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Curso de

PROCESSO PENAL
CAP3 Processo

CAP6 Imunidades

CAP8 Analogia

CAP10 Inquérito policial

CAP13 Ação civil ex delicto

CAP14 Sujeitos processuais

CAP15 Competência

CAP17 Prova

CAP18 Das Questões e processos incidentes

CAP19 Sentença

CAP20 Recursos

CAP21 Dos processos em espécie

CAP22 Nulidades
Curso de
CAP6 - Imunidades PROCESSO PENAL

Questões
1. Qual o conteúdo do princípio da irretroatividade das leis?
Pelo princípio da irretroatividade, as leis somente alcançam os fatos ocorridos após a sua
entrada em vigor. A lei nova não deve regular os fatos pretéritos. Funda-se na premissa de que
a lei é elaborada para a satisfação de necessidades presentes e futuras. Admite-se exceção
ao princípio, no campo do direito material penal, desde que a nova lei, de alguma forma,
mostre-se benigna ao réu. Assim, de acordo com o que dispõe o art. 5º, XL, da Constituição
Federal, e o art. 2º, parágrafo único, do Código Penal, a lei penal que, de qualquer modo,
favorecer o acusado, retroage em seu benefício. No tocante às normas processuais, estas têm
incidência imediata, nos termos do art. 2º do Código de Processo Penal, aplicando-se a todos
os processos em andamento, independentemente da data em que foi praticada a infração
penal. É irrelevante que a nova lei processual seja ou não benéfica. Há que se identificar,
todavia, as leis de natureza mista, com caracteres penais e processuais penais. A estas se
aplicam as regras do direito intertemporal penal.
2. Que são leis de vigência temporária?
Comportam duas espécies: as leis excepcionais e as leis temporárias. São leis auto-
revogáveis. Dá-se o nome de leis excepcionais àquelas elaboradas para atender a uma situa-
ção anormal da vida social, e que têm o prazo de vigência condicionado à duração da anorma-
lidade que as motivou. Por exemplo, leis feitas para períodos de guerra, epidemia etc. Por leis
temporárias entende-se aquelas cujo prazo de vigência é fixado em seu próprio texto normativo.
Essas leis são dotadas de ultra-atividade, pois, decorrido o prazo de sua vigência ou cessadas
as circunstâncias excepcionais, conti-nuam a regular os fatos ocorridos durante seu período
de atividade legal (cf. CP, art. 3º). Excepcionam, assim, o princípio da retroatividade da lei
penal mais benéfica, salvo os casos em que a lei posterior fizer expressa menção ao período
anormal ou ao tempo de vigência (por exemplo, quando a nova lei expressamente disser que
alcança o fato anterior ocorrido durante o período excepcional).
3. Em se tratando de lei processual penal, qual o princípio que rege sua eficácia espacial?
Sendo a atividade jurisdicional o exercício de uma parcela da soberania estatal, é certo
que as leis processuais, civis ou penais, que a regulam, não devem ultrapassar os limites do
território nacional. Não lhes é conferida a chamada extraterritorialidade. Rege-as, portanto, o
princípio da territorialidade (lex fori), segundo o qual, aos processos, julgamentos e atos pro-
cessuais a serem realizados no país, aplicam-se as disposições da lei processual nacional.
Assim, quando no Brasil se houver de praticar atos processuais solicitados por autoridades
estrangeiras, aplicar-se-ão a eles as regras de direito processual penal brasileiro (CPP, art.
784, § 1º).
4. Quais as espécies de imunidade parlamentar?
São duas as espécies: material e formal.
5. O que é necessário para a existência da imunidade material?
A imunidade depende da existência de um nexo de pertinência lógica entre a manifesta-
ção do pensamento e a condição do parlamentar, ou seja, o agente deve ter expressado uma
idéia em decorrência do exercício de seu mandato.
6. A quem se estende a imunidade material?
A imunidade material ou absoluta alcança os deputados estaduais e federais e os sena-
dores, garantindo-lhes a inviolabilidade por suas opiniões, palavras e votos (CF, art. 53, caput).

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CAP6 - Imunidades PROCESSO PENAL

Questões
7. Qual a natureza jurídica da imunidade material?
Trata-se de causa de exclusão da tipicidade, pois a Constituição Federal não pode permi-
tir que a lei descreva a livre manifestação do parlamentar como crime em um tipo penal e, ao
mesmo tempo, considere-a como essencial para o desempenho da função legislativa, a coe-
xistência harmônica e independente entre os Poderes e a preservação do Estado Democrático
de Direito. O Estado não pode dizer ao parlamentar para ser livre em suas opiniões e votos e,
simultaneamente, considerar o exercício dessa prerrogativa uma infração penal. Nesse caso,
o risco criado é permitido, e, pela imputação objetiva, o fato não se enquadra no modelo
incriminador. Sendo atípico o fato, não há falar em incriminação de eventuais co-autores e
partícipes. Além de causa excludente da tipicidade, a imunidade material também passou a
incidir, após a EC n. 35/2001, no campo cível, não podendo também haver responsabilização
por perdas e danos, morais e materiais, quando a ofensa não for abusiva e tiver nexo funcional
com o mandato.
8. Após o encerramento do mandato, poderá o parlamentar ser processado por fato ocorrido
no período de imunidade?
Nesse caso, após haver encerrado o mandato, o parlamentar não poderá ser processado
por fatos ocorridos durante o período de imunidade absoluta.
9. Aplica-se a imunidade material aos deputados estaduais e aos vereadores?
Sim, desde que a respectiva Constituição Estadual lhes estenda semelhante garantia. Os
vereadores também gozam da imunidade material, se o crime for praticado no exercício do
mandato e na circunscrição do Município (CF, art. 29, VIII).
10. As imunidades concedidas aos deputados estaduais podem ser invocadas em face do
Poder Judiciário Federal?
Não, as imunidades concedidas aos deputados estaduais só podem ser argüidas perante
as autoridades judiciárias locais.

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