aos Receptores, quando em estado de espírito negativo a sua preocupação
é de que o resultado da interacção seja diferente de zero e devido a isso estão dispostos a
aceitar uma maior percentagem de ofertas injustas que os Receptores em estado de espírito
positivo.
Os Receptores quando em estado de espírito positivo centram-se no valor absoluto
que podem ganhar e apesar de correrem o risco da oferta que lhes foi efectuada ser menor
que o valor mínimo definido por eles, fazem uma percentagem maior de exigência de ofertas
justas quando comparados com os Receptores em estado de espírito negativo.
Estes dados podem então ser interpretados da seguinte forma, os participantes
encaram o processo de decisão como sendo constituído por duas fases, uma primeira em
que apenas os valores em questão são considerados, sem ser tido em conta a decisão do
outro jogador e uma segunda fase em que as acções possíveis por parte do outro jogador já
são tidas em conta. Assim, quando em estado de espírito positivo, os participantes têm
tendência a analisar apenas a primeira fase, centrando-se nos ganhos absolutos possíveis.
Quando em estado de espírito negativo, o processo de decisão estende-se para a segunda
fase em que já são tidas em consideração as escolhas possíveis e prováveis do outro
jogador, o que leva à correcção da decisão inicial, intuitiva, e que procurava unicamente o
ganho máximo.
Estes resultados revelam uma dissociação do efeito do estado de espírito no
comportamento dos Proponentes e dos Receptores. Enquanto o estado de espírito positivo
aumenta a proporção de ofertas injustas efectuadas pelos Proponentes, o inverso acontece
quando o mesmo estado de espírito é induzido nos Receptores, visto nestes diminuir a
proporção de valores mínimos injustos exigidos, estando assim menos dispostos a aceitar
ofertas injustas. O inverso acontece quando induzido um estado de espírito negativo. Os
Proponentes efectuam uma proporção maior de ofertas justas que quando em estado de
espírito positivo e os Receptores estão dispostos a aceitar uma maior proporção se ofertas
52
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62
1.
Anexos
63 1.
MEDIDAS DE CONTROLO
Por favor, preencha o espaço em branco ou assinale com uma cruz por
cima da alternativa correcta.
Idade ______
Descansado 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Cansado
Triste 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Contente
Aborrecido 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Alerta
Bem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Mal
Positivo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Negativo
Tenso 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Relaxado
Questionário Proponente
È dada à pessoa A uma soma de dinheiro para dividir entre ela e a pessoa
B. A pessoa B sabe quanto dinheiro foi dado à pessoa A para dividir, contudo eles
lançamento de uma moeda ao ar. A deve fazer uma oferta a B. B pode aceitar,
ficando assim com a oferta e A com o restante, ou pode rejeitar a oferta, e assim
ambos recebem zero. Note que A apenas pode fazer uma oferta que não pode ser
retirada e B apenas pode dar uma resposta. Por outras palavras, não é permitido
negociar.
Questionário Receptor
È dada à pessoa A uma soma de dinheiro para dividir entre ela e a pessoa
B. A pessoa B sabe quanto dinheiro foi dado à pessoa A para dividir, contudo eles
lançamento de uma moeda ao ar. A deve fazer uma oferta a B. B pode aceitar,
ficando assim com a oferta e A com o restante, ou pode rejeitar a oferta, e assim
ambos recebem zero. Note que A apenas pode fazer uma oferta que não pode ser
retirada e B apenas pode dar uma resposta. Por outras palavras, não é permitido
negociar.
Estatísticas descritivas dos valores médios do estado de espírito dos 3 grupos iniciais
ANOVA para comparação dos valores do estado de espírito dos 3 grupos iniciais
Sum of
df Mean Square F Sig.
Squares
Between Groups 12,411 2 6,206 2,479 ,089
Within Groups 265,390 106 2,504
Total 277,801 108
68
1.
Teste t-student para comparação das médias do estado de espírito nos dois grupos criados
Equal variances
not assumed
5,369 7,867 ,000 1,71167 ,31881 1,07346 2,34988
69 1.
Teste t-student para comparação dos valores médios das ofertas dos dois grupos de
Proponentes em estado de espírito positivo e negativo.
Teste qui-quadrado para comparação das proporções das ofertas dos dois grupos de
Proponentes.
Teste t-student para comparação dos valores médios das ofertas dos dois grupos de
Receptores em estado de espírito positivo e negativo.
Teste qui-quadrado para comparação das proporções das ofertas mínimas dos dois grupos
de Receptores.