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Toda a função pública e outros sectores da sociedade sofreram fortes abanões ao longo

destes quatro anos de governo socialista. Foi um autêntico flagelo com tantas medidas,
algumas delas, demolidoras de expectativas que se desvaneceram num período tão
curto.
Quando entrámos no sistema, assinámos contratos, aceitámos as condições que
vigoravam naquele momento, interiorizámos os nossos deveres e os nossos direitos,
optámos por uma carreira, esperando, um dia, vir a usufruir, como outros nossos colegas
que descontaram e trabalharam como nós, daquilo que sempre contámos desde que
assumimos a nossa vida profissional e, repentinamente, tudo se apagou das nossas
mentes. Foi uma desilusão! Já há muito tempo que não se via tantas classes
profissionais na rua a protestar e, na maior parte dos casos, pouco valeu. As maiorias
absolutas são dadas pelos eleitores e, em democracia, o diálogo deve sempre prevalecer,
tomando medidas com moderação e nunca contra qualquer classe.
Viremo-nos, mais uma vez, para a minha classe docente que está completamente
arrasada por tudo o que se passou ao longo desta legislatura com uma imposição de leis
e comentários que feriram muito a nossa sensibilidade. Não éramos merecedores de
tudo o que se tem passado! Cento e vinte mil professores na rua não é motivo para
reflectir? Uma classe, praticamente inteira, a lutar contra certas medidas do governo não
seria motivo para atenderem às suas reivindicações? Agora é tarde. A falta de
comunicação já se arrasta há muito tempo e não é neste final de legislatura que vamos
ceder às “palavrinhas meigas”. Os professores e tantos outros eleitores saberão, no dia
27 de Setembro, fazer justiça e votar em quem sempre nos defendeu.
Toda a oposição, a partir de um certo momento, acolheu a luta dos professores,
pois teve o bom senso de verificar a enorme intranquilidade e tristeza que a grande
maioria da classe docente sente com o crescimento da burocracia; com uma carreira
dividida impondo quotas, impedindo muitos professores excelentes de progredirem na
carreira; escola a tempo inteiro e aulas de substituição no horário não lectivo que tanta
falta faz para o trabalho individual do professor (preparação de aulas, elaboração e
correcção de testes, visitas de estudo, actividades na escola, reuniões…), em suma, há
um desgaste enorme com actividades fora da sala de aula, muitas delas do foro mais
administrativo.
Colegas, temos, no dia 27 de Setembro, a única oportunidade de contribuirmos
para as mudanças destas políticas educativas. Ao lermos os programas eleitorais dos
partidos da oposição, verificamos que todos prometem rever o estatuto, a divisão da
carreira, os horários de trabalho, a aposentação, a imagem do professor que foi
profundamente abalada com este governo, o estatuto do aluno, o facilitismo, a gestão
escolar…
Vamos fazer aquilo que não conseguimos ao longo desta legislatura. Tivemos
um governo que não quis ceder às nossas principais reivindicações, mesmo com greves
que tiveram adesões muito perto dos cem por cento e com manifestações que levaram
os professores quase todos às ruas de Lisboa e às capitais de distrito, não falando em
tantas outras acções de protesto. Expressemos tudo aquilo que abala o nosso íntimo,
descarregando as nossas mágoas e a nossa revolta para que voltem às nossas escolas o
sossego e a motivação que sempre tivemos.
Vamos votar, expressando o nosso descontentamento e sendo gratos para com os
dirigentes políticos que lutaram ao nosso lado com a força e a coragem que, a meu ver,
sempre apreciámos.

* Professor da Escola Monsenhor Elísio de Araújo – Pico de Regalados –


Vila Verde

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