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BAC Texto02
BAC Texto02
Uma tribo
isso que eu sou
Esse eu estranho
Que nunca a civilizao
controlou
Eu vou limpar minha alma
Para me renovar
Para cair
E para me torturar
Com uma dor de dentes insuportvel
Com gengivas inflamadas
E uma terrvel cimbra nos maxilares
Que me absorve totalmente
E me faz romper com tudo
At o ponto de no
Tocar mais a vida
At o ponto em que o desaparecimento se revela
Eu vou limpar a minha alma
E no vou parar
Antes de encontrar a paz
Antes de parar de me perder nos meus pensamentos
Antes de me libertar da dor de ser livre
Essa dor ardente
Sentir os pensamentos que se deslocam
Estar sempre a caminho
E jamais parar
Em mim
Eu no vou parar de
Limpar minha alma
Camada aps camada
At que reste apenas
A calcificao esfrica
De um nico pensamento
Eu sou um esprito queixoso
Que no sabe como agir
E que toma sempre o caminho incerto
Da mortificao delirante que sua vida
Que gravita apenas nos despenhadeiros escarpados
Talvez eu tenha apenas uma tarefa!
Eu mordo a mo de Deus
Eu no solto os dentes
Continuo a morder at ser lavado
Pelos jatos de sangue de Deus
Eu no devo me purificar
Porque ele me cega
Pssss
Eu desconfio dos atores
Esses travestis maquiados demais
Que s sabem falar quando
Algum lhes escreve um texto
E parecem papagaios mecnicos
Pssss, pssst, pssst, pssss, pssst,
Pssss
Eu desconfio dos escritores
Esses escrevinhadores plagirios
Que deixam seu esprito traficado girar
Ao sabor dos ventos, como cataventos
Pssss, pssst, pssst, pssss, pssst,
Pssss
L onde outros propem criaes
Eu s quero mostrar
Meu esprito implicante
Eu no quero mais lamentar isso
Pois eu perdi a minha lngua
Pssss, pssst, pssst, pssss, pssst,
Pssss
O que estou fazendo?