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Credit Performance - Setembro 2009
Credit Performance - Setembro 2009
Ano I | Nº 1
www.creditperformance.com.br
A R E V I S TA D A I N D Ú S T R I A D E C R É D I T O E C O B R A N Ç A
Competição, rigor
e criatividade
O que o mercado aprendeu com a crise
e como se mobiliza para crescer
21 Filiais e 5 polos.
5
mais importantes eventos deste mercado em
12 países, e conta com o apoio do Instituto Editorial
GEOC e da Serasa Experian.
Com periodicidade trimestral e tiragem de
8
5 mil exemplares, a revista oferece conteúdo
especialmente desenvolvido para os
Entrevista
executivos líderes de grandes corporações O Brasil merece crédito
e empresas da área. Distribuição exclusiva
e gratuita.
Conselho Editorial
Adilson Melhado, Fernanda Bortolussi,
10 Análise
Natal de esperança
Fernando Modenezi, João Leme, João Paulo
Mattos, José Augusto de Resende Sobrinho,
Juliana Azuma, Leila Martins, Luciana Felletti,
Luis Barbuda, Pablo Salamone, Renata
Joseph, Silvina Virga, Victoria Iturrieta
17 Caso de sucesso
Imagem renovada
18
Redação e produção
Burson-Marsteller Indicadores
Otimista, mas em alerta
Diretor de atendimento
Octavio Nunes
22
Amanda Brum, Andressa Scaldaferri, Angela
IDEIAS & TENDÊNCIAS
Nunes, Carolina Sanchez, Costábile Nicoletta,
Regina Ielpo, Raquel Vitorino, Renata Batista Mudança de paradigma
na gestão de recebíveis
E-mail da redação
creditperformance@cmspeople.com
Responsável Comercial
Madleine Rose M. Sprocatti
madi@cmspeople.com
Tel. (11) 3868-2883/ 3865-7013
26 Opinião
Cobrança ou recuperação
de clientes?
Credit Performance, a revista da
indústria de crédito e cobrança.
Endereço na internet
www.creditperformance.com.br
28 Pelo mundo
Madri, convite ao bom
gosto e à amizade
Credit Performance® é uma publicação da
CMS People do Brasil Consultoria Ltda. Todos
os direitos reservados, proibida a reprodução
total ou parcial sem prévia autorização.
29 VINHOS
“Esta noche me emborracho”
30 PONTO DE VISTA
Espaço para crescer
EDITORIAL
crEdit
performance
Projeto editorial estimula
D
e acordo com o dicionário Aurélio, a pa- Outubro 2009
Ano I | Nº 1
www.creditperformance.com.br
A Credit Performance traz também uma en-
lavra Performance significa desempenho, trevista inédita com José Renato Simão Borges,
A R E V I S TA D A I N D Ú S T R I A D E C R É D I T O E C O B R A N Ç A
esporte. Para nós, profissionais do mundo do cré- e como se mobiliza para crescer
Nacional das Instituições de Crédito, Financia-
dito e cobrança no Brasil, a palavra Performance mento e Investimento (Acrefi). Em duas páginas
é mais do que uma definição, é um conceito, uma de entrevista, José Renato faz uma análise rica
expressão e até mesmo um nome composto cujo e interessante sobre a evolução do mercado do
significado pode ser encontrado e entendido no Mais crédito
no horizonte
José Renato Borges, da Acrefi:
“Cadastro positivo elevará
Cobrança
responsável
Jay Gonsalves, da ACA:
Dr. Debt muda imagem
crédito no País.
aprovação em 30%” da indústria nos EUA
nosso léxico ou no acervo de muitos outros idio- BOAS NOVAS PARA O NATAL: PROMESSA DE CRESCIMENTO
mas: Credit Performance. Outro assunto de destaque são as expectativas do setor para
as vendas a crédito no Natal. Com a retomada gradual da eco-
A revista Credit Performance chega ao mercado trazendo uma nomia brasileira em meio à crise financeira internacional, re-
proposta inovadora: discutir o mercado de crédito e cobrança, presentantes de alguns segmentos mostram-se otimistas para
entender e analisar perspectivas e tendências do setor de ma- o fim do ano. Ainda em relação à crise externa e seu impacto
neira aprofundada. Seu conteúdo técnico será apenas a base no mercado brasileiro, vale observar a análise feita pelo econo-
de um conhecimento científico que servirá para sustentar o mista Roberto Troster, sócio da Integral Trust e ex-economista-
debate em torno deste mercado. Portanto, estamos falando de chefe da Febraban, sobre recentes indicadores de qualidade
um produto informativo, analítico, crítico e ao mesmo tempo e demanda por crédito, além de inadimplência, registrados
leve, de editoração bem resolvida. no País. Temas mais leves como viagens e mercado de vinho
também poderão ser encontrados nas páginas da Credit Per-
Há tempos o mercado se ressente da ausência de uma publica- formance.
ção desse porte e a chegada desta revista vem preencher uma
lacuna sobre pontos de vista e enfoques que efetivamente Por fim, estamos confiantes de que nossos leitores nos darão
possam refletir com especificidade a realidade da indústria do crédito porque a cada número da revista poderão comprovar
crédito no País. Por isso, diante de um mercado cada vez mais o compromisso editorial com a clareza, a objetividade, a aná-
exigente e competitivo, a Credit Performance servirá como um lise especializada e a atualização permanente dos temas que
guia, uma referência, para apontar os caminhos que condu- interessam hoje aos líderes do setor. A partir de agora Credit
zem ao sucesso profissional e pessoal dos líderes do segmento Performance tem a palavra e seus leitores a opinião.
e, por que não dizer, dos nossos leitores.
! Sempre acreditamos na idéia de que “o conhecimento é o úni-
Para esta primeira edição, elaboramos uma matéria especial co bem que se multiplica quando se compartilha”.
sobre as perspectivas e tendências do crédito no Brasil, a partir
do levantamento da opinião de diferentes líderes do mercado. Boa leitura!
Também antecipamos os principais pontos que serão debatidos
no 5º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança, que acon-
tecerá nos dias 27 e 28 deste mês, em São Paulo, e tem como
tema principal “Lições aprendidas. Novas oportunidades”.
www.cmspeople.com
serasaexperian.com.br/decisionanalytics
ENTREVISTA
O BRASIL MERECE
CRÉDITO
Para o vice-presidente do Sofisa,
cadastro positivo democratizará
a informação e ampliará em 30%
processos de aprovação de crédito
José Renato Borges:
crédito deve se
Costábile Nicoletta normalizar com
Especial para a Credit Performance a retomada do
crescimento e da
confiança dos
E
m 1996, quando o Plano Real vivia um de seus melhores mo- agentes econômicos
mentos e o consumidor brasileiro finalmente começou a con-
viver com níveis inflacionários civilizados, os fabricantes de ele-
trodomésticos aumentaram significativamente a produção de suas
fábricas para dar conta da demanda e quase foram à bancarrota. Não deste ano em relação ao mesmo período de 2008. Em que
levaram em consideração que dificilmente uma família compra mais de medida a crise financeira internacional ainda afeta o crédito
uma geladeira e um fogão e não enxergaram o limite de compra dos no Brasil?
consumidores, por mais reprimida que fosse essa necessidade. Várias
cadeias de varejo faliram. Além do limite de compra de cada família, Borges — A crise comprometeu a liquidez e os padrões de crédito. Por
houve uma grave crise de inadimplência. Nem consumidores, nem va- mais que os volumes tenham voltado aos patamares pré-crise, ainda
rejistas, nem indústrias estavam acostumados a conceder crédito num estão concentrados em grandes empresas que trocaram o mercado
ambiente econômico minimamente estável. internacional pelo interno. As pequenas e médias tiveram que com-
prometer seu faturamento e suas garantias com a crise. Agora, com a
Treze anos e mais uma série de crises financeiras internacionais e in- retomada do crescimento e da confiança dos agentes econômicos, o
ternas depois, a oferta de crédito no Brasil alcançou em julho último o crédito deve se normalizar e os indicadores de inadimplência, melho-
equivalente a 45% do Produto Interno Bruto (PIB) — a melhor marca rar, em especial no último trimestre.
em quase 40 anos. José Renato Simão Borges, vice-presidente do Ban-
co Sofisa e presidente da Comissão de Crédito e Cobrança da Associa- Credit Performance — Quais as consequências para o crédito da
ção Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento sobrevalorização do real perante o dólar?
(Acrefi), analisa a evolução do mercado de crédito no País e estima
que, com a adoção do cadastro positivo (banco de dados com infor- Borges — Ela traz impacto principalmente para as empresas que
mações de crédito de bons pagadores), haverá uma expansão de 30% atuam no comércio internacional ou possuem endividamento ex-
nos processos de aprovação de empréstimo. terno. A liquidez internacional deverá facilitar a retomada do aces-
so a recursos externos, bem como auxiliar as importações para a
Credit Performance — As empresas e os consumidores brasilei- atualização de nosso parque industrial.
ros já aprenderam a obter e a conceder crédito?
Credit Performance — O governo federal pôs os bancos esta-
José Renato Simão Borges — Depois de um longo período infla- tais para irrigar os financiamentos tanto a empresas quanto
cionário, em que o crédito se restringia ao curto prazo, atingimos a a pessoas físicas. A medida foi acertada?
estabilidade e, com ela, a possibilidade de evoluirmos com as políticas
de risco, base de dados, comportamento dos tomadores, ferramentas Borges — Sim, mas a sustentabilidade se dará apenas com a con-
e modelos de crédito. Nos últimos oito anos, dobramos a participação fiança de todos os agentes de crédito, pois desenvolvimento e cres-
do crédito no PIB. Mas ainda temos muito a evoluir. cimento econômico só acontecem com adequada oferta de crédito,
em especial com estruturas apropriadas de fomento e com um forte
Credit Performance — Levantamentos mostram uma alta sistema financeiro. A concentração bancária deve ser resolvida pelo
na inadimplência de pessoas jurídicas no primeiro semestre mercado altamente competitivo.
NATAL DE ES
O gradual aquecimento da
economia brasileira inspira
a confiança de líderes de
diversos setores, que apostam
uníssonos num crescimento
nas vendas a crédito
Amanda Brum
N
esta mesma época do ano passado, poucos se arrisca-
vam a traçar prognósticos para o Natal. Os que ousavam
emitir alguma opinião se restringiam a tatear perspectivas
incertas. Afinal, foi nesse período que em 2008 a crise financeira
internacional começou a mostrar suas garras e a assombrar até
mesmo os mais otimistas empresários.
Neste ano, contudo, o cenário é bem diferente. Apesar da desa-
celeração que alguns setores apresentaram no primeiro semestre
em decorrência da crise, paira no ar um otimismo em relação ao
final do ano. Setores representativos da economia brasileira pre-
vêem aumento na oferta de crédito nesse período, movimento
que, na visão deles, deve contribuir para elevar o desempenho
do Natal em percentuais que variam de 0% a 15% frente à igual
época de 2008.
Para Victor Loyola, superintendente de crédito e cobrança do
Global Consumer Group Citibank Brasil, o período de maior
turbulência no mercado já foi superado e as “torneiras” do
crédito, apesar de ainda não plenamente abertas, voltaram
a irrigar a economia com vazão maior do que no período da vários meses em queda, muito por conta das melhores condições
crise, mas inferior ao período imediatamente anterior a ela. do mercado. “Apostamos num crescimento de 2% a 3% nas ven-
“Nesse sentido, esse Natal será melhor do que o do ano pas- das por conta do Natal”, afirma Solimeo.
sado, quando estávamos vivenciando um aprofundamento da
situação econômica, mas deve ser inferior ao Natal de 2007, Uma pesquisa da Serasa Experian de Expectativa Empresarial, re-
quando navegávamos em plena euforia de uma economia alizada em outubro com executivos do comércio de todo o país,
crescendo em ritmo acelerado. Em que pese o fato do final confirma essa percepção. Mostra que 75% dos empresários do
de ano não ser o momento de maior velocidade em conces- setor esperam faturamento melhor no último trimestre de 2009,
são de crédito, pois o consumidor em geral tem mais liquidez impulsionado pelo Natal. Para 2010, os empresários do comércio
nessa época (13º salário, participação nos lucros etc.)”, expli- também seguem a tendência positiva: 72% esperam um fatura-
ca Loyola. E acrescenta: “Seguramente esse Natal trará bons mento maior que o de 2009.
presságios para um esperado ano de recuperação em 2010.”
Para Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa Ex-
Marcel Solimeo, superintendente do Instituto de Economia da As- perian, a recuperação econômica está mudando a expectativa em-
sociação Comercial de São Paulo (ACSP), é dos que faz coro em presarial. “Gradualmente, os empresários ampliam sua confiança,
defesa de tempos melhores no Natal de 2009. Ele diz acreditar baseada na reação do mercado doméstico. A redução dos juros, a
que as vendas no varejo devem apresentar recuperação depois de queda da inadimplência e a volta do crédito são os principais funda-
mentos para o crescimento da atividade econômica”, afirma.
“Seguramente esse Natal trará Segundo o economista, a pesquisa revela que no crédito as em-
bons presságios para um esperado presas começam a sentir as melhores condições, sobretudo por
ano de recuperação em 2010” conta dos juros mais baixos. A aguardada maior oferta de recursos
deve reverter a opinião daqueles que ainda não percebem as me-
Victor Loyola, do Global Consumer
lhores condições de crédito.
Group Citibank Brasil
ESPERANÇA
Números
MAIS crédito
com menos risco
Mercado trabalha para manter clientes ativos. Rigor na
concessão de crédito não deve ser abandonado, indicam
especialistas convidados para o 5º Congresso Nacional
de Crédito e Cobrança, em São Paulo (SP)
Renata Batista
Desafio é
administrar
N
os últimos meses, as medidas de
efeitos da crise
incentivo ao consumo e a manu-
tenção do nível de emprego tive- e manter cliente
ram efeito positivo sobre o crédito para ativo em 2010
pessoa física. Como resultado, carteiras
como as de automóveis cresceram 7,4%
no ano, apesar da crise econômica, e o
volume de operações em relação ao PIB
saltou de 36% para 45% entre os meses
de julho de 2008 e de 2009.
“Só na primeira fase, quando o atraso As estratégias adotadas Crédito, Financiamento e Investimento
ainda é de menos de 30 dias, temos 33 pelo mercado têm como (Acrefi), Adalberto Savioli, acredita até
estratégias de recuperação desses cré- objetivo dar fôlego aos no aumento da participação de bancos
ditos. Precisamos ter iniciativa”, explica médios nesse setor, o que ampliaria
o gerente executivo da diretoria de re-
devedores, alongando ainda mais a competição. Na avaliação
estruturação de ativos operacionais do o prazo das operações e do executivo, o grande desafio para os
Banco do Brasil, Geraldo Castilho, que mantendo a capacidade bancos médios e pequenos está na fon-
reforça a decisão do banco de ampliar de endividamento te de recursos para essas operações. “O
a concorrência no mercado de crédito, funding ainda é um problema porque
mas sem ampliar sua exposição ao risco. são operações de prazo muito longo,
mas a inadimplência, que era de 12%
O gerente executivo de risco do Banco há cinco anos, caiu bastante”, conta.
Volkswagen, Thierry Roland, acredita lho”, diz o gerente de indicadores de
no aumento da competição, mas pela mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi. Passado o pior momento da crise, fica
entrada de novos agentes do setor pú- claro que o mercado foi ágil para colo-
blico, já que a crise aumentou o conser- O crédito imobiliário é uma das maio- car em prática lições aprendidas em ou-
vadorismo das instituições privadas. res apostas do setor. O presidente da tros momentos difíceis, protegendo as
Associação Nacional das Instituições de estratégias de crescimento. Houve es-
“Antes da crise, a competição ocorria forço de negociação e compreensão do
por taxa e prazo, agora virá pelas mãos novo cenário, mas também aceleração
dos bancos públicos”, avalia Roland, Divulgação no processo de cobrança para evitar dí-
citando a associação entre a financeira vidas com mais de 90 dias, o que pode-
BV e o Banco do Brasil como exemplo ria prejudicar a avaliação das carteiras e
do apetite da instituição. impactar a liquidez das instituições.
Regulamentação do
cadastro positivo pode
reduzir inadimplência
O cadastro positivo pode
reduzir a inadimplência em
45%, aumentar em 19% o
acesso ao crédito e reduzir
em 62% as taxas cobradas
pelo sistema financeiro
Divulgação
Savioli: Diminuir a inadimplência ainda é um dos maiores desafios
Iniciativa pioneira
Projeto Dr. Debt, que promove a educação
dos consumidores, ajuda a transformar a
imagem da indústria de cobrança nos EUA
Carolina Sanchez
A
crise econômica que afetou os Estados Unidos no segundo semestre do ano pas-
sado teve reflexos diretos na indústria de cobrança. “O principal problema que
tivemos na indústria de cobrança foi o desemprego, que aumentou e continuou
aumentando nos meses subsequentes. Isso, obviamente, nos trouxe para um cenário
problemático, uma vez que os cidadãos não podiam pagar seus impostos sem os seus
empregos”, afirma Jay Gonsalves, vice-presidente da ACA International (Associação dos
Profissionais de Crédito e Cobrança). Saiba mais
A ACA está trabalhando na
Assim, o volume de débitos cresceu e a demanda pelo trabalho da indústria de co- versão em espanhol do site,
brança também, mas a negociação das dívidas estava difícil. “Tínhamos mais ne- que deve ficar pronta em
gócios, mas o valor arrecadado com as cobranças não acompanhava esse cresci- breve. Ainda não há previsão
mento. Começamos, então, a trabalhar na cobrança de longo prazo, aceitando da tradução do site para o
propostas de pagamentos menores com prazos estendidos”, conta Gonsalves. português, mas os executivos
brasileiros poderão conhecer
Para se ter uma idéia, um estudo realizado em 2008 pela Pri- melhor esse projeto no 5º
cewaterhouse Coopers a pedido da ACA mostrou que, no ano Congresso Nacional de Crédito
anterior, a indústria de cobrança conseguiu recuperar 40,4 bi- e Cobrança, que acontece nos
lhões de dólares em débitos para as empresas americanas, o dias 27 e 28 de outubro, em São
que demonstra a sua importância para a economia dos Estados Paulo. Mais informações no
Unidos. Lá, o setor também gera 400 mil empregos e tem uma www.askdrdebt.com ou
folha de pagamento por volta dos 16 bilhões de dólares. “Além www.cmseventos.com.br
Divulgação
A
crise já passou. A afirmação, que vem ganhando coro Prova disso são os resultados colhidos pelos indicadores da
cada vez mais forte entre políticos, empresários, econo- Serasa. Em julho, o índice que mede a busca de consumi-
mistas e financistas brasileiros, não pode ser levada ao dores por crédito foi positivo em 3,5%, resultado que pela
pé da letra pelo mercado de crédito nacional. Muito embora os primeira vez no ano foi superior ao mesmo mês de 2008.
resultados dos últimos meses venham enchendo o setor de espe- No tocante à demanda de crédito por empresas, a taxa de
rança, os dados do acumulado do ano mostram que um pouco julho anotou expansão de 5,5% frente a junho, deflagrando
de prudência ainda é necessária. a quinta alta mensal consecutiva. O resultado significa que
a busca de empresas por crédito em julho superou pela pri-
A busca de crédito por consumidores registrou queda de 5,3% meira vez em 2009 o patamar verificado em outubro do ano
nos sete primeiros meses do ano frente mesmo período de 2008, passado, quando a crise internacional se agravou.
segundo o indicador Serasa Experian de Demanda dos Consumi-
dores por Crédito. O número, já considerável, é ofuscado pelo ín- “Mantido esse ritmo de recuperação, a demanda dos con-
dice relativo à demanda das empresas por crédito, que foi 6,1% sumidores por crédito deve encerrar 2009 com variação
menor de janeiro a julho deste ano se comparado com os sete acumulada positiva entre 0% e 5% frente ao ano passa-
primeiros meses de 2008, de acordo com o indicador de Deman- do”, aposta Luiz Rabi, gerente de indicadores de mercado
da das Empresas por Crédito, da mesma empresa. da Serasa Experian. “Já para as empresas, a demanda de
crédito deve fechar próximo de zero.”
Roberto Troster, sócio da Integral Trust e ex-economista-chefe da
Febraban, avalia que os indicadores de desempenho negativos Embora otimista, na opinião de Troster essa é uma previ-
não se devem apenas à crise externa, mas também aos problemas são bem realista e factível de ser cumprida. Ele lembra que
estruturais que o setor apresenta. Na opinião dele, diante da ins- o índice de atividade econômica no Brasil vem crescendo,
tabilidade da crise, o mercado de crédito como um todo acabou assim como as taxas de investimento e de emprego. No
reagindo de forma similar, com a oferta de linhas mais caras. sentido oposto, o País vem observando uma queda gra-
dual da taxa Selic, um recuo das taxas médias de juros
“Tivemos um primeiro quadrimestre muito ruim. O fim do pri- praticadas pelo setor de crédito e do índice de compro-
meiro semestre foi um pouco melhor e nos últimos meses co- metimento da renda dos brasileiros. “Estamos com uma
meçamos finalmente a enxergar uma possibilidade de inversão composição de renda melhor e com taxas médias mais
neste quadro”, afirma Troster. “Ainda é preciso agir com cautela, baixas, o que é bom sinal para o mercado de crédito”,
mas as perspectivas para o ano são positivas.” avalia Troster.
106,3
Indicadores de demanda por crédito
105,4
Consumidor
Empresas 100
90
80
ut Nov Dez Jan-09 Fev Mar Abr Mai Jun Jul-09
Índice de inadimplência
Empresas Consumidor Inadimplência:
240
228,5 tendência
220
200
DE estabilização
180
Dados do Banco Central mostram que em 2009 ainda não
160 houve um mês sequer em que a inadimplência fosse menor
136,8 se comparada com igual período do ano anterior. Em julho,
140
120
por exemplo, a taxa líquida em São Paulo estava em 7,4%,
contra índice de 6,3% anotados no mesmo mês de 2008.
100
Jul-07 Jan-08 Jul-08 Jan-09 Jul-09
“A inadimplência é uma condição do mercado de crédito e
Fonte: ACSP e Bacen/Deban
temos de saber lidar com ela. Por enquanto, não acredito
que há motivos para alarde. Só ligaremos o sinal de alerta
se o índice continuar no crescente até novembro”, comenta
“Tivemos um primeiro João Paulo Mattos, superintendente do Instituto GEOC. “De
quadrimestre muito ruim. qualquer forma, acredito que a tendência é que os índices se
O fim do primeiro semestre foi estabilizem ainda neste ano.”
um pouco melhor e nos últimos
meses começamos finalmente a Troster sinaliza que os índices ainda estão altos pelo carry-
enxergar uma possibilidade de over da dinâmica anterior, mas a partir de novembro devem
inversão neste quadro... iniciar uma trajetória de queda. “À medida que o crédito
Ainda é preciso agir com cautela, cresce, você tem mais liquidez, o que acaba se refletindo po-
mas as perspectivas para o ano sitivamente também na inadimplência, que tende a recuar.”
são positivas.” Voltar aos mesmos padrões de 2007 ou de antes da crise,
entretanto, é cenário que só pode ser vislumbrado a partir
Roberto Troster, da Integral Trust de 2010, na opinião do economista.
A g e n d a
27 e 28 de OUTUBRO
5º Congresso Nacional de
Crédito e Cobrança
São Paulo | Brasil | Teatro Alfa
e Hotel Transamérica
2 e 3 de NOVEMBRO
1º Congresso Internacional
de Crédito e Cobrança
Grupo ML abre novo site Caracas | Venezuela |
Tamanaco Intercontinental
Há mais de 20 anos no mercado de cobrança, o Grupo ML Serviços Financeiros,
especializado na recuperação de créditos, anuncia o lançamento do seu novo site.
4 e 5 de NOVEMBRO
Com 2.500 m2 de terreno e 5.600 m2 de área construída, o site está localizado
1º Congresso Nacional de
no Centro Empresarial Tamboré, Santana de Parnaíba, e conta com 900 pontos de
Crédito e Recuperação.
atendimento. Dentro da estratégia de especialização de serviços, a companhia
Evento paralelo ao 1º
visa expandir seus negócios. “O site atenderá uma demanda de mercado que tem
Congresso Ibero – Americano
crescido em função do aumento da inadimplência. A empresa se preparou para
de Crédito e Recuperação
esse crescimento e poderá absorver a demanda praticamente de imediato”, afirma
Madrid | Espanha | Hotel Meliá
João Leme, diretor-executivo do Grupo ML Serviços Financeiros.
Castilla
12 e 13 de NOVEMBRO
Congresso e Encontro de negócios em Madri 2º Congresso Nacional de
Crédito e Cobrança
• • • A CMS continua com sua outros países da América Quito | Equador | JW Marriot
atitude de liderança pioneira Latina, reunidos na Asso- Hotel Quito
na indústria latina do crédito, ciação Latinoamericana
lançando o 1º Congresso Na- de Empresas de Cobran- 25 de NOVEMBRO
cional de Crédito e Cobrança ças (LatinCob). 3º Congresso Nacional de
em Madri, na Espanha, nos Financiamento de Consumo
dias 4 e 5 de novembro, no Pela Europa estão confir- e Meios de Pagamento
Hotel Meliá Castilla. O encontro terá a par- madas as presenças de Kornel Tingueli, pre- Buenos Aires | Argentina |
ticipação de líderes do mercado espanhol sidente da Federação Européia de Associa- Hotel Caesar Park
que vão debater experiências e visões sobre ções de Cobranças (Fenca), Antonio Gaspar,
o futuro da indústria. diretor executivo da Associação Portuguesa www.cmseventos.com
de Empresas de Gestão e Recuperação de
Durante o congresso será realizado o 2º Créditos (Aperc), junto a outros relevantes
Encontro Europeu-Latinoamericano de atores da indústria portuguesa, assim como
Empresas de Cobrança que contará com a diretoria e membros da Associação Espa-
a presença de empresários da indústria nhola de Empresas de Cobrança (Angeco).
de cobrança do Brasil, representados pela Mantenha-se informado
diretoria do Instituto GEOC, assim como de (Veja mais sobre Madri na página 28) sobre os mais importantes
eventos da indústria latina
de crédito e cobrança.
Instituto GEOC tem novo executivo É simples planejar a sua
••• João Paulo de Mattos (foto) é o novo superintendente agenda anual:
do Instituto GEOC, que congrega as principais empresas 1. Acesse
especializadas em recuperação de crédito do Brasil. O Selo de
Qualidade do GEOC, o primeiro do setor de recuperação de
crédito, é um dos alvos do executivo. “Ele serve de 2. Selecione o mês, país
referência às empresas associadas do ponto de ou tipo de evento de
vista de qualidade, inclusive pelo uso de índices sua preferência
internacionais. O primeiro ponto é fazer a gestão 3. Clique em “Buscar”
do Selo”, enfatiza Mattos. e agende no seu Outlook
Mudança de paradigma
na gestão de recebíveis
Francisco Valim
Presidente da Serasa Experian
e da Experian América Latina
Carol Carquejeiro
A
crise financeira global estabe- Outro ponto a ser mencionado e
lece um momento de reflexão que precisa ser bem compreendi-
para o mercado de crédito e a do, é que a cobrança é uma área de
cobrança no Brasil. Sobre o primeiro relacionamento e, como tal, deve
aspecto, a implantação do cadastro po- abordar o devedor em atraso de for-
sitivo é cada vez mais necessária, pois ma a não impactar vendas futuras.
o atual processo de decisão de crédito, A cobrança deve trazer de volta o
baseado apenas em informações nega- consumidor para as vendas e não
tivas, atingiu seu limite de eficácia. Não afugentá-lo, deve trabalhar a favor
há mais espaço para que o aumento da fidelização do cliente. Sabe-se
das operações de crédito seja acompa- que o custo de conquistar novos
nhado pela elevação da inadimplência, clientes é muito elevado.
exigindo maior esforço de cobrança.
As empresas de cobrança precisam
O cadastro positivo cria condições para a evolução sustentada estar preparadas para a retomada econômica que, por conta
do crédito. Responsabilidade esta que deve ser assumida por da recessão internacional, será novamente empreitada pelo
todas as instituições concedentes, no sentido de se compro- mercado doméstico, pelo crédito. A cobrança, em seu modelo
meter com a qualidade do crédito, evitando, por exemplo, o tradicional, já não atende às necessidades do novo mercado
superendividamento ao emprestar recursos para aqueles com no pós-crise.
condições de crédito deteriorada. Nesse sentido, o cadastro
positivo também é um projeto de cidadania, ao atuar em prol Agregar inteligência de mercado é o maior desafio que se pro-
da educação financeira dos consumidores. põe ao segmento. Contar com ferramenta de scorings, para
antecipar ações e ter estratégias adequadas ao perfil de risco
O cadastro positivo reverte as atuais barreiras do crédito – de cada consumidor, aumenta as possibilidades de êxito da re-
inadimplência e juros elevados e menor abrangência popula- cuperação do crédito. Assim, a cobrança também se beneficia
cional. Além disso, esse modelo estatístico, promove a efici- com o cadastro positivo, pois a melhor forma de se reduzir a
ência em todas as etapas do ciclo de crédito, inclusive em sua inadimplência é de forma proativa e preventivamente, evitan-
recuperação. do que o mau crédito ocorra.
Sobre o segundo aspecto, a cobrança tem experimentado uma Como extensão da área de vendas, a carteira de cobrança
série de desafios ao longo dos últimos anos, desde a forte ex- também precisa ser competitiva em relação às de outras ins-
pansão do crédito até o presente momento, de normalização tituições do mercado. Essas empresas precisam investir em
em sua oferta. Uma das principais tarefas dessa atividade é a sistemas que identifiquem as oportunidades e os riscos na re-
rapidez na recuperação dos recursos, que é fundamental para cuperação de crédito.
o fluxo de caixa das empresas. Cabe destacar que a cobrança
está vinculada ao contas a receber, sendo assim, importante Há uma grande mudança de paradigma na gestão de recebí-
para a rentabilidade de qualquer negócio. veis e ela está acontecendo.
A RESPOSTA EStÁ NA
WEB
Mapear o comportamento de quem
está online pode apontar rotas mais
seguras para as estratégias de negócios
Tancer: Pesquisa online torna empresa alinhada
com as expectativas do seu consumidor Regina Ielpo
D
esde que começou a decisões baseados em seus Verde e amarelo
se dedicar à pesquisa instintos, o que pode levá-los na internet
e análise do comporta- a direcionar recursos equivo- Bill Tancer esteve no Brasil no
mento dos usuários da internet, cadamente. “Pesquisando os início de setembro para um en-
o diretor Mundial de Pesquisa movimentos das pessoas na in- contro com empresários, quan-
da Experian Hitwise, Bill Tancer, ternet vemos como elas de fato do apresentou ao mercado
descobriu novas formas para se comportam, o que torna as nacional um perfil do brasileiro
obter informações estratégicas decisões de negócios mais exa- que navega na internet: ele
únicas que têm colaborado tas”, afirma o diretor da Expe- acessa menos conteúdo adulto
para o sucesso de empresas em rian Hitwise. do que os norte-americanos,
todo o mundo. Para o executi- pois prefere navegar pelas
vo, autor do livro Click: o que milhões de Bill Tancer conta que a demanda por fer- redes sociais virtuais como o
pessoas estão fazendo on-line e por que ramentas de inteligência competitiva tem Orkut e o YouTube.
isso é importante, é na web que cada um aumentado no mundo dos negócios e
de nós revela seus maiores desejos, medos não apenas por parte das grandes corpo- Bill Tancer também
e preferências sem constrangimentos. rações. “As pequenas empresas tendem a apontou o ranking
destinar seus recursos em ações online e dos sites mais acessados
Para o executivo, um dos grandes desa- por isso estão muito atentas ao compor- no país:
fios de se obter resultados precisos pelas tamento do consumidor na web”, revela 1º - Google Brasil
pesquisas de mercado em qualquer setor o executivo. Ele completa: “Essas com-
da economia é a falta de sinceridade dos panhias estão usando esse tipo de dado 2º - Orkut
entrevistados ao responderem sobre seus para se tornarem realmente competitivas, 3º - Google
hábitos. Bill Tancer classifica esse compor- baseadas em decisões precisas e que f 4º - YouTube
tamento como “dissonância”, que acon- zem a diferença”.
tece quando um entrevistado acredita que 5º - Windows Live Mail
sua imagem pode ser afetada caso revele, Toda empresa pode se beneficiar dos da- 6º - Google Image
por exemplo, que acessa sites de conteúdo dos sobre comportamento online. Para 7º - Globo Esporte
adulto ou de apostas. “Por isso, mapear o Tancer, as companhias da área de crédito,
comportamento online em alguns casos é por exemplo, devem acompanhar de perto 8º - Globo
um ótimo complemento para a pesquisa os movimentos das pessoas em relação às 9º - UOL
tradicional, mas também pode servir como buscas por empréstimos e financiamen- 10º - MSN Brasil
fonte principal para um levantamento de tos. “Quando uma empresa interage com
perfil de consumo”, diz Bill Tancer. os dados sobre o comportamento online,
torna-se mais alinhada com as expectativas
De acordo com o autor de “Click”, mui- do seu consumidor, o que é positivo para
tos homens de negócios ainda tomam ambos os lados”, explica.
COBRANÇA OU RECUPERAÇÃO
DE CLIENTES?
Adilson Melhado
Presidente do Instituto GEOC
Informe publicitário
PELO MUNDO
Madri
convite ao bom gosto e à amizade
Raquel Vitorino “Crédito e cobrança: é hora
de se antecipar e inovar”
M
adri é uma cidade com diferentes facetas. Cultura, alta gas-
tronomia e passeios são algumas das opções que agradam Mais do que preocupação, os efeitos da crise
a todos os tipos de visitantes e quem estiver na cidade a ne- mundial sobre a economia espanhola devem ser
gócios não precisa se restringir ao trabalho. Pois embora conhecer a vistos como uma oportunidade para se “ocupar”,
cidade não seja uma tarefa que se esgote fácil, é possível ter uma idéia antecipar e inovar, na avaliação de Diego Sánchez
do que há de melhor em Madri em poucos dias. Reulet, diretor de riscos do Santander Consumer
Finance da Espanha.
Um bom passeio pela capital espanhola pode começar pela área co-
nhecida como triângulo das artes, onde estão os museus do Prado, O terremoto econômico global gerou a eliminação de
Reina Sofia e Thyssen-Bornemisza. Os museus estão entre os maiores mais de 1 milhão de empregos nos últimos 12 meses,
do mundo e concentram obras de grandes artistas espanhóis. O Museu elevando a taxa de desemprego para 17%, e projeta
do Prado oferece mais de 4.600 pinturas de artistas como Goya, Ve- uma queda no PIB superior a 3% este ano, e uma que-
lásquez, além de expoentes das artes de outras nacionalidades, como da de 1% para 2010. Sánchez Reulet considera, porém,
o italiano Caravaggio. Já o Reina Sofia abriga a Guernica, de Pablo que sem prejuízo da desaceleração na deterioração
Picasso, e obras de Juán Miró, entre outras. de alguns indicadores, será necessário acompanhar a
evolução do mercado nos próximos meses para definir
Após o contato com o melhor da arte mundial é hora de circular pelas o cenário futuro. Veja abaixo os principais desafios da
ruas que concentram as principais grifes espanholas e mundiais. O Bair- indústria de crédito, na visão do especialista:
ro de Salamanca, onde estão as ruas Serrano, Ortega e Gasset, abriga • • • Foco na gestão dos atrasos e na contenção de pro-
butiques e joalherias exclusivas. Outra opção de compras é a tradicional visões, gestão dos custos, margens e gestão prudente dos
loja de departamentos El Corte Ingles, na rua Serrano. Próximo a essa riscos são elementos-chave para gerir este ciclo.
área está o Parque do Retiro. Inaugurado em 1631, é o mais tradicional
de Madri e um dos destinos principais das famílias madrilenhas. • • • Segmentação das carteiras de investimento, a fim de
priorizar a gestão.
A viagem não está completa sem uma parada para provar pratos tí- • • • Ferramentas que ajudem os clientes com dificuldades
picos, como a paella, ou os petiscos conhecidos como tapas. Dividir de pagamento e gestão ativa das carteiras hipotecárias em
pratos de tapas com amigos é um hábito nacional. Para uma noite função de sua relevância no mercado espanhol.
típica, prove tapas diferentes em diversos restaurantes ao longo da noi-
te. E para terminar a viagem assista a um show de flamenco na Casa • • • Acompanhamento do comportamento do nível de
Patas, situada no bairro de Lavapiés, tradicional núcleo flamenco. Não confiança do consumidor, nível de atividade e emprego
estranhe, porém, os hábitos locais. Antes da meia-noite, bares e casas serão chaves para antecipar o cenário para os próximos
noturnas estarão vazios. meses.
P 5,3 milhões
oucos clichês descrevem tão bem
a Argentina no imaginário coletivo
que vem conquistando
como um bom vinho degustado ao cada vez mais os de litros de vinhos consumidos no
som de Carlos Gardel. Apesar do lugar co- brasileiros Brasil no 1º semestre de 2009 são
mum, o vinho argentino é mesmo componen- provenientes da Argentina
te fundamental de sua cultura e conquista cada
vez mais espaço pelo mundo. Somente no primeiro
semestre deste ano, as exportações da bebida na Argenti-
na cresceram 20%. Em 2008, o crescimento foi de 34%. “A crise permitiu que a Argentina se posicionasse
como um player relevante em mercados-chave e
A Argentina é hoje o quinto maior produtor e o décimo em provocou um feito de substituição que beneficiou
exportações de vinho no mundo. Estados Unidos e Canadá os produtos argentinos por sua excelente relação
são seus principais importadores, mas no Brasil o consumo preço-qualidade, sendo o Malbec a atual estrela em
do vinho argentino vem crescendo e, nos seus diferentes tipos, inclusive nos blends”, conta
primeiros seis meses de 2009, 26,9% Juan Molina, gerente geral da Nieto Senetiner.
das garrafas bebidas aqui, o
equivalente a 5,3 milhões
de litros, vieram do país vizi- A bodega argentina,
nho. O consumo per capita uma das Top 10 es-
de vinho no Brasil, no en- trangeiras, disponibi-
tanto, ainda é baixo, cerca de liza em São Paulo a
dois litros por pessoa, enquanto Casa Nieto Senetiner,
Argentina e Uruguai, por exemplo, com cursos e degus-
ultrapassam os 30 litros por pessoa ao ano, segundo dados da tações para promover ainda mais este mercado. “O
União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra). consumo dos vinhos de alta gama está em ascensão, o
brasileiro está aprendendo a escolher, e a Bodega vem
Uma das explicações para a alta dos vinhos argentinos é que a se posicionado com sucesso como uma vinícola dife-
retração econômica teria estimulado a busca de opções com me- renciada, que produz vinhos de ótima qualidade, com
lhor custo-benefício. Além disso, nos últimos anos os vinhos pro- vinhedos numa das melhores regiões da Argentina, e
duzidos em países como Chile, Austrália, África do Sul e, claro, Ar- líder na aprendizagem e na comunicação do vinho”,
gentina, vêm sendo cada vez mais reconhecidos pela qualidade. completa Molina.
Serviço - Casa Nieto Senetiner - Rua Henrique Martins, 508 – Jardim Paulista, São Paulo - Tel. (11) 3057-3089
Divulgação
O
crédito tem desempenhado um do que o spread pré-crise), tendo
papel fundamental no crescimen- ocupado um espaço deixado pe-
to do País nos últimos anos. E a los bancos privados nestes últimos
previsão (aposta ou expectativa) de cres- meses. Em segundo lugar, o fato
cimento do PIB brasileiro em 2010 gira de que bancos verão uma redução
em torno de 4% a 5%. É um bom nú- na rentabilidade de operações de
mero. Mesmo se considerando uma base tesouraria com títulos públicos,
“menor” (o provável crescimento em tor- indo mais a mercado para no seu
no de zero em 2009) é um crescimento mix de crédito ter a rentabilidade
excelente quando comparado ao restante desejada. Claro que serão inicial-
do mundo e também compatível com a mente preenchidos os potes de
média desta década (até 2008). Melhor menor risco, ou seja, crédito con-
do que isso é a previsão de manutenção signado, financiamento imobiliário
do crescimento entre 2011 a 2015 a uma e financiamento de veículos que,
taxa média de 3 a 4% ao ano. uma vez preenchidos, farão que o
crédito se expanda mais para ou-
Mas como este crescimento será possí-
tras modalidades.
vel? Sem dúvida com o aumento de renda e emprego, mas
principalmente pelo crédito. E com ele os riscos. Será curioso, ainda, acompanhar o efeito de se ter por um pe-
ríodo longo (pelo menos por 1 ano) a combinação histórica de
A alavancagem financeira mundial caminhava para um desas-
inflação baixa e Selic baixa e, mais que isso, estáveis. Teremos
tre. Segundo levantamentos do McKinsey Global Institute, em
um período interessante de inflação em torno de 4,5% e Selic
1980 a relação no mundo entre ativos financeiros (depósitos
bancários, títulos de dívida privada e governamental e ações) de 8,75% ao ano.
e o PIB mundial era de 1 para 1. Em 2006 esta relação já era O crédito continuará a se expandir. Talvez em outro ritmo, mas
de 4 para 1! Ou seja, um total desalinhamento entre mundo continuará. Aliás, mais do que espaço para crescer, há o desafio
financeiro e a economia real... da velocidade de crescimento do crédito. Este tem sido um fator
O Brasil não sofreu tanto com a crise por causa do conservado- que, apesar de importante, é pouco comentado. Ritmo acelera-
rismo do sistema financeiro por aqui. Fomos mais afetados pelo do de crescimento traz consigo o desafio da educação financeira
congelamento do crédito externo (responsável por algo entre para evitar complicações e inadimplência. Outros riscos e desa-
15% a 20% do crédito total) porque internamente temos um fios estarão presentes. Como compatibilizar prazos de emprésti-
sistema financeiro robusto. Compulsório alto, obrigatoriedade mos e aplicações? Vejam o desafio do crédito imobiliário.
de provisionamento de capital dos bancos de cerca do dobro Talvez em tudo isso o mais importante seja a confiança dos
do mínimo internacional, oportunidade de rentabilidade segura agentes. Confiança é muito importante para a economia. Eco-
com operações de tesouraria dos bancos em títulos públicos, são nomia não é uma ciência exata. É uma ciência essencialmen-
alguns dos fatores que contribuíram para a solidez do sistema. te humana. O comportamento de agentes importantes como
Efeitos colaterais foram mitigados pelo governo com ações vi- investidores, empresários e consumidores é regido por funda-
sando garantir maior liquidez interna, crédito à exportação e ga- mentos, mas pilotado por sentimentos. Consumidores tomam
rantias relativas aos bancos pequenos e médios. Porém foi inevi- crédito, empréstimos e financiamentos, assumem dívidas, en-
tável que grandes bancos comprassem carteiras de crédito e que fim, confiando que terão capacidade para honrar os pagamen-
continuasse a concentração bancária com fusões e aquisições.
tos, ou seja, que a economia andará bem, que terão emprego,
Por outro lado, tudo isso faz com que o crédito em geral no renda e melhoria de vida. Empresários investem em seus negó-
Brasil seja caro e escasso. Pode ter sido bom neste momento de cios quando confiam que a economia de seu setor crescerá.
crise, mas não é bom para um País a longo prazo.
E nisso principalmente o governo tem que fazer sua parte. Não
Há sinais de que poderemos ter um crédito de melhor qualidade, só promovendo sempre melhor regulação e transparência do
ou seja, menos “predatório” e mais alinhado com o crescimento mercado financeiro, mas fundamentalmente respeitando re-
sustentado. Em primeiro lugar houve o fato de bancos públicos gras, sendo menos gastador, mais eficiente e promovendo um
iniciarem o movimento de redução do spread (embora ainda al- melhor ambiente para o ambiente empresarial e consequente
tíssimo e quando comparado exclusivamente à Selic muito maior crescimento econômico.