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[A vida no para, poeta!] Desde cedo, eu pratiquei ouvir.

E se escrevo alguma coisa, por que eu muito ouvi, por que eu sentava ao p dos velhos para sondar-lhes o olhar lanado sobre as curvas arenosas, inspitas do Tempo. Eu parava para ouvir o discurso das gentes das roas, daquelas pessoas que vinham a minha casa para a minha me escrever-lhes as cartas, dos velhos comerciantes, dos pedintes, das "mulheres da vida", e at dos bbados... Havia... h sempre um ponto em que as histrias rebentavam em lgrimas ou em incontido riso. Muitas vezes fui chamado de menino orelhudo que escuta o que no da sua conta faltava-me sempre a medida das coisas que seriam [ou no] da minha conta! Ah... e por que li muito pequena parte de tudo que deveria de... mas li!. Por sorte, mais ouvi, mais vivi do que li! Ainda na tenra infncia, a dor de ser no mundo me pesou; eu era uma criana "antiga", um jovem velho", "um inadaptado s circunstncias"! Eu duvidava ser que eu era, eu sou um "doente"!? Fao aqui um desafio a minha prpria memria: pode at ser obra do azar, mas eu nunca me deparei com um jovem disposto a escutar outra coisa que no seja o rudo ensurdecedor de sua prpria vida, sempre em constante e desabalado tropel. Eu quero admitir que estou sendo injusto nesta minha afirmao! Queria que algum me mostrasse que estou profundamente errado! Ou me dissesse que, parar, ouvir, que seja por cinco minutos, est fora de moda, e que vida de hoje, basta o celular, a rede social e o barulho da msica ftil... A vida no para, poeta... e no para mesmo!? _______________________
[Desterro, 04 dezembro de 2013]

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