Você está na página 1de 102
ia Universidade Catélica do Parana PATRICIA LUPION TORRES ATENGCAO E APRENDIZAGEM Dissertacio apresentada como requisito parcial para obtencio do grau de Mestre em Educagio Area de Concentragio: Pedagogia Universitaria. N.Cham. Dls 378 T693a 1995 Titulo: Atencao @ aprendizagem Autor: TORRES, Patricia Lupion ONION 00120592 Curitiba 1995 Ex.1 PUCPR — BC SUMARIO INTRODUGAO CAPITULO I - PSICOGENESE DA ATENCAO.. . 03 NOTAS BIBLIOGRAFICAS CAPITULO II - A PROCURA DE UM CONCEITO DE ATENCAO.14 NOTAS BIBLIOGRAFICAS ... 23 CAPITULO III - FATORES DETERMINANTES DA ATENCAO.... 26 NOTAS BIBLIOGRAFICAS ...... 2.0.00. e cece eee uses ees 40 CAPITULO IV - PATOLOGIAS DA ATENCAO NOTAS BIBLIOGRAFICAS.... CAPITULO V - RELACAO ENTRE ATENGAO E APRENDIZAGEM.. 54 CONcLUSiO Pee eet erat paeeeer eee eeeeee Be REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .. ANEXOS ..... 97 INDRODUGAO A investigagdo da atengao constitue uma das etapas de maior interesse na exploragéo neuropsicolégica, pois a mesma se diferencia de outros processos psiquicos - como a percepgdo, a meméria, o pensamento, - j& que néo constitue por si mesma uma forma de atividade psiquica, sendo que participa da organizagéo dos outros processos. Como se sabe, a atengdo tem a dupla caracteristica que faz com que ndo s6 se oriente até um objeto determinado, dado a eleicao do sujeito, sendo também devido as parficularidades e qualidades do objeto. N&o obstante seria erréneo considerar que estas propriedades séo intrinsecas ao objeto, ou ao sujeito pois realmente esta orientagéo € dada devido a relag&o sujeito - objeto ou objeto - sujeito Ao levantarmos as consideragdes acima citadas, fica claro que a atengio € uma condicéo necesséria para a aquisig&o de conhecimentos, e a execugdo efetiva de determinada atividade. © presente trabalho pretende discutir a questéo de atencao, no Ambito daqueles que trabalham no campo da educacao. Preocupamo-nos em esclarecer se a atengéo interfere na aprendizagem e de que forma isso acontece. No primeiro capitulo procuramos estudar a psicogénese da atencdo, afim de compreender tal fenémeno, sua origem, sua natureza, sua duragéo e seu grau de focalizacéo. Percebemos aqui que existem dois tipos de atengdo: a voluntéria e a involuntéria sendo as mesmas de origens distintas No segundo capitulo procuramos conceituar o fenémeno atengéio, visto que s& diversos os pontos de conflito entre os conceitos propostos pelos varios autores que o estudaram. A revisdo bibliografica sobre o contetido do terceiro capitulo mostra-nos que s&o diversos os fatores determinantes da atengéo. Constatamos que esses fatores se interligam, se completam e influenciam direta ou indiretamente no fenémeno atengdo. Julgamos importante ao continuarmos a reviséo bibliografica desenvolvermos um quarto capitulo no qual estudariamos as patologias da atencéo, para discutirmos a questo também no ambito daqueles que trabalham na 4rea de disturbios de aprendizagem. Constatamos que ai também existem diversas classificagées que Sra se completam, ora se antogonizam. Procuramos, também através de pesquisa de campo, Gesenvolvida em escolas da rede particular, municipal e estadual de ensino, com criangas de terceira série de primeiro grau, determinar jal o grau de influéncia desse fenémeno, no processo ensino aprendizagem. No capitulo quinto apresentamos o projeto de pesquisa, “xpondo objetivos, varidveis, amostra, instrumentos, técnicas de coleta e tratamento estatistico dos dados, andlise de resultados e conclusées finais de pesquisa. No sexto capitulo elaboramos uma sintese das conclusées desse trabalho. cAPfTULO T - PSICOGRNESE DA ATENCKO Consideramos © fenémeno da atengéo como essencial ao proceso de desenvolvimento do indiuidue. Simone Ramain afirmava que "...6 pela ateng&o que o individuo se nutre ae ) realidade..."(1) Sob esta 6tica, a atenco passa a ser aspecto primordial Para a sobrevivéncia e a propria integrac&o do individuo ao grupo a que pertence. Para que possamos compreender e analisar de forma adequada a atenc&o no individuo, necessitamos conhecer sua génese, estudando tal fenémeno desde sua origem. Todo estado de alerta nasce em um primeiro momento da necessidade, esta entendida como falta de algo, caréncia, privagao. Tal necessidade pode ser de origem-priméria: a sede, por exemplo. Falta 4gua no organismo e o individuo vivencia a experiéncia da Recessidade sentida e o desejo de sua satisfacao. Claude Bernard, fisiologista do séc. XII, afirmou que todo Sex vivo possui um meio ambiente interno que necessita permanecer em Squilfbrio(2). Walter Cannon, fisiologista do inicio do século xx, ‘plica o terme fomeostasé) para essa manutencdo de condigées de equilfbrio. Quando ocorre © desequilibrio, cria-se no indiyiduo uma necessidade que precisa se suprida para que possa ser restabelecido © equilibric ideal. (3). Tal necessidade gera um impulso que tem como alvo a supresséo de um estado tensional (de tensdo). Esse impulso é a forga motriz que leva o organismo a tender para um determinado alvo, nesse caso a satisfacéo de uma necessidade fisiolégica A motivagdo surge, entaéo, na seqiéncia da busca desta satisfagao. Jé na sua origem latina "movere, motum*, a palavra significa "aquilo que faz mover". A motivagéo é, pois, o que faz o individuo persistir em determinada direcdo para superar as tensées geradas pelas pulsées e necessidades. & o que leva o individuo a agir ou colocar-se em movimento. Nesse momento, surge o reflexo de orientagéo determinado pelo estado de alerta, uma resposta fisiolégica, para a busca da supressao do desequilibrio homest&tico. No estado de alerta, todo o organismo responde a qualquer estimulo, sintonizando o sistema receptor adequado. Ocorrem, entéo, varias adaptagées do individuo para a melhor Percepgéo dos estimulos: a cabega move-se para facilitar a audigao € a visdo, diminui o movimento do corpo para aumentar a acuidade visual e reduzir ao ruidos desnecessarios. Ocorre, também, uma série de alteragées fisiolégicas que surge como resposta a essa situagdo. PORGES, citando Lynn, afirma que algumas das respostas fisiolégicas ao reflexo de orientag&o sao -+."Por exemplo, a pupila dilata-se a atividade do EMG (eletromiograma) aumenta e o E.E.G.reflete um padréo de vigilia (i. e., amplitude mais \ répida e mais baixa),ocorre a vasoconstrig&o dos membros, a vasodilatagéo da cabega, aumenta a atividade eletrodérmica(i.e., o ESR), muitas vezes a atividade respiratéria é suprimida, seguindo-se a um aumento da amplitude e 4 diminuig&o da freqiéncia; a fregiéncia cardiaca diminui no inicio, porém é muitas vezes seguida de um aumento.” (4) Verificamos, pois, que o estado de alerta 6 0 que permitiré ao individuo perceber 0 estimulo _essencial que 0 ~~ conduzira satisfagio de sua necessidade pasica. Temos, aqui, a ateng&o como conseqiiéncia desse processo de busca de equilibrio, em que o individuo esta predisposto a perceber est imulos externos desencadeadores de respostas fisiolégicas que o levarao a alcangar seu objetivo. Para tornar mais claro essa explana¢éo sobre a psicogénese da atencdo, julgamos necess4rio mostrar em um grafico a seqiéncia de seu desenvolvimento, cuja representagao € a seguinte: Desequilibrio homeostatico Necessidade — prim4ria Impulso Motivagao Alerta Atengao Seguindo com nossa reflexio sobre a psicogénese da atengo, € preciso desenvolver outro estudo, demonstrando que a atengéo nfo nasce de uma necessidade priméria, mas sim de uma necessidade secund4ria. Temos, entdéo, a seguinte representacéo grafica: Desequilibrio Psicossocial Necessidade secundaria Impulso de 2* ordem Motivacao social Atengdo voluntaria ou aprendida A necessidade secundaria é socialmente aprendida: alfabetizar-se, por exemplo. Nossa sociedade gira em torno de individuos alfabetizados; portanto, faz-se necessaria dominar um cédigo escrito para integrar-se socialmente © individuo nao alfabetizado encontra dificuldade para executar as tarefas mais simples da vida cotidiana: pegar énibus cu metré, ler placas informativas, consultar uma lista telefénica ou um card4pio, verificar antincios classificados de emprego, etc. Essa situagio gera uma necessidade secundéria que, por sua vez, gera um impulso de segunda ordem, onde a necessidade imposta Pelo grupo social e aprendida pelo individuo leva-o atender para um determinado alvo ou objeto especifico (no caso, aprender a ler) © individuo precisa desenvolver um comportamento que lhe pernita satisfazer sua necessidade. 0 estado de tenséo, gerado por fatores pulsionais, motiva 0 individuo e o impele a agi com esforgo e um certo grau de intensidade. Temos, af, © papel da motivacdéo. # ela que leva o sujeito a buscar alcangar determinado objetivo e justifica psicologicamente o dispéndio de energia fisica ¢ mental em fungo de sua escola de valores. Temes, nesse caso, a atengao voluntéria, que implica um esforco e empenho e que pode se manter com maior ou menor facilidade em fungio da forga motivadora. interessante, ainda, para darmos continuidade a esse estudo, estabelecermos alguns critérios para a classificagao do fenémeno da atengéo. Para tanto, propomos outro esquema, no qual a atencéo & estudada segund 1) Sua origem: a) primaria, b) secundaria. 2)Sua natureza: a)biolégica, b)psicolégica, c) social. 3) Sua duragdo: a) imediata, b) mediata. 4) Seu grau de focalizagao: a)difusa, b) concentrada. 5) Sua origem psiquica: a) involuntéria, b)voluntéria. Nesse esquema, colocamos em primeiro lugar a génese da atengao, podendo ser a mesma de origem primdria ou secunddria, como vimos anteriormente. RRR aa gm seguida, consideramos que a aten¢&o pode ser estudada segundo sua natureza, —_ podendo ser de ordem biolégica, de vez @ nasce de um estimulo endégeno, provocado por um desequilibrio qu homeostatico, sendo, portanto, de origem prim4ria. Sua natureza pode ainda ser de ordem psicolégica, vale dizer, a forca propulsora encontra-se nos fatores emocionais. vemos, af a psique interferindo no fenémeno da aten¢ao, como © medo, por exemplo: o individuo encontra-se sozinho em um jugar ermo, conhecido como zona perigosa. A necessidade (instinto) de sobrevivéncia gera um impulso de superagdo do estado tencional, motivando a busca de seguranga. © organismo sofre uma série de alteracdes fisiolégicas, estas provocadas pelo excesso de adrenalina =e pelas respostas ao reflexo de defesa. Tal reflexo descrito por ScKOLOV (5), € responsével pelo aumento das limiares de percepgao e pelo controle do imposto do estimulo sobre o organismo, que o levaré a buscar respostas. Como consegiiéncia, o sujeito entra em estado de alerta para garantia da manutencdo de sua vida, tornando-se atento a todo e qualquer rufdo, movimento, ou qualquer espécie de estimulo que possa colocar em risco sua sobrevivéncia. J& em relagéo a curiosidade, outro fator de natureza Psicolégica, o estado de alerta nasce da necessidade que o individuo tem de informar-se, de conhecer, de ver, enfim, de aprender. Tal necessidade gera um impulso. © individuo, entdo, encontra-se motivado para dispender energia, em busca da satisfag&o de sua curiosidade. Nesse momento, observamos 0 fenémeno da atengéo voluntéria- Se compararmos esses dois exemplos, o medo e a curiosidade, verificaremos que, no primeiro, a atengio é de origem primaria e, no segundo, a atencdo é de origem secundaria, embora os dois sejam de natureza psicolégica. Em relago a essa quest&o, devemos considerar também aye a natureza da atengéo pode ser também de ordem social. Nesse caso, ela nasce de uma necessidade socialmente aprendida, provocada por um desequilibrio psicossocial, sendo, pois, de origem secundaria. Na medida em que damos seqiiéncia a este estudo, verificamos que o fenémeno da atenc&o modifica-se em fungo da sua duragdo, que pode ser imediata ou mediata. A atengao imediata 6 de curta dura¢&o, podendo ocorrer em resposta a um estimulo forte e inesperado (como um homem nu, durante uma sessio no Congresso Nacional), ou em resposta a um breve interesse do individuo (como, por exemplo, assistir a uma implosdo) A atengao mediata, por sua vez, € de longa duracao e implica uma aplicagao refletida de uma atividade mental sobre um ou mais estimulos ( como, por exemplo, ao assistir a uma aula). Além disso a atengao pode ser estudada em fun¢do de seu grau de focalizacaio: difusa ou concentrada. Na ateng&o difusa o individuo permanece atento a uma série de estimulos ao mesmo tempo, sem que haja o privilégio de um sobre o outro. Alguns pesquisadores afirmam que a atengao difusa 86 é possivel em algumas situagdes, limitadas a determinadas pré- condigSes. Embora o individuo seja capaz de executar varias tarefas ao mesmo tempo, s6 determinadas tarefas permitem que assim aconteca. & possivel conversar, dirigir e estar atento ao traénsito ao mesmo tempo, mas € impossivel resolver um problema matem&tico complexo ao Mesmo tempo em que escreve uma carta. Portanto, a atengdo difusa depende dos recursos exigidos pelas tarefas a serem executadas. No nosso dia-a-dia, em conseqiéncia de treinamentos, habitos © condicionamentos, utilizamo-nos freqlientemente dessa forma de atengiio. 0 excesso de estimulagdo no qual somos expostos diariamente Namen determina um predominio, da atencéo difusa sobre a joncentrada. Na aten¢iio concentrada o individuo seleciona determinados stimulos para tornd-los objeto do seu conhecimento, enquanto gse mesmo conhecimento. Essa focalizagdo de tarefa pode acontecer de maneira facil “ou dificil. No primeiro caso o individuo encontra-se apaixonado pelo tema, ou mesmo bastante interessado e, portanto, apresenta um alto segundo caso, o individuo, por determinadas razdes, € obrigado a “manter sua atengdo concentrada em um determinado estimulo. 0 que observamos aqui, é que o fator determinante da atencao € externo, e, Quando a sua origem psiquica, a atengao pode ser Ninvoluntéaria ou voluntéria. © fenémeno da atencdo involuntaria, orca do estimlo, como, por exemplo, o som de uma batida de mitoméveis. Essa forma de ateng&o existe no individuo quase que ermanentemente e, nesse caso, a estrutura do campo perceptivo é tal, que somos levados a selecionar um estimulo que se destaca como objeto do fundo constituido pelo conjunto do campo" ( 4 ) © individuo permanece mais ou menos em um alerta constante, rovecado pelo seu instinto de sobrevivéncia, que o leva a uma aptago e andlise constantes do mundo que o cerca. A esse tipo atencao correspondem fenémenos tais como a estupefacéo, a ebsessio e a fascinagdo, etc. Na atengdo voluntaria a forca do estimulo soma-se a uma ago _ deliberada, do individuo que aprende o objeto ou situag&o para sobre ele atuar intelectivamente. Ela implica uma aplicagdo ativa do 10 TUTE ERE RRERERRE RRR EEE ERAS jndividuo sobre 0 objeto e, nesse, caso, néo so somente as caracteristicas do campo perceptivo que determinam, mas também as motivagées do individuo. Consideramos importante salientar que essa classificagdo em 5 fatores 6 importante para a compreensio do fenémeno atengdo, de forma académica, embora nao possamos deixar de considerar que se trata de uma classificacdo complexa, j4 que os itens estudados se interligam como que, em uma rede. Muitos autores nos guiaram na sintese das idéias explanadas neste capitulo. Cabe-nos indicar os mais importantes: Raskin (7), Brunner (8), Oswal (9), Mackworth (10), Rosa (11), Inhelder (12), Mussen (13), D/Andrea (14), Campos (15) e Teles (16) 1 NOTAS BIBLIOGRAFICA “{01)SIMONE, © Ramain (citagéo anctada em palestra proferida no colégio Nossa Senhora de Sion de Curitiba, em 1972). {o2)DELAY, J. & Picochot, P. Manual de Psicologia. Rio de Janeiro, _Guanabaré Kougan, 1973, p. 67. (03)1d. ibid. p. 67. _ (04)STEPHEN, W. PORGES, Ph D, Correlativos Fisiolégicos da Atencio "Un Processo Central Subjacente aos Distirbios do aprendizado. GID III SII IIITFTSSCTEFEEEC EEDA (simpésio sobre Disttrbios de Aprendizagem ). Illinois, Pediatr. Clin. North am, 1984, p. 389. York, Macomillam, 1963, p. 370. (05)SoKoLov, B. (06)DELAY, J. & PICHOT, P. op. cit. p. 217. (07) RASKIN, L.A. et alii. Correlativos Neuroguimicos do Déficit de Atencio (Simpésio sobre Disttrbios de Aprendizagem). Illinois, Pedriatr. Clin. North Am., 1984, p. 405. (08) BRUNER, Jerome, O processo da Educacdo. Sao Paulo, Bd. Nacional, 1978, p.65. 12 09) OSWALD, Jan, Le Sommei] ct La Vielle. Paris, Presse jversitairs de France, 1966, p. 77. Jao) MACKWORTH, Jane, Vigilance and attention . Baltimore: Penguim oks, 1970, p. 56. (11) ROSA, Merval Problemética do Desenvolvimento Petrépolis, Vozes, p. 103. a2) INHELDER, B. & Piaget, J. A psicologia da Crianca do nascimento Lisboa, Moraes Editores, 1979, p. 11. (23) MUSSEN, P. Desenvolvimento Psicolégico da Crianca. Rio de Ganeiro, Zahar, 1973, p. 67 (a4) D/ANDREA, F. Desenvolvimento da Personalidade. sao Paulo, Difel, 1984, p. 42. a5) CAMPOS, Dinah. Psicologia da Aprendizagem. Petropolis, vozes, M975, p. 15. (is) TELES, Antonio. Psicologia Moderna. Séo Paulo, Atica, 1977, p. 13 CAPETULO II - A PROCURA DE UM CONCEITO DE ATENCKO No capitulo anterior, vimos a origem do fenémeno atengéo. Observamos entdéo que tal fendmeno € extremamente complexo, tornando-se patente a importaéncia de prosseguirmos com esse estudo. A revis&o bibliogréfica sobre o contetido desse capitulo permitiu-nes constatar que os conceitos existentes sobre ateng&o diferenciam-se em diversos pontos. Esse fato determinou a necessidade de esclarecer 0 que devemos entender por “atengao" , fulero central do nosso trabalho de pesquisa. © termo atengdo é usado em varios sentidos, ou seja, em fungio da &rea de conhecimento que dele se apropria, bem como vérias definicdes tém sido apresentados por _ pesquisadores diversos. Assim, 6 importante estabelecermos a concepcdo a ser adotada neste trabalho a partir da andlise das definigdes que, aseguir, s&o analisadas. Consideramos pertinente iniciar pela etimologia da palavra na sua forma latina: ” Atentié, Onis Cattenddj, f£. 1. Atengéo Aplicagio; esforgo. 2. Cuidado attends ou ad tendS, tendi, tentum. 3,tr. 1. Estender para; dirigir para 2. Prestar atengdo a; estar atento atender. 3. Pensar; © cuidar de; tratar de.*(1). 14 Observamos, neste conceito, que a palavra = “aten¢ao” ligada a atitude que o individuo deve ter frente a um gulgamos procedente, também, apresentar a definicdo de atengéo tal como é entendido em outras culturas que néo a de jingua portuguesa. No alem&o, conforme tradugéo feita, atengéo é entendida ” RA capacidade de compreender; adquirir as percepgdes dos sentidos; o direcionamento de todos os pensamentos a uma dnica coisa.“(2)* Nesta cultura, verificamos que a palavra atencéo esta relacionada aos mecanismos responsaveis pela relagéo entre a atividade intelectual. aparece, também, a idéia de orientag&o ligada ao processo da atengao. No italiano vemos esta tradugdo sobre atengéo, assim exemplificada em obra lexicogréfica: ” Intensa concentragéo do senso e da mente em torno de um determinado objeto; fazer prestar, estar atento."( A tradugdo 6 nossa.) (3). Na cultura italiana constatamos que a idéia de atengao aparece intimamente ligada & no¢&o de concentracéo, sendo sempre um processo intelectivo. Esse conceito remonta sua origem latina, quando se utiliza das expressées: “fazer prestar” e “estar atento” Dicionario do francés diz-nos que: “Atengéo é a ag&o de fixar seu espirito em qualquer coisa. * ( A tradugéo 6 nossa ) (4) Aqui, a preocupagéo filoséfica é relacionar o espirito como © responsével pela atividade da atenco, espirito no sentido de razéo, raciocinio, mente, inteligéncia. Sendo assim, a aten¢&o, na cultura francesa, também € um processo intelectivo. 15 CORR 0 dicionario de espanhol traz esta explicagao sobre atengao: "ago de atender. Cortesia, urbanidade, demonstragéo de respeito e obséquio. Atengdo! interj. Se usa para que se preste especial atengZo ao que se vai dizer ou fazer.” (A tradugdo 6 nossa ) (5) Nessa cultura, a palavra atengéo esté mais ligada ao comportamento social desejado e a atividade esperada frente a determinada situacdo. dé na lingua inglesa, de acordo com tradugdo feita, temos: atengiio denota processo mental dentro de virtude de que algo se torna objeto de conhecimento do todo, em comparagéo com a multiddo de estimulos que nunca percebe o ingresso dentro do conhecimento, apesar deles estarem intimamente ao alcance do observador.™ (A tradugdo é nossa ) (6) Na cultura inglesa observamos que 0 conceito de atengdo esta mais ligado ao processo de selegio de estimulos, em que alguns sao previlegiados pela mente, enquanto outros permanecem periféricos ao conhecimento. Por outro lado, uma pesquisa em dicionério e livros técnicos especializados na drea de Psicologia, também se fez necessdria, a fim de corroborar, ou ndo, as conceitualizagées anteriormente tratados. Para DORIN, atengao é a ”.., variavel interveniente inferida pela postura do individuo, a qual consiste na acomodagio do equipamento sensorial a um ou mais estimulos visando uma excitagio 6tima.™ (7) Tal conceito coleca a atengado como um processo meramente sensorial, no qual os 6rgaéos do sentido tornam-se os grandes responséveis pelo seu desempenho. 16 Em duas obras de CABRAL, sendo que em uma o referido autor, trabalhou em parceria com NICK, vemos o seguinte conceit "Selegio ativa de determinados estimulos ou aspectos da experiéncia, com —inibi¢ao concomitante de todos os outros. Na Psicologia Estruturalista, ateng&o é o estado vivido e claro de um contetide mental. 0 processo pelo qual esse estudo é atingido denomina-se ato de atengdo.™ (8) 0s autores, ao usarem as palavras “selecao” e “inibigao” trabalham implicitamente com 0 conceito de atengdo seletiva. verificamos, pois, uma preocupagéo maior com a atengao intelectiva, que os __— préprios autores reforgam ao colocarem a posigéo da Psicologia Estruturalista e ao utilizarem a expressdo, "contetido mental”. J& GALLISSON e COSTE, embora utilizem outras palavras, trabalham o conceito de atengéo sob o mesmo prisma de CABRAL ¢ NICK, quando dizem que a atengdo é a a concentragéo seletiva de vigilancia sobre um ponto, ou uma diregdo, ou uma atividade dada, acompanhando se de uma inibigao das atividades concorrentes.“(9) Conforme DELAY e PICHOT, ” BR ateng&o 6 o aspecto ativo, seletivo da percepgiio que consiste no preparo e orientagdo do individuo para a percepgio de um estimulo particular. *(10) Esses autores consideram, prioritariamente, aspectos de ordem sensoril e neurofisiolégicos, quando trabalham com a idéia de “preparo do individuo para a percep¢ao", prevéem, entdo, um fenédmeno que 6 denominado pelos mesmos autores como “reagdéo de expectativa", que precede a percep¢io propriamente dita e que possui quatro aspectos primordiais: 17 GOT TT FT eT UF FFF FFI III I IIT FSTT TTT GEL eae a)a adaptagéo dos receptores; b)a adaptagdo postural; c)o aumento da tensao muscular; d)a adaptacao do sistema nervoso central. Esses mesmos autores ainda se preocupam com aspectos de ordem psicolégica, quando utilizam os termos ‘seletivos”, vorientagdo” e¢ “estimulo particular”, ¢ consideram os aspectos provenientes do meio e do proprio individue como responsaveis pela atencao. Segundo MAYRAC, ” a atengéo é uma disposigéo pré-perceptiva, uma disposigéo de espera favoraével a tal percepgic © néo a outra. & seletiva,segundo, os interesses, as opiniées as tendéncias do individuo, mas esta selecdo ndo 6 sempre voluntério.*(12) Aqui, a idéia principal gira em torno da natureza intrapsicolégica do sujeito que determina qual o estimulo que se sobrepora ao outro. Em DIETRICH e HELLMUTH, encotramos o seguinte: ” aAtengio € a designagio para a atividade orientada e seletiva das fungdes cognitivas. (13) Este conceito, ao contraério do anterior, despreza a possibilidade da atengéo ser involuntéria e associa atengio a selegdo e & cogni¢éio do individuo. De acordo com ROSSELO, atengao é ” atitude perceptiva mantida e persistente sobre uma pessoa ou objeto de forma exclusiva acompanhada, de uma capacidade mental clara e distinta.™ (14) (A tradugao é nossa) 18 Esse conceito nos permite verificar o aspecto perceptivos em ym novo componente, a persisténcia;tal idéia est4 muito mais ligada a concentracéo do que A atencéo propriamente dita. 0 que constatamos 6 a desconsideracdéo A atencéo esponténea, que observamos nos fenémenos de estupefacéo, fascinacdo,alerta, etc. ENGLISH e ENGLISH propdem uma série de conceituagées para a atencéo, que se contrapéem e se complementam. "1. Seleg&o ativa e enfatica de um componente de uma experiéncia complexa, e o estreitamento da gama de objetos aos quais o organismo responde: manuteng&o de um enfoque perceptivo em um objeto sem levar em conta os outros. 2. Adaptagéo de um 6rgéo sensorial para uma estimulacao étima. 3. (Psicologia Estruturalista). Estado de um conteido mental quando é claro e vivido ou o estado de consciéncia quando um contetido é mais claro ou vivido que o resto. 4. Atividade de tomar em conta a conduta do outro, ou responder a ela, especialmente as suas exigéncias; por exemplo a crianga reclama atengfo." (15) (A tradugdo é nossa) © primeiro conceito trata da selecéo e exclusio de estimulos pelo organismo, que determinaré sua resposta a partir deste fate. O segundo considera a atengao como uma atividade Meramente sensorial, que seré a responsdvel pelo ato de o individuo alcangar uma boa estimulagdo. No terceiro, o que constamos 6 a idéia de superagdo de um contetido por outro, implicando em uma atividade mental. 0 Ultimo coloca o individuo como gerador da atengo alheia, desconsiderando o fato de objetos e idéias serem os geradores da atencao. Sob 0 ponto de vista da filosofia, temos em ABBAGNAN ” Nogio relativamente recente (séc. XVIII ) com a qual se entende em geral o ato pelo qual o espirito toma posse de forma clara e viva de um dos seus possiveis objetos; ou o apresentar e de forma clara e viva de um desses possiveis objetos ao espirito.™ (16) 19 GIFT FFU UU Ue UU UF F FFI I III ITTF THREE ESE edsass Esse conceito j@ nos apresenta uma nova variante: a possibilidade de um estimilo,pela sua forca, determinar a atencéo. os conceitos anteriores colocam a ateng&o como determinada pelo ser humano, que seleciona e exclui estimulos. Naquele, vemos as duas possibilidades,a do individuo “colher” ou “ser colhido” pelos estimulos. Nessa mesma obra, o autor, referindo-se a Descartes, afirma que este define atengo como: *O ato pelo qual o espirito toma em consideragio um tnico objeto durante algum tempo.” ( 17 ) Nesse conceito aparece uma outra variante, a nogio de temporalidade ligada 4 apropriacdo dos estimulos pelo homem. Ainda ABBAGNANO, citando Locke, diz que este chama de atengaio ” a atengdo passiva com que o espirito é atraido por certas idéias*. ( 18 ). E chama de reflexdo: ” a ateng&o ativa pela qual ele escolhe certas idéias como objetos privilegiados." ( 19 ). como podemos ver , Locke estabelece uma ligacdo entre ateng&o e cognicdo, quando faz uso da palavra "idéia". Ao utilizar 0 termo “passivo", pretende definir a postura do individuo frente a forga prépria que cada idéia carrega. J& quando se refere a reflexdo,usa a expresséo “atengio ativa", o que implica a¢ao do homem sobre a idéia para determinar, em fungdo de seu interesse ou motivagdo, a sua importancia. Leibniz, segundo ABBAGNANO, d4 um sentido ativo a atengdo: Damos atengao aos objetos que distinguimos e preferimos aos outros.” (20). 20 Aqui aparece a questo da motivago como fator gerador da aengéo. O autor procura, por meio de uma determinante, chegar a definig&o de atencao. Para Herbart, segundo BRETT ” ® atengéo, entéo, 6 reduzida a atividade dos conjuntos. perceptivos; esse & o sentido da atividade da mente quando esté em atengéo." (A tradugéo 6 nossa )( 21) Esse autor considera a atengao equivalente a consciéncia a perceptiva. A percepgdo é externa ao que é percebido; nesse caso, © que 6 percebido 6 simplesmente a “matéria prima” para atividade interna. A atenc&o, portanto, é determinada pela atividade mental, mas também pela relacio existente entre a forga do estimulo e a predisposig&o do individuo para percebé-lo. Merleau - Ponty afirma que: " RB atengdo 6 (...) um poder geral e© incondicionado, no sentido que a cada momento ela pode se portar indiferentemente sobre todos os conteides de consciéncia.* (A tradugéo é nossa) ( 22) © autor discute, nesta obra a questdo da atengdo ligada ao julgamento e explica que este é o que torna possivel a percepcdo. As sensagdes esto sempre presentes, ¢ a atengao 6 a responsdvel pela sua revelacéo, como a luz revela os objetos, embora eles existem independentemente da luz. As vérias concepgées apresentadas permitem que, em face dos objetives deste trabalho, optemos por um conceito que seja Pertinente ao assunto aqui desenvolvido. Assim, adotamos esta concepgao: “A ateng&o € o processo seletivo de fixacdo do individuo em um esti{mulo” 21 quando utilizamos a expressdo_ “proceso seletivo", Djyeferiano-nos ao aspecto dinémico de tal fenémeno, onde sempre gcorre uma ‘escolha". As vezes 0 estimulo se impéem ao individuo forca e a escolha € involuntéria, outras vezes ha uma Tparticipacéio ativa do individuo que procura e escolhe o estimulo a Ver selecionado. Ao usarmos a palavra “fixagdo” nos preocupamos com o que " consideramos 0 Amago desse fendmeno, visto que, essa fixacdo "sensorial ou intelectiva é o que garante a aten¢do propriamente Ao introduzirmos a palavra “individuo" nesse conceito, "pretendemos contemplar as diferengas de cada sujeito, que determinam ge que maneira se desenvolveré o processo. Aquele que 6 super fatento terd um processo diferenciado daquele que € super | dispersivo. Reforcamos a idéia de selegSo quando utilizamos a expresséio sum estimulo” , para determinar que o simples privilégio de um e nao de outro estimulo, j4 implica em uma escolha. optamos, portanto, por essa definicéo por considerarmos a mesma, ampla, abrangente e suficientemente clara. Outros autores colaboraram para esse estudo. Vale ressaltar: Schultz (23), Herrnstein e Boring (24), Brennam (25), Fontoura (26) _ @ Machworth (27). 22 eee ee ee ee FFF FO FOI FST II FITTS EEEEEEEEEEEITD NOTAS BIBLIOGRAFICAS (1)FONTINHA, Rodrigo. Novo Dicionério Etimolégico da Lingua Portuguesa. Porto, Editorial Domingos Barreira, S.D. p. 254. Wahrig Deutsches Worterbuch. Minchen, Mosaik, 1980, p. 66 (3)Dizionario portoghese italiano portoghese. Carlo Parla Greco. “Milano, Antonio Valardi editore, 1974, p. 46. (4) PETIT LAROUSE EN COULEURS. Paris, Librarie Larousse, 1972, Dp. 69. (S)ALMOYNA, Julio M._Diciondrio de espanhol. Lisboa, Porto, s.d. p. 14a. (6)ENCYCLOPEDIA BRITANNICA. A New Seirnvey of Universal Knowledge. Chicago, BUA, 1953, p.657. (7)DORIN, B. Dicionério de Psicologia. Sao Paulo, Melhoramentos, 1978, p. 33. (8)CABRAL, Alvaro. Dicionério de Psicologia e Psicandlise. Rio de Janeiro, Expressdo e Cultura, 1979, p.6. (9)GaLISsoN, Robert e COSTE, Daniel. Dicionério de Diddtica das " Linguas. Coimbra, Almedina, 1983, p. 76. (10)DELAY, Jean e PICHOT, Pierre. Manual de Psicologia. Rio de _ Janeiro, Guanabara Koogan, 1973, p. 125. 23 (a2)R0SS, Allan._Aspectos Psicolégicos dos distGrbios da aprendizgem g dificuldades na Leitura. sdéo Paulo, McGrau Hill do Brasil, 1979, p45. 2)MAYRAC, Paul. Manual de Psicologia. Sao Paulo, Livraria Editora (22) plamboyant, 1967, p. 186. (23)DIETRICH, G, & HELLMUTH, W Vocabulério Fundamental de peicologia. Lisboa, Martins Fontes, 1970, p. 42. (14)ROSSELO, C. G Diciondrio de Psicologia. Barcelona, Editora Elicien, 1980, p. 46. (15)ENGLISH, H. B. & ENGLISK, a. c. Diciondrio de Psicologia ¥ Psicandlise. Buenos Aires, Paiclos, 1977, p. 84. (16)ABBAGNANO, Nicola. Dicionério de Filosofia. Sdo Paulo, Mestre Jou, 1970, p. 83-4. (17)- Id. ibid. p. 83-4. (18)- Id. ibid. p. 63-4. (19)- Id. ibid. p. 63-4. (20)- Id. ibid. p. 83-4. (21)- BRETT, G. Histéria de la Psicologia. Buenos Aires, Ed. Bidos, 1963, p. 416. (22)PONTY - MERLEAU, M. Bhenomenologie la perception. Paris, Librairie Gallimard, 1945, p. 34. (23) SCHULTZ, Duane. Histéria da Peicologia Modema Sd Paulo, Ed. Cultrix Ltda., 1975, p. 76. (24) HERRNSTEIN. R. e BORING, E. (organizadores) Textos bésicos de histéria da Psicologia . Séo Paulo,Ed. Herber, 1971, p. 586. (25) BRENNAM, R.E. Hist6ria de la Psicologia. Madri, Javier Morat a Editor, 1957, p. 85. 24 (26) FONTOURA, A, Psicologia Educacional, Rio de aaneiro, xd. purora, 1973, p. 183. (27) MACKWORTH, Jane. Vigilance and attention . Baltimore, Penguim Tpooks, 1970, p. 13. 25 CAPITULO III - FATORES DETERMINANTES DA ATENCAO Na atengéo talvez mais que em todas as outras funcdes Eicolégicas o estado de preparacdéo do sujeito e a natureza desta paracdo tem uma importancia considerdvel. Mesmo quando a estimulagéo é adequada e perfeitamente tinta, seus efeitos sobre o individuo que a perceberd dependem & evidente que esta dependéncia cresce na medida em que © Betimulo 6 mais fraco ou mais ambiguo. Assim sendo, nossa aten¢do A mais exigida se, por exemplé, queremos entender uma conversa re duas pessoas que se encontram em um ambiente com excesso de Este estado de vigilia e consequentemente a atengao, variam individuo de acordo com uma série de fatores que interferem nesse Hgilia, bem como, uma queda no nivel de atencao. Tal fato in Me um mesmo individuo é capaz de “performances” muito variéveis frente a uma mesma série de estimulos. Essa flutuagdes devem ser erenciadas daquelas que ocasionam uma orientagdo variavel da REencio, gerando uma distracdo da tarefa por qualquer estimulo 26 PST SP OOS eee ee eEAAEIIIIIIIISD : iy » 4 5 : 4 g a 2 : 3 a 8 * a e Fs 3 ; i é a 3 § 2 3 5 8 exégeno ou endégeno.A distracdo ndo é uma baixa da atengdo, mas uma troca de foco ou de campo de atengao. A pesquisa neuropsicolégica recente coloca a formacdo reticular do tronco cerebral ( importante agrupamento de neurénios que se estende entre 0 diencéfalo ¢ o bulbo) como responsdvel pelo despertar e pela manuteng&o do fenémeno da atengao. Luria, citando as descobertas feitas por Moruzzi e Magoun (1949) e por Jasper (1957), afirma que: s+" formagéo reticular ativadora ascendente deve ser encerada como um dos sistemas mais importantes que garantem as formas mais generalizadas e elementares de atengo.™ (1) Essa formagdo recebe, pelas ramificagées colaterais das vias ascendentes, os impulsos de todos os sistemas receptores e envia a todas as regiées do cértex os impulsos ativadores. Assim sendo, a atengéo € © elo de ligag&éo entre uma solicitagéo interna e sua resposta, ou entre uma solicitag&o externa © a resposta do individuo a ela. & também a atencdo que prepara o individuo para descriminar os estimulos entre si e decifrar mensagens . A manutengao da atengao implica em uma participagéo ativa da cértex cerebral. Kolb afirma que ” As modificagdes da consciéncia e da ateng&o néo dependem apenas do influxo aferente ao sistema ativador do mesencéfalo a partir dos neurénios sensitivos medulares e centrais mas também esto sujeitos ao controle fedback do cértex cerebral". 2) Portanto, a estimulag&o de uma 4rea cortical qualquer ativa a formagdo reticular que leva ao despertar generalizado do cérebro. 27 GIFT F TCS T ECT P PGF FIIIIIIIIIFIIIITETECTET ETE edY ocorre, entéo, a ativacéo de campos supressores por jncitagdes provenientes da base do cérebro, de tal modo que sao jnibidas ac zonas corticais nao envolvidas pelo estimulo sobre o qual focamos nossa atengéo, ao mesmo tempo que sao ativadas as envolvidas. A esse respeito Luria assim se pronuncia: ” Qualquer forma complexa de atengéo, seja involuntéria, seja mais especialmente , voluntéria, exige 0 provimento de outras condigées, a saber, a possibilidade de reconhecimento seletivo de um determinado estimulo e a inibigio de respostas a estimulos irrelevantes destituidos de importancia na situagao pauta. Esta contribuicéo para a organizagéo da atengio é feita por outras estruturas cerebrais localizados em um nivel superior: no cértex limbico e na regido frontal.“ (3). Portanto, é a interagéo destas duas instancias (cértex e ua ——=—_—_—_—_—re magéo reticular) a responsavel pelo desencadear e pela manutengao de vigilancia e da atencao. Tal processo sofre interferéncias interna e externas ao individuo, ou seja, ele € determinado por fatores provenientes do meio ou do préprio individuo. como fatores determinantes da ateng&o provenientes do meio, temos: 0 movimento, a intensidade, o tamanho, 0 contraste, repeticéo, a subtaneidade, a novidade. © movimento desperta mais atenc&o dos individuos que a auséncia dele. Q ser humano tem uma reacéo inata de orientacdo para | qualquer coisa que se mova, gerada pelo instinto de sobrevivéncia Consequentemente o individuo _percebe facilmente uma ave_ algando véo, do que pedra do mesmo tamanho no campo . Quando nos referimos a dimensio da pedra, j& o fazemos em fungdo de outro Geterminante igualmente importante, o tamanho. A probabilidade que © 28 Morgan afirma qu "... um antincio de pagina inteira tem maior probabilidade de chamar ateng&o do que um antincio pequeno. Os fatores de intensidade e tamanho influem mais fortemente na atengio quando vocé encontra algo novo e desconhecido™ (4) Verificamos, aqui, que o autor engloba trés fatores “aeterminantes para o fenémeno atengdo: tamanho, jintensidade e povidade, o primeiro, explicado anteriormente, enquanto que os dois serfo tratados a seguir. uma luz forte, um som alto ou muito agudo, prendem a aten¢ao "do sujeito, determinando, desta forma a selecdo de tal estimulo em detrimento de outro Assim sendo, quando dois estimulos disputam sua atencao, na maioria das vezes, o sujeito percebera primeiro o mais forte, o mais - alte, o mais agudo, o maior, ete Paim diz que: ”.., Um estimulo forte tem ressonancia pessoal maior do que um estimulo fraco.Desse modo & possivel compreender que a intensidade e a alteragéo do estimulo mantenham uma correla¢do nitida com sua capacidade de se impor“. (5) A novidade, o diferente, o ndo usual pode justificar nossa _atencgSo. Um carro redondo movido a energia solar chamaré mais atengéo ao trafegar por” uma rua de Curitiba, do que um fusca trafegando por essa mesma rua. © contraste também tem extrema importancia para esse fenémeno. As coisas que contrastam entre si, ou com o ambiente, 29 GIG EGER EREL EEF PASI IIIITII IIIT IIIT EEE eee Deen onde a chamar mais ateng#o. Uma mulher vestindo um longo de strass* ac meio dia, em uma praia,destaca-se mais do que outras de piquini, da mesma maneira que um cartaz rosa choque com letras ‘pretas chama wais atencdo do que um cartaz com fundo ¢ letras em tons pastéis. um estimulo também pode atrair atenc&o pela sua rel Jo. 0 jndividuo percebe um alarme que disparou pela repetigéo do estimulo sonore. Por outro lado, a repetiglo em excesso pode leva-lo a gcostumar-se com o estimulo e nesta ocorréncia haveré uma queda do nivel de atengao. Segundo GARCIA, esta redugdo da atengdo ocorre quando os "... estimulos se repetem a mitido, principalmente, se o fazem ritmo regular, cadenciado, deixando de despertar os instintos (emogio) para, ao contréric, prejudicar a atengio. Sabe-se que certos excitantes repetidos © monétonos tém até uma virtude hipnética.* (6) © sujeito também pode ser colhido por um estimulo inesperado, Nesse caso, a subtaneidade é que determina a atengdo, inesperade. como por exemplo, um grito de horror em uma sala de aula. A subtaneidade foi descrita na obra de DORIN: ” um estimulo inesperado, uma brusca mudanca no contexto ambiental desperta a atengio, a percepgiio e uma répida reagdo emocional™. (7) Como vimos, so diversos os fatores determinantes da atengéo proveniente do meio ambiente externo. Tais fatores, associados entre se ou n&o, séo os responséveis pela atragéo do individuo por determinados estimulos. Mas, embora sejam essenciais para 0 despertar da atencéio, esses determinantes ndo sao si s6 capazes de manté-la. Para que isso aconteca, s40 necessaérios determinantes que provém do préprio individuo. 30 os fatores que decorrem do sujeito podem ser de ordem olégica ou psicolégica. Entre os de ordem biolégica, encontram-se as necessidades jsiolégicas. PICHOT e PIERON,afirmam que: ” chama-se de necessidade as manifestagdes naturais de sensibilidade interna que despertan uma tendéncia para realizar um ato ou procurar uma categoria de objetos.” (8) No momento em que o individuo tende para realizar um ato nal pusca de saciar uma determinada deficiéncia biolégica ( a falta de agticar no organicmo, por exemplo), h4 um direcionar de sua atengao} “para possiveis fontes geradoras de satisfacao. os instintos, assim como as necessidades fisiolégicas, sao determinantes da atengdo que provém do préprio individuo. Bm uma situacdo em que a sobrevivéncia € colocada em risco, a aten¢do torna-se necessaria para a manutengdo da vida. Neste caso, o instinto de sobrevivéncia 6 o determinantes da atengao & importante também destacarmos a fungéo do télamo, qual seja, a de transmitir ao c6rtex cerebral os estimulos recebidos do meio externo. Tais estimulos precisam passar pelo talamo para tomarem-se conscientes © télamo 6, portanto, parte importante do sistema reticular ascendente de ativacdo, um dos responséveis pelo fenémeno aten¢ao Sobre isso DUUS, mais objetivamente, escreveu: " A_estimulago dos diversos nfcleos talémicos B centes a istema ativa somente de nadas areas 6 cerebral, enquanto a estimulagdo dos nticleos _inespecificos do télamo ou da formagao reticular do mesencéfalo wagdo de todo o cétex cerebral. Rdmite-se por isso, que este sistema do tdlamo possui duas fungdes: 1) Ativacao inespecifica do 63 cerebral intei jarece ser capaz de cértex cerebral. 31 Bis FISSCTSSCSCES SSSI FPP IPF’ acte fato explica a questo da seletividade da atencéo, © J porque nossa atencio € desperta pare certo tipo de estimulo e despreza outros. Ainda sobre esse assunto, DUUS assim se pronunci » teto explicaria por que conseguimos nos concentrar em pensamentos especificos, enquanto outros pensamentos estado sendo suprimidos™ (10). os fatores determinantes da atencdo, provenientes do proprio individuo e de ordem psicolégica podem ser individuais ou sociais. como individuais temos: a necessidade, o interesse, a predisposicao, a motivagio, a vontade, a curiosidade, a expectativa, a significacdo e a aprendizagem. como fatores sociais temos: a formacdo pessoal e os valores. cumpre, agora, explicitarmos esses fatores, de capital importancia para este trabalho: (U 1.a necessidade como vimos anteriormente, € uma @eterminante de ordem biolégica da atengéo. J& a forma como essa necessidade 6 sentida, ou mesmo a criagéo de necessidades pelo individuo, torna tal fator de ordem psicolégica. Uma pessoa que neceagita comer “filet mignon” para viver, criou uma necessidade de ordem psicolégica para sua sobrevivéncia, se, em conseqiéncia de um plano econémico, falta “ "filet mignon" na cidade, essa Pessoa dispendera todo o esforco necessério a atengdo, de tal forma que percebera mais facilmente do que outra pessoa um pequeno cartaz com os dizeres: Aqui, carne fresca direto da fazenda. Ora, vejamos, no momento em que criamos uma necessidade, passamos a buscar condigées para sua satisfac&o, e, portante,é neste momento que ela se torna uma determinante da atengdo. 32 Pee U Nee FFF IPP F PFT T TTS T EATER REE Eee a ss 2.PAIM, citando STERN, diz que: ".., 0 interesse e a atengio esto intimamente ligados; no ex: omplemente desprovida de interesse.* (11) Para esse autor a forga do Interesse sobre o fenémeno da atengio € de tal forma determinante que ele ndo acredita ser © possivel a ocorréncia de um sem outro. Kelly, a esse respeito, diz que o interesse ” 6 0 lado sentimental da atengao. 0 interesse pode se definido como o sentimento agraddvel ou penoso produzido por uma idéia ou um objeto que tem a propriedade de atrair e manter a atengao.™ (a2). Assim sendo, o individuo perceberé mais facilmente um estimulo que lhe interessa. Um ecologista provavelmente seré mais facilmente atraido por um artigo sobre a camada de ozénio, afixado no quadro de avisos de uma empresa, do que outro funcionario qualquer. Seu interesse pelo assunto é que determina a atengao. 3.Seguindo com nossos estudos, veremos a predisposig&io. uma mie que tenha um filho de poucos meses, acorda quando mesmo faz o menor rufdo no outro quarto, embora possa ndo ouvir | telefone tocar A noite; j& seu marido, médico obstetra, Provavelmente perceber& 0 estimulo sonoro da campainha do telefone e néo escutaré o bebé. Tal fato acontece porque existe uma| Predisposigéio anterior para a percepcéo de determinado estimulo. Duas pessoa, uma arquiteta e um lingilista, que facam uma viagem juntos, n&o observam as mesmas coisas, porque estéo predispostos a Procurar coisas diferentes e¢, como consegiéncia, perceberfo estimulos distintos e iréo deter sua atencdo em aspectos diversos da viagem 33 4.A motivagio € uma mola propulsora do fenémeno atencSo e, pois, fator determinante da mesma. Irene Carvalho diz que: motivagio 6 o processo pessoal interno fundamental enérgico que determina a direc&o e intensidade do comportamento individual. (13). Quando afirma que “determina a direcao* a autora coloca o fenémeno atengio em pauta e estabelece a relagdo entre a atenglio e a motivacao. S.A vontade leva o individuo a buscar as condigdes necess4rias para a atengdo. 0 fato de um individuo querer encontrar um determinado objeto, perdido, leva-o a concentrar sua atengao na busca do mesmo. Vemos, nesse exemplo, ser possivel a vontade provotar o fenémeno da atengao. Para KELLY: "... a vontade 6 o ato isolado mais importante para atrair a mente e a atengdo. A fung&o da wontade na atencdo é apresentar a mente a idéia do_objeto para qual a _atengdo esta _sendo -xequerida., Remover todos os outros objetos do campo da consciéncia. Adaptar os érgaos sensoriais 4 percep¢éo do objeto; e provocar o esforgo necessério a ateng&o.*(14) Como vemos, esse autor privilegia este fator em detrimento de outros quando 0 coloca como o "mais importante”. Discordamos de tal posicionamento , pois julgamos que a vontade é to importante quanto os demais fatores que nos propusemos a estudar. 6.A curiosidade também é muito importante para o fenémeno atenc&o. © menino curioso sobre o funcionamento do motor do carro de seu pai, perceberd os estimilos deste motor de forma diferente que sua irma. Ele estard mais predisposto a perceber um ruido diferente 34 fungdo de seu interesse. Nesse exemplo, fica claro que, na cpaioria das vezes, a atengHo € determinada por uma associagao de “gatores. Nesse caso, o interesse do menino pelas coisas do pai gerou “yma curiosidade pelo motor que o predispés a um rufdo especifico. 7.Da mesma forma, a _expectativa é, também determinante da emecteeee atencéio. Quando vamos a um determinado lugar, na expectativa de encontrar alguém em especifico, ficamos atentos a todos os lugares onde ela possa estar. @.As pessoas, de maneira geral, tém.a tendéncia de prestar tengo a coisas que tém um significa a elas uma pessoa, escutando rd4dio, tende a ouvir (notar) quando o locutor d4 uma noticia, que é de seu interesse particular: "0 indice do aumento da sua prestagdo do BNH™, por exemplo. ora ela presta ateng&o aquela informagéo, e ndo a outras, de vez que a significagdo do estimulo assim o determina. Para MORGAN, tudo que aprendemos 6, em parte, um aprendizagem de novas percepgSes. £ nossal aprendizagem anterior influi em —_nossas percepgdes atuais, sobretudo quando a aprendizagem foi emotiva e muito significativa."(15) Dessa forma, a aprendizagem 6 determinante da ateng&o pois percebemos de forma diferenciada estimulos que fazem parte de uma aprendizagem anterior. uma mulher que sofreu um acidente automobilistico percebera\ um automével em alta velocidade de forma muito diferente que um adolescente que participa de corridas de Kart. Para a mulher, 0 | carro em alta velocidade implica perigo, medo, dor, enquanto para o | adolescente lembra um esporte, uma sensacdo agrad4vel de excitac&o prazer 35 Pee T TTT TTT T TTR UU RRR Rhee k hie 0 individuo se desenvolve através da vivéncia , numa ciedade. Ele decorre, portanto, do meio social que o envolve © 0 jndiciona desde os primeiros momentos de vida. A atencdo & também jeterminada por um sistema de relagdes que envolvem esse individuo “ge maneira tnica.nica porque embora condicionada pelo meio social, gifere de pessoa para pessoa. Dessa maneira, vemos a ateng¢éo ser determinada por fatores psicolégicos de ordem social, tais como: valores e formac&o pessoal. Na sua maioria o homem € uma criatura com objetivos. Todo ser Iumano estabelece,na vida um conjunto de alvos a atingir. Os yalores, nés os podemos conceituar como sendo os objetivos que tem algum significado, envolvidos naquele comportamento [ABBAGNANO, citando DEWEY, diz que o mesmo afirma que: . © valor néo é somente a preferéncia ou o objeto de uma antecipagéo ou de uma espera normativa.*(16). Na busca desse "preferivel, desse “desejavel*, o individuo dispenderé o esforgo necessério ao fenémeno da atencao, de forma a nelhor perceber os estimulos que o levarso a alcanc4-los. Ainda ABBAGNANO, citando DILTHEY, fala sobre o relativismo dos valores: «... BR histéria, é ela mesma a forga produtora das determinages de valores dos ideais, das finalidades conforme as quais se determina o significado de homens e de acontecimentos. Os valores e as normas, portanto nascem e morrem na histéria e ndo existem além nem acima do curso dela™. (7) Ao estudarmos tal conceito fica claro por que os valores 8&0 fatores determinantes da atencdo de ordem social. Num primeiro momento, podemos acreditar que os valores sio fatores psicol6égicos individuais, j& que, como vimos anteriormente, dependem do 36 significado do objeto para o individuo; mas, quando estudamos, o relativismo dos valores verificamos que os mesmos nascem da experiéncia social da pessoa. Essa experiéncia social da pessoa, que se toma por meio da jncorporagdo de um sistema de relacdes e organizagéo de vivéncias, atitudes, hébitos, valores, desejos, necessidades, conhecimentos, combinados de maneira tnica para cada pessoa, 6 o que podemos chamar de formagéo pessoal. Tal formagéo condiciona o individuo a ter um determinado tipo de comportamento. © simples fato de nascer e se criar no Rio de Janeiro ja determina que uma pessoa seja diferente de outra, nascida e criada em Curitiba. Essas diferengas provenientes do processo de formagdo, sao determinantes da atengdo,pois levaréo o individuo a perceber e selecionar estimulos de uma forma diferenciada uma crianga, criada em uma fazenda, e outra crianga, criada em uma grande cidade, perceberféo de forma diferente o estimulo sonore produzido pelo guizo de uma cascavel. Tal diferenga é crucial para o fenémeno da atengao. Podemos afirpar que a formagao do individuo condiciona, embora nao determine, os demais fatores determinantes da atengéo de ordem psicolégica. Para tornar mais clara essa explanagdo, julgamos necessério fazer o seguinte esquema grafico: 37 F NECESSIDADE ° R INTERESSE M A PREDISPOSIGAO > Nivel volitivo a — — A MOTIVAGKO ° VONTADE CURIOSIDADE PB E s s EXPECTATIVA > Nivel intelectivo ° x ou Cognitivo A SIGNIFICACO L APRENDIZAGEM VALORES > Nivel Social Vemos aqui que a formagéo pessoal, isto 6, a histéria psicolégica de cada individuo, influéncia e 6 influenciada por diversos fatores determinantes da aten¢&o que se desenvolvem em 4 niveis: volitivo, 38 cognitive, afetivo e social. 0 afetivo, nao explicitado acima, na yealidade pervade todos os outros. Com vemos, séo muitos os fatores que determinam o fenémeno ga atencdo e quase sempre esse fenémeno € determinado por uma gssociagéo desses fatores que se interligam e completam © quadro acima mostra as diferentes interelacées,dos diferentes niveis que influenciam o fenémeno da atengao. Gostariamos de destacar que diversos autores nortearam esse estudo: Sawrey (18), Teles (19), Bruner (20), BEE (21) e Sanvito SISTEGEEEEEGYG D (23) 39 NOTAS BIBLIOGRAFICAS (:)uURTA, A. R. Fundamentos de Neuropisoclogia. Sao Paulo: Bd. da Universidade de Sdo Paulo, 1981, p.236. (2)KOLB, Lb. C. _Bsiquiatria Clinica. Rio de Janeiro: Inter- americana, 1980, p. 127. (3)LURIA, A. R. Fundamentos de Neuropsicologia. Séo Paulo: Bd. da Universidade de Sdo Paulo, 1981, p.237. {4)MoRGAN, C. T. _Introducso a Psicologia. Séo Paulo: McGrau Hill do Brasil, 1977, p.178. (5)PAIM, Isaias. Curso de Psicologia. 9 ed. Séo Paulo: B.P.U. Ltda, 1982, p.184. (6)CARCIA, J.A. Compéndio de Psiquiatria (Psicopatologia Geral_e Especiall. 3 ed., Rio de Janeiro: Ateneu, 1954, p.59- (7)poRIN, Lamnoy. Intxoducso a Psicologia. SdoPaulo: Itamaraty, 1972, p.256. (8)PICHOT,P. & DELAY, J. Manual de Psicologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1973, p. 184. (9)puUS, PETER. Diagnéstico Topogréfico em Neurologia. Rio de Janeiro: Ed. Cultura Médica, 1985, p.164. (10)DuUS, op. cit. p. 164. (11) PAIM,op. cit. p. 184. 40 “(a2)KELLY, W. A. Psicologia Educacional. Ric de Janeiro, Agir, 3959, p-143 (a3) CARVALHO, Txene Melo. Q Brocesso Didético. Rio de Janeiro, pundagéo Gétulio Vargas, 1976, p. 99-113. (14) KELLY, op.cit. p. 140. (15)MORGAN, op. cit. p. 179 (16) ABBAGNANO, Nicola. _Diciondrio de Filosofia. Séo Paulo, Mestre gou, 1970, p.856. (17)Id. Ibid. p. 955. (18) SAWREY, J & Telford, C. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro, Ro Livro Técnico, 1973, p. 35. (19) TELES, Antonio. Psicologia Moderna, Séo Paulo, Atica, 1977, P- 1. (20) BRUNER, Jerome, Q processo da Educacdo. Sao Paulo, Ed Nacional, 1978, p.65. (21) BEE, H. A-crianca em Desenvolvimento. Sdo Paulo, Harper & Row do Brasil, 1984, p.121. (22) EY, Henri, La_Conscience. Paris, Presses Universitaires de Franca, 1963, p. 180. (23) SANVITO, W.L. Q cérebyo e suas vertentes, Sdo Paulo, Panamed, 1982, p. 86. 41 CAPITULO IV - PATOLOGIAS DA ATENGKO. Em busca de explicagSes para as perturbacdes da aten¢do em criangas e adultos, diversos autores tém estudado esse tema, sendo bastante vasta a bibliografia atual sobre o assunto. A terminologia utilizada por esses estudiosos é das mais variadas. Procuraremos, aqui, abordar as diversas classificacées adotadas. LIMA afirma que, para RIBOT, as anomalias sd ” a) hipertrofia: limitagéo do campo de atengao que ficava acorrentada a uma idéia para o qual converge toda a atividade mental. ex: obsessao, @xtase. b) instabilidade: a atencao ndo se fixa num dado objeto, devido ritmo desordenado no curso das idéias (delfrio) ou ela néo se concentra por incapacidade de selecionar estimulos, ficando tudo vago, indeciso (embriaguez, esgotamento). c) atrofia - estudo mérbido apresentado pelos retardados mentais (idiotas) e dementes. Nao h& ateng&o espontanea nem voluntéria a no ser esporadicamente.*(1) Para Ribot, a dificuldade de atencao € conseqiéncia de uma outra patologia: deméncia, obsessa0, esgotamento, etc... Esse autor ndo coloca a auséncia da aten¢o como sendo ela mesmo uma patologia Para FORNS, a terminologia adequada para definir os transtornos de atengao é a seguinte: 42 PUTTAR ARR RRR ” chama-se hiperprosexia a hiperatividade da atengio; 0 individuo fixa sua atengiio simultaneamente sobre varias coisas, esta como que alerta; esse estado & encontrado nos processos de tipo hipomaniaco ou maniaco. © processo contrério se chama hipoprosexia. no qual a atengdo esté diminuida retardada, delibitada. Ocorre nos pacientes com processos do tipo melancélico. Existe aprosexia quando a ateng&o nao consegue fixar-se, quando o individuo ndo sabe como fix lo e distrai-se | constantemente. Por dltimo, chama-se paraprosexia a atencdo alterada de modo qualitativo, como ocorre em que a consciéncia néo esta inteiramente licida.*(2) © autor faz algumas associacdes com outras patologias, mas ndo limita os distirbios de atengio somente a essas associagdes. . PAIM utiliza-se da mesma terminologia, embora tenha suprimido o termé pardprosexia e acrescentado o termo distracdo que, para ele, pode ocorrer em dois estados diferentes. 0 primeiro acontece quando o individuo nao consegue fixar a aten¢éo. 0 segundo é uma superfixagao em determinado assunto, que exclui a percepgdo de qualquer outro estimulo. © autor também cita RIBOT, e diz que o mesmo chamou de: ”... monoidefsmo, uma forma de concentragio da ateng#o em um sé estado, que supde a existéncia de uma idéia principal que atrai tudo o que se refere a ela, e nada mais..."(3). ROXO cita histérico de De SANCTIS (3), que denomina dois graus de perturbagéo da atengdo, os quais foram os precedentes da classificagéo por graus: hiperprosexia (superatengéo), hipoprosexia (diminuicéo) , aprosexia (falta) e paraprosexia (altera¢do qualitativa da atencdo), cita ainda, assim como PAIM a distracao onde 43 . © 4dndividuo néo percebe as impresses externas normais e concentra um excesso de atengio sobre um dado objeto." (4). PACHECO E SILVA (5) faz uma divis&o do fendmeno distragao em duas espécies: a dispersdo nfo e capaz de fixar sua atengZo por um tempo mais longo em um determinado objeto ou idéia . 4 no segundo 0 individuo é de tal forma absorvido pelo o que esta fazendo que “desliga-se" de todo o resto que o cerca. Esse autor assim como GARCIA (6), DORIN (7) e MELLO (8) também se utiliza da classificagdo por graus, Interessante ressaltar algumas pequenas diferengas entre eles: GARCIA afirma que a aprossexia sé existe no coma e utiliza- se também do termo disprossexia. MELLO, por sua vez, estabelece uma relagdo entre as disprossexias ” dissociagées anormais da dinamica da atengdo" e as nogées de tenacidade e vigilancia. Para DELAY e PICHOT, os distirbios da ateng&o podem ser classificados sob trés titulos principais: - 1 - A acuidade da atengao, que corresponde 4 forga e a qualidade do processo seletivo. Fala-se 4s vezes por esse motivo em concentracao; 2 - A tenacidade da atencdo fixada sobre um objeto durante um periodo longo, resistindo 4 fadiga; 3 - A flexibilidade da atengéo. Ela pode ser normal, insuficiente ( retraimento do campo do atengdo ) ou, ao contrério, excessiva. Neste W1timo caso h& uma dispersdo da atenagao.™ (9) Esses autores associam também os distirbios da atengdo a uma série de estados, tais com fadiga, confusio mental, mania, melancélica, esquizofrenia, etc. 44 HASSIBI (10), também utiliza-se do termo tenacidade, fazendo paralelo entre ele e a persisténcia. Sendo que o primeiro refere- se 20 tempo que o individuo € capaz de permanecer atento a uma tnica atividade ininterruptamente e 0 segundo refere-se a continuidade, interrupgéo e retorno a uma tarefa visando sua conclusao. JOHNSON e MYKLEBUSTT (11) colocam como sendo trés os tipos a distrabilidade ( 0 de dificuldades que levam a ruptura da atenc& individuo presta atengao fugazmente a varias situagées e objetos); a perseveracdo (o individuo néo controla os processos de concepgio de iaéias) ROSS (12), estabelece uma relacdo entre durac&o de atencao, persisténcia © distraibilidade, podendo as mesmas ser reciprocas ou néo. Cita ainda dois tipos de atengéo inadequados: Aten¢éo hiperexclusiva (o individuo 6 “colhido* por um aspecto do estimulo, néo percebendo todos os demais); Aten¢o hiperinclusiva (o individuo percebe muitos aspectos irrelevantes de um estimulo em detrimento de aspectos essenciais }. - - BRISSET, EY, e BERNARD, afirmam que os disttrbios de atengéio e concentragao psiquica: ” Consistem na dispersdéo da atengéo espontanea, na ineficécia da atengéo voluntéria, na incapacidade em manter o pensamento no campo central de integragéo analitica dos elementos necessérios ao trabalho mental. As vezes, 6 a possibilidade e mudanca, de variagéo, de "fluidez™ (Cattell) da ideagio que esta perturbada (perseveragdo) *(13) Esses autores consideram dois pontos principalmente: a dispersio e a perseveragdo, j4 VALCARCEL acredita que todas as alteragdes do fenémeno da atengio podem ser agrupados em trés grandes sintomas: 45 ” Wipervigilancia: entendo como tal a atengéo passiva exagerada que faz com que o paciente perceba todos os estimulos que se produzem a seu redor, sem fixar a atengdo ativa em nenhum deles, fazendo-o somente durante um periodo muito breve de tempo. Distraibilidade ou inconstanci; diminuig&o da atengdo ativa. Hiperconcentragéo: Fixag&o exagerada da atengic ativa sobre um fendmeno ou pensamento com marcada debilitagéo da atengdo passiva." (A tradugéo é nossa (14) como vemos, na literatura especifica encontramos diversos quer dizer ermos, devemos esclarecer que eles sao semelhantes e abordam quase genpre os mesmos aspectos, a diferenga & somente de terminolégica Para tornar isso mais claro organizamos um quadro com os I diversos autores e suas terminolégias: “RIBOT HIPERTROFIA > Fixagdo 4 uma Idéia INSTABILIDADE Atenc&o nao se fixa ATROFIA Nao h& atencdo PARAPROSEXIA Alteragdo Qualitativa da Atengao APROSEXIA Atengao nao se fixa HIPOPROSEXIA Ateng&o esté diminuida HIPERPROSEXIA, Hiperatividade da Atencdo PARAPROSEXIA Alteragdo Qualitativa da Atengao APROSEXIA Falta HIPOPROSEXIA Diminui¢ao HIPERPROSEXIA, superatengao DISTRAGKO Excesso de Ateng&o sobre 1 objeto. 46 APROSEXIA HIPOPROSEXIA HIPERPROSEXIA DISTRACAO objeto) APROSEXIA HIPOPROSEXIA HIPERPROSEXTA DISTRABILIDADE DISTRACKO APROSEXIA HIPOPROSEXIA HIPERPROSEXIA APROSSEXIA HIPOPROSSEXIA HIPERPROSSEXIA DISTRATIVIDADE prstRagko DISPROSSEXIA > ABSORGAO Aboligéio da Atencdo Diminuigao Exaltagao da Atengao -> DISPERSAO (Nao fixa a atengéo) (Fixagéo demasiada da atengdo em Aboligdo total Diminuigado global Perseverar indefinidamente Instabilidade e Mobilidade da atencao Superconcentragao ativa Falta de atengado Enfraquecimento da aten¢ao Superatividade da atencdo 86 no coma Diminuig&o Em hipomaniacos Instabilidade Falta de atengao $6 em dementes 47 SEP a eee eee PPP P ISI I III II IIT SII T FST G ETERS HASSIBI —_TENACIDADE Extensdo da atengdo ininterrupta PERSISTENCIA Continuidade e ininterrupgao MYKLEBUST DISTRABILIDADE Ateng&o fugaz PERSEVERAGAO Atengdo indevida a um fenémeno isolado DESINIBIGAO No controla os processos de formulagéo de idéias VALCARCEL HIPERVIGILANCIA Nao fixagao DISTRABILIDADE Diminuigéo de atencdo HIPERCONCENTRAGAO —-Fixagaio exagerada Consideramos importante ressaltar que nesta classifica¢ao de patologias de atencao, existem alguns ftens que gostariamos de resgatar para uma nova classificacdo. Esta nova classificagao abordaria o que chamariamos de gamas da ateng&o normal. Julgamos que certas flutuagées e fixagdes da atencdo ndo devem ser consideradas patolégicas. Propomos, entao esse quadro: pie _ SUPERCONCENTRAGKO ---> TENACIDADE ---> PERSISTENCIA — CONCENTRAGAO — ATENGRO DIFUSA ---> MOBILIDADE — INSTABILIDADE g RE e Na superconcentragao o individuo esta de tal forma absorvido por uma idéia ou objeto, que ndo percebe o resto que acontece em sua volta. 48 PACHECO E SILVA observa que: ”... Archimedes, preocupado na solugéo de um problema, nem sequer se apercebeu da tomada de Siracusa e foi morto por um soldado, irritado por no obter dele uma resposta™ (15). Embora haja, uma superconcentragao; ela ndo chega a nivel de patologia, pois o individuo n&o encontra-se em estado de obsessao. A superconcentragéo pode ocorrer sob duas formas: a tenacidade e a persisténcia. No primeiro caso o individuo permanece concentrado até o final da tarefa e no segundo o individuo pode interromper a tarefa quando necessdrio, mas retorna ao ponto em que parou, reiniciands a tarefa até termina-la A concentragéo 6 a fixagdo da atengdo em um determinado Yobjeto, ou idéia por um perfodo mais longo de tempo. Ela & sem_ ddvida, fundamental para a aprendizagem Qualquer pessoa como: estudar, resolver problemas, matematica, ler um livro, ver um filme,fazer um bordado contato, etc... Na atengo difusa o individuo 6 capaz de um mobilidade de ateng&o que lhe permite perceber os diversos estimulos aos quais esta exposto, elegendo um, sempre que necess4rio, Ao conduzirmos um carro por uma rua de trafico intenso, necessitamos dessa forma de atencdo, para podermos perceber os diversos estimulos e rapidamente eleger o mais importante a cada momento. Na instabilidade o individuo passa rapidamente de um foco a outro de atencfio. As criangas pequenas tem esse tipo de atengao durante quase todo o tempo. Tal fator facilita seu processo de aprendizagem, j4 que o mesmo & basicamente calcado na conduta exploratéria. 49 STF FFF FFF FFF FIFI III III I FFT FTF R RRP EPR AIIIIIS: Da mesma forma que resgatamos essa classificacéo de atencdo snormal”, julgamos procedente ressaltar o que para nés seria o patolégico. Para isso propomos esse novo quadro: = Superconcentragéo - idéia fixa — Completamente difusa - Auséncia Total — Atengdo delirante le obsessidade onde A superconcentragdo aparece nos quadros o individuo possui uma fixagdo por determinada idéia, pessoa ou objeto; nesse caso sua mente doentia seleciona somente determinados estimulos excluindo todos os outros. Na atencdo completamente difusa nfo ha fixagao da atengéio. A atengdo do individuo voa de um foco para outro sem deter-se a nenhum. A auséncia total ocorre em quadros onde existe um etimento neurolégico profundo, e © individuo encontra-se préximo ao coma, nesse caso ndo ha nenhum tipo de atengao. Na atengéo delirante, o individuo é incapaz de perceber estimulos externos pois sua mente esta ocupada por um fluxo constante e intenso de idéias. outros estudiosos nos orientaram neste estudo. Importante ressaltar: Shaywitz (16), Hansen e Cohen (17), Whalen e Henker (18), Kandt (19), Golden (20), Graspun (21 e 23), Wender (22), BEE (24), lyon (25), BAL (26) € NAYRAC (27). 50 NOTAS BIBLIOGRAFICAS (1)LIMA, L. P. Prética da Psicologia Moderna. Sao Paulo, Honor Editorial Ltda., 1972, p. 42- (2)FORNS, Juan Surés. _Semiologia Médica e Técnica Exploratéria. Rio de Janeiro, Guanabar& Koogan, 1981, p. 952. (3)PAIM, Isaias. Curso de Psicopatologia. Séo Paulo, E. P. U. Ltda, 1982, p.187 (4)ROXO, H. B. B. Manual de Psiquiatria. Rio de Janeiro, Guanabara, 1982,p. 187. (S)PACHECO E SILVA, A. C. Psiquiatria Clinica e¢ Forense. Sao Paulo, Companhia Ed. Nacional, 1940, p. 45. (6)GARCIA, J. A. _Compéndio de Psiquiatria. Rio de Janeiro, Livraria Atheneu, 1954, p. (7)DORIN, Lannoy._Psicologia Geral. Sao Paulo, Ed. do Brasil, 1978, P (8)MELO, A. L. Nobre. psiquiatria. vol I, Rio de Janeiro, Civilizag&o Brasileira: Fenome, 1979, p. (9)DELAY, J. e PICHOT, P. Manual de Psicologia. Rio de Janeiro, Guanabaa Koogan, 1973, p. 223. (20)HASSIBI. S.C.M Brincipios e Préticas da Psiquiatria tfantil. Porto Alegre, Ed. Artes Médicas., 1982, p. 108. (11) JOHNSON, D. J. e MYKLEBUST, H. R. Distirbios de aprendizzagem Principios e Préticas Educacionais. Sao Paulo, Livraria Pioneira Ed, 1983, p. 353. 51 (12) ROSS, Alan. Aspectos _Psicolégicos dos _distirbios da aprendizagen e dificuldades na Leitura. So Paulo, meGraw Hill do rasil, 1979, p. 90 (23) BERNARD, p. et. alu. w: i actual. Rio de Janeiro, Masson Ed, 1981, p. 95 (14) VALCARCEL, Eduardo Ciro._Neuropsicologia. Habana, Universidade ge la Habana, Ministério de Educacién Superior, 1969, p. 148-149. (15) PACHECO e SILVA, op. cit. p. 45- (16) SHAYWITZ, S. e SHAYWITZ, B. Diagnéstico e Tratamento do Déficit de _Atencéo. Uma perspectiva pedidtrica. (Simpésio sobre Distarbio de aprendizagem) Illinois, Pedriat. Clin. North Am., 1984, p. 451 (17) HANSEN, C e COHEN, Gratamento dos Distiirbios Deficitérios da Atencdo_. (simpésio sobre DistGrbio de Aprendizagem) Illinois, Pedriat. Clin. North Am., 1984, p. 451. (a8) WHALEN, C. e HENKER, B. Hiperatividade e Déficit de Atencio: Fronteiras que se _Expandem. (Simpésio sobre Disttirbio de Aprendizagem) Illinois, Pedriat. Clin. North Am., 1984, p. 417 (19) KANDT, Raimond. Exame Neurolégico das Criancas Portadoras de Distixbios Neurolégicos. (Simpésio sobre Disttrbio de Aprendizagem) Tllinois, Pedriat. Clin. North Am., 1984, p. 311. (20)GoLDEN, Gerald. ‘Terapias Controvertidas. (Simposio sobre Disttrbio de Aprendizagem) Illinois, Pedriat. Clin. North Am., 1984, Pp. 483. 52 (21) GRONSPUN, Hain. Distiirbios Psiquidtricos da _crianca. Rio de geneiro: Livraria Atheneu, 1962, p. 478- (o2)WENDER, Paul. Disfuncdo Cerebral Minima na_Crianca. $80 Pautoy Fd. manole Ltda, 1980, p. 17. (23) GRONSPUN, Hain. Distiirbios Neuréticos da_Crianca. Rio de ganeiro Livraria Atheneu S.A, 1966, p. 213. (24) BEE, H. A crianca em Desenvolvimento, Séo Paulo, Harpes & Row do Brasil, 1984, p. 366. (25) LON, G. Introduction A la Neurologic Pédiatrique. Paris, Maloine, 1979, p. 32. L'Attention et ses Maladies. Paris, Presses p. 103. (26) BAL, Universitaires de France, 1962, (27) NAYRAC, J. P. Physiologie ey Psychologie de L'Attention. Paris, Félix Alcan, Editeur, 1906, p. 144. 53 SIFT FF UU TUF OFFI I III III III III II TFET ETETEEEEIEIIIS: capfruo V - RELAGKO ENTRE ATENCAO E APRENDIZAGEM. Uma vez desenvolvido o estudo bibliogréfico sobre atencao, suas caracteristicas e patologias, cabe-nos agora levantar a problematica de sua importancia no processo de aprendizagem. 5.1 - METODOLOGIA DA PESQUISA. 5.1.1 - JUSTIFICATIVA. Dos distirbios de aprendizagem que se apresentam em criangas em idade escolar, verifica-se que um ntimero significativo se relaciona com déficit de ateng&o, o qual é um problema comum na inf€ncia, ocorrendo em 3% a 10% das criancas em idade escolar, segundo dados da Associagéio Brasileira de Neurologia e Psiquiatria. Esse déficit compromete o aprendizado delas, apesar de possuirem potencial adequado ao seu estagio de desenvolvimento; (1) A Associagdo Brasileira de Neurologia e Psiquiatria fornece dados que levam a crer que as criangas com dificuldade de atencao, muito embora possuam inteligéncia normal ou até superior, apresentam mau rendimento escolar, constatado pelas notas baixas nas avaliagdes, e enfrentam dificuldades mesmo em situagdes aceitas como prazerosas, tais como: jogos, brincadeiras, leituras. (2) 54 saa U FDI I III I FIFI II IP ITAA TERRA IIDADY Os estudos ja realizados sobre déficit de atencao preocupam-se principalmente com a hiperatividade, anteriormente conhecida por disfunc&o cerebral minima, deixando de lado a questéo da relacéo entre a atenc&o propriamente dita e a aprendizagem. Pela an&lise e discussio dos dados anteriormente citados percebe-se que os estudos permanecem lacunares no que tange ao fenémeno atengSo, fazendo-se necessério, assim, um aprofundamento do tema. Enunciamos, portanto, o problema de pesquisa: determinar a psicogénese da ateng&o, sua relagéo com os fatores que a influenciam no individuo e como seu déficit acarreta perda consideraével de aprendizagem, estabelecendo um provével paralelo entre insucesso escolar e déficit de atencao. 5.1.2 - OBJETIVO. Investigar o fenOmeno atengéo afim de estabelecer sua relagdo com a aprendizagem. 5.1.3 - VARIAVEIS. Nesta pesquisa, foram trabalhadas as seguintes variavei a) - Atengao V. Independente b) - Dependéncia administrativa: - escola estadual; - escola municipal; - escola particular A variavel "b" foi considerada interveniente, visto que abriga clientela de nivel s6écio-econémico diferenciado, utiliza-se 55 ge metodologias de ensino desiguais e apresenta gestées de qualidade diversas. ¢) Idade = varidvel interveniente/ dependente tal variavel é 4nfluenciada por fatores hist6ricos, j4 que devemos considerar a experiéncia, a vivéncia e a maturidade adquiridas com o passar dos anos (criangas com mais idades). Nao podemos deixar de considerar também as criangas que estéo fora da faixa etaéria esperada para a série em que se encontram, visto que esse € um dos dados sociolégicos basico Sexo = V. dependente/ interveniente heitura e interpretagdo de texto = V. dependente Compreensdo de texto lido pelo examinador = V.dependente Matematica = V. dependente 5.1.4 - HIPOTESES. HA correlagéo significativa entre insucesso escolar © auséncia de atengao H& correlag&o significativa entre aten¢do escolar e fatores determinantes do préprio individuo e do meio em que vive. 5.1.5 - POPULACKO E AMOSTRA. A amostra foi selecionada por sorteio a partir de relagdo de escolas fornecida pela Secretaria de Educa¢do. © critério para selegio de duas escolas de cada dependéncia administrativa foi estabelecida pela inteng’o de trabalhar-mos com todas as criangas que freqientavam a terceira série das escolas selecionadas. 56 Foi testado um total de 291 criancas de terceira série, sendo: * 134 criancas de escolas particulares; «72 criangas de escolas estaduais; * 85 criangas de escolas municipais. Considerando que as escolas municipais e estaduais séo piblicas, as mesmas somaram um total de quatro escolas acolhendo 157 criangas, enquanto que as particulares somavam um total de 134 criangas. Os alunos foram assim distribuidos: 3 turmas - Colégio Brasto Gaetner; 1 turma - — Colégio Nossa Senhora de Sion; aturma - — Colégio Manoel Ribas; 2turma - — Colégio Dezenove de Dezembro; 2turma - CET Julio Moreira; 1 turma - Escola Municipal Parigot de Souza. uma melhor viséo da distribuigao aluno/escola pode ser obtida observando-se a Tabela I, que se encontra a seguir: Tabela I - Distribuigaéo de alunos por escolas selecionadas. Colegio TURMA A] TORMA B | TURMA C Colégio Brasto Gaetner rey 35 35 Colégio Nossa Senhora de Sion 22 Colégio Manoel Ribas 7 Colégio Dezenove de Dezembro 20 35 CEI Julio Moreira 21 34 Escola Municipal Parigot de Souza 30 57 5.1.6 - INSTRUMENTOS E TECNICAS DE COLETA. Para se obter as respostas as testagens de verificagéo de aprendizagem e atengéo da populagdo alvo, foi necesséria uma pesquisa de campo, visando levantar a situagéo real desses individuos no que diz respeito aos aspectos acima citados. A populagdo-alvo do presente trabalho foi criancas ¢ adolescentes compreendidas na faixa etéria de sete a dezenove anos, residentes em Curitiba, capital do Estado do Parand. Nesta pesquisa dispusemo-nos a observar o grau de aproveitamento dos alunos matriculados na terceira série, em 1.993, dos colégios: colégio Erasto Gaertner; Colégio Nossa Senhora de Sion; colégio Manoel Ribas; Colégio Dezenove de Dezembro; CEI Julio Moreira e Escola Municipal Parigot de Souza no que tange aos aspectos da leitura e compreensdo de texto, gramética e aritmética. Observamos, também, a condi¢do de atengao desses mesmos alunos Para se fazer a testagem de toda a populacdo infanto-juvenil das terceiras série das escolas selecionadas foi necesséria a cooperagao das mesmas. Importante ressaltar que no caso das escolas particulares mister se fez refazer o sorteio, pois as duas primeiras sorteadas recusaram-se a colaborar. 58 , As escolas selecionadas foram visitadas por esta pesquisadora para informar a direcdo sobre o trabalho que pretendiamos realizar, com o cuidado de evitarmos que a mesma considerasse ser objetivo desta pesquisa a avaliacdo da escola e sua metodologia de trabalho. Tendo a escola concordado em participar da pesquisa, foram marcados os dias e horérios das testagens. Contamos, particularmente com a ajuda das professoras que nos permitiram uma primeira visita as turmas com o intuito de explicar aos alunos o trabalho a ser desenvolvido. Foram elaborados, e explicados nesta pesquisa, quatro instrumentos, sendo trés testes para verificacgao da situagdo escolar e um teste para verificacaéo do nivel de atengdo. Para validagdo, os testes foram aplicados em dez criangas de terceira série e submetidos A apreciacéo de trés professoras da mesma série, que julgaram os referidos testes faceis, sem maiores dificuldades para criangas que fregientassem uma série regular Os testes foram de aplicagéo coletiva em sala de aula. Tal aplicagio foi feita em quatro etapas, em dias diferentes. No primeiro dia, foi aplicado o teste de atengao; no segundo dia, foi aplicado o teste de matematica e, no 3° e 4° dias, foram aplicados, consecutivamente, os testes de leitura e interpretagdo de texto e o de compreensdo de texto, lido pela examinadora. © tempo dado para os alunos efetuarem as respostas foi de 30 minutos para cada prova, considerado suficiente, visto que a grande maioria dos alunos resolveu todas as questdes antes do término do horario pré-estabelecido. As dtividas com relago ao vocabuldrio foram esclarecidas pela examinadora. No teste de atengéio, quando surgiram dividas com relag&o aos enunciados, as mesmas foram esclarecidas, inclusive com exemplificages. 59 rrr PUURRREEERERAIIIIIIId © teste de atencéo (ver anexo 1) se constituiu de cem palavras, das quais cinglienta deveriam ser sublinhadas segundo os seguintes comandos: a) - Sublinhe as palavras que comecem com vogal. b) - Sublinhe as palavras que possuam somente trés letras. c) - Sublinhe as palavras que possuam trés vogais juntas. 4) - Sublinhe as palavras que representem ntimeros. e) - Sublinhe as palavras que possuam uma vogal antecedida de outra vogal e sucedida de uma consoante. £) - Sublinhe as palavras que comecam com uma consoante. Dois testes verificavam questées de dominio da drea de comunicagéo e expresséo: o primeiro consistia na leitura e interpretagdo de um texto pelo individuo; no segundo, o individuo respondia por escrito a questées sobre outro texto, lido pelo examinador (ver anexos 2 e 3) © teste de verificagio de dominio na d4rea de aritmética consistia de 16 contas de somar (ver Anexo 4). & preciso ressaltar que os instrumentos para verificagao da situagdo escolar ndo apresentavam dificuldades para as criancas de terceira série, visto que o contetido exigido era de dominio de classes anteriores. Tivemos esta preocupacdo para que ndo houvesse dividas quanto 4 dificuldade de aprendizagem das criangas que ndo se saissem bem em tais testes. Portanto, era esperado que a curva de Gauss dessas testagens fosse do tipo ascendente. 5.1.7 - PROCEDIMENTOS 0s procedimentos adotados para esta pesquisas foram: 60 a) Revis&éo Bibliogréfica; b) Construgéio de Instrumentos de Coleta de Dados; ¢) Validagéo dos Instrumentos; d) Aplicag&o dos Instrumentos; e) Coleta de Dados; £) Tratamento Estatistico: - Calculo das Medidas Descritivas; = C&lculos de Correlagées; - Teste do T. Student para Diferenca das médias; - Intervalo de Confianga da Média g) An&lise e discussdo dos dados obtidos; hh) Conclusées 5.2 - Andlise e Discussio dos Dados Obtidos para tornar possivel o estudo dos resultados dos testes aplicados, foram criados 12 arquivos armazenados em disquete, sendo utilizado © programa Micustat para o tratamento estatistico dos dados. Um primeiro arquivo foi criado, totalizando a participacao efetiva de 291 criangas. Nele foram colocados todos os dados da pesquisa: dependéncia administrativa, idade, sexo, resultados dos testes de leitura e interpretagdo de texto, gramética, compreensdo do texto lido pela examinadora, aritmética e aten¢ao. os demais arquivos registraram resultados parciais da pesquisa, e foram organizados a partir de dados do primeiro arquivo, 61 eee a Fe FFF IFIP Pasa FIT ae eee ea Uae d ddd. sempre comparando através de pareamento de uma das varidveis com a variavel atengao. De posse dos 12 arquivos completos, os dados foram inseridos no programa de computador acima citado, o que tornou possivel a obteng&o de resultados comparativos. A principal finalidade do uso desse programa foi o cruzamento dos dados, ja que necessitamos relacionar os resultados de ateng&o com as demais provas e com os parametros idade, sexo e dependéncia administrativa. ARQUIVO I - DADOS DE TODA A PESQUISA A avaliagéo dos resultados da pesquisa foi feita ora controlande dependéncia administrativa, sexo, idade, resultados de provas, ora agrupando todos esses fatores, de forma a retratar mais fielmente a realidade encontrada. Utilizamos correlac&o de teste de Pearson e Teste T. Student para diferenca de médias © intervalo de confianga da média foi calculado com 1% de erro,ou seja, 99% de confianga para todas as provas. Com relagio & dependéncia administrativa, encontramos os seguintes intervalos de confianga da média das notas obtidas: a) - Escola particular= [8,62 - 9,23] b) - Escola estadual [6,35 - 7,84] ¢) - Escola municipal [5,22 - 6,94] 4) - Total dos casos [7,20 - 8,07] 62 SFR ERE F HFS III II III I IIIT II IIIT TEC ITTETTEIGGIISD Os resultados obtidos confirmaram a expectativa de que os melhores resultados seriam encontrados na escola particular. Levando-se em conta que as escolas sao divididas nas categorias “Piblica” e “Particular”, sendo a primeira subdividida em Estadual e Municipal, podemos considerar, em um primeiro momento, que a escolha por uma ou outra categoria se dd quase sempre em fungéo de questdes de ordem econémica. Para confirmarmos essa afirmacdo, entrevistamos diretores ou orientadores educacionais das escolas envolvidas. Tal entrevista trouxe como resultado o ja esperado: a grande maioria dos alunos das escolas particulares sao de classe média, média-alta e alta, enquanto nas escolas ptblicas a grande maioria 6 da classe média-baixa e baixa. ora, se as escolas ptblicas abrigam alunos mais carentes, justificam-se os resultados acima citados, j4 que tais criancas sofreram maiores privagdes fisicas e culturais. Na variavel idade embora tenhamos tentado controlar tal fator, encontramos os seguintes intervalos de confianga da média: a) - Escola particula: [9,02 - 9,22] b) - Escola estadual = [9,26 - 10,56] ¢) - Escola municipal = [9,08 - 10,191 4) - Total dos casos [9,22 - 9,68] Tais resultados nos mostram que h4 uma maior proximidade de faixa etdria na escola particular havendo menor dispersio e idade mais homogénea, o que nos indica que o nimero de xeprovacses © atrasos é superior na escola piblica. com relagio aos testes para verificacio de aprendizagem obteremos uma melhor vis&o dos intervalos de confianga da médis observando a Tabela II, a seguir: 63 Ri 7 Dera VrPprre 144) Tabela II - Intervalo de Confianga da Média BRTIMETICA TEITURA & COMPREENSKO DE INTERPRETAGHO | TEXTO oUVIDO ays Eecola particular = [(3,26 - 9,61) =| (4,31 - #627 = [13,03 - 3,597 b) - Escola estadual = 1,57 - 3,28) = [13,56 - 4,21] = | [2,08 - 3,08) Ts,21 3,83) = [2,02 - 2,81] <)> Escola municipal 17,33 - 8,95) Tz,30 - 4,21] =| (2,65 - 3,081 @ ~ Total dos casos = Te, 75 - 3,23) Observamos, nessa tabela, que, assim como nos anteriores, os melhores resultados foram encontrados nas escolas particulares. Percebe-se, também, que os resultados do teste de leitura e interpretagao de texto foram melhores que os do teste de compreensdo de texto lido pela examinadora. Esses resultados levam-nos a crer que o fator aten¢do pode interferir significativamente no processo ensino - aprendizagem, visto que para responder as perguntas no primeiro teste, o aluno tinha o recurso de retornar ao texto, enquanto que para responder as perguntas do segundo teste, o aluno contava apenas com a sua capacidade de manter a atengdo e de memorizar os dados enquante a examinadora lia o texto. 64 Yiotowee Conve - pCjPe No teste de ateng&o encontramos os seguintes intervalos de confianga da média: a) - Escola particula: [8,00 - 9,85] b) - Escola estadual [6,34 - 7,84) ¢) - Escola municipal [5,22 - 6,94] a) - Total dos casos = [7,20 - 8,07] Mais uma vez, os melhores resultados foram da escola particular, o que se justifica pelo tipo de estimulacio recebida pelas criangas que freqientam essas escolas, uma vez que as familias de maior poder aquisitivo tém facilidade de acesso aos meios de comunicagiio, a avangos tecnolégicos, a eventos culturais e a informagSes, parecendo, assim, atuar mais eficientemente sobre esse aspecto. Para comparar os resultados dos diversos testes entre si © entre distintos grupos da populacdo, foram feitos c&lculos de correlagées, esta prova estatistica que avalia a existéncia de correlagdes significativas entre os resultados dos testes. com base nesses resultados estatisticos, foram tomadas as decisées quanto a existéncia ou ndo de correlagées significativas nog resultados dos testes entre os grupos feminino e masculino, entre todos os grupos em todas as provas, entre os grupos de faixas etarias diferentes, entre os grupos que freqiientam escolas particulares, estaduais e municipais, entre provas de avaliagdo de aprendizagem e prova de atengao. ARQUIVO 2: Comparamos, num primeiro momento, os resultados do segundo arquivo, criado a partir dos dados do teste de atenc&o. Todas as 65 criangas que apresentaram resultados abaixo do jintervalo de confianga de média foram selecionadas para que pudéssemos estudar comparativamente os resultados obtidos nas outras testagens, como vemos na Tabela III, a seguir: TABELA TI - ATENGKO E OUTRAS TESTAGENS Ndmero de casos: 65 1 conpreen slo de ep. lettura e correcta "te 140 terpreta granatica, PO" administra — casag aritnética sexo —«atengo ‘MTCTPreta gramatfcal iva elo de de texte texto Aide dora a B € a © E g E a | 1-00000 b | --48381| 1.00000 © |~.28761| .22778| 1.00000 a] .55017| ~.44314| .01710/ 1.00000 @ | -.06935] -.16856| 06520) .21189/1.00000 03970| -.00747| 56114] 16692] .02297| 1.00000 g | --22500| .14784| 44933; .17057| .24808[” .59284/ 1.00000 nh] 04526) -.12485| .24313| .22473| .14114/ .34934] 07558] 1.00000 T [103504] --18353] .28577| .26393| .23839| .43495[ .26178| 72598 corregio gramatical de texto ouvido T T | i-00000 66 observamos que -houve — correlacdo estat isticamente significativa destas varidveis: a) - dependéncia administrativa x jidade (inversa ou negativa) b) - dependéncia administrativa x sexo c) - idade x sexo (inversa ou negativa); a) - aritmética x leitura e interpretagao de texto e) - aritmética x correg&o gramatical de texto lido; €) - leitura e interpretagdo de texto x corregéo gramatical do texto lido; gq) - leitura e interpretac&e de texto x compreensdo do texto Lido pelo examinador; h) - leitura e interpretagéo de texto x corregdo gramatical do texto ouvido. Nas Tabelas IV, V e VI que seguem, observamos os resultados da comparagiio dos dados do segundo arquivo, desta vez separades Por dependéncia administrativa. 67 PEER RRR FITS FETT FFF T FANG NEA ASSSIIIDIG Tabela IV - Escola Particular Namero de casos: 65 N=9 ep. leiturae correcio “SES do administra ase aritmética sexo atengio MTSFPFeta granatical ian tiva ee de texto cexto Lido dora a B € a € E o b 1.00000 B | -.99028] 1.00000 e [-.72004] 69190] 1.00000 a] .594907|-.97251| -.68325| 1.00000 e | 04907] -.ie284|-.14303) 18308] 1.00000 £ | -35034] -.31194| -.14439] 17610] -.18381] 1.00000 g | -00000/” -o8si6| -.25220/-.11504| -.44410| -.39878| 1.00000 n| .28770[-.31328| .02606] .26034| .08776| .61605| -.26156| 1.00000 i] -37062]-.42654[-.31465| .41808| .41899| 11274] 06552] 70435 correcdo granatical de eexto ouvide: T T [1.00000 68 | a corresio, granatical de texto ouvide T [2.00000 a nd Tabela V - Escola Estadual Ln Namero de casos: 65 = N-22 BS EK compreen i sto de Le dep. reiturae corregio Sete de BS tiva cdo de de texto | Amina > texto Lida dora ix a B z a é E g E a 1.00000 = 95.9550 [1.00000 EE a La 99.9990 34651/ 1.00000 © [55- : : ea 0 om d]99.9990 | -.27296/ -.01048/ 1.00000 Be ° beg) fe ]55-5550 <3 7956] —0a0sa| —auaTO/a-o000 | ° Le £ 199.9990 04605, ~52641 -12528] -.075427 1.00000 os ° Ls g | 99.9990 58384] .69871] -.07855| -.06296 .37668/ 1.00000 & o Loa} [bh [99.9990 | -.a3224) -.17631] 35502] 42014) 20815] -.44905] 1.00000 eo o Lol «(i | 59.9590 | -.30190| -.04a68] 23820] 63503] 29733) 09728) 79785 i ° i ee Fe \ | 68 Ba 1h Tabela VI - Escola Municipal Niimero de casos: 65 N30 compreen 80 de go texto Lido dep leitura € correrfo interpreta granatical P*1* saministrt — saade aritnética sexo atengio™ETPFEtA st Seung tive cdo de de texto texto Lido dora a B © a € E g B T. 00000 [95.99590 | 1.00000 ° © [99.9950 | .15262| 1.00000 0 ‘ad [99-9990 | .i9601) 25090] 1.00000 ° e [99-9990 [=.20574| .09698| 26195] 1.00000 ° £ [99.9990 | .17307| .58256| -.01614] -.00434] 1.00000 o g [99.9990 | .07903[ .30622| .22325] 34599] 62062] 1.00000 ° h [99.9990 |" .13273| .48842]".0a@762| -.03508| .36439] 05207} 1.00000 o i [99.9990 | .03597/ .45696| .16095|-.03510| .417a6] 19530] 69927 0 corregio ‘gramatical de texto ouvide i T. 00000, 70 Na seqiéncia do estudo comparamos os resultados dos arquivos 3,4,5,7,8, criados a partir dos dados dos testes aplicados: ARQUIVO 3: - corregéo gramatical de texto lido; ARQUIVO 4: SUUTUT RERUN aa - compreens&o de texto lido pela examinadora; ARQUIVO 5: - leitura e interpretagao de texto; USS x ARQUIVO 7: Lo , - aritmética; aaa ARQUIVO 8: - correg&o gramatical de texto ouvido; Esses arquivos sao compostos por todas as criangas que obtiveram resultados abaixo do rr intervalo da média nesses testes foram selecionadas para que pudéssemos comparar os resultados obtidos com os resultados do teste de atengao. Completando as informagées acima apresentadas, temos que 0 intervalo de confianga da média usado para os testes de: a) - correlag&o gramatical de texto lido (4,01 - 4,271 b) - compreensdo de texto lido pela examinadora (2,65 - 3,09] c) - leitura e interpretagao de texto (3,21 - 3,83] a) - aritmética [8,75 - 9,23] e) - corregao gramatical de texto ouvido [2,95 - 3,37] 1 Desta forma, como vemos nas Tabelas VII, VIII, IX, X e XI, foram feitos os seguintes pareamentos dos testes para o estudo de correlagao: Tabela VII - Corregio Gramatical de Texto Lido (g)/ Atengao (e). NGmero de casos: 96 N=96 e g fe 1.00000 ig 719818) 1.00000 Tabela VIII - Compreenséo de Texto Lido pela Examinadora (h)/ Ateng&o (e). Nimero de casos: 138 2138 @ ry e 1.00000 b 733522| 1.00000 Tabela IX - Leitura e Interpretagdo de Texto (£)/ Atengdo fe). Namero de casos: 112 N=112 € = = T. 00000 £ 723388] 1.00000 72 Tabela X - Aritmética (c)/ Ateng&o (e). Nimero de casos: 112 Neti € © € 7.00000 é Taa5z6| 1.00000 Tabela XI - Corregdo Gramatical de Texto Ouvido (i)/ Atengéo te). Ndmero de casos: 106 06 @ 2 € 1.00000 T 05612| 1.00000 [Ao analisarmos as Tabelas apresentadas, observamos que: a) - no teste de corregéo gramatical de texto lido foram selecionados 96 casos, n&o havendo correlacéo com o teste de atengao; b) - no teste de compreensdo de texto lido pela examinadora foram selecionados 138 casos, havendo correlagéo com o teste de atencao; c) - no teste de leitura e interpretagao de texto foram selecionados 112 casos, havendo correlagao com o teste de atengao; 73 a) - no teste de aritmética foram selecionados 112 casos, havendo correlagdo com o teste de aten¢do; e) - no teste de correg&o gramatical de texto ouvido foram selecionados 106 casos, n&o havendo correlagdo com o teste de atengo. Fizemos, também, dois outros arquivos, nos quais separamos © grupo por faixa etéria: criangas de @ a 10 anos e adolescentes de 10 a 13 anos, e outra vez comparamos os resultados de todas as testagens entre si, como vemos nas Tabelas XII e XIII. ARQUIVO 9: Tabela XII - Criangas de 8 a 10 Anos. Nimero de casos: 93 N=90 ep rettura e corresto SP M4 correcto administra interpreta granaticel PO" ical mieten semsticn cexo ——atengtlo,MMCHDFeta sranatical 0) grtnaus eve gio de de texto ae texto vexto Lido dora ouvide a € a e E g E T a | 1.00000 ~ 710324] 1.00000 ala 00168) .07551/ 1.00000 ° =,34321) .29853| .19963| 1.00000 =30504| .33068| .01952| .21127| 1.00000 3551s] _.24126| -.07462] .17092| .56378| 1.00000 a] @ ~Tz0724..07460| .24735| 39235] .33792| .20245/ 7.00000 —Tags7é]16192| 16410] .36103| .42828/ .32412[” .75045/ 1.00000 74 FFT IFFT III IFFT TTT T FETTER RRR A EGER IAD ARQUIVO 10: qabela XIII - Pré-adolescente e Adolescentes de 10 a 19 anos. Nimero de casos: 198 N=190 compreen aio de cep deitura e correcta ***° #44 corvecio administra interpreta granatical P°™* ——gramatical aritmética sexo atenglio examina viva elo de de texto de texto texte Lido aore ouvido a € a = E g b r a | 2-00000 43472) 1.00000 a] >.12982| 02518] 1.00000 @ | =.5i500) .38792| ~ 08279] 1.00000 FE] 2.50008] .48006| .08341[ -31730]/ 1.00000 g] 45375] 43579] 00406| 41224) -64276[ 1.00000 wt tassie] 25078] 11165] .35871[” 31256) .18999] 1.00000 TT} anise] a7IST| 05579] 41467) 4444S [ 40539] 73217] 1.00000 Ao estabelecermo: relevado que observamos, xessaltar que o némero de correlagée: nas tabelas XII e XIII, que: 75 s uma andlise desses dados, s € muito alto. 6 importante contudo deve ser NEGATIVA POSITIVA a) - no grupo de criancas de 8 a 10 anos houve correlacao ou inversa entre os testes de: dependéncia administrativa/aten¢éo; dependéncia administrativa/leitura e interpretacio; dependéncia administrativa/corre¢éo gramatical de texto lido; dependéncia administrativa/correcdo gramatical do texto ouvido; b) - no grupo de criancas de 8 a 10 anos houve correla¢ao entre os testes de: - aritmética/atencéo; - aritmética/leitura e interpretagao de texto; - aritmética/corregdo gramatical de texto lido; ~ aritmética/compreensdo de texto lido pela examinadora; - atengéio/compreens&o de texto lido pela examinadora; - atengio/corregao gramatical de texto ouvido; - leitura e interpretagdo de texto/corregéo gramatical de texto ouvido; - leitura e interpretago de texto/compreenséio de texto lido pela examinadora; - leitura e interpretagdo de texto/corregéo gramatical de texto ouvido; - corregéo gramatical de texto lido/corregao gramatical de texto ouvido; 76 — compreensio de texto lido pela examinadora/corre¢ao gramatical de texto ouvido; c) - no grupo de pré adolescente e adolescentes houve correlag&o NEGATIVA ou inversa entre os testes de: - dependéncia administrativa/aritmética; - dependéncia administrativa/atencao; _ dependéncia administrativa/leitura © interpretagdo de texto; _ dependéncia administrativa/corregdo gramatical de texte lido; - gependéncia administrativa/compreensdo de texto Lido pela examinadora; = dependéncia administrativa/corregdo gramatical de texto ouvido; a) - no grupo de pré adolescente e adolescentes houve correlac&o POSITIVA entre os testes de: - aritmética/atencao; _ aritmética/leitura e interpretagao de texto; - aritmética/correg&o gramatical de texto lido; _ aritmética/compreensdo de texto Lido pela examinadora; _ aritmética/correg&o gramatical de texto ouvido; - atencfo/leitura e interpretagdo de texto; - atencéio/correcdo gramatical de texto lido; _ atengao/compreenséo de texto lido pela examinadora; - atencao/corregao gramatical de texto ouvido; 77 SEP e TTS O ee PIII II III IIIT CTT T TTC TTT EET THETIIIGITS = leitura e interpretacdo de texto/corregao gramatical de texto lido; - leitura e interpretago de texto/compreensdo de texto lido pela examinadora; - leitura e interpretacdo de texto/corregéo gramatical de texto ouvido; - correg%o gramatical de texto lido/compreensdéo de texto Lido pela examinadora; - corregao gramatical de texto lido/corregéo gramatical de texto ouvido; - compreenséo de texto lido pela examinadora/correcao gramatical de texto ouvido. Como nesse trabalho nos dispusemos a estudar a atengdo, vamos nos deter a indicar as correlagées referentes a esse fenémeno No g¥upo de faixa etéria menor observamos que houve correlagdo do teste de atengéo com os testes de: aritmética, compreenséo de texto lido pela examinadora e corre¢do gramatical de texto ouvido No grupo de faixa et4éria maior houve correlacdo do teste de atenc&o com os seguintes testes: aritmética, leitura e interpretacdo de texto, corregdo gramatical de texto lido, compreensdo de texto lido pela exminadora e correg&o gramatical de texto ouvido. No grupo de criancas menores a correlag&o com a atencdo deu- se nos testes de aritmética e nos de lingua portuguesa, que exigiam mais do canal auditivo Entre as criancas maiores houve correlag&o entre o teste de atengSo e todos os testes para a verificagéo de aprendizagem. 78 criamos, além disso, dois outros arquivos, onde separamos as criancas segundo o sexo, feminino e masculino, e novamente comparamos os resultados de todas as testagens entre si, como vemos nas Tabelas XIV e XV. aa = a Be ARQUIVO 11: Tabela XIV - Sexo Masculino. Ndmero de casos: 151 46 — ac dep. leitura e corregio | S*t? ide correcio 3 pe a ]ro0005 3p sons fr 300 SI aeTS |= OSBT TOTTI Sn aBeTe aSSET | ERIEE|T-OOOTD £ |-.49467 |[-.17730].35165 [.33387 [1.00000 3 | se73s |= a0a7e | STE STOVE ESSET | TOTD [sess |= boas | a0s0E SETI SSE BRTET|F-0O0OO T[asTTe | aTSeU | ASRST | ASEST YP STRaE | AEIGE | -BTSTE | T-OVOOD 79 ARQUIVO 12: Tabela XV - Sexo Feminino. Nimero de casos: 140 wea34 et dep. leiturae corregio eee corre¢io cise er eaeeeale — mee me docn ald a b c e £ g h i afr 00008 5 ososa 70000 Sasa wRSTE | F-00OTD =| aS9ST |= BERS | AROOE|F-TOOOD E [= aSTIS | OES SISET | 5ST | OOOO FETS | UaBOS | ATTY IBHOT | SSTOR|T-DOONG ET SHEOS | SHOSE| SHES ARETE |-SATOA | TTEGT | 0000D T[-.43363 |-.15691|.47433 |.50127 |.41500 |[.34885 |.79568 1.00000 Observamos, no estudo das Tabelas XIV e XV, qu a) ~ no grupo do sexo masculino houve correlagdo NEGATIVA ou inversa entre os testes de: - aritmética/dependéncia administrativa; - atengdo/dependéncia administrativa; - idade/atencao; 80 See TTT TTC TCI OIF ITT IT TPP TTC SREP RIT I ISD entre os - dependéncia administrativa/leitura e interpretagiio de texto; = corregao gramatical de texto —1ido/dependéncia administrativa; - compreensio de texto lido pela examinadora/dependéncia administrativa; - corregéo gramatical de texto —ouvido/dependéncia administrative b) - no grupo do sexo masculino houve correlagao POSITIVA testes de: - idade/dependéncia administrativa; - atengdo/aritmética; - leitura e interpretagao de texto/aritmética; - leitura e interpretagéio de texto/atengao; - corre¢éo gramatical de texto lido/aritmética; - corresao gramatical de texto lido/atengao; - correg&o gramatical de texto lido/leitura e interpretacao de texto; - compreensao de texto lido pela examinadora/atengao; - compreensio de texto lido pela examinadora/leitura e interpretagao de texto; - compreenséo de texto lido pela examinadora/corre¢éo gramatical de texto lido; - corregao gramatical de texto ouvido/atengao; = corregdo gramatical de texto ouvido/leitura e interpretacao de texto; 81 - corregao gramatical de texto ouvido/corregéo gramatical de texto lido; - corregdo gramatical de texto ouvido/compreensio de texto lido pela examinadora; ¢) no grupo do sexo feminino houve correlagado NEGATIVA ou inversa entre os testes de: entre os - aritmética/dependéncia administrativa; - atengo/dependéncia administrativa; - idade/atengao; - dependéncia administrativa/leitura e interpretagéo de texto; - corregéo gramatical de_~—s texto.~—-lido/dependéncia administrativa; - compreensio de texto lido pela examinadora/dependéncia administrativa; - correo gramatical de texto ouvido/dependéncia administrativa; @) - no grupo do sexo feminino houve correlagdo POSITIVA testes de - aritmética/atencao; - leitura e interpretacao de texto/matematica; - leitura e interpretacao de texto/atengao; - corre¢&o gramatical de texto lido/aritmética; - corre¢io gramatical de texto lido/atengao; 82 - corregao gramatical de texto lido/leitura e interpretacdo de texto; compreensdo de texto lido pela examinadora/aritmética; - compreenso de texto lido pela examinadora/atencao; - compreensfo de texto lido pela examinadora/leitura e interpretagao de texto; - correg&o gramatical de texto ouvido/aritmética; - corregdo gramatical de texto ouvido/atencao; - corregio gramatical de texto ouvido/leitura e interpreta¢ao de texto; - corregio gramatical de texto ouvido/corregéo gramatical de texto lido; - corregio gramatical de texto ouvido/compreensdo de texto lido pela examinadora Observamos que houve correlagdo entre o teste de atencao e os testes para verificagéio de aprendizagem tanto para o grupo do sexo feminino quanto para o do sexo masculino. Esclarecemos que usamos a Tabela de r (valor de significancia) do livro: Estatistica Aplicada a Ciéncias Humanas. Jack Levin, para desenvolvermos esse estudo 83 = = = = = — = = = = = 5.3 - CONCLUSOES SOBRE A PESQUISA Como j4 foi registrado no inicio do presente capitulo, nosso propésito foi o de investigar o fenémeno atengao, para estabelecer a sua relagio com a aprendizagem. Chegamos, entdéo, a um ponte de encontro com as reflexées iniciais sobre a atencdo a possivel interferéncia da mesma na aprendizagem e sua confrontagéo com a realidade estudada nesta pesquisa. Apés desenvolvermos tal confrontagio, e em vista de resultados obtidos no presente estudo, concluimos que: - A atengéo € fator primordial para o processo ensino- aprendizagem, visto que nela interfere direta e significativamente. - As famflias de maior poder aquisitivo parecem atuar mais eficientemente sobre a estimulacdo, fator que determina o melhor desempenho dos testados nas provas em geral. - As médias globais nas diversas testagens foram superiores nas escolas particulares, seguidas das escolas estaduais ¢ municipais, respectivamente. - N&o houve diferencas significativas entre alunos do sexo masculino e os do sexo feminino, sendo que nos dois grupos, os individuos que tiveram melhor desempenho nos testes de verificacao de aprendizagem também o tiveram no teste de atengao. 84 - Existe maior proximidade de faixa etdéria dos alunos das escolas particulares, em decorréncia de um nimero menor de reprovagées em relacdo as escolas ptblicas. - As médias dos testes para verificagdo de aprendizagem nas escolas particulares foram superiores ao das escolas ptblicas, sendo que entre estas os melhores resultados ficaram com as escolas estaduais - 0s individuos que tiveram rendimento abaixo do intervalo da média nos testes de verificacdo de aprendizagem, tiveram também baixo rendimento no teste de atengo, com excegio das provas que avaliaram a condig&o gramatical do ptiblico selecionado. - Os sujeitos que pertenciam ao grupo de faixa etéria maior e que tiveram melhor desempenho nas provas que avaliaram a condi¢ao gramatical, tiveram também bom desempenho na prova de atengéo. - No grupo de faixa etéria maior, os sujeitos que tiveram melhor desempenho nas provas de verificagdo de aprendizagem tiveram também bom desempenho no teste de atengao. - No grupo de faixa etéria menor, os sujeitos que tiveram melhor desempenho nas provas de aritmética, compreensdo de texto lido pela examinadora e corregéo gramatical de texto ouvido o tiveram também no teste de atengdo. - 0s individuos de maior idade apresentaram maior ificuldade no teste de aten¢ao. 85 _ N&o houve diferenga significativa entre os sexos, sendo que nos dois grupos os individuos que tiveram melhor desempenho nos testes de verificacéo de aprendizagem também o tiveram no teste de atengao. 86 NOTAS BIBLIOGRAFICAS (a)NILO, F. e Guardiola, A. A crianca Hiperativa. Jornal Zero Hora - Caderno Vida, Ano 2, n° 74, 07 de marco de 1.993, p. 45. (2)Id. ibid. p. 45 87 SISIIITIIGTIEDSD CAPITULO VI - CONCLUSOES Consideramos que a atencdo é um fenémeno primordial para a aquisigéio de conhecimentos, bem como € fator preponderante na aprendizagem. Observamos isto ao longo de todo esse trabalho de pesquisa. Ao estudarmos a psicogénese da atengaio, verificamos que ela pode ter origem em uma necessidade priméria ou secundéria, e essa pequena diferenca psicogenética j4 determina o surgimento de dois tipos distintos de aten¢do: a voluntéria e a involuntéria . Procuramos estabelecer também alguns critérios académicos para a classificagdo do fenémeno atengSo, de modo a podermos estuda- lo segundo sua origem, sua natureza, sua duragio, seu grau de focalizagéo e sua origem psiquica. Buscamos estabelecer um conceito que fosse suficientemente amplo que nao abrangesse somente um tipo de aten¢o: A ateng&o é o processo seletivo de fixagdo do individuo em um estimulo. Verificamos que diversos sdo os fatores que determinam a atengdo e que os mesmos se desenvolvem em quatro niveis: volitivo, coguitivo, afetivo e social. Estudamos as patologias da atenc&o e observamos que varios autores j4 estudaram esse aspecto do fenémeno, e embora tenhamos encontrado diversas terminologias elas so semelhantes e abordam quase sempre os mesmos aspectos. i ] 1 STOTT F RFF AD III II III III IIIS SII ISSIIIIIIIIIIISD Ao concluirmos a pesquisa de campo, verificamos que cada um dos aspectos estudados na revisdo bibliografica foram essenciais a para andlise dos resultados obtidos Em todas as comparagées efetuadas ao longo desse trabalho alcangamos um resultado que demonstrou uma tendéncia maior de insucesso nas criangas que freqientam as Escolas Piblicas. Esse fato parece refletir uma situagéo social, caracterizando diferencas de dificuldade nivel de acesso a informagées e ptblico, aliada financeira de parte da populagSo, fez com que se concentrassem em Escolas Estaduais e Municipais, principalmente criancas provenientes de familias de baixo poder aquisitivo. Essa populagdo, geralmente desinformada, néo parece exercer influéncia sobre a estimulagéo das criangas. Consideramos que 6 necess4rio continuar estudando o fenémeno atengao em adultos e criangas, afim de determinar com maior preciséo as diferencas existentes na relagdo atengao e aprendizagem em faixas etarias diferenciadas. Aprofundando assim a pesquisa sobre a interferéncia da atengo nos diversos momentos do processo ensino- aprendizagem, j4 que esse processo ndo 6 apandgio da escola (agéncia formal), mas sim apanaégio da vida. 89 PUPP PEPPER e eee eee RRR REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS | Wabrig Deutsches Worterbuch. Minchen, Mosaik, 1980, p. 66 -, PETIT LAROUSE EN COULEURS. Paris, Librarie Larousse, 1972, P. 68 [ABBAGNANO, Nicola. _Diciondério de Filosofia, Sao Paulo, Mestre Jou, 1970, p.856 ABBAGNANO, Nicola dongrio ‘ilo: Séo Paulo, Mestre Jou, 1970, p. 83-4. ALMOYNA, Julio M.Diciondrio de espanol. Lisboa, Porto, s.d. p. 144 BAL, A. L'Attention et ses Maladies. Paris, Presses Universitaires de France, 1962, p. 103/366. BEE, H. A_crianca em Desenvolvimento. Séo Paulo, Harper & Row do Brasil, 1964, p.121. BERNARD, p. et. alu. Txanstornos de la actividad Psiquica Basal actual, Rio de Janeiro, Masson Ed, 1981, p. 95 BRENNAM, R.E. Histéria de la Psicologia. Madri, Javier Morat a Editor, 1957, p. 85 BRETT, G. Histéria de la Psicologia. Buenos Aires, Ed. Bidos, 1963, p. 416 90 SIDII III II II III III II III IIIS ISIS STII III IS IIIID BRUNER, Jerome, Q processo da Educacéo, Sao Paulo, Bd. Nacional, 1978, p.65. CABRAL, Alvaro. Diciondrio de Psicologia e Psicanélise. Rio de Janeiro, Expresséo e Cultura, 1979, Pp. 6 CAMPOS, Dinah. Psicologia da Aprendizagem. Petrépolis, Vozes, 1975, p. 15 CARVALHO, Irene Melo. Q Processo Diddtico. Rio de Janeiro, Fundacdo Gétulio Vargas, 1976, p. 99-113. D/ANDREA, F. Desenvolvimento da Personalidade, Sao Paulo, Difel, 1984, p. 42. DELAY, Jean e PICHOT, Pierre. Manual de Psicologia. Rio de Janeiro, guanabara Koogan, 1973, p. 67/125/217/223. DIETRICH, G, & HELLMUTH, W Vocabuldrio Fundamental de Psicologia. Lisboa, Martins Fontes, 1970, p. 42. Dizionario portoghese italiano portoghese. Carlo Parla Greco Milano, Antonio Valardi editore, 1974, p. 46. DORIN, annoy. Introducio a Bsicologia, SdoPaulo: Itamaraty, 1972, p.256. DORIN, E. Dicionério de Psicologia. So Paulo, Melhoramentos, 1978, p. 33 ORIN, Tannoy. Psicologia Geral, Sdo Paulo, Bd. do Brasil, 1878, p. DUUS, PETER. Diagnéstico Topogréfico em Neurologia._ Rio de Janeiro: Ed. Cultura Médica, 1985, p.164. ENCYCLOPEDIA BRITANNICA. A_New Seimnvey of Universal Knowledge. Chicago, BUA, 1953, p.657. P » : Pgicandlise. Buenos Aires, Paiclos, 1977, p. 84. ENGLISH, H. B. & ENGLISK, 91 SdaRSED EY, Henri, La Conscience. Paris, Presses Universitaires de Franca, 1963, p. 180. FONTINHA, Rodrigo. Novo Dicionério Etimolégico da Lingua Portuguesa Porto, Editorial Domingos Barreira, S.D. p. 254. FONTOURA, A. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro, Ed. Aurora, 1973, p. 183. FORNS, Juan Surés. _Semiologia Médica e Técnica Exploratéria. Rio de Janeiro, Guanabaré Koogan, 1981, p. 952 GALISSON, Robert e COSTE, Daniel. D x: s4tic Linguas. Coimbra, Almedina, 1983, p 76. GARCIA, J. A. _Compéndio de Psiguiatria, Rio de Janeiro, Livraria Atheneu, 1954, p.59 GOLDEN, Gerald. Terapias Controvertidas, (Simpésio sobre Disttrbio de Aprendizagem) Illinois, Pedriat. Clin. North Am., 1984, p. 483 GRONSPUN, Hain. Distirbios Neuréticos da Crianca. Rio de Janeiro Livraria Atheneu S.A, 1966, p. 213 cRrOWSPUN, Hain irbi igquidtril a. Rio de Janeiro: Livraria Atheneu, 1982, p. 478. HANSEN, C e COHEN, D. Multimodalidades das Abordagens no Tratamento dos Distrbios Deficitarios da Atencio . (Simpésio sobre Distirbio de Aprendizagem) Illinois, Pedriat. Clin. North Am., 1984, p. 451. 92 HASSIBI. S.C.M Principios e Préticas da Psiquiatria Infantil. Porto Alegre, Ed. Artes Médicas., 1982, p. 108 HERRNSTEIN. R. e@ BORING, E. (organizadores) Textos bésicos de histéria da Psicologia . Sio Paulo,Ed. Herber, 1971, p. 586. INHELDER, B. & Piaget, J. A psicologia da Crianca do nascimento a adolescéncia, Lisboa, Moraes Editores, 1979, p. 11. JOHNSON, D. J. ¢ MYKLEBUST, H. R. Dil zz: Principios e Préticas Educacionais. Séo Paulo, Livraria Pioneira Ed, 1983, p. 353 KANDT, Raimond. Exame Neurolégico das Criancas Portadoras de Distiirbios _Neurolégicos. (Simpésio sobre Distirbio de Aprendizagem) Illinois, Pedriat. Clin. North Am., 1984, p. 311. KELLY, W A. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro, Agir, 1959, p.143. KOLB, L. C. _Paiquiatria Clinica. Rio de Janeiro: Inter- americana, 1980, p. 127. LIMA, L. P. Praética da Psicologia Moderna. Sao Paulo, Honor Editorial Ltda., 1972, p. 42. LURIA, A. R. Fundamentos de Neuropisoclogia. Sao Paulo: Ed. da Universidade de Sado Paulo, 1981, p.236/237 LYON, G. Introduction A la Neurologie Pédiatrique. Paris, Maloine, 1979, p. 32. MACKWORTH, Jane. Vigilance and attention . Baltimore, Penguim Books, 1970, p. 13/56 MAYRAC, Paul. Manual de Psicologia. Sio Paulo, Livraria Editora Flamboyant, 1967, p. 186. 93 POY O ELI PELE PP PPP PEP PPE ry MELO, A. L. Nobre. _psiguiatria. Vol I, Rio de Janeiro, Civiliza¢aéo Brasileira: Fenome, 1979, p. MORGAN, C. T. _Introducio a Psicologia. Sado Paulo: McGrau Hill do Brasil, 1977, p.178 MUSSEN, P. Desenvolvimento Psicolégico da Crianca. Rio de janeiro, Zahar, 1973, p. 67. NAYRAC, J. P. Physiologie ey Psychologie de L/Attention, Paris, Félix Alcan, Sditeur, 1906, p. 144. NILO, F. e Guardiola, A. A_crianca Hiperativa, Jornal Zero Hora - Caderno Vida, Ano 2, n° 74, 07 de marco de 1.993, p. 45. OSWALD, Ian, Le Sommeil et La Vielle. Paris, Presse Universitairs de France, 1966, p. 77 PACHECO E SILVA, A. C. Psiquiatria Clinica e Forense. Sido Paulo, Companhia Ed. Nacional, 1940, p. 45. PAIM, Isaias. Curso de Psicopatologia. S&0 Paulo, P. U. Ltda, 1982, p.187 PICHOT,P. & DELAY, J. Manual de Psicologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1973, p. 184. PONTY - MERLEAU, M. Phenomenologie la perception. Paris, Librairie Gallimard, 1945, p. 34. RASKIN, L.A. et alii. Correlativos Neuroquimicos do péficit de Atencio (Simpésio sobre Distirbios de Aprendizagem). Illinois, Pedriatr. Clin. North am., 1984, p. 405. ROSA, Merval Problemitica do Desenvolvimento Petrépolis, Vozes, 1988, p. 103. ROSS, Allan._Aspectos Psicolégicos dos distirbios da aAprendizgem dificuldades na Leitura. Sdo Paulo, McGrau Hill do Brasil, 1979, p.45/90 94 ROSSELO, C. G Diciondrio de Psicologia. Barcelona, Editora licien, 1980, p. 46 ROXO, H. B. B. Manual de Psiguiatria. Rio de Janeiro, Guanabara, 1982,p. 187 SANVITO, W.L. QO cérebro e suas vertentes, S40 Paulo, Panamed, 1982, p. 86. SAWREY, J & Telford, C. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico, 1973, Pp. 35. SCHULTZ, Duane. Hist6ria da Psicologia Moderna Sao Paulo, Ed. cultrix Ltda., 1975, p. 76. SHAYWITZ, S. e SHAYWITZ, B. Diagndstico e Tratamento do péficit de Atencio. Uma perspectiva pedidtrica. (Simpésio sobre Disturbio de Aprendizagem) Tllinois, Pedriat. Clin. North Am., 1964, p. 451 SIMONE, Ramain (citagdo anotada em palestra proferida no Colégio Nossa Senhora de Sion de Curitiba, em 1972). SOKOLOV, E. N va ition 1 N. York, Macomillam, 1963, p. 370 STEPHEN, W. PORGES, Ph D,_Correlativos Fisiolégicos da Atencdo. um Processo Central Subjacente aos Distirbios do aprendizado. (Simpésio sobre Distirbios de Aprendizagem ). Illinois, Pediatr. Clin. North Am, 1984, p. 389. TELES, Antonio, Psicologia Modema. Sao Paulo, Atica, 1977, P 32/91. 95 VALCARCEL, Eduardo Ciro._Neuropsicologia. Habana, Universidade de la Habana, Ministério de Educacién Superior, 1989, p. 148-149 WENDER, Paul. Disfuncdo Cerebral Minima na Crianca. Séo Paulo, Bd manole Ltda, 1980, p. 17. WHALEN, C. © HENKER, B Fronteiras que se Expandem, (Simpésio sobre Distrbio de Aprendizagem) Illinois, Pedriat. Clin. North Am., 1964, p. 417 96 ANEXO I Nome Data de nascimento: __/__/__ pata:__/__/__ Idade Endereco: ____ Telefone: caindo campo ceia armario pia cabelo blusa letra livro olho manga colar sofa boca nariz lustre gaveta brinco espelho homem teu janela flor quatro procurador caneta vinte mala crave sapato pintor margarina cabide caderno mata sala ontem mesa aviador botdo guarda prédio casar abacate pao bloco peixe planta quieto saia seis quiabo saindo copo vaca feia coelho freio rio chao pipoca fino lobo boilo mato cantor dois urubu quadrado martelo soldado porta bater pescar doente quilo sete maga bola trés tio batata 1a clube macaco carro pincel nove pai vidro diante chuva anel foto luz coentro bolsa cdo cinco irmao 97 ANEXO IT Nom Data de nascimento: Data: Idade: Enderego Telefone: COVARDIA Passeavam dois amigos numa floresta, quando apareceu um urso feroz e se jogou sobre eles. Um deles trepou em uma Arvore e escondeu-se, enquanto o outro ficava no caminho. Deixando-se cair ao solo, fingiu-se de morto © urso aproximou-se e cheirou o homem, mas como este prendia a respiracdo, julgou-o morto e afatou-se. Quando a fera estava longe o outro desceu da a’rvore e perguntou a gracejar ao companheiro: - Que te disse o urso ao ouvido? Disse-me que aquele que abandona o amigo no perigo é um covarde! Onde os amigos encontraram 0 urso? © que fizeram os dois amigos ao encontrarem 0 urso? © que fez o urso quando viu o homem deitado? - Voc@ j4 passou por uma situagao semelhante? 98 ANEXO IIT Nome: __ Data de nascimento: Data Idade Enderego: ‘Telefon © Fazendeiro e seus filhos um velho fazendeiro, sentido a chegada da morte, pensou: “orreria feliz se meus filhos fossem bons lavradores” Chamou os dois filhos e assim Lhes falou: - J& n&o viverei muito. Ougam o que lhes tenho a dizer. No solo de nossas vinhas hé um tesouro escondido. E morreu 0s dois jovens trataram de procurar 0 tesouro. Com enxadas e pas escavavm todo o terreno, sem encontrar o ouro e as pedras preciosas que imaginavam. Mas, gracas ao trabalho de revolver a terra, as parreiras produziram as melhores uvas que até entdo haviam visto. © mais velho dos filhos disse para o irm&o: Agora eu sei que o que tesouro falava nosso pai. Sao as nossas vinhas, mais ricas do que nunca. “oO bom trabalho faz a boa riqueza.” © que disse o velho fazendeiro a seus filhos? Qual a mensagem do texto? Por que os filhos do fazendeiro cavaram a terra? Por que as parreiras deram boas uvas? 99 ANEXO IV Nome Data de nascimento / | Data: /__ Idade: | Endereco: Telefone: _ | | 23 87 38 79 + 45 + 2a + 23 + 46 543 738 432 387 + 246 + 261 + 627 + 543 321 345 325 126 pe 222 ages + 256 41) 235 324 423 412 363 54 32 43 + 32 + 37 + 178 + 32 | a2 23 323 65 43 61 332 43 | 12 32 425 2a 100

Você também pode gostar