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Regulação dos

Ambientes em Saúde

Professora
Karin Cristine Geller
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro Sócio-Econômico
Departamento de Ciências da Administração

Regulação dos Ambientes em Saúde

Professora
Karin Cristine Geller

Florianópolis
2007
Copyright 2007 © Departamento de Ciências da Administração CSE/UFSC.

G318r Geller, Karin Cristine


Regulação dos ambientes em saúde / Karin Cristine Geller. –
Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração /
UFSC, 2007.
78p. : il.

Inclui bibliografia
Curso de Capacitação a Distância

1. Saúde Pública - Brasil - Regulação. 2. Políticas públicas.


3. Sistema Único de Saúde (Brasil). 4. Educação a distância. I. Título.

CDU: 614.1

Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071


PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva

MINISTRO DA SAÚDE
José Gomes Temporão

SECRETÁRIA EXECUTIVA
Márcia Bassit Lameiro da Costa Mazzoli

SUBSECRETÁRIO DE ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS


José de Ribamar Tadeu Barroso Jucá

COORDENADORA GERAL DE RECURSOS HUMANOS


Elzira Maria do Espírito Santo

COORDENADOR DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE


RECURSOS HUMANOS
Rubio Cezar da Cruz Lima

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


REITOR
Lúcio José Botelho
VICE-REITOR
Ariovaldo Bolzan

CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO
DIRETOR
Maurício Fernandes Pereira
VICE-DIRETOR
Altair Borgert

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO


CHEFE DO DEPARTAMENTO
João Nilo Linhares
SUBCHEFE DO DEPARTAMENTO
Raimundo Nonato de Oliveira Lima
PROJETO MINISTÉRIO DA SAÚDE/UFSC/CSE/CAD

COORDENADOR
Gilberto de Oliveira Moritz
COORDENADOR PEDAGÓGICO
Alexandre Marino Costa
COORDENAÇÃO TÉCNICA
Marcos Baptista Lopez Dalmau
Alessandra de Linhares Jacobsen

CONSELHO EDITORIAL
Luiz Salgado Klaes (Coordenador)
Allan Augusto Platt
Liane Carly Hermes Zanella
Luís Moretto Neto
Raimundo Nonato de Oliveira Lima
Rogério da Silva Nunes

COORDENADOR DA BIBLIOTECA VIRTUAL


Luís Moretto Neto

COORDENADOR FINANCEIRO
Altair Acelon Mello

COORDENADOR DE APOIO LOGÍSTICO


Sílvio Machado Sobrinho

METODOLOGIA PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Denise Aparecida Bunn
Adriana Novelli
Rafael Pereira Ocampo Moré

REVISÃO DE PORTUGUÊS
Renato Tapado

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO


Annye Cristiny Tessaro

ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO
Karin Cristine Geller
Sumário
Apresentação................................................................9

UNIDADE 1
Regulação dos Sistemas de Saúde

A Gestão do Sistema de Saúde no Brasil....................................................13


Resumo.....................................................................................28
Atividades de aprendizagem....................................................................30

UNIDADE 2
Regulação da atenção à saúde

Regulação da atenção à saúde..............................................................33


Resumo.....................................................................................46
Atividades de aprendizagem....................................................................47

UNIDADE 3
Regulção do acesso à assistência

Regulação do acesso à assistência.........................................................51


Resumo.....................................................................................58
Atividades de aprendizagem....................................................................59

UNIDADE 4
Os Complexos de Regulação

O conceito de Complexos de Regulação......................................................63


Resumo.....................................................................................71
Atividades de aprendizagem....................................................................72

Referências.....................................................................................73

Minicurrículo.....................................................................................78
Curso de Capacitação a Distância

8
Regulação dos Ambientes em Saúde

Apresentação

Prezado participante!
O objetivo deste módulo é proporcionar a você um aprofun-
damento teórico sobre a regulação dos ambientes em saúde, como
ela está inserida no Sistema de Saúde Brasileiro, a forma que está
constituída e como se operacionaliza a partir do Pacto pela Saúde
(pacto federativo de zelar pelo respeito ao direito à vida e à saúde –
Lei n° 8.080/90 – Lei Orgânica da Saúde), instituído em 2006.
A regulação dos ambientes em saúde, que também podemos
chamar de regulação do setor saúde, é dividida em três níveis
(NÍVEL I: UBS (Unidades Básicas), PSF (Programa de Saúde
de Família), CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento); NÍ-
VEL II: SAE (Serviços Ambulatoriais de Especialidade), NGA (Nú-
cleo de Gestão e Assistência), CR (Centro de Referência), AE (Am-
bulatório de Especialidades); NÍVEL III: HU (Hospital Univer-
sitário) e HSES (Hospital da Secretaria Estadual de Saúde), con-
forme a Figura 1:

Regulação da Atenção à Saúde

Regulação sobre Sistemas de Saúde

Regulação do Acesso à Assistência

Figura 1: Regulação do setor saúde


Fonte: Ministério da Saúde (MS), Secretaria de Atenção a Saúde (SAS),
Manual de Contratualização do Sistema Único de Saúde (SUS), 2007

9
Curso de Capacitação a Distância

Para melhor organizar e para facilitar seus estudos, dividi-


mos este módulo em quatro Unidades, a saber: Regulação dos Sis-
temas de Saúde, Regulação da Atenção à Saúde, Regulação do
Acesso à Assistência e Política Nacional de Regulação.
Ao longo de sua leitura, você vai perceber que o conteúdo
está organizado de forma a facilitar seu entendimento. Cabe des-
tacar que, na modalidade de Educação a Distância, sua dedicação
e seu comprometimento com o curso são decisivos para um bom
desempenho.
Conte sempre conosco e bons estudos!

Professora Karin Cristine Geller

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Regulação dos Ambientes em Saúde

UNIDADE

1
Regulaçãodos
Regulação dos
SistemasdedeSaúde
Sistemas Saúde

11
Curso de Capacitação a Distância

Objetivo

Nesta Unidade, você vai conhecer a Regulação dos Sistemas de

Saúde. Com isso, deverá, ao final da Unidade, ser capaz de

diferenciar e enumerar as formas de regulação, bem como,

relacionar os conceitos e suas inter-relações.

12
Regulação dos Ambientes em Saúde

A Gestão do Sistema
de Saúde no Brasil

Caro participante!
No estudo a distância, você deve ter atitudes, hábitos e res-
ponsabilidades bem diferentes do que são normalmente
desenvolvidos no ensino presencial. Será fundamental eleger
um horário determinado, exclusivamente, para as atividades
do curso, colocá-lo entre suas prioridades, disciplinar-se para
manter o cronograma, rigorosamente, em dia.
Para facilitar seus estudos, recomendamos que registre suas
análises, as conexões que puder estabelecer entre a teoria e
a prática, suas reflexões e conclusões, pois elas poderão
orientar na realização das atividades, nos contatos com o
tutor e nos debates com seus colegas através dos fóruns.
Finalmente, colocarmo-nos à disposição para qualquer aju-
da que possamos oferecer.
Comecemos, então, pela Regulação dos Sistemas de Saú-
de porém, para melhor situá-lo, vamos falar um pouco so-
bre gestão.

Antes de iniciar os trabalhos é de fundamental importância


conhecer e estar familiarizado com algumas informações e con-
ceitos que permearão nosso estudo e que justificam tanto as
modificações implantadas no SUS, bem como o assunto em foco
nesta Unidade. Isto é: as Regulações dos Ambientes em Saúde.
Outro dado importante, é que sempre que surgirem dúvidas
ou um interesse de maior aprofundamento do conteúdo você pode-
rá recorrer aos seguintes “sites”: www.portal.saude.gov.br/portal/
saude/Gestor, www.saude.gov.br/susdeaz e www.sespa.pa.gov.br
Vamos lá?

13
Curso de Capacitação a Distância

Um conceito fundamental para este curso é o de Índice de


Desenvolvimento Humano (IDH) que foi criado para medir o ní-
vel de desenvolvimento humano dos países a partir de indicadores
de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (ex-
pectativa de vida ao nascer) e renda (Produto Interno Bruto –
PIB per capita). Seus valores variam de zero (nenhum desenvolvi-
mento humano) a um (desenvolvimento humano total). Países
com IDH até 0,499 são considerados de desenvolvimento humano
baixo; com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de desen-
volvimento humano médio; e com índices maiores que 0,800 são
considerados de desenvolvimento humano alto.
O IDHO (mede o IDH dos países) do Brasil, coloca o país
hoje, como a nação que mais evoluiu em relação ao Índice de De-
senvolvimento Humano (IDH), desde 1975. Em 26 anos, o país
subiu 16 posições e agora ocupa a 65ª). O avanço não é maior,
devido principalmente, ao baixo crescimento da expectativa de vida
da população. Ganhou muito em termos de educação e de renda,
mas em termos de longevidade (saúde) não progrediu tanto
(SESPA, 2007).
Para a OMS são essenciais dados positivos nos Indicadores
de Saúde, como por exemplo: acesso, indicadores de metas cum-
pridas em bons resultados na Medicina Preventiva, modalidades
de atendimento eficazes oferecidas ao cidadão e cura. Entendendo
Medicina Preventiva como a parte da Medicina que se encarrega
de propor medidas de promoção da saúde e prevenção de doenças.

Você deve estar se perguntando, mas o que são Indica-


dores de Saúde?

Indicadores de saúde são parâmetros utilizados internacio-


nalmente com o objetivo de avaliar, sob o ponto de vista sanitário,
a higidez (Mortalidade/sobrevivência, morbidade/gravidade/inca-
pacidade para o trabalho) dos habitantes de um país, estado ou
município, bem como, fornecer subsídios aos planejamentos de saú-

14
Regulação dos Ambientes em Saúde

de, permitindo o acompanhamento das flutuações e tendências


históricas do padrão sanitário de diferentes coletividades conside-
radas à mesma época ou da mesma coletividade em diversos perí-
odos de tempo.
A avaliação de um bom IDHO observa os critérios conside-
rados pertinentes pela Organização das Nações Unidas (ONU) e
previstos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que, confor-
me dito anteriormente, justificam modificações implantadas
no SUS a partir de 2006.

Então vamos iniciar nossos estudos.


Mãos à obra!

A gestão do Sistema de Saúde no Brasil relaciona-se com


as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). É a instância na
qual são tomadas as decisões a respeito das prioridades de saúde,
levando-se em conta as necessidades populacionais e o orçamento
disponível. A gestão também determina suas estratégias de ação para
atingir os seus objetivos. Essas estratégias são materializadas pelos
Instrumentos de Gestão. Ex.: Brasil Sorridente – Manual Básico,
Caderno de Orientações para contratação de serviços de saúde II,
Cartilha de Conferências Passo a Passo, Cartilha do Humaniza SUS,
Doenças Relacionadas ao Trabalho – Manual de procedimentos,
Farmácia Popular do Brasil – Manual Básico. (www.saude.gov.br/
susdeaz/instrumento).
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição
Federal de 1988 para que toda a população brasileira tenha acesso ao
atendimento público de saúde. Anteriormente, a assistência médica
estava a cargo do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previ-
dência Social (INAMPS), ficando restrita aos empregados que contri-
buíssem com a previdência social. Até então, os demais eram consi-
derados “indigentes” e atendidos apenas em serviços filantrópicos.
Em oposição a esse contexto, cabe notar que dentre os con-
tribuintes, cerca 25% da população brasileira, ou seja, cerca de 40

15
Curso de Capacitação a Distância

milhões de pessoas são conveniadas hoje com planos de saúde,


número esse que gradativamente aumenta conforme região e con-
texto, sendo o valor médio investido anualmente por indíviduo na
ordem de U$ 400 (COBRA, 2001). Valores que poderiam ser in-
vestidos na saúde pública.
Uma das estratégias é a Regulação, que nesse contexto é mais
diretamente relacionado com a Gestão e é conhecida como
Regulação dos Sistemas de Saúde.
Regulação dos Sistemas de Saúde no Brasil não deve ser con-
fundido com Gestão da Saúde no Brasil.
Enquanto a Gestão da Saúde define as diretrizes, cabe a
Regulação dos Sistemas de Saúde, regulamentar e acompanhar
seu cumprimento e sua execução nos três níveis de atendimento
do SUS:
Nível I:
UBS (Unidades Básicas), PSF (Programa de Saúde de Fa-
mília), CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento)
Nível II:
SAE (Serviços Ambulatoriais de Especialidade), NGA (Nú-
cleo de Gestão e Assistência), CR (Centro de Referência), AE (Am-
bulatório de Especialidades)
Nível III:
HU (Hospital Universitário)
HSES (Hospital da Secretaria Estadual de Saúde)

A Regulação dos Sistemas de Saúde no Brasil compreende o


conjunto de “ações que visam a vigilância do cumprimento das re-
gulamentações que incorporam os objetivos da política de saúde atra-
vés das áreas de fiscalização, controle, monitoramento, avaliação e
auditoria.” (Anais da Secretaria da Saúde da Bahia – SESAB, 2007).
Por tratar-se de um conceito recente e inovador, ainda não
existem muitas publicações científicas sobre o tema. Contudo, sur-
giu em decorrência do processo posterior a implantação da Norma
Operacional de Assistência a Saúde (NOAS 2001-2002), que
explicita regras para cada Estado e Município.

16
Regulação dos Ambientes em Saúde

GLOSSÁRIO
A partir de então passou a vigorar a “Gestão Plena do Siste-
*Regulação dos Sis-
ma Municipal”, totalmente estruturada e direcionada para a
temas de Saúde –
Regulação do Sistema de Saúde ou pela Regulação da Assistência, conjunto de relações,
com a implementação das Centrais de Regulação. saberes, tecnologias
Enfim, a Regulação trouxe um novo dimensionamento ao e ações que interme-
diam a demanda dos
atendimento do SUS, regulando a assistência de forma equânime,
usuários por servi-
com vistas a garantir o acesso da população a ser atendida.
ços de saúde e o
A ação regulatória, anteriormente restrita aos serviços com- acesso a esses. Para
plementares de saúde (Ex.: educação sanitária, lactária, sexual) responder às dire-
oferecidos nas Unidades Básicas (Postos de Saúde), passou a ser trizes do SUS, deve-
se viabilizar o aces-
introduzida nos procedimentos de alta complexidade e mais re-
so do usuário aos
centemente nos de média complexidade .
serviços de saúde de
Portanto, a Regulação dos Sistemas de Saúde* no Brasil, forma a adequar, à
visa garantir ao cidadão atendimento fora dos padrões anteriormente complexidade de
preconizados nos protocolos de acesso, através de listas de espera. seu problema, a
gama de tecnologias
exigidas para uma
Antes de prosseguir é importante que você compreenda o resposta humana,
que são procedimentos de média e alta complexidade. Veja oportuna, ordena-
da, eficiente e efi-
caz. Fonte:
Bloco da atenção de média e alta complexidade www.saude.gov.br/
susdeaz, 2007)
ambulatorial e hospitalar

Um dos cinco blocos de financiamento, que a partir da defi-


nição do Pacto pela Saúde passaou a compor os recursos federais
destinados ao custeio de ações e serviços da Saúde é constituído
por dois componentes: Limite Financeiro da Média e Alta Comple-
xidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC) e Fundo de Ações Estra-
tégicas e Compensação (Faec). O componente Limite Financeiro
da Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (MAC)
dos estados, municípios e Distrito Federal destina-se ao financia-
mento de procedimentos e de incentivos permanentes, sendo trans-
feridos mensalmente para custeio de ações de média e alta com-
plexidade em saúde. Os recursos federais deste componente serão
transferidos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) aos fundos de saúde

17
Curso de Capacitação a Distância

dos estados, municípios e Distrito Federal conforme a Programa-


ção Pactuada e Integrada (PPI) da assistência, publicada em ato
normativo específico. O Fundo de Ações Estratégicas e Compensa-
ção (Faec) abrange recursos destinados ao custeio dos seguintes
procedimentos:

‰ os regulados pela Central Nacional de Regulação da Alta


Complexidade (Cnrac);

‰ os transplantes;

‰ as ações estratégicas ou emergenciais, de caráter tempo-


rário e implementadas com prazo pré-definido;

‰ novos procedimentos não-relacionados aos constantes da


tabela vigente ou que não possuam parâmetros para per-
mitir a definição de limite de financiamento, sendo que
esses últimos serão custeados pelo Faec por um período
de seis meses para permitir a formação da série histórica
necessária à sua agregação ao componente MAC.

Os outros recursos destinados ao custeio de procedimentos


atualmente financiados por meio do Faec serão incorporados ao
Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade Ambulatorial e
Hospitalar dos estados, municípios e Distrito Federal conforme ato
normativo específico, observando as pactuações da Comissão
Intergestores Tripartite (CIT). (www.saude.gov.br/susdeaz)

Unidades de Saúde e Oferta

A oferta de consulta especializada em cardiologia de


um dado município é de 450 consultas/mês, mas o
município gera 650 solicitações de consulta em
cardiologia, isso corresponde um déficit de 200 enca-
minhamentos que não serão atendidos dentro do mes-
mo mês. Isso faz com que seja gerada uma fila de espe-
ra nas Unidades de saúde, que ao longo de um ano

18
Regulação dos Ambientes em Saúde

corresponderá a um total de consultas ofertadas de GLOSSÁRIO


5.400 consultas/ano, contra 7.700 encaminhamentos *Pacto pela Saúde –
para a mesma especialidade, permanecendo naquele é um conjunto de
ano um montante de 2.300 pacientes sem atendimento normas institucio-
(que permanecerão em lista de espera para atendimen- nais do SUS, pactua-
to). Estes pacientes deverão aguardar por atendimen- das entre os três entes
to sendo que sua espera obedecerá necessariamente federativos (União,
uma ordem cronológica da lista (quem tem um pedido Estados e Municípi-
de abril não poderá estar na frente de quem possui um os) com o objetivo
pedido de março), porém haverá aqueles pacientes que de promover inova-
por inúmeras razões clínicas são considerados casos de ções nos processos e
urgência médica e para estes há que se ter um critério instrumentos de ges-
tão, visando alcançar
de atendimento diferenciado. É aí que entra o papel do
maior eficiência e
médico regulador que fundamentalmente avaliará os
qualidade das res-
casos considerados urgentes e passará o paciente na
postas no SUS. Ao
frente dos demais pelo fato de ser este um paciente que
mesmo tempo, rede-
necessita tratamento diferenciado. fine as responsabili-
Existem regras determinadas pelo MS para essa es- dades de cada gestor
colha e elas variam entre regras técnicas de regulação em função das ne-
e regras clínicas, por isso, preferencialmente sempre cessidades de saúde
o profissional de escolha para a função de regulador é da população na bus-
ca da garantia da exe-
o médico.
cução dos princípios
e diretrizes organi-
zativos do SUS.
Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde
F o n t e :
(CONASS), o conceito de regulação mais disseminado no SUS está
www.portal.saude.gov.br
relacionado ao conceito da regulação do acesso dos usuários aos (2007)
serviços de saúde. Embora seja “uma concepção restrita de
regulação, induzindo a iniciativa de controle do acesso do usuário
e adequação da oferta, assim como, na última década, as normas
do sistema vincularam o processo e as ações de regulação às for-
mas de gestão estabelecidas.” (2007).
A partir da nova política definida pelo Pacto de Gestão*,
em seu eixo – Pacto de Gestão, cada município e estado possui
regras claras de como deve atuar nas diferentes modalidades de ges-
tão e como deve ser essa atuação, em especial quanto a regionalização,
descentralização e garantia do acesso do usuário do SUS.

19
Curso de Capacitação a Distância

Falando dos princípios e diretrizes do SUS, eles já foram descri-


tos em 1990 na lei maior do SUS, a Lei 8.080/90, que dispõe sobre as
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá
outras providências. Os princípios e diretrizes do SUS são conheci-
dos como:

‰ acesso universal e igualitário;

‰ integralidade da assistência, ou seja, todo cidadão tem o


GLOSSÁRIO direito a uma atenção à saúde integral;

*Eqüidade – impar- ‰ equidade*;


cialidade na distri-
‰ na assistência e no acesso de forma regionalizada e hie-
buição do bem-es-
rarquizada;
tar entre membros
da sociedade. Fon- ‰ eficiente uso dos recursos disponíveis; e
te: Lacombe(2004)
‰ na qualidade na prestação dos serviços e capacidade de
resposta às necessidades de saúde da população.

Embora estes princípios já estejam descritos desde a implan-


tação do SUS, não tem sido fácil sua efetivação. Em especial pela
insuficiência de recursos financeiros historicamente disponibilizados
nos planos orçamentários anuais, bem como, pela não priorização
deste setor como área crítica. Porém muito se tem avançado nesse
sentido na última década.

Há necessidade de se conhecer melhor o impacto da pres-


tação de serviços de saúde quanto aos indicadores (de saú-
de) de uma determinada população e o seu peso nos resul-
tados alcançados. (CONASS, 2007)

Sem dúvida, a inserção da regulação no setor saúde deu-se,


no sentido de tornar os padrões de oferta de serviços de maior qua-
lidade a garantia de um acesso organizado a todos os cidadãos.
Sem dúvida “[...] há necessidade de avançar em uma concepção
econômica da regulação, com o foco no contexto da organização
do sistema de saúde, do mercado e dos recursos necessários para a

20
Regulação dos Ambientes em Saúde

prestação de serviços nesse setor.” (CONASS apud KUMARANA


YAKE et al, 2000).
Um dos preceitos estabelecidos pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) é a defesa pela prestação de serviços públicos de saúde, no
entanto, a realidade divulgada diariamente pelos meios de comu-
nicação torna evidente que não existe por parte dos municípios capa-
cidade de oferta de todos os serviços de forma pública, por isso, a hie-
rarquia estabelecida pelo Ministério da Saúde está na seguinte lógica:

‰ primeiro são esgotadas todas as possibilidades de oferta


de serviços pelo poder público;

‰ quando estas forem esgotadas, são utilizadas todas aque-


las oferecidas por entidades filantrópicas e;

‰ somente após estas terem sido utilizadas integralmente é


que se poderá fazer contrato com prestadores privados
pelos serviços de saúde.

Dependendo dos conceitos, crenças e valores de uma


determinada sociedade, a concepção das funções e da
dimensão da atuação estatal pode variar. Portanto,
as funções de prestação de serviços de saúde, de
regulação e de financiamento de ações e dos serviços
de saúde podem ser assumidas pelo Estado integral
ou parcialmente, da mesma forma que o peso dado ao
desempenho dessas funções pode ser distinto nos di-
ferentes sistemas de saúde.

O mercado no setor saúde: oferta e


demanda dos serviços de saúde

Segundo CONASS (apud MOONEY, 1992) a economia trata


de escolhas sobre custo de oportunidade, isto é: como obter mais e

21
Curso de Capacitação a Distância

melhores benefícios para a sociedade com os recursos disponíveis.


Portanto, o objetivo é a eficiência, extrair o máximo que pudermos
de trabalho, terra e capital, frequentemente com alguma preocu-
pação, equidade e justiça.
O objetivo é a sociedade como um todo e não apenas o indi-
víduo ou um grupo específico de indivíduos (CONASS apud
MOONEY, 1992).
A economia pode ser conceituada como o estudo da escassez
e da escolha. Onde o que varia é o nível de escassez dos recursos e
quão difíceis são as escolhas (NORMAND; BOWLING, 1993).
Especialmente no mundo capitalista, o mercado atua como
uma grande balança, em que quanto maior a oferta, menor se tor-
na o custo e quanto menor a oferta mais onerosa se torna o produ-
to para o usuário. Em se tratando da saúde, esta regra parece estar
em sintonia com as práticas da economia de mercado.
Quanto maior for a oferta de procedimentos clínicos menor
se torna a necessidade de intervenção através da ação reguladora.
Porém, quanto menor for a oferta, ou quanto maior for a sua com-
plexidade no sistema, maior será a intervenção da ação regulatória
para sua distribuição.
Existem vários procedimentos de alta
Para saber mais complexidade no SUS que são integralmente
Adam Smith (1723-1790) – economista in-
*Adam
regulados, ou seja, só o médico regulador, após
glês, eminente representante da Escola Clás-
criteriosa avaliação, procede a autorização para
sica da economia política burguesa. Seu livro A
execução desses procedimentos pelo SUS, como
riqueza das nações, editado em 1776, foi e con-
tinua a ser uma obra de referência para todos os
é o caso dos exames de ressonância magnéti-
economistas. Fonte: www.marxists.org (2007) ca, Tomografia computadorizada, internação
para cirurgias eletivas, transplantes, etc.
Segundo Adam Smith, grande economista inglês, quantida-
de e preços são os mecanismos utilizados para se estabelecer a re-
lação entre consumidores e produtos. A expressão é conhecida como
“mão invisível do mercado”.

22
Regulação dos Ambientes em Saúde

O consumidor tem perfeita condição de decidir pela


aquisição de muitos bens e serviços, porém, em se tra-
tando de saúde, o consumidor/usuário tem pouca ou
nenhuma condição de decidir qual é a melhor inter-
venção, sua qualidade e sua eficácia. Invariavelmen-
te, a decisão é transferida ao profissional de saúde que
atua em benefício do paciente/usuário, ou seja, o pro-
vedor da assistência passa a exercer a função de
demandador (BRASIL, 2007).

Esse talvez seja um dos maiores problemas que o sistema


enfrenta em relação a oferta de serviços no SUS.
Embora haja portarias que definam os parâmetros de oferta
de serviços (por população, por necessidade, por critérios
epidemiológicos, por grau de complexidade do procedimento), não
importa, se o profissional que atende ao usuário entende que é ne-
cessário solicitar várias vezes um mesmo exame durante um perí-
odo considerado pequeno e justifica clinicamente suas demandas,
não há parâmetros que dêem conta de estabelecer cotas suficien-
tes. Somados a isso, existem os profissionais que acreditam ser mais
fácil solicitar exames do que examinar o paciente e o resultado,
certamente, é o desencontro de dados (requisições, execuções, di-
agnósticos) e procedimentos observando o caos vivenciado na mé-
dia complexidade hoje pelo Sistema Único de Saúde no Brasil.
Portanto a eqüidade da atenção à saúde torna-se uma preo-
cupação premente na área de Regulação dos Sistemas de Saúde.
No início desta unidade utilizamos a definição existente na Lei nº
8.080 (que regulamenta o SUS), no entanto existem muitas ou-
tras que podemos utilizar para tornar claro seu entendimento no
contexto apresentado aqui. Sua conceituação no SUS incorpora,
basicamente, a noção de justiça social, no entanto pode ainda per-
ceber as seguintes definições:
Para Viana (2001), em seu livro Medindo desigualdades em
saúde no Brasil: uma proposta de monitoramento, é fato conclu-
sivo que eqüidade não é o mesmo que igualdade, e que o conceito

23
Curso de Capacitação a Distância

aplicado no setor saúde é o da “discriminação positiva”, ou seja, dar


mais a quem mais necessita.
Para a gestão, seja ela municipal, estadual, ou federal, exis-
tem três áreas consideradas fundamentais para que haja
governabilidade no SUS com competência. São elas:

‰ financeira e orçamentária: com a utilização criteriosa


de regras para os investimentos e o custeio no sistema;

‰ área de Assistência à Saúde: onde estão inseridas as


unidades prestadoras de serviço, os programas, as ações
de saúde voltadas para o atendimento à população, como
por exemplo, os complexos de regulação (que estudare-
mos na próxima unidade); e

‰ a área de atenção à Saúde: onde estão concentradas


todas as áreas de estruturação para que haja garantia
da assistência:

‰ controle, avaliação, regulação e auditoria;

‰ programação;

‰ contratualização;

‰ gestão da informação;

‰ cadastro de estabelecimentos de saúde; e

‰ cadastro do cartão nacional do SUS, entre outras


áreas.

Essas funções apresentam uma interface entre si, a ponto de


muitas vezes, não se conseguir diferenciar a regulação dos siste-
mas da regulação da assistência, tamanha é sua interligação.
Conseqüência do processo de descentralização das ações e ser-
viços no SUS, bem como, a sistematização e implantação da
regionalização trouxeram para o Sistema maior transparência e
homogeneidade da oferta, porém, ocasionou em muitas cidades
(em especial aquelas onde a concentração de serviços de saúde era
maior), uma redução muito grande na oferta. Porém, justificam-
se quando para essa redução corresponde um aumento para aque-

24
Regulação dos Ambientes em Saúde

les municípios que não dispõem de oferta nenhuma e também ne-


cessitam igualmente da mesma oferta.
Com o Pacto pela Saúde implantado pelo Ministério da Saú-
de em 2006, a regionalização ganhou um espaço de destaque nes-
sa nova política de saúde brasileira e deve ser entendida como um
processo contínuo de compartilhamento de atividades mútuas, por
meio da participação de todas as instâncias de governo, da socie-
dade civil e organizada e do cidadão (CONASS, 2007).

Outros conceitos de Regulação


de Sistemas de Saúde

Olá!
Você já está familiarizado com o que é Regulação?
A resposta a essa e a outras perguntas, você vai encon-
trar ao longo desta seção. E então, o que está esperan-
do? Inicie a leitura e busque as respostas. Não esqueça que
continuamos junto com você!

Não há um padrão para a definição da regulação. Existem inú-


meras e diferentes conceituações, e cada uma reflete diferentes pers-
pectivas da agenda política e valores que estão implícitos por quem as
elabora e por quem as utiliza. Vamos conhecer mais alguns conceitos
significativos. Portanto podemos considerar a regulação dos sistemas
de saúde, aquela onde sua atuação acontece de:

‰ gestor federal sobre Sistemas estaduais, municipais, pro-


dutores de bens e serviços em saúde e Sistemas privados
vinculado a Saúde Suplementar;

‰ gestor estadual sobre Sistemas municipais e produtores


de bens e serviços em saúde;

‰ gestor municipal sobre produtores de bens e serviços em


saúde; e

25
Curso de Capacitação a Distância

GLOSSÁRIO
*NOAS-01/01 – ter- ‰ a auto-regulação de cada esfera de gestão.
mo utilizado para de-
Tomando como exemplo a Secretaria Estadual de Alagoas, al-
finir a Norma Opera-
cional da Assistên- gumas das atribuições da Regulação são:
cia à Saúde. Leva o
‰ regulamentação geral;
número 01 por ser a
primeira, anterior- ‰ controle sobre sistemas;
mente, o SUS era
‰ avaliação dos sistemas;
normatizado pelas
NOB – Normas Ope- ‰ regulação da atenção à saúde;
racionais Básicas. E
o outro 01, se deve ‰ auditoria;
ao fato de haver sido ‰ ouvidoria;
publicada em 2001.
Foi republicada no ‰ controle social;
ano seguinte, em
‰ vigilância sanitária;
2002, com várias
alterações de forma ‰ ações integradas com outras instâncias de controle pú-
e conteúdo, passan- blico; e
do a denominar-se
‰ regulação da saúde suplementar (SES-ALAGOAS, 2006).
NOAS-01/02. (Defi-
nição da autora)
*Norma Operacional Veja agora outras definições de Regulação:
da Assistência à Saú-
de (NOAS) 2001/ ‰ De acordo com a NOAS-01/02*,
2002 – Norma que
define basicamente Regulação é a ordenação do acesso aos serviços de assis-
as regras para o fi- tência à saúde. Esta ordenação atua pelo lado da oferta,
nanciamento nas buscando aperfeiçoar os recursos assistenciais disponíveis
três esferas de go- e pelo lado da demanda, buscando garantir a melhor al-
verno, bem como ternativa assistencial diante das necessidades de atenção
mantém as formas e assistência à saúde da população.
de habilitação dos
municípios e dos es- ‰ Segunda definição de regulação é compreendido como
tados no SUS. Fonte: uma função essencial em saúde pública, cujo objetivo é
www.saudemental.med.br/ desenvolver e/ou aperfeiçoar os marcos regulatórios e
NOAS.htm leis, bem como, a execução das atividades que visam as-
segurar seu cumprimento de forma oportuna,
Essas e outras infor- congruente e completa.
mações podem ser
‰ Terceira definição: para Mendes, a regulação é dada quan-
encontradas em:
do o Estado, imbuído de seu papel de mediador coletivo,
http://
bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/
26
0203anais_cncts3.pdf
Regulação dos Ambientes em Saúde

exercita um conjunto de diferentes funções com o obje-


tivo de direcionar os sistemas e os serviços de saúde no
sentido de garantir o cumprimento desses e para definir,
programar e avaliar as regras do jogo desses sistemas de
forma a regular o comportamento dos atores sociais
frente às situações e a satisfação às demandas, necessi-
dades e representações da população.

É necessário ter em mente o espírito da regulação. É


preciso manter sempre o foco no seu objetivo, que é o
de assegurar o desempenho do sistema de saúde, ou
seja, prestar uma assistência eficiente e eqüitativa,
bem como, atender às necessidades de saúde da po-
pulação (CONASS, 2007).

Ampliando os horizontes!!
Agora que você conheceu mais alguns vários con-
ceitos de regulação, que tal um desafio: pesquise
sobre os diferentes conceitos de regulação e rela-
cione-os com a Regulação dos Sistemas de Saúde.

Quem regula?

Regulação é uma importante macro-função dos governos, nor-


malmente introduzida pelo gestor local, regional, estadual e nacional
ou por uma agência reguladora (CONASS, 2007).

O Sistema de Saúde prevalecente não pode fazer o


trabalho de melhorar a qualidade da atenção à saúde.
“Tentar fazer mais do sistema NÃO funcionará. Mu-
dar o Sistema, SIM.” (CONASS, 2007)

27
Curso de Capacitação a Distância

Portanto, o grande desafio dos gestores é, além de introduzir


mecanismos de regulação, protocolos e padrões de assistência, monitorar
o seu desempenho. Outro fator preponderante é a informação para o
usuário, que pode atuar, desde que bem informado, como um agente
regulador.

Saiba Mais
Sobre a “Série Pacto pela Saúde do Ministério da Saúde, v. 3,
Regionalização Solidária e Cooperativa”, em: www.saude.gov.br/sas

RESUMO

Nesta Unidade você aprendeu que a Regulação dos Sis-


temas de Saúde comporta ações de regulação do gestor
Federal sobre Estados, Municípios e setor privado não-vin-
culado ao SUS. Gestor Estadual sobre municípios e
prestadores, Gestor Municipal sobre os prestadores e a auto-
regulação de cada um dos gestores. Atua sobre:

‰ regulamentação geral;

‰ controle sobre sistemas;

‰ avaliação dos sistemas;

‰ regulação da atenção à saúde;

‰ auditoria;

‰ ouvidoria;

‰ controle social;

‰ vigilância sanitária;

‰ ações integradas com outras instâncias de controle


público; e

28
Regulação dos Ambientes em Saúde

‰ regulação da saúde suplementar.

O conceito e a compreensão não uniformes. Regulação


não se confunde com gestão.

A gestão contempla, no mínimo, a definição da política


de saúde e do correspondente projeto tecno-assistencial,
implementados por meio do planejamento, financiamen-
to, orçamento, programação, regulação, e da(s)
modalidades(s) de atenção, além do desenvolvimento de
funções em saúde como gestão do trabalho e educação,
informação e informática, ciência e tecnologia, além das
administrativas e financeiras. A gestão regula diretamente
quando faz a regulamentação de sua política.

A regulação faz a vigilância do cumprimento destas


regulamentações reformulando conceitos, práticas e fina-
lidades. Assim, temos regulação como:

‰ ato de regulamentar, de elaborar as regras;

‰ controle da oferta e demanda por meio de fluxos, pro-


tocolos assistenciais, centrais de leitos, consultas e exames;

‰ regulamentação, fiscalização e controle da produ-


ção de bens e serviços em setores da economia, incluindo a
saúde; e

‰ tradição dos temas controle, avaliação e auditoria.

A disseminação pelo Ministério da Saúde, a partir da


NOAS 01/02, de um determinado conceito de regulação
pode ser interpretado como:

controle, organização do acesso dos usuários aos serviços


assistenciais de média e alta complexidade, por meio das
centrais de internação, consultas e exames, articuladas
como complexos reguladores, incorpora os acúmulos his-
tóricos, práticos e teóricos do controle, avaliação, audito-
ria e regulação do SUS, com críticas às deficiências. Toma

29
Curso de Capacitação a Distância

regulação como ação social mediata que visa à regula-


mentação, à fiscalização e ao controle sobre a produção de
bens e serviços no setor saúde. Critica a regulação exis-
tente por sua fragmentação de ações e pela não preponde-
rância da finalidade pública. Reformula conceitos, dis-
criminando e imbricando as ações de regulação sobre sis-
temas de saúde, sobre a produção direta das ações de saú-
de e sobre o acesso dos usuários aos serviços de saúde.

Atividade de aprendizagem

Vamos avaliar se você teve bom entendimento desta Uni-


dade?
Para saber, procure resolver as atividades propostas.
Caso tenha ficado alguma dúvida, faça uma releitura cui-
dadosa dos conceitos ainda não bem entendidos ou, se
achar necessário, entre em contato com seu tutor.

1. Descreva os principais conceitos de regulação na saúde.

2. Escreva com suas palavras o que você entendeu sobre


Regulação sobre os sistemas de saúde.

3. Pesquisa!
Com a introdução do Pacto pela Saúde em 2006, o Ministério
da Saúde priorizou vários eixos, entre eles, a Regionalização. Se
a regionalização passou a ser um princípio que orienta a
descentralização, de que maneira os Estados e os Municípios
devem se organizar para garantir efetivamente que a
descentralização aconteça de forma organizada?

Ao longo desta Unidade, analisamos, de forma simples e


direta, as diferentes formas de regulação, bem como seus
conceitos. Esperamos ter alcançado o objetivo proposto,
uma vez que procuramos destacar a relevância deste as-
sunto oferecendo noções básicas sobre o tema e relacio-
nando-o à atividade profissional.
Se você ainda tem dúvidas, retorne à leitura ou busque
auxílio junto ao seu tutor.

30
Regulação dos Ambientes em Saúde

UNIDADE

2
Regulaçãodada
Regulação
atençãoà àsaúde
atenção saúde

31
Curso de Capacitação a Distância

Objetivo

Nesta Unidade, vamos proporcionar a você condições para

identificar o universo da regulação que está voltado para a

atenção à saúde. Você vai também analisar o papel da

regulação na auditoria, na contratualização, e no controle e

na avaliação do Sistema de Saúde.

32
Regulação dos Ambientes em Saúde

Regulação da
atenção à saúde

Olá! Estamos iniciando a Unidade 2. A partir de agora, você


vai conhecer o papel da regulação na auditoria, na
contratualização, e no controle e avaliação do Sistema de
Saúde. Leia com atenção e realize as atividades que estão
indicadas ao final desta Unidade. Sua leitura, a realização
das atividades e os contatos com o tutor e o professor têm
um só objetivo: ajudá-lo no processo de construção do co-
nhecimento e no desenvolvimento de habilidades que ca-
racterização seu novo perfil profissional ao final deste curso.
Bons estudos!

A Regulação da Atenção à Saúde tem por objetivo atuar so-


bre a produção das ações diretas e finais de atenção à saúde.

A regulação da atenção à saúde tem como objeto a


produção das ações diretas e finais da atenção à saú-
de, portanto está dirigida aos prestadores de serviços
de saúde públicos e privados (BRASIL, 2007).

Conforme a definição acima, para os prestadores de servi-


ços de saúde públicos e privados, a Regulação da Atenção à Saú-
de compreende:

‰ contratação: relações pactuadas e formalizadas dos


gestores com prestadores de serviços de saúde;

‰ regulação do acesso à assistência: conjunto de rela-


ções, saberes, tecnologias e ações que interagem a de-
manda dos usuários por serviços de saúde e o acesso a
esses;

33
Curso de Capacitação a Distância

Essas e outras infor- ‰ avaliação da atenção à saúde: operações que permi-


tem emitir um juízo de valor sobre as ações finais da
mações, quanto aos
atenção à saúde e medir os graus de qualidade,
prestadores de
humanização, resolubilidade, satisfação; e
serviços de saúde,
podem ser encontra- ‰ controle assistencial.
das em:
www.bvsms.saude.gov.br/ Lucchese (2001), apresenta algumas das principais funções
bvs/publicacoes/ da Regulação da Atenção à Saúde. Essas funções são compreendi-
Manual_sus_screen.pdf
das por:

‰ regularização dos contratos, fazendo deles pactos de com-


promissos entre gestores e prestadores, para a produção
qualificada das ações de saúde;

‰ reformulação das atividades de controle assistencial e da


avaliação da atenção à saúde, de forma a controlar a
execução de todas as ações de saúde, monitorando sua
adequação assistencial, de qualidade e satisfação ao usu-
ário, além do controle de seus aspectos contábeis e fi-
nanceiros; e

‰ implementação da regulação assistencial que viabiliza o


acesso dos usuários aos serviços de saúde de forma a
adequar os níveis tecnológicos exigidos de acordo com a
complexidade de seu problema, para garantir respostas
humanas, oportunas, eficientes e eficazes, incluindo a
implantação de complexos reguladores, a depender da
complexidade da rede sob sua gestão (LUCCHESE,
2001).

Note, portanto, que a essência da regulação da atenção à saúde


fundamenta-se em aspectos legais, tecnológicos e operacionais, que
tem como objetivo a prestação de serviços saúde, com qualidade
ao cidadão.

34
Regulação dos Ambientes em Saúde

Regulação do setor saúde

Relembrando o que estudamos na Unidade 1 acerca regulação


dos serviços de saúde – esta é focada para a gestão e seus objetivos
estão em garantir todas as condições que o sistema de saúde ne-
cessita para prestação dos serviços no SUS.
Embora a conceituação de Regulação da Atenção à Saúde
seja, em parte, semelhante ao conceito de Regulação dos Sistemas
de Saúde, possui diferencial quanto à:

‰ amplitude das ações;

‰ público-alvo; e

‰ objetivos.

Por sua vez, a Regulação do Setor Saúde compreende ativi-


dades, instrumentos e estratégias, compreendidas por “um con-
junto de ações, serviços e programas de promoção, prevenção, tra-
tamento e reabilitação, que incluem tanto cuidados individuais
quanto coletivos e que requerem a atenção em distintos serviços
de saúde ambulatoriais e hospitalares.” (BRASIL, 2006a).
O Ministério da Saúde, através da Secretaria de Atenção à Saú-
de lançou no mês de junho de 2007, a nova versão do Manual de
Contratualização no SUS e descreve de forma clara e objetiva o con-
ceito e as ações que compreendem a Regulação da Atenção à Saúde.

A Regulação da Atenção à Saúde tem como objeto a pro-


dução das ações diretas e finais de atenção à saúde, por-
tanto está dirigida aos prestadores de serviços de saúde,
públicos e privados. (BRASIL, 2007).

De acordo com o Conass (2007), as questões que envolvem


as áreas sociais, econômicas e gerenciais descrevem a ação regula-
dora de acordo com os objetivos do setor saúde. A necessidade des-
sa ação reguladora é evidenciada pelas falhas do mercado e pela
responsabilidade inalienável pelo alcance do objetivo buscado, que
é melhorar a saúde da população.
35
Curso de Capacitação a Distância

Principais ações da regulação


da atenção à saúde

As ações da Regulação da Atenção à Saúde compreendem vári-


os eixos da regulação, sendo que as principais serão descritas à seguir:

‰ Contratação: compreendida pelas relações pactuadas e


formalizadas entre gestores e prestadores de serviços de
saúde.

‰ Regulação do Acesso à Assistência: é o conjunto de


relações, saberes, tecnologias e ações que intermedeiam
a necessidade dos usuários por serviços de saúde e o aces-
so a estes (www.saude.gov.br/susdeaz). Configuram-se
em acordo com os objetivos postos e podem promover
adequação da oferta à necessidade, buscar redução de
custos sem prejuízo das necessidades dos usuários, pri-
vilegiar acesso a alguns serviços e dificultar a outros, se-
gundo necessidades. E Finalmente, deve organizar o aces-
so do usuário aos serviços de saúde, buscando adequar à
complexidade de seu problema, os níveis tecnológicos exi-
gidos para uma resposta, oportuna, ordenada, eficiente,
eficaz, ou seja, humanizada.

‰ Avaliação da Atenção à Saúde: compreendida como


avaliação formativa, seja como potente dispositivo de
aprendizagem das equipes e gestores, ou como potente
instrumento indutor de mudanças de práticas. “É o con-
junto de operações que permitem emitir um juízo de valor
sobre as ações finais da atenção à saúde e medir os graus
de qualidade, humanização, resolutividade e satisfação
destas” (BRASIL, 2007).

‰ Controle Assistencial: este poder se subdivide em:

‰ cadastro de estabelecimentos, dos profissionais e mais


recentemente, dos usuários;

‰ a habilitação de prestadores para prestação de de-


terminados serviços;

36
Regulação dos Ambientes em Saúde

‰ a programação orçamentária por estabelecimento


(FPO);

‰ a autorização das internações e dos procedimentos


ambulatoriais especializados e de alta complexidade;

‰ o monitoramento e fiscalização da execução dos pro-


cedimentos realizados em cada estabelecimento por
meio das ações de supervisão hospitalar e ambulatorial;

‰ o monitoramento e revisão das faturas prévias rela-


tivas aos atendimentos, apresentadas por cada
prestador;

‰ o processamento da produção de um determinado


período; e

‰ o preparo do pagamento aos prestadores.

Todas estas ações (Contratação, Regulação, Avaliação e Au-


ditoria) são desempenhadas pela Regulação da Atenção a Saúde.
O Quadro 1 apresenta um resumo das principais ações da
regulação da atenção a saúde. Veja:

O que? Para quem?

Contratação Relações pactuadas e Gestores e pretadores de


formalizadas. serviços em saúde.

Regulação do Acesso Conjunto de relações, Intermediam a necessidade


à Assistência saberes, tecnologias e dos usuários por serviços de
ações. saúde e o acesso.

Avaliação da Avaliação formativa Equipe e gestores.


Atenção a Saúde (ex: aprendizagem,
mudança de práticas).

Controle Assistencial Cadastro, habilitação, Estabelecimento, profis-


programação sionais e usuários.
orcamentária, autori-
zações, monitoramento
e fiscalização,
processamento da
produção, preparo de
pagamentos.

Quadro 1: Resumo das principais ações da regulação da atenção à saúde


Fonte: elaborado pela autora

37
Curso de Capacitação a Distância

Também consideradas imprescindíveis, estão as estratégias


de regulação aplicadas em duas dimensões. A Regulação Social e
Econômica e a Regulação Gerencial.
A primeira delas, a Regulação Social e Econômica, deve
abranger, entre outras ações, aquelas referentes à:

‰ eqüidade e justiça;

‰ eficiência econômica , através do uso racional dos recur-


sos destinados para o SUS, através de seu financiamento;

‰ proteção da saúde e do meio ambiente;

‰ informação e a educação e;

‰ garantia ao indivíduo da sua possibilidade de escolhas.

Já a segunda, que é a Regulação Gerencial, está voltada


para a utilização de mecanismos aplicados para o cumprimento
dos mesmos objetivos acima citados anteriormente, bem como, in-
clui também o gerenciamento dos recursos humanos e materiais
(CONASS apud SALTMAN; BUSSE e MOSSIALOS, 2002), poden-
do estar organizado da seguinte maneira:

‰ regulação da qualidade e eficiência da atenção:


basicamente esta incorpora a avaliação do custo-bene-
fício de cada ação intervencionista no SUS, a capacitação
dos profissionais de saúde, dos prestadores em especial,
quanto aos seus padrões de qualidade;

‰ regulação do acesso: por sua complexidade e


abrangência, a regulação do acesso será detalhada atra-
vés na unidade 3. Esta regulação trata da elaboração e
utilização de protocolos clínicos e de acesso, definição de
fluxos assistenciais, bem como, monitora e avalia as re-
ferências e a integração das ações e dos serviços;

‰ regulação dos prestadores: através da elaboração de


contratos, formas de pagamento, de forma que as ações
e serviços prestados estejam de acordo com os princípios
e as diretrizes do SUS. Tornando o prestador de serviços
contratualizado no SUS, respeite entre outras regras a
da regionalização, devendo estar adequado ao acesso da

38
Regulação dos Ambientes em Saúde

população às ações e serviços de saúde que oferece;

‰ regulação da oferta de insumos e tecnologias: é rea-


lizado através da avaliação da eficiência, da efetividade e
da definição do elenco de procedimentos e seus valores; e

‰ regulação da força de trabalho: através do estabeleci-


mento de fluxos para a formação, registro de profissionais
e avaliação do desempenho profissional (CONASS, 2006).

Todas estas ações deverão ser aplicadas e utilizadas


de forma equilibrada, para que o sistema regulatório
esteja coerente e se mantenha sustentável no sistema
de saúde. Por fim, se faz necessário destacar que a
quantidade de pessoas envolvidas no processo
regulatório pode ser variada e está diretamente rela-
cionada à complexidade dos serviços e ações por ela
regulados, no entanto, é fundamental que haja parti-
cipação e acompanhamento dos poderes: Legislativo,
Executivo e Judiciário no desenvolvimento de cada um
desses instrumentos ora apresentados.
As ações de Regulação da Atenção à Saúde concen-
tram-se na preparação da infra-estrutura de servi-
ços de saúde de forma a garantir uma oferta condi-
zente em quantidade e qualidade com as necessidades
da população. Dessa forma, o foco da Regulação da
Atenção à Saúde está dirigido aos prestadores de ser-
viços de saúde, públicos e privados.

Maiores informações
auditoria clínica em:
Auditoria clínica
http://
www.in.gov.br/
materias/xml/do/
Elemento componente da regulação da atenção à saúde,
secao1/2075696
a Auditoria Clínica ou Assistencial (executada pela da Regulação
.xml
da Atenção à Saúde) visa a aferir e induzir a qualidade do atendi-
mento, amparada em procedimentos, protocolos e instruções de
trabalho, normatizados e pactuados.” (D.O.U., 2006).

39
Curso de Capacitação a Distância

Deve acompanhar e analisar criticamente os históricos clíni-


cos com vistas a verificar a execução dos procedimentos e realçar
as não conformidades.
Segundo Mendes (apud NATIONAL HEALTH SERVICE,
1989), a auditoria clínica consiste na análise crítica sistemática da
qualidade da atenção à saúde, incluindo os procedimentos usados
para o diagnóstico, o tratamento e o uso dos recursos e dos resul-
tados obtidos para cada paciente.
A auditoria clínica, quanto a sua funcionalidade, pode ser vista
como um ciclo, que define as ações executadas pelos auditores
quando de uma auditoria assistencial. Veja as etapas na Figura 2:

Identificação
do problema

Monitoramento Definição de
da Mudança padrões ou metas

Implementação Avaliação da Consistência


entre problema e
da Mudança padrão observado

Identificação
da Mudança

Figura 2: O ciclo da Auditoria Clínica


Fonte: adaptado de Norman (2000)

Saúde suplementar

A saúde suplementar ou o mercado de planos de saúde teve


seu início no Brasil, nas décadas de 40 e 50, após uma grande inje-
ção de recursos federais recolhidas dos salários dos empregados,
através das Caixas de Aposentadorias e Pensões e mais tarde, após
a implantação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs).
Recursos esses que eram destinados para garantir a saúde e a apo-

40
Regulação dos Ambientes em Saúde

sentadoria dos trabalhadores formais. Entre o período de 1940 e


1964 tais recursos serviram para financiar a construção e manu-
tenção de muitos hospitais de cunho privado. Serviu também para
financiar ações de assistência à saúde (ANS/MS, 2001).
Mais tarde, a assistência médico-hospitalar foi incluída entre
os benefícios oferecidos aos funcionários das recém-criadas em-
presas estatais. No setor privado, as indústrias do ramo automobi-
lístico, sobretudo as estrangeiras, foram as primeiras a implemen-
tar sistemas assistenciais.
Houve uma grande expansão do mercado de saúde suple-
mentar e, em 1988, com a Constituição Federal, que trouxe em
seus art. 196 a 200, assegura em Lei o direito à saúde para todos os
brasileiros, cria o SUS e estabelece regras quanto ao setor de assis-
tência médico-hospitalar, permitindo a oferta de serviços de assis-
tência à saúde pela iniciativa privada, sob o controle do Estado.
Porém, até a promulgação da Lei nº 9.656/98, que dispõe
sobre planos e seguros privados de assistência a saúde, que definiu
as regras para o funcionamento do setor de saúde suplementar, a
União não possuía de forma clara, a definição de instrumentos
necessários para a regulação do ramo de planos privados de assis-
tência à saúde, já organizado e funcionando há décadas no país.
Em 1999, o Ministério da Saúde cria a Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS) – pela Medida Provisória nº 2.012-2,
de 30 de dezembro de 1999, regulamentada através da Lei nº 9.961/
00, que resultou da exigência da sociedade para a necessidade de
se regular o setor.
Somente após a criação da ANS, e da definição dos critérios
de seu funcionamento é que foram tornando-se um pouco mais
claros os critérios de regulação, controle, avaliação e auditoria da
saúde suplementar no Brasil.
Para organizar melhor este conteúdo e facilitar seu aprendi-
zado, serão apresentados, a seguir, esquemas demonstrativos da
evolução da saúde suplementar no Brasil, a partir das décadas de
1960 e 1980, seguindo para os dias de hoje através da inserção da

41
Curso de Capacitação a Distância

ação regulatória e a criação de regras pela Agência Nacional de


Saúde – ANS.

SAÚDE SUPLEMENTAR ENTRE AS DÉCADAS 60 E 80

ƒ Crescimento a partir da década de 60 – Medicinas grupo


(convênios-empresas) e autogestões
ƒ Décadas de 70 e 80 – outras modalidades assistenciais
ƒ Ausência de regulamentação – exceto seguradoras (SUSEP)

CRESCIMENTO SEM REGRAS

Figura 3: Saúde Suplementar entre as décadas de 1960 e 1980


Fonte: Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS)

SAÚDE SUPLEMENTAR NO BRASIL DE HOJE

ƒ Setor sustentado e permeado por uma lógica econômica, composto


por atores com interesses antagônicos;

ƒ financiamento: pagamento por serviço;


ƒ modelo assistencial médico: hegemônico e procedimento centrado;
ƒ assistência dividida por segmentos: ambulatorial, hospitalar, com e
sem obstetrícia e odontológico;

ƒ consumo acrítico de tecnologias;

SISTEMA DE ALTO CUSTO E BAIXO IMPACTO

Figura 4: Saúde Suplementar no Brasil de hoje


Fonte: Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS)

42
Regulação dos Ambientes em Saúde

SETOR DE SAÚDE SUPLEMENTAR NO BRASIL E A REGULAÇÃO

Atores sociais e os campos econômicos da saúde na saúde suplementar

Campo Econômico Campo da Produção da Saúde Qualificado

ƒ Operadoras como interme- ƒ Operadoras como gestora de saúde.


diadoras econômicas.

ƒ Prestador como produtor ƒ Prestador como cuidador.


de procedimentos.
ƒ Consumidor. ƒ Cidadão como consciência sanitária.

ÓRGÃO REGULADOR

Figura 5: Setor de Saúde Suplementar no Brasil e a Regulação


Fonte: Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS)

Saiba Mais
Sobre a Agência Nacional de Saúde Suplementar, em:
www.ans.gov.br/saudesuplementar

Contratualização dos
serviços de saúde

A contratualização no SUS esteve sempre atrelada, de certa


maneira, à saúde suplementar. Muitos dos prestadores
contratualizados no SUS, também compreendem o universo de
prestadores da saúde suplementar.
Portanto, sua história em muito se assemelha com aquela já
estudada anteriormente. Dessa forma, é mais coerente abordar-
mos diretamente suas características e sua efetividade no SUS.

43
Curso de Capacitação a Distância

A participação do setor privado na oferta de serviços para o


SUS, esteve pautado ao longo da história, tendo sua expansão mais
acentuada durante a década de 1970. Esteve centrada, nesse perí-
odo, na lógica da oferta e não considerava as necessidades da po-
Instituto Nacional de pulação. Sua contratação, bem como o pagamento por seus servi-
Assistência Médica da ços, eram centralizados no INAMPS.
Previdência Social:
Com a criação do Sistema Único de Saúde – SUS e a descen-
criado em 1977, para
tralização progressiva do financiamento, com definição de regras,
atender exclusiva-
tanto para a contratação, quanto o para pagamento por seus servi-
mente as pessoas que
possuíam carteira de ços prestados no SUS, a rede privada, viu-se obrigada a adaptar-se
trabalho. O atendi- passando a assumir, a prestação dos seus serviços, de acordo com as
mento dos desempre- normas existentes na gestão dos serviços de saúde do SUS.
gados e residentes no Atualmente, toda a rede de prestação de serviços do SUS está
interior era de res- sob responsabilidade de estados e de alguns municípios e a partici-
ponsabilidade das
pação do Ministério da Saúde nesse processo é de apoio técnico e
Secretarias Estaduais
de repasse dos recursos para o custeio das ações assistenciais
de Saúde e dos servi-
(CONASS, 2007).
ços públicos federais.
A gestão dos prestadores ocorre mediante o estabelecimento
de regras condizentes com as diretrizes e princípios doutrinários
do SUS e não mais ditadas pelo mercado.
A contratação de serviços de saúde da iniciativa privada só
pode ser feita após terem sido esgotadas toda a capacidade de ofer-
ta pública e filantrópica (BRASIL, 2007). E o estabelecimento das
necessidades de ações e serviços para atender a população, deve
ser baseado nos parâmetros de cobertura assistencial e de qualida-
de na atenção.
A contratação, o acompanhamento, a avaliação e o paga-
mento aos prestadores de serviços são de responsabilidade dos
gestores de saúde, sejam eles Municipais e/ou Estaduais.
Não se pode desconsiderar que ainda permanecem no SUS
muitos prestadores de serviços sem contratos formais com o gestor.
Acordos de prestação de serviços são feitos pela pressão da oferta.
Para mudar essa situação e adequar-se à legislação vigente,
o gestor deve estar munido de informações suficientes e de instru-
mentos de regulação e de avaliação, para realizar uma contrata-

44
Regulação dos Ambientes em Saúde

ção adequada às necessidades de serviços de saúde da população, GLOSSÁRIO


definindo quais serviços, e em que quantidade é necessário à *Programação Pac-
complementação da oferta da rede pública (CONASS, 2007). tuada e Integrada da
Deverá, também, considerar a Programação Pactuada e Assistência em saú-
de – é um processo
Integrada* – PPI, a qual deverá identificar os serviços que serão
instituído no âmbito
contratados segundo a lógica hierarquizada e regionalizada, obe- do SUS, onde em
decer às diretrizes estabelecidas no Plano Diretor de consonância com o
Regionalização* (PDR) e estabelecer mecanismos formais para processo de planeja-
contratação dos serviços. mento são definidas
e quantificadas as
Figura 6 apresenta um fluxograma de contratação de servi-
ações de saúde para
ços de saúde: população residente
em cada território,
Cadastro (CNES) Protocolos Assistenciais Necessidades
bem como efetuados
Capacidade de serviços Populacionais
e linhas de cuidado
os pactos interges-
tores para garantia
Capacidade
instalada
PPI de acesso da popu-
lação aos serviços
de saúde. Fonte:
Termo de
Desenho
Própria
rede assistencial
Públicos Cooperação entre www.portalsaude.gov.br
públicos
(2007)
Necessidade
complementar
Privado sem
fins lucrativos
Privado com
fins lucrativos
*Plano Diretor de
a rede
Regionalização –
Convênio
Licitação instrumento que re-
Lei n. 8.666/1993
gulamenta o proces-
so de regionalização
da assistência à saú-
Processo
Dispensa Inexigibilidade
Licitatório de da população no
Estado, cumprindo
Contrato Chamamento Privadas com ou
Administrativo Público sem fins lucrativos
uma exigência da
Norma Operacional
Fim de Fim de Contrato da Assistência à
Processo Processo Administrativo
Saúde - NOAS-01-
portaria n.º 95 de
Figura 6: Fluxograma de contratação de serviços de saúde 26.01.2001, do Mi-
Fonte: Conass (2007) nistério da Saúde.
F o n t e :
www.saude.ce.gov.br
(2007)

45
Curso de Capacitação a Distância

RESUMO

Nesta Unidade, você analisou a Regulação da Atenção


à Saúde tem como objetivo a produção das ações diretas e
finais de atenção à saúde; portanto, está dirigida aos
prestadores de serviços de saúde pública e privada.

A Regulação da Atenção à Saúde compreende as se-


guintes ações:

‰ contratação: relações pactuadas e formalizadas dos


gestores com prestadores de serviços de saúde;

‰ regulação do acesso à assistência: conjunto de re-


lações, saberes, tecnologias e ações que intermedeiam a de-
manda dos usuários por serviços de saúde e o acesso a estes;

‰ avaliação da atenção à saúde: conjunto de ope-


rações que permitem emitir um juízo de valor sobre as ações
finais da atenção à saúde e medir os graus de qualidade,
humanização, resolubilidade e satisfação;

‰ cadastro de estabelecimentos, profissionais e de usuários;

‰ habilitação de prestadores para prestação de deter-


minados serviços;

‰ programação orçamentária por estabelecimento;

‰ autorização das internações e dos procedimentos


ambulatoriais especializados e de alta complexidade;

‰ supervisão das ações realizadas nos hospitais e am-


bulatórios;

‰ monitoramento e revisão das faturas apresentadas


pelos prestadores;

‰ processamento da produção de um determinado período;

‰ preparo do pagamento aos prestadores.

46
Regulação dos Ambientes em Saúde

Atividades de apredizagem

Esta Unidade tratou do papel da regulação na auditoria,


na contratualização, e no controle e avaliação do Sistema
de Saúde. Para certificar-se de que entendeu toda a discus-
são, responda as atividades propostas.
Importante: não é desejável que você responda ou refli-
ta somente o que está no livro. Desejamos que você te-
nha opinião crítica sobre o assunto tratado e a exponha aos
colegas nos fóruns de discussão.

1. De acordo com a regulação da atenção à saúde, relacione a


coluna da direita com a esquerda:

(1) regulação da ( ) estabelecimento de regras para a formação,


qualidade e eficiên- registros de profissionais e avaliação de desempenho;
cia da atenção.

(2) regulação do ( ) definição de contratos, formas de pagamento


acesso. que estimule a produção de ações e serviços
necessários, distribuição geográfica adequada ao
acesso da população às ações e serviços de saúde;

(3) regulação dos ( ) avaliação de eficiência e efetividade, defini-


prestadores. ção de elencos e preços e;

(4)regulação da ( ) definição de protocolos clínicos e fluxos


oferta de insumos e assistenciais, monitoramento e avaliação das
tecnologias. referências, integração das ações e serviços;

(5) regulação da ( ) avaliação do custo-benefício das intervenções,


força de trabalho capacitação dos profissionais de saúde, avaliação
dos prestadores com estabelecimento de padrões
de excelência;

2. Na sua opinião, quais são as principais atribuições do Con-


trole, Avaliação e auditoria no SUS?

3. Quais são as principais atribuições da avaliação na atenção à


saúde?

47
UNIDADE

3
Regulaçãododo
Regulação
acessoà àassistência
acesso assistência
Curso de Capacitação a Distância

Objetivo

Nesta Unidade, você vai estudar a área da regulação que

trata especificamente da regulação do acesso do usuário

à assistência, conceituar a Regulação do Acesso a

Assistência, quais são as áreas de atenção e como elas

atuam no Sistema Único de Saúde.

50
Regulação dos Ambientes em Saúde

Regulação do
acesso à assistência

Prezado cursista!
Até aqui você já apreendeu diferentes conceitos e formas
diversas de Regulação dos Sistemas e Atenção à Saúde.
Nesta unidade você dará mais um passo no sentido de
compreender a área da Regulação que trata especifica-
mente do acesso do usuário à assistência, bem como to-
das as formas de regulação da assistência e como elas
atuam no Sistema Único de Saúde.
Leia atentamente e lembre-se: são as pessoas organiza-
das, com sonhos, idéias inovadoras e bons projetos que
fazem a diferença.

A Regulação do Acesso à Assistência é a parte


operacional do processo, diretamente ligada à assistência. Está
voltada para a disponibilização do recurso mais apropriado às ne-
cessidades do usuário, sem perder de vista a priorização dos casos.
É aqui que se encontram as Centrais de Regulação. São elas:

‰ atenção básica resolutiva; e

‰ atenção especializada, através da oferta de serviços ca-


pazes de garantir o suporte que a atenção básica neces-
sita para garantir ao usuário cerca de 90% à 94% de
resolutividade na resposta aos problemas de saúde da sua
população.

Para que haja integração entre as ações da assistência nas


unidades de saúde e as ações regulatórias é necessária a execução
de algumas ações, sendo responsabilidades das unidades locais e
especializadas de saúde as seguintes ações, a saber:

51
Curso de Capacitação a Distância

‰ Os encaminhamentos emitidos pelos médicos devem ser


responsáveis e criteriosos, devem estar de acordo com os
parâmetros estabelecidos pela PPI – Programação Pac-
tuada e Integrada, bem como, de acordo com os fluxos
definidos no PDR – Plano Diretor de Regionalização.

São responsabilidades da regulação da assistência as seguin-


tes ações:

‰ estabelecimento de protocolos clínicos assistenciais e pro-


tocolos de acesso (fluxos de acesso); e

‰ estruturação dos complexos reguladores, que será


aprofundado na Unidade 4, através de suas Centrais de
Regulação a saber:

‰ centrais de regulação de urgência;

‰ central de regulação de leitos;

‰ central de regulação de consultas e exames;

‰ central nacional de regulação da alta complexidade; e

‰ central de urgência e emergência.

Conforme já vimos nas Unidades anteriores, são as Leis Or-


gânicas do SUS que orientam todos os processos e definição de to-

Lei nº 8.080/90, que das as políticas de saúde existentes no sistema de saúde brasileiro.
dispõe sobre as Com a implantação do Pacto pela Saúde em 2006 pelo Ministério
condições para a da Saúde, no seu eixo Pacto de Gestão, em seu componente – Con-
promoção, proteção e trole, Regulação, Avaliação e Auditoria, estão contidas todas as
recuperação da regras acerca de seu funcionamento.
saúde, a organização
Outro componente fundamental para o funcionamento ade-
e o funcionamento
quado dos complexos reguladores é:
dos serviços corres-
pondentes e dá outras
‰ a regionalização e;
providências, dispo-
nível para consulta ‰ a descentralização.
em http://
www.planalto.gov.br/ A descentralização de ações e serviços de saúde é uma das
CCIVIL/leis/ diretrizes do SUS, conforme é apresentado na Lei nº 8.080/90.
L8080.htm

52
Regulação dos Ambientes em Saúde

Atualmente, o grande desafio dos gestores de saúde no Bra-


sil, tanto no setor público ou privado, em todos os níveis (Federal,
Estadual e Municipal) é a adequação constante da rede de serviços
e ações, garantindo o acesso a todos os usuários.
Para tanto devem os gestores promover sistematicamente to-
das as adequações necessárias para esta garantia. Sendo assim, a
descentralização de ações e serviços é norteadora dessa reorgani-
zação do acesso (CONASS, 2007).
Neste sentido, o processo de descentralização iniciado pela
esfera Federal, com a implantação do SUS, racionalizou e trouxe
mais funcionalidade, dinamizando a implantação gradativa deste
projeto. Segundo o CONASS (2007), consiste no exercício da fun-
ção integradora, orientada por visão ampla e abrangente do siste-
ma, no sentido de organizá-lo e provê-lo em suas lacunas com pres-
teza e qualidade dos serviços requeridos pela população. Os meca-
nismos para que isso ocorra se fundamentam em um sistema inte-
grado entre as três esferas de governo, que garantam o
direcionamento e condução do SUS, conforme estabelece a Cons-
tituição Federal do Brasil de 1988.

Os conceitos de regulação da
assistência e do acesso

Até aqui foram apresentadas várias nuances diferentes da ação


regulatória, seja através da regulação dos sistemas de saúde, seja
pela regulação da assistência à saúde que iniciamos nesta unidade.
Portanto, um dos conceitos mais difundidos pelo Ministério
da Saúde é de que regulação da Assistência é uma função de ges-
tão através da qual se busca promover a equidade do acesso, ga-
rantindo a integralidade da assistência e permitindo ajustar a ofer-
ta assistencial disponível às necessidades imediatas do cidadão, de
forma equânime, ordenada, oportuna e racional (CONASS 2007).

53
Curso de Capacitação a Distância

Conforme a NOAS-01/01, a Regulação do Acesso à Assistên-


cia está voltada para a disponibilização do recurso mais apropria-
do às necessidades do usuário, sem perder de vista a priorização
dos casos (NOAS-01/01, 2001).
O conceito de Regulação da Assistência à Saúde apresentado
na NOAS-01/02 consiste em definir regulação como sinônimo de
regulação assistencial, vinculada à oferta de serviços, à disponibi-
lidade de recursos financeiros e à Programação Pactuada Integra-
da da Assistência – PPI (NOAS-01/02, 2002).
GLOSSÁRIO Mesmo com a publicação da segunda Norma Operacional
*“sede” ou “Pólo da Assistência a Saúde em 2002, o conceito de regulação teve pou-
Macro-Regional” –
cas modificações em seu conteúdo.
Termos utilizados
Embora seu conceito esteja limitado à definição do termo
no PDR que definem
a complexidade de “regulação”, foi através dessa conceituação apresentada pela NOAS-
gestão dos municí- 01/02, que houve o impulsionamento da gestão (nas três esferas
pios, bem como, de de governo) para o fortalecimento do Controle do acesso e de ade-
sua capacidade em
quação da oferta, vinculando as ações regulatórias às modalidades
oferecer ações e
de gestão estabelecidas por essa Norma.
serviços de saúde
especializados para No Pacto pela Saúde, o Ministério da Saúde (MS) ampliam-
uma população, seja se as funções da regulação, passando a ser considera como o con-
no seu próprio ter- junto de relações, saberes e tecnologias e ações que intermedeiam
ritório, seja para re-
a demanda dos usuários por serviços de saúde e o acesso à eles.
ferências intermu-
nicipais de uma dada
área geográfica, ca-
bendo a ele receber
os recursos finan- Regulação das referências
ceiros dos municípi-
os em troca da ofer-
ta de serviços para A Programação Pactuada Integrada de Vigilância em
essa dada popula-
Saúde (PPI-VS) propõe atividades e metas que visam fortalecer o
ção. Fonte: NOAS-
Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, tendo como premissa
01/02, (2002)
básica o aumento da capacidade do município de assumir as ativi-
dades de notificação, investigação e confirmação laboratorial, imu-
nização, sistemas de informação, vigilância ambiental em saúde e
ações básicas de vigilância sanitária.

54
Regulação dos Ambientes em Saúde

A PPI-VS também serve para que compromissos mínimos e


fundamentais assumidos entre o Ministério da Saúde e os demais
gestores do SUS, Secretários Estaduais e Municipais de Saúde, na
área de vigilância em saúde, possam ser objeto de efetiva progra-
mação e responsabilização conjunta. Após discussão técnica de cada
meta é definida a responsabilidade de cada nível (municipal e/ou
estadual) na execução das ações. O pacto é encaminhado para
análise e aprovação da Comissão Intergestores Bipartite, fórum
que referenda o compromisso assumido pelos gestores, e ratificado
pela Comissão Intergestores Tripartite. (Fonte: Secretaria de Vigi-
lância em Saúde – SVS – nis.saude.to.gov.br:8080, 2007).
Já o Plano Diretor de Regionalização (PDR) trata de uma
série de ações que visam organizar e implementar o modelo de
serviços assistenciais, dentro dos princípios preconizados pelo SUS,
em cumprimento às exigências da Norma Operacional de Assis-
tência à Saúde (NOAS), de janeiro de 2001 e, posteriormente, de
2002. Isso é feito tendo em vista a qualidade do atendimento e
ainda a melhor e mais adequada aplicação dos recursos financei-
ros. (Fonte: http://www.saude.mg.gov.br/politicas_de_saude/
planda itmo-diretor-de-regionalizacao, 2007) e os Colegiados de
Gestão Regional são os Espaços permanentes de pactuação, co-
gestão solidária e cooperação das regiões de saúde que tem como
objetivo fundamental garantir o cumprimento dos princípios do
SUS. É imprescindível para a qualificação do processo de
regionalização, sendo composto por todos os gestores municipais
de saúde do conjunto de municípios que integram uma Região de
Saúde e por representantes do(s) gestor (es) estadual(ais)
envolvido(s). Suas decisões devem se dar por consenso, pressupondo
o envolvimento e comprometimento do conjunto dos gestores com
os compromissos pactuados. (http://www.saude.gov.br/susdeaz)
Além da utilização das regras estabelecidas na Programa-
ção Pactuada e integrada (PPI) e no Plano Diretor de
Regionalização (PDR), cada município “sede” ou “Pólo
Macro-Regional”* deverá em conjunto com a Secretaria Esta-
dual de Saúde, o Plano Diretor de Investimentos (PDI). Nele de-

55
Curso de Capacitação a Distância

vem estar descritas todas as regras de aplicação dos recursos a se-


rem gastos para que haja a garantia do acesso, devendo ser estabe-
lecido criteriosamente por um colegiado de Gestão Regional, e ser
desenhado de acordo com os parâmetros estabelecidos para cada
procedimento, a necessidade específica de cada município e da re-
gião e levar em conta todos os princípios e diretrizes do SUS, de
forma transparente e, devendo ser revisto periodicamente.
Portanto, são funções pertinentes da regulação das referênci-
as, segundo a Portaria/SAS/MS nº 423 de 09 de Julho de 2002.

‰ criar mecanismos para a identificação da procedência


dos usuários dos serviços ambulatoriais, enquanto não
estiver disponível o Cartão Nacional de Saúde, para per-
mitir o acompanhamento da Programação Pactuada e
das referências intermunicipais;

‰ monitorar o cumprimento efetivo dos termos de com-


promisso para garantia de acesso, por meio de relatórios
trimestrais com informações mensais, acompanhando
os fluxos das referências;

‰ identificar pontos de desajuste sistemático entre a


pactuação efetuada e a demanda efetiva dos usuários;

‰ intermediar o processo regulatório, quando os fluxos pac-


tuados no nível regional ou microrregional não forem
suficientes para garantir o acesso do usuário aos servi-
ços necessários, articulando com a central de regulação
e intervindo para que haja disponibilização de vagas para
o usuário no local mais próximo de sua residência;

‰ prestar apoio técnico aos gestores municipais para o exer-


cício das funções de controle, avaliação e regulação; e

‰ intermediar acordos entre municípios em relação às condi-


ções estabelecidas para o encaminhamento de usuários.

Para a gestão, o processo regulatório favorecerá a resolução


dos casos de forma eficiente, permitirá um conhecimento mais

56
Regulação dos Ambientes em Saúde

aprofundado e dinâmico de sua rede de saúde, favorecendo a iden-


tificação de áreas críticas e das necessidades de saúde de maneira
ampliada, um melhor controle sobre os gastos em saúde, melhor
utilização dos recursos e qualidade da prestação de serviços de saúde.
São instrumentos fundamentais de Regulação da Assistência
o Cadastro dos Estabelecimentos de Saúde, o Cartão Nacional do
SUS e a Auditoria Clínica, que consiste na análise crítica, sistemá-
tica da qualidade da Atenção à Saúde, inclusive os procedimentos
sistemáticos, bem como, o uso dos recursos e os resultados para os
pacientes.

Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES)

O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES)


é determinado pelas Portarias GM/MS nº 1.890, de 18 de dezem-
bro de 1997, e SAS/MS n. 33, de 24 de março de 1998, e normatizado
pela portaria SAS/MS n. 511, de 29 de dezembro de 2000. O cadas-
tro compreende o conhecimento dos estabelecimentos de saúde nos
aspectos de área física, recursos humanos, equipamentos, e servi-
ços ambulatoriais e hospitalares.
Estabelecimentos de Saúde (ES): denominação dada a
qualquer local destinado à realização de ações e/ou serviços de saú-
de, coletiva ou individual, qualquer que seja o seu porte ou nível de
complexidade. Para efeito do cadastro, o estabelecimento de saúde
poderá ser tanto um hospital de grande porte quanto um consultó-
rio médico isolado ou, ainda, uma unidade de vigilância sanitária
ou epidemiológica.

57
Curso de Capacitação a Distância

Cartão Nacional de Saúde (CNS)

O CNS, como é conhecido o Cartão Nacional de Saúde, é a


identificação do usuário do Sistema. Através da identificação por
uma seqüência numérica que pode ser utilizada em qualquer re-
gião do País, o usuário do SUS, fica vinculado a um gestor e a um
conjunto de serviços bem definidos.
É uma ferramenta de grande utilidade que cada gestor possui
e que serve além de outras coisas para identificar sua população, ter
acesso aos registros de atendimentos realizados aos seus pacientes
em outras localidades, avaliar o fluxo estabelecido no Plano Diretor
de Regionalização (PDR) corresponde a sua realidade, etc.
O Cartão Nacional de Saúde tem como objetivo a moderni-
zação dos instrumentos de gerenciamento da atenção à saúde. A
utilização de tecnologias, conjugando informática e telecomuni-
cações, permitirá dotar o SUS de uma rede integrada para a reali-
zação de variada gama de operações e captura de informações
(CONASS, 2007).

RESUMO

Nesta Unidade, você viu que, para o desempenho das


funções de regulação da assistência, são necessários ins-
trumentos de apoio, tais como:

‰ Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde


(CNES);

‰ comissões autorizadoras de procedimentos de alta


complexidade e de internações, para organizar os proces-
sos, mecanismos de controle e avaliação, e as referências
desse elenco de procedimentos;

58
Regulação dos Ambientes em Saúde

‰ manuais dos sistemas de informação;

‰ indicadores e parâmetros assistenciais de necessida-


de de oferta e de produtividade; e

‰ instrumentos de avaliação da qualidade assistencial


e da satisfação do usuário.

‰ regulamentação, fiscalização e controle da produção de


bens e serviços em setores da economia, incluindo a saúde;

‰ tradição dos temas controle, avaliação e auditoria;

Regulação como:

‰ ato de regulamentar, de elaborar as regras; e

‰ controle da oferta e demanda por meio de fluxos, pro-


tocolos assistenciais, centrais de leitos, consultas e exames.

Atividades de aprendizagem

Esta Unidade mostrou a você as formas de regulação da


assistência e como elas atuam no Sistema Único de Saúde.
Se você compreendeu o que foi abordado, certamente não
terá dificuldades de responder às atividades propostas. Em
caso de dúvidas, busque o auxílio do seu tutor.

1. Qual é a principal forma de identificar a população para ga-


rantir o acesso nos serviços do SUS?

2. Qual é a única forma de credenciamento para os prestadores


de saúde no SUS? Pesquise como deve ser o cadastramento do
CNES.

3. Pesquise sobre a Política Nacional de Regulação, apresenta-


da no Pacto pela Saúde e compare com o conteúdo aprendido
até aqui e descreva as principais mudanças entre a NOAS-01/
02 e o Pacto pela Saúde-2006.

59
UNIDADE

4
OsOsComplexos
ComplexosdedeRegulação
Regulação
Curso de Capacitação a Distância

Objetivo

Nesta Unidade, você vai conhecer e compreender sobre

os Complexos de Regulação, suas Centrais e de que

maneira cada uma atua no SUS.

62
Regulação dos Ambientes em Saúde

O conceito de Complexos
de Regulação

Caro participante!
Estamos iniciando a última Unidade. Nesta, você vai co-
nhecer e compreender o funcionamento dos Complexos
de Regulação e suas Centrais de Regulação. É importan-
te que você reflita ao longo de toda a leitura e se questi-
one sobre a importância desta, inclusive relacionando-a
com a realidade de sua organização.
Vamos seguir juntos nesta caminhada.

A regulação do acesso à assistência volta-se para o desenvol-


vimento de ações de controle efetivo da distribuição dos recursos
mais apropriados às necessidades dos usuários, sem perder seu foco
principal que é a priorização dos casos.
Através da Portaria/SAS/MS nº 494 de 30 de junho de
2006, o Ministério define a criação de incentivos para a implanta-
ção dos Complexos de Regulação pelos Estados e Municípios, bem
como define, através de seu Art 4º, que a implantação e/ou
implementação de Complexos Reguladores deverá ser orientada
por projetos específicos, discutidos e aprovados na CIB – Comis-
são Inter-gestores Bipartite (BRASIL, 2006), que é o fórum de
negociação entre o Estado e os municiípios na implantação e
operacionalização do SUS.
Considerada uma estratégia de implementação da regulação
do acesso à assistência, os Complexos de Regulação atuam de
maneira articulada e integrada com outras ações da regulação da
atenção à saúde, visando regular a oferta e a demanda em saúde,
de forma a adequar a oferta de serviços de saúde à demanda que

63
Curso de Capacitação a Distância

mais se aproxima das necessidades reais em saúde (MS/SAS/Depto.


de Regulação, Controle e Avaliação, 2006).
Os complexos reguladores constituem-se, assim, na articu-
lação e integração de dispositivos com ações de contratação, con-
trole assistencial e avaliação das ações de saúde, bem como, ou-
tras funções da gestão, como a programação pactuada e integrada
(PPI) e a regionalização.
Os complexos reguladores devem ser estruturados de acordo
com os Planos Diretores de Regionalização e seus desenhos das
redes de atenção básica, atenção especializada ambulatorial e hos-
pitalar e atenção às urgências. Podem ter abrangência municipal,
micro ou macrorregional, estadual ou nacional, devendo essa
abrangência e respectiva gestão ser pactuada em processos demo-
Essa e outras infor- cráticos e solidários entre as três esferas de gestão do SUS (MS/
mações podem ser SAS/Depto. de Regulação, Controle e Avaliação, 2006).
vistas em: http:// Os complexos reguladores compõem os sistemas logísticos, um
portal.saude.gov.br/
dos componentes das redes de atenção à saúde, que garantem uma
portal/arquivos/pdf/
organização racional dos fluxos e contra fluxos de informações, pro-
manual_complexos
dutos e usuários nas redes de atenção à saúde (MENDES, 2006).
_reguladores.pdf/
Para a SESAB (2003), com a implantação do processo
regulatório, o sistema de saúde local torna-se mais viável, visto
que a central de regulação é uma ferramenta-meio, e o seu de-
sempenho está diretamente relacionado com a resolutividade da
rede de saúde, que, por sua vez, está relacionada aos processos de
cadastramento, contratualização, avaliação, PPI e, em última ins-
tância, com a gestão de saúde do município e suas diretrizes de
ação. Deve considerar os aspectos clínicos e os fluxos assistenciais
para o acesso.
Dessa forma, o processo regulatório, ao atuar positivamente
sobre o acesso dos cidadãos aos serviços, age também sobre sua
oferta, subsidiando o controle sobre os prestadores de serviços, para
ampliar ou remanejar a oferta programada, para que seja cumpri-
da a sua função.

64
Regulação dos Ambientes em Saúde

Nesses casos, as centrais introduzem a figura do regulador,


que atua sobre as consultas e os serviços de apoio diagnóstico e
terapêutico para os quais não há agenda ou recursos disponíveis,
porém há a necessidade de garantir o atendimento (SESAB, 2003).
No sentido de aprofundar um pouco mais este assunto, serão
apresentadas as Centrais de Regulação que compreendem o Com-
plexo de regulação e suas principais características.
Diante disso e partindo da necessidade de ampliação das ações
desenvolvidas pela regulação, se estabelecem os Complexos Regu- Essas e outras infor-
mações podem ser
ladores e suas Centrais de Regulação.
encontradas em:
Através das ações de cada Central de regulação e suas
www.portal.saude.gov.br/
especificidades, o acesso do usuário no sistema vai sendo definido
portal/arquivos/pdf/
pelo Gestor ao Regulador, de acordo com o estabelecimento de pro- Pacto_DAD.pdf
tocolos de acesso (que são específicos para cada tipo de Central),
protocolos clínicos, bem como, são utilizadas as “linhas de cuida-
do, ou Guidelines” (MENDES, 2006). Após a definição pelo Gestor,
de qual estratégia será utilizada, este, delega ao regulador. A dife-
rença aqui estabelecida é que ao se estabelecer a regulação do aces-
so, nos termos citados anteriormente, a programação assistencial
passa a se basear nas necessidades de saúde da população e não na
disponibilidade de oferta (CONASS, 2007).
Vamos tomar como ilustração o caso da Hepatite C.
Para tanto, vamos nos deter no assunto em questão
(especificidade e autonomia de cada Central) não entrando por-
menores clínicos, patentes, motivos da escolha de um ou outro
medicamento pelo médico assistente, portarias ou critérios destas.
Esta patologia possui protocolo próprio de tratamento elabo-
rado pelo (Programa Nacional de Hepatites Virais (PNHV) e
normatizado em portaria pelo MS.
A Hepatite C é tratada com dois anti-retrovirais combinados
– que estão classificados no SUS entre os Medicamentos Excepcio-
nais - porém, de duas formas diferentes. São elas: Interferon Con-
vencional (fabricado por vários países, inclusive no Brasil pela
FIOCRUZ) e Ribavirina ou Interferon Peguilado (com reserva de
patente de dois laboratórios estrangeiros) e Ribavirina.

65
Curso de Capacitação a Distância

A primeira alternativa é disponibilizada gratuitamente pelo


SUS, em todo o território nacional. Todavia, devido ao fato do
Interferon Peguilado ser um medicamento de alto custo, cada Gestor
Estadual define os critérios locais de dispensação do medicamento.
Na maioria dos Estados, após cumpridas todas as etapas até aqui
estudadas, o paciente recebe a recusa do Gestor. Apesar da saúde ser
um direito constitucional de todo o cidadão, nestes casos resta ape-
nas a alternativa de recorrer à justiça através de liminares.
Ainda que o Governo Federal cobrisse 80% (oitenta por cen-
to) do valor do medicamento e, atualmente, a compra ser feita
pelo PNHV de forma centralizada para os Estados apenas o Estado
de São Paulo optou por elaborar protocolo próprio. Desta forma,
São Paulo que possui a maior demanda do país, realiza a compra
do Interferon Peguilado, por um preço unitário menor que o pago
pelo MS e disponibiliza Interferon Peguilado à todo o cidadão que
recebe indicação médica.
Apesar do Maranhão, Pernambuco e Pará não possuírem pro-
tocolos estaduais, também optaram por tratar seus cidadãos, de
acordo com as prescrições apresentadas nos processos.
Em estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná
ocorre mensalmente, uma avalanche de liminares, sendo a hepa-
tite C a patologia que mais possui ocorrências deste expediente.
Para a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (SESAB, 2003)

[...] a Central de Regulação é uma estrutura que compre-


ende toda a ação meio do processo regulatório, ou seja, é o
local que recebe as solicitações de atendimento, avalia,
processa e agenda, garantindo o atendimento integral de
forma ágil e qualificada aos usuários do Sistema de Saú-
de, a partir do conhecimento da capacidade de produção
instalada nas unidades prestadoras de serviços.

As Centrais de Regulação podem ser de quatro tipos, confor-


me a sua área de atuação:

‰ Central de Regulação de Urgência e Emergência;

‰ Central de Regulação de Leitos;

66
Regulação dos Ambientes em Saúde

‰ Central de Regulação de Consultas; e


GLOSSÁRIO
‰ Exames e Central de Alta Complexidade. *SAMU – é um pro-
grama que tem
como finalidade
prestar o socorro à
população em casos
O conjunto de Centrais de Regulação forma o Com-
de emergência. O
plexo Regulador, que além de congregar as Centrais
serviço funciona 24
também utiliza outras ações que visam regular o aces- horas por dia com
so à assistência. equipes de profissi-
onais de saúde,
como médicos, en-
fermeiros, auxiliares
Central de Regulação de Urgência de enfermagem e
socorristas que aten-
dem às urgências de
natureza traumática,
A Central de Regulação de Urgência atua sobre as situações
clínica, pediátrica,
que requerem intervenções imediatas, que podem gerar a necessi-
cirúrgica, gineco-
dade de atendimento ambulatorial ou hospitalar de urgência, e obstétrica e de saú-
regula o atendimento pré-hospitalar de urgência realizado pelo de mental da popu-
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU*. lação. Fonte:
www.portalsaude.gov.br
Por se tratar de uma área delicada e que requer atendimento
rápido e eficiente, a Central de Regulação de Urgência deverá será
organizada de forma a priorizar os casos mais graves em qualquer
das áreas de atuação de um município. Tem como proposta, acom-
panhar o usuário em situação de urgência desde sua entrada no SUS
para garantir o melhor recurso de saúde para o seu caso no âmbito
municipal, microrregional ou macrorregional (BRASIL, 2006).
A partir da Portaria n.º 814/GM, de 1º de junho de 2001,
assinada pelo ministro José Serra, definiu-se, então, o atendimen-
to pré-hospitalar e determinou-se que o médico regulador é uma
autoridade sanitária pública, que por delegação do gestor do
SUS vai ordenar e coordenar o uso de todos os recursos envolvidos
no atendimento de saúde às urgências, sejam elas civis, sejam mi-
litares, públicas ou privadas.

67
Curso de Capacitação a Distância

Outro item importante está no conceito de vaga zero, que


garante o atendimento do paciente, mesmo não existindo leito dis-
ponível. Este critério é determinado apenas pela Central de
Regulação Médica.
Em 5 de novembro de 2002, foi publicada pelo Ministério da
Saúde a Portaria nº 2.048 criando o Regulamento Técnico para os
Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência (BRASIL, 2006).

Central de Regulação de Internações


(leitos)

É responsável pela regulação dos leitos hospitalares dos esta-


belecimentos de saúde vinculados ao SUS, próprios, contratados
ou conveniados. Permite o gerenciamento da disponibilidade de
oferta e da necessidade de procedimentos que envolvem a prestação
de serviços hospitalares, tanto eletivos como de urgência. A central
Essas e outras infor- de internação hospitalar deve permitir a visualização do mapa de
mações podem ser leitos das unidades executantes e o registro das altas hospitalares.
encontradas em:
http://
portal.saude.gov.br/
portal/arquivos/pdf/
Central de Regulação de
manual_complexos
_reguladores.pdf/ Consultas e Exames

A Central de Regulação de Consultas e Exames é responsável


pela regulação do acesso dos pacientes as consultas especializadas,
aos Serviços de Apoio à Diagnose e Terapia – SADT, bem como aos
demais procedimentos ambulatoriais especializados. Podem-se uti-
lizar, também, as chamadas listas de espera para organizar o flu-
xo, quando a procura é muito elevada em relação à oferta.

68
Regulação dos Ambientes em Saúde

O município, para melhor atender seus usuários pode, por


iniciativa própria, implantar uma Central de Regulação de Con-
sultas e Exames. Para os municípios habilitados em “gestão plena GLOSSÁRIO
do sistema municipal” pela NOAS-01/01* é imprescindível a im- *NOAS-01/01 – uma
plantação do Plano Municipal de Controle, Regulação e Avaliação das modalidades de
gestão definidas pela
da Assistência à Saúde, sendo definida nessa Norma, a implanta-
NOAS-01/01 e que
ção de uma central de regulação (Nessa época não existia ainda o foi substituída mais
conceito de Complexos de Regulação). O Plano Municipal de recentemente com a
Controle, Regulação e Avaliação da assistência em saúde de- publicação do Pacto
verá reproduzir em cada município, guardadas as devidas propor- pela Saúde em 2006.

ções, as instâncias e procedimentos do que ocorre em nível federal.


Tem-se como conceito de Lista de Espera “[...] uma tecnolo-
gia que normaliza o uso de serviços em determinados pontos de
atenção à saúde, estabelecendo critérios de ordenamento por risco "No prelo" é uma

e promovendo a transparência” (MENDES (a), no prelo). expressão tradicional


que significa "em
impressão".

Central Nacional de Regulação


da Alta Complexidade

Sendo considerada pelos gestores municipais uma ferramen-


ta de excelência para organizar o acesso dos usuários do SUS aos
serviços de alta complexidade, Em 19 de dezembro de 2001, o Mi-
nistério da Saúde publicou a Portaria GM/MS nº 2.309, que criou
a Central Nacional de Regulação da Alta Complexidade (CNRAC).
Através da Central de Regulação da Alta Complexidade, se estabe-
lecem os critérios de fluxo e os critérios clínicos necessários para
organizar a porta de entrada do sistema para esta complexidade.
São utilizadas para isso, duas ferramentas importantíssimas
criadas na NOAS-01/02. O PDR e a PPI, que você já teve a opor-
tunidade de estudar nas unidades anteriores.
Porém, no sentido de organizar e adequar o atendimento de
serviços de alta complexidade para os pacientes que necessitavam

69
Curso de Capacitação a Distância

deslocar-se para outros municípios e até mesmo para outros Esta-


dos, o Ministério incorpora à CNRAC recursos do Tratamento Fora
Domicílio (TFD), conforme portaria SAS/MS n. 55, de 24 de feve-
reiro de 1999. Exemplificando: determinado paciente, em São Luis
do Maranhão tem indicação para transplante de fígado. Entretan-
to, aquele estado não tem nenhum hospital ou equipe credenciados
para este procedimento, mas em Fortaleza no Ceará, existe. Neste
caso o SUS disponibiliza todos os recursos para transporte, estadia,
alimentação, hospitalização e tudo o que for necessário para este
cidadão e um familia, até que o mesmo receba alta e retorne ao
seu domicílio.
As estruturas que compõem o Complexo Regulador devem
se articular com as outras ações da Regulação da Atenção à
Saúde como:

‰ a contratação;

‰ o controle assistencial; e

‰ a avaliação, e com outras funções de gestão como a pro-


gramação e a regionalização.

70
Regulação dos Ambientes em Saúde

RESUMO

Nesta unidade você teve a oportunidade de conhecer


com funciona o complexo de regulação e suas centrais.
Através de tópicos sucintos reveja esse conteúdo.

‰ centrais de regulação, destinadas à análise e deliberação


imediata sobre problemas de acesso do paciente aos ser-
viços de saúde;
‰ protocolos clínicos, que definem o elenco de recursos
terapêuticos mais adequados para cada situação clínica;
‰ complexos reguladores com centrais de leitos, consultas
especializadas e exames, destinadas ao atendimento da
demanda de consultas, exames e internação de pacien-
tes, centrais de urgência e emergência, permitindo o
acompanhamento da PPI e das referências;
‰ disseminação pelo Ministério da Saúde, a partir da NOAS
01/2002, de um determinado conceito de regulação que
pode ser interpretado como:
‰ controle, organização do acesso dos usuários aos ser-
viços assistenciais de média e alta complexidade, por
meio das centrais de internação, consultas e exames,
articuladas como complexos reguladores.
‰ incorpora os acúmulos históricos, práticos e teóricos do
“controle, avaliação, auditoria e regulação” o SUS, com
criticas às deficiências;
‰ toma regulação como ação social mediata, que visa à
regulamentação, fiscalização e controle sobre a produ-
ção de bens e serviços no setor saúde;
‰ critica a regulação existente por sua fragmentação de
ações e pela não preponderância da finalidade pública; e
‰ reformula conceitos, discriminando e imbricando as ações
de regulação sobre sistemas de saúde, sobre a produção
direta das ações de saúde e sobre o acesso dos usuários
aos serviços de saúde.

71
Curso de Capacitação a Distância

Atividades de aprendizagem

Esta Unidade traçou considerações fundamentais sobre a


existência dos Complexos de Regulação e as especificidades
de cada Central de Regulação do acesso à assistência e
como elas atuam no Sistema Único de Saúde. É importante
que você esteja preparado para avaliar esse instrumento e,
principalmente, inserí-lo na sua área de trabalho. Se você
realmente entendeu o conteúdo, não terá dificuldades de
responder às questões a seguir. Se, eventualmente, ao res-
ponder, sentir dificuldades, leia novamente e procure a aju-
da do seu tutor.

1. Recapitule todo o conteúdo deste módulo. Compare com o


conteúdo estudado nesta unidade e de forma sucinta, descreva
as principais características de cada função reguladora no SUS
e aponte suas principais diferenças.

2. A principal forma de regulação da Assistência é a organiza-


ção através dos complexos reguladores. Descreva quais são as
centrais responsáveis pela formação dos complexos regulado-
res no SUS?

3. Pesquise e descreva, detalhadamente a função de cada cen-


tral de regulação.

Caro participante!
Ao longo deste Módulo de Regulação dos Ambientes de
Saúde analisamos, de forma simples e direta, os principais
conceitos e objetivos à luz da legislação pertinente.
Estes conhecimentos são fundamentais para o bom apro-
veitamento do Curso de Aperfeiçoamento de Administração
Hospitalar, do qual este Módulo é parte integrante.
Caso tenha ficado alguma dúvida em algo que lhe foi apre-
sentado, volte, releia e, se necessário, faça contato com seu
tutor para esclarecer.
Foi um prazer interagir com você. Sucesso!

72
Regulação dos Ambientes em Saúde

REFERÊNCIAS

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básicas sobre controle, avaliação, regulação, modelos de
atenção à saúde, gestão e planejamento. Maceió Alagoas,
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Manual para Implantação de Centrais de Regulação. Salvador:
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precisa saber. Superintendência de Regulação, Atenção e Promoção
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Curso de Capacitação a Distância

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Divulga o Pacto pela Saúde 2006 - Consolidação do SUS e aprova as
Diretrizes Operacionais do referido Pacto. Publicada no Diário
Oficial da União (DOU). nº 39 de 23 de fevereiro de 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM n. 699, 30 mar. 2006.


Regulamenta as Diretrizes Operacionais dos Pactos Pela Vida e de
Gestão. Publicada no Diário Oficial da União (DOU). nº 64 de 03 de
abril de 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS/SAS n. 494, 30 jun. 2006.


Estabelece incentivo financeiro destinado à implantação e/
ou implementação de Complexos Reguladores, que será
repassado às Secretarias de Saúde e destinado,
exclusivamente, à finalidade de que trata este artigo, nos
montantes previstos no Anexo I desta Portaria. Publicada no
Diário Oficial da União (DOU). nº 125 de 3 de julho de 2006, Brasília-
DF, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS/SAS n. 589, 27 dez. 2001.


Implementar a Central Nacional de Regulação de Alta

74
Regulação dos Ambientes em Saúde

Complexidade – CNRAC, com objetivo de organizar a


referência Interestadual de Pacientes que necessitem de
assistência hospitalar de alta complexidade.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 33 de 24 de março


de 1998. Dispõe sobra a regulamentação do modelo da ficha
do cadastro dos estabelecimentos de saúde. Brasília-DF, 1998.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SAS/MS nº 494 de 30 de junho


de 2006. Estabelece incentivo financeiro para implantação
dos Complexos reguladores e dá outras providências. Brasília-
DF, 2006.

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fevereiro de 1999. Dispõe sobre TFD – Tratamento Fora
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77
Curso de Capacitação a Distância

Karin Cristine Geller

Graduada em Enferma-
gem pela Universidade Fede-
ral de Santa Catarina – UFSC
e especialista nas áreas de Ad-
ministração e Gestão de Ser-
viços Públicos pela FIOCRUZ
e Enfermagem Obstétrica pela
UNISUL, Atuou por cinco
anos como enfermeira e coor-
denadora de vários Centros de
Saúde no município de São
José – SC. Ainda nesse município, implantou e coorde-
nou durante três anos a Estratégia de Saúde da Família,
assumindo mais tarde o cargo de Secretária Municipal
de Saúde durante quase três anos. Nesse período, atuou
como vice-presidente do Colegiado de Secretários Mu-
nicipais de Saúde da Grande Florianópolis. Na Secreta-
ria Municipal de Saúde de Florianópolis, coordena há
mais de um ano a área de Controle, Avaliação, Regulação
e Auditoria. Tem publicado diversos artigos de saúde co-
letiva, bem como inúmeras participações em mesas-re-
dondas, seminários, oficinas e congressos nacionais e in-
ternacionais, sempre abordando temas relacionados ao
SUS e sua construção como Sistema de Saúde Brasileiro.

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