Last Dance

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Caro Conrad, sinto lhe informar, mas amanh o ltimo dia da sua vida... E a o que pretende?

? Pretendo em relao a que? Ao seu ltimo dia, porra! Pretende fazer o que? Bater nums desafetos? Tomar todas? Amar uma mulher sensacional surr-la e depois dirigir em alta velocidade em direo a um muro ou uma rvore? Diz a... No, nada muito extravagante. Meus desafetos no moram aqui e at eu viajar e pesquisar onde esto, morro. Tomar todas? Pra no ter direito nem a ressaca depois? E bater com o carro numa rvore? Acho que rvores tm problemas demais pra lidar... Se bobear eu faria umas ligaes... Agradeceria me e pai e ligaria pra Gabi tambm... Mas no pra dizer que a amo, isso ela t cansada de saber, acho que contaria pra ela na medida como ela pode ser insuportvel de vez em quando, e de como ela me faz mal sem saber, ou talvez ela saiba, e esteja esperando eu fazer meu movimento de novo s pra ela inflar aquele ego infantil, e falar pra mim dobrando a cabea e fazendo charme: " Ah Con, querido, quem sabe no futuro?" Mas no vai ter futuro pra ela dessa vez, afinal eu no terei futuro algum, se um dia tive. Pensando bem, doutor, esse meu ltimo dia no vai ser muito diferente de qualquer outro, afinal no espero mesmo muita coisa do dia seguinte antes de terminar o de hoje... Mas diga-me, vai doer muito no fim? Nem tanto, s uma pontada forte no peito e pronto. Voc nem vai ter tempo de dizer as ltimas palavras, talvez v ter um ltimo pensamento, sei l. J at imagino qual vai ser, doc... E qual seria? Ora, aprz moi, le deluge*, caralho! E a as luzes se apagam.

* Depois de mim, o dilvio, em francs.

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