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Câmara Municipal da Nazaré

NUT 16B – Bloco 003 e 004

1. Introdução
O projecto "Coastwatch Europe", pretende alertar para os principais
problemas do litoral, através da sua observação directa, nomeadamente aqueles
que resultam da ocupação humana ao longo de várias gerações, intensificada nas
últimas décadas do século XX. Desde o seu aparecimento, o projecto Coastwatch
deixou de ser apenas a recolha de informação e monitorização do litoral, para
abranger outras áreas desde a consciencialização, educação ambiental ou ao nível
da participação pública nas decisões que têm a ver directamente com as zonas
costeiras.

Em Portugal, a coordenação está a cargo do Grupo de Estudos de


Ordenamento do Território e Ambiente, GEOTA, integrado no Grupo de Trabalho do
Meio Marinho. O GEOTA conta com a estreita colaboração de várias associações e
entidades como coordenadores regionais. As várias áreas do litoral são atribuídas a
estas entidades locais que asseguram normalmente a coordenação das equipas no
terreno e os recursos humanos e materiais necessários à operação, nas respectivas
zonas.

Por comungar com todas as preocupações ambientais e de risco para o litoral


assim como o aumento da consciencialização para a necessidade de uma maior
participação pública tanto na educação ambiental como na decisões que tem
directamente a haver com o litoral, a Câmara Municipal da Nazaré decidiu participar
como coordenador regional no projecto Coastwatch em 2007/2008 e continuar no
ano 2008/2009.

Assim, a Câmara Municipal da Nazaré, mantêm a coordenação de dois


blocos, o bloco 3 e o bloco 4, inseridos na NUT 16B, pertencentes ao concelho da
Nazaré pelo segundo consecutivos. Esta coordenação só foi possível com a
participação de vários grupos que contribuíram para a implementação do projecto.
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Para além de muitos outros objectivos, este projecto visa também contribuir
para a implementação da Agenda 21 Local, permitindo deste modo o
desenvolvimento sustentável global, onde todos os cidadãos participam a nível local
de acordo com seu papel na sociedade. Ao longo desta iniciativa, cada participante
tem a possibilidade de contribuir efectivamente para a implementação da Agenda 21
Local, interessando-se pela problemática litoral da nossa região e permitiu o
envolvimento e reflexão conjunta de soluções sustentadas. A formação de pessoas
conscientes e preocupadas com o ambiente estimula o conhecimento, a adopção de
novas atitudes e comportamentos, a motivação e o compromisso para trabalhar,
individual e colectivamente, em busca de soluções para os problemas ambientais
existentes e para prevenir novos problemas.

“Obriga a ter consciência de que a nossa responsabilidade vem não só da nossa


acção, mas também da nossa inacção.”

Deste modo queremos agradecer a todos os que colaboraram connosco.


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2. Participantes
A implementação do projecto Coastwatch 2008/2009 só foi possível com a
participação e colaboração de várias entidades. As acções programadas foram
distribuídas pelas unidades atribuídas à coordenação pela Câmara Municipal da
Nazaré, do seguinte modo:

 Bloco 3 - Praia do Norte


o Escola Básica 2+3 Amadeu Gaudêncio, turma do 8º Ano (24
participantes)
o Externato Dom Fuas Roupinho, turmas do 6º Ano (24 participantes)
 Bloco 4 – Praia da Nazaré e Praia do Sul
o Externato Dom Fuas Roupinho, turmas do 10º Ano (24 participantes)
o For-Mar – Núcleo da Nazaré, Curso de Técnico de Transformação de
Pescado (11 participantes)
o Clube de Amigos do Bairro Social (4 participantes)
o Universidade Sénior da Nazaré – Disciplina de Educação ambiental (8
participantes)

3. Análise do Questionários
A partir da análise de 20 inquéritos, obteve-se um conjunto resultados que
optamos por apresentar sobre a forma de gráficos. Os inquéritos foram tratados e
representada a informação graficamente.
Ao longo da costa do concelho da Nazaré, foram monitorizados cerca de 10 Km
ao longo do mês de Dezembro, Janeiro e Fevereiro. Duas das unidades de 500m
apresentam-se inacessíveis e interdito o seu acesso por razões de segurança, uma
vez que existe risco de queda de blocos nas arribas do Promontório do Sítio da
Nazaré.
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1. Inquéritos por entidades

Entidades participantes e respectivas unidades atribuídas para as acções:


Externato Dom Fuas Roupinho (11 Unidades),
For-Mar – Núcleo da Nazaré (2 Unidades),
Clube dos Amigos do Bairro Social (1 Unidade),
Universidade Sénior (1 Unidade)
Escola Básica 2+3 Amadeu Gaudêncio (5 Unidades).

Nº de inquéritos por participante

Escola Básica 2+3 Amadeu


1 1 Gaudêncio
5
2 Externato Dom Fuas Roupinho

For-Mar

Clube de Amigos do Bairro Social

11 Universidade Sénior da Nazaré

Fig. 1. Percentagem (%) de inquéritos por entidades participantes


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2. Conhecimento do Local

Pelo que analisamos cerca de 75% dos participantes têm um bom


conhecimento dos locais visitados, ao passo que a percentagem de quem visitou
pela primeira vez as unidades é de cerca de 25%.

Conhecimento do local

25%

bom
regular
0% 1ªvisita

75%

Fig. 2. Percentagem (%) do nível de conhecimento do local dos participantes.

3. Análise Geral dos Blocos

A região da Nazaré é caracterizada por uma vincada divergência entre os troços


litorais a norte e a sul do Promontório da Nazaré.
Se a norte nos deparamos com um troço de praia larga e sem grandes
problemas de erosão costeira, a sul as praias apresentam uma estreitíssima faixa
arenosa e uma taxa de recarga sedimentar francamente insuficiente. Ao nível da
pressão urbanística, é no bloco 4 que esta se faz mais sentir, sendo o bloco 3
constituído por unidades sem grandes problemas ao nível das actividades
antrópicas. Grande parte do bloco 3 é formada por praias sem arribas rochosas,
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Para norte do efeito armadilha do Promontório, as praias da Falca e da Légua já
voltam a apresentar um nível de erosão bastante preocupante.
O bloco 4 apresenta características físicas e morfológicas bastante
diversificadas. Duas das unidades apresentam-se parcialmente interditas por risco
de queda de blocos, uma das unidades a sul é praticamente ocupada pelo Porto de
Abrigo, pelo que a caracterização geral se torna relativamente complexa.
É no bloco 4 que vamos encontrarmos maiores declives de arribas rochosas,
o Promontório do Sítio da Nazaré forma uma arriba que chega a atingir os 110m de
altitude, e a maior parte da costa artificialidade de todo o concelho, uma vez que é
aqui que se localiza a zona ribeirinha da Nazaré, assim como o Porto de Abrigo.

É nas arribas rochosas do Promontório da Nazaré que iremos encontrar a maior


diversidade de organismos marinhos intertidais dos dois blocos. Organismos como
anémonas, anelídeos, lapas, mexilhões, perceves, caranguejos, cracas, cabozes,
estrelas e ouriços-do-mar, algas verdes, algas calcárias, bodelhas, entre muito
outros. No entanto, é neste bloco 4, que mais vamos encontrar factores de risco e de
degradação ambiental, como sinais de erosão costeira, forte pressão turística, perda
de qualidade ambiental. É também neste bloco se registou a maior parte dos
resíduos e poluição encontrados e registados pelas entidades participantes. A zona
envolvente ao Promontório da Nazaré, as unidades 3 e 4 do bloco 4, está interditas
pelo INAG, pelo que não foi possível realizar nenhuma campanha nestas unidades.

Uso do solo

0%
17%
sapal
39%
pastagem
culturas agrícolas
floresta
matos
zona urbana
44%

FIg 3. A ocupação do solo na zona interior contígua, por unidade.


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4. Quantidade dos diferentes tipos de resíduos

Neste 2º ano de coordenação da Câmara Municipal da Nazaré continuamos a


detectar quantidades impressionantes de resíduos nas praias. A maioria desses
resíduos são trazidos pelo mar, de detritos flutuantes ou trazidos do fundo marinho
com as correntes marinhas em dias de tempestade.
O que foi mais evidente foi a maior quantidade de animais mortos, arrojamentos,
do que em comparação com ano anterior, fundamentalmente cetáceos. A grande
quantidade de artes de pesca faz-se sentir em ambos blocos, mas a grande maioria
dos resíduos encontrados são embalagens de plástico, vidro e papel ou cartão. É
curioso identificar resíduos que surgem claramente da actividade piscatória típica
desta região, como sejam as lâmpadas fluorescentes, que são utilizadas na pesca
do Candil, que surgem nas praias a sul do Porto de Abrigo. A presença de alcatrão e
óleo é pontual contrastando com a presença quase constante de esferovites e
similares.
Salienta-se o facto de que a unidade 3 e 4 do bloco 4, apresenta os valores que
foram possíveis identificar na zona de praia abrangida.

Conclusões
O Município da Nazaré, em conjunto com todos os participantes, reconhecem
a importância deste projecto, permitindo a todos desenvolver as suas capacidades
de observação e registo, e através do seu contacto com a realidade local, reforçar a
sua ligação ao território melhorando o conhecimento sobre o nosso Concelho.
A participação activa foi bastante satisfatória, foram envolvidas várias
entidades que corresponderam em grande medida às nossas expectativas. A
contribuição destas entidades foi extremamente importante e bastante estimulante,
uma vez que nos permite continuar a pensar manter a excelente relação de trabalho
e cooperação que se consegui nestas actividades.
Concretizadas estas acções podemos concluir que nem os coordenadores
nem os participantes olharão para o litoral da mesma forma. Através destas
actividades podemos adquirir uma experiência e uma sensibilidade da realidade da
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nossa zona costeira de uma maneira muito intensa. Nem que seja só por isso valeu
a experiência e o tempo que dedicamos nestas acções e na coordenação deste
projecto. O contacto directo com a realidade local permitiu potenciar uma mudança
de atitudes face às problemáticas do litoral.
Este ano contamos também com a participação da Universidade Sénior, que
nos despertou para um público-alvo diferente mas igualmente interessado e
surpreendido com o que se pode encontrar nas praias fora do período balnear. E
que com mais apreensão reflectiu sobre a poluição e a interferência antrópica na
Natureza.
Este ano, reforçamos a ideia de que esta actividade pelo seu carácter prático,
de simples concretização e de pouca manipulação, apresenta um potencial
pedagógico sem comparação com outras. O confronto com uma realidade, que em
contexto de sala de aula parece distante, torna este tipo de actividades
extraordinariamente eficazes na percepção dos danos que o Homem tem provocado
na natureza, e contribui para a ideia de que o que os nossos acto também podem
prejudicar profundamente o ambiente e que as atitudes cívicas e ambientais podem
efectivamente contribuir para a qualidade do ambiente e para a melhoria das
condições ecológicas.

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