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Cinema e Literatura

Linguagens Diferentes
CINEMA LITERATURA
• Heterogeneidade sígnica: • Linguagem verbal
- imagem: espaço, gestos,
figurinos, etc;
- linguagem verbal;
- signo sonoro: sons;
música (diegética e não
diegética)
Processos Cognitivos Diferentes
CINEMA LITERATURA
• Imagem como um • Decodificação do
todo. código verbal:
- da esquerda para a
direita, de cima para
baixo;
- Inferências e
adiantamentos.
Sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta

Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão

Eu fecho a frente da casa


Fecho a frente do quartel
Fecho tudo no mundo
Só vivo aberta no céu!
Duas linguagens: procedimentos
diferentes
• Tempo: limite em • O leitor estabelece o
torno de 2 horas tempo de leitura

ENREDO
Cortes, acréscimos
Ordem cronológica NOVO TEXTO
Enunciação SOLUÇÕES FÍLMICAS:
exemplos
ENUNCIAÇÃO
• Enunciador fílmico: • Narrador literário:
- imagem: conduz o - 1ª pessoa: protagonista
olhar do enunciador; - testemunha
- falas, sons e música. - 3ª pessoa
• O texto literário narra para mostrar, e a narrativa
fílmica mostra para narrar.
• O enunciador fílmico orquestra a imagem (ângulos
de visão), a sonoridade, a música e pode ter o
auxílio de uma voz in off.
Ex:

mérito estético: - não está na fidelidade ao


texto literário
- está na lógica da
construção, coerência
interna, verossimilhança
A Hora da Estrela- Clarice
Lispector
Narrador: Rodrigo S. M. refrata a escritor:
• Macabéa vive nele: Ela forçou dentro de mim a sua
existência”
• Responsável pela nordestina: “meu personagem
principal, a nordestina: é um relato que desejo
frio” (p. 13)
• Elemento biográfico de Clarice adotado por
Rodrigo: “Devo explicar que este homem eu o vi
uma vez ao anoitecer quando eu era menino em
Recife (...)”
• Terceiro espelho: Rodrigo S. M. é a imagem da
própria autora e busca respostas para a existência de
escritor e de Macabéa, com quem se con-funde.

• Narrador: exige a participação do receptor e


interpela-o por “Vós”.
• Conversa com o narratário e pede-lhe que
ressignifique Macabéa: “Cuidai dela porque meu
poder é só mostrá-la para vós que a reconheçais na
rua, andando de leve por causa da esvoaçada
pobreza.” (p. 19).
A Hora da Estrela – Suzana
Amaral
• Desaparece a ênfase metadiscursiva: o narrador
Rodrgio S. M.
• Instaura-se um enunciador fílmico: guia, conduz o
olhar do espectador, organiza o espetáculo.
• Narrador literário: não quer acrescentar luxo à história
de Macabéa: “(...) não vou enfeitar a palavra pois se
eu tocar no pão da moça esse pão se tornará em ouro
(...) e a jovem não poderia comê-lo, morrendo de
fome.” (p. 15)
• Enunciador fílmico: simplicidade do relato e dos
recursos cinematográficos
• Identificação com o olhar do espectador: câmera
capta as cenas como um espectador casual
• Mirada: cena do gato no escritório
Macabéa e Olímpico na parada, do alto
Som do programa Rádio Relógio durante
os créditos
Música não-diegética quando Macabéa sai
da casa da cartomante
• Pouca música não-diegética: silêncio:
pobreza: incomunicabilidade da protagonista
Soluções fílmicas
• Macabéa paquera um cego
• Macabéa pensa que o guarda do metrô está
se insinuando para ela
“Devo dizer que ela era doida por soldado?
Pois era.” (p. 35)
Cena no metrô: entre dois homens
• Narrativas: reflexos especulares
• A hora da estrela de C. Lispector:
• - mímesis da vida de Macabéa;
• - universo diegético que devolve a imagem a
quem nele se vira, como um espelho.
• A hora da estrela de Suzana Amaral:
- - devolve a imagem da narrativa literária:
mímesis da mímesis;
- imagem refratária: nova forma de ver, nova
linguagem.
“A mímesis da mímesis tem, portanto, brilho
próprio na medida em que
depende/independe do texto original. Ela
constitui uma obra de arte autônoma, cuja
luz nos atinge como a da estrela, por meio
da qual visualizamos o céu e que chega a
nós de forma refratária e bela.”

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