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ao dia do mestre
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Autor: Laion Azeredo
São 5h30 da manhã. O despertador soa e me tira de meu reconfortante sono. Havia
dormido depois da 1h30 da madrugada corrigindo provas. Estou exausto. Sento na cama e
olho pela janela. Chove bastante. Penso comigo mesmo que será um dia frio. Mas devo me
levantar, lutando contra o doce canto da sereia chamada sonolência que ainda chega aos meus
ouvidos.
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Graduando em Economia pela Univ. Candido Mendes
Passo devagar e, ao olhar para aquele jovem, vejo que se parece muito com um de
meus alunos. Poderia se ele? Não. Olhando melhor, não é. Mas poderia ser. Esta é a triste
realidade que somos obrigados a conviver atualmente. Jovens, em seus carros, ou em brigas,
ou no que quer que seja, se suicidam sem motivo algum, e nós educadores, que tanto nos
esforçamos para que eles tenham um futuro, observamos atônitos e impotentes eles atirarem
esta oportunidade pela janela com um sorriso no rosto, uma garrafa de vodka em uma das
mãos e uma trouxinha de maconha na outra.
Cheguei à sala de aula estressado por causa do trânsito e do acidente que vi.
Entretanto, quando dou aula, meu humor se transforma. Posso estar no pior estado emocional
possível, quando dou aula, sempre me sinto bem e disposto. Não conseguiria me imaginar
fazendo outra coisa para sobreviver!
São 11h da noite. Dirijo-me para o estacionamento para pegar meu carro e ir para
casa. Como acontece toda a noite, me indigno com o alto preço do estacionamento. Entro no
carro e guio para casa.
Chego em casa exausto, mais uma vez. Sento um minuto em meu sofá, retiro meus
sapatos e começo a divagar. Por que sou professor? Ô perguntinha difícil! Estudei muito
durante a vida, deixando de curtir algumas festas, alguns amigos, algumas namoradas.
Trabalho muito! Além de trabalhar em sala de aula muitas horas por dia, tenho de trabalhar
em casa, às vezes fins-de-semana, desenvolvendo exercícios e corrigindo provas. Ganho
pouco, em relação à importância do que faço. E o pior, constantemente recebo meus salários
em atraso. O Cheque Especial já faz parte de minha vida. Por último, dificilmente sou
reconhecido, mas freqüentemente sou criticado. Em geral por meus próprios alunos, os que
primeiro deveriam me agradecer, mas acham a matéria muito difícil ou a prova injusta. “Vale a
pena ser professor?”, pergunto.
Devo responder, com toda a convicção, que vale sim! Não obstante todas estas
atribulações, nós, professores, somos os artistas supremos. Michelangelo e DaVinci eram
capazes de moldar o mármore e fazer coisas maravilhosas. Mas nunca moldaram uma mente.
Nunca pegaram um jovem, às vezes mimado, às vezes sem esperança, às vezes desesperado, e
transformaram em um homem, ou mulher, que reconhecem suas capacidades e têm
consciência de serem cidadãos. Nunca ajudaram a construir um profissional; um ser que irá
desenhar o futuro de toda uma nação. Um engenheiro constrói uma máquina que, ao entrar
em operação, virá a fazer coisas incríveis e aquele recebe o crédito pelo feito. Um professor faz
algo semelhante. Pega uma massa bruta que ao entrar no ensino superior geralmente ainda
não sabe o que é a vida. Durante 6, 8 ou 10 semestres ele trabalha esta massa e no final, se
tudo der certo, de suas mãos sai uma obra prima: um profissional. O problema é que este
profissional não gera resultados imediatos. Demora a subir na carreira e realizar grandes
feitos. Por isso, ao contrário do engenheiro, o professor não é reconhecido. Contudo, o
conjunto destes profissionais, ao longo dos anos, constrói uma nação maior e melhor para
todos. Se hoje o Brasil é uma das maiores economias do mundo, um país livre e um dos futuros
líderes globais, não agradeçam aos empresários, políticos, profissionais e intelectuais.
Agradeçam, em primeiro lugar, aos seus professores.