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http://dn.sapo.pt/2008/03/13/editorial/um_recuo_embrulhado_deixa_o_ser.html
Não há como tentar disfarçar a confusão que reina na questão da avaliação dos professores. Ontem, o
secretário de estado da Educação, Jorge Pedreira, deu uma conferência de imprensa em que disse que
havia uma nova "flexibilização" da avaliação e que era possível encontrar "alternativas" para todas as
escolas que não se considerassem em condições de avançar com o processo. E de resto deixou apenas
pistas, e não foi mais claro. Afirmou que mesmo para os sete mil professores em situação de contrato ou
subida de escalão poderia haver outras alternativas, nomeadamente terem o contrato renovado "por
acordo com a escola".
Hoje, foi a ministra que veio dar uma conferência de imprensa em que afirmou que a avaliação "não está
suspensa, nem será adiada". Mas que as escolas podem encontrar processos mais simplificados. Mas
tornou-se quase irónico falar de simplicidade neste assunto.
Neste caso, só para não usar a palavra "recuo", o Ministério da Educação está a enredar-se em ideias
que só o prejudicam - talvez não perante os professores, que conquistaram, pelo menos, uma moratória,
mas certamente perante os milhões que olham para este processo de fora. Era mais fácil assumir a
negociação e o recuo estratégico. Ainda está por provar que assumir erros não compense, politicamente,
ou seja, perante a opinião pública.
Mariano Rajoy está decidido a manter-se à frente do PP apesar da derrota nas legislativas espanholas.
O político galego pode reivindicar ter aumentado tanto a votação como o número de deputados eleitos
pela direita, mas a seu favor joga sobretudo a história recente. O seu antecessor à frente do PP, José
Maria Aznar, perdeu as legislativas de 1989 e 1993 antes de finalmente, em 1996, conquistar o Governo
(onde ficou dois mandatos). E também entre os socialistas, Felipe González só conseguiu chegar a
primeiro-ministro depois de perder duas eleições (acabou por cumprir um total de quatro mandatos).
Como o próprio Rajoy fez questão de relembrar, González e Aznar também passaram de derrotados a
vencedores. E há outros exemplos, fora de Espanha, de políticos duplamente derrotados que tiveram um
dia a sua oportunidade. E não é sequer preciso ir muito longe: em França, tanto François Mitterrand
como Jacques Chirac passaram pela experiência. Rajoy, como bom conservador que é, dá muito valor
aos exemplos do passado.
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