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66 Entrevista

A Barbie
da vida real
A inglesa Sarah Burge foi coroada como a mulher mais
plástica pelo “Guinness Book of World Records”. Em
quase 50 anos, Sarah fez mais de 150 cirurgias estéti-
cas e gastou 630 mil euros na sua busca pela perfeição.
Os média britânicos chamam-na “The Real Life Barbie”
(A Barbie da Vida Real) pelas suas semelhanças fí-
sicas com a boneca e também porque Sarah e Barbie
nasceram precisamente na mesma data.

CHICK: A Sarah é actualmente a mulher mais


parecida com a Barbie, batendo o recorde de
cirurgias estéticas em todo o mundo. Estamos
curiosos, quantas cirurgias fez?
SARAH BURGE: Fiz mais de 150 cirurgias estéticas.
CK: Pensa que todas as cirurgias a que foi sub-
metida mudaram de alguma forma a perspecti-
va que os outros tinham de si?
SB: No primeiro instante, sim! Mas ao longo
do tempo, aperceberam-se que eu não sou tão
“bimbo” como parecia (bonita, mas pouco inte-
ligente). Posso ter sido uma das coelhinhas da
Playboy, mas nas entrevistas tendo a desarmar
as pessoas quando lêem que também sou con-
sultora de beleza na Harley St onde dou conse-
Sarah Burge
lhos de estética.
CK: Sente-se realmente parecida com a Barbie? estéticas até que preguem o último prego no
SB: Para além do longo cabelo loiro e dos seios meu caixão. De facto vou fazer mais uma depois
grandes, transformei-me nela ao ser baptiza- do aniversário da Barbie no dia 9 de Março onde
da pelos media como a Barbie Real. Penso que revelarei o antes e o depois das minhas opera-
tem a ver com o aspecto plástico e também com ções plásticas. Para este dia, tão especial, decidi
as similaridades da minha vida com a da bone- criar um evento que doará um milhão de dólares
ca. Ambas nascemos no mesmo ano; conheci o para a luta contra o cancro de mama. Como te-
amor da minha vida aos 14 anos e casei com ele nho sido chamada de “Million Dollar Barbie” tive
aos 30 anos tal como a Barbie; desempenhei a ideia de criar um evento que igualasse o valor
igualmente várias profissões, fui actriz, dança- das minhas cirurgias de um milhão de dólares
rina, coelhinha da Playboy, consultora estética, para esta causa contra o cancro da mamã. No
enfermeira, manequim, embaixadora da cirur- evento “Humanhi” vou também apresentar e co-
gia plástica, mulher de negócios, etc. Passa- mentar as minhas cirurgias.
mos as duas por mudanças de visual; ambas CK: Como surgiu a sua paixão pela Barbie?
parecemos mais novas ao longo do tempo e SB: Aconteceu simplesmente, nunca brinquei
divertimo-nos como há 30 anos. Que mulher realmente com Barbies, quando era criança
não gostaria de ter a vida dela? Ah, e não temos preferia subir árvores e brincar com o Action
rugas aos 50 anos. Man. Era uma daquelas raparigas com quem os
CK: Alcançou o seu ideal de beleza? rapazes gostavam de brincar e continuam a gos-
SB: Nem pensar! Continuarei a fazer cirurgias tar. A minha paixão pela Barbie começou apenas
boneca vai fazer 50 anos e está cada vez mais
bonita. Penso que é uma fabulosa inspiração
para todos nós! Embora não obtenível no mun-
do real, esta procura de beleza está disponível
a todas as mulheres, que podem agora cuidar
e mudar a sua aparência. Podemos finalmente
“ser quem quisermos”.
CK: Qual a sua Barbie preferida?
SB: Gosto das Barbies antigas, penso que têm
mais carácter.
CK: “O mundo diz que sou a Barbie da vida real.
Mas sou mais plástica do que ela… e adoro”.
Explique-nos a sua frase?
SB: O plástico representa perfeição. O plástico
é feito de petróleo e a indústria de petróleo é
uma das mais ricas do mundo.
CK: Ivo Pitanguy, um dos cirurgiões plásticos
brasileiros mais conceituados, disse um dia que
quando os media me começaram a chamar por só faz cirurgia plástica quem não se tolera. Não
Barbie Real. Desde então decidi aproveitar-me se estava a tolerar mais?
da situação e transformei-me num negócio. SB: Ele tem toda a razão, não quero tolerar-me
CK: Tem-se a percepção da futilidade do mundo ao parecer mais velha! Quero acordar todos os
da Barbie, isso não a choca? dias e gostar do que vejo no espelho. Quero ser
SB: Claro que não! Penso que muitas pessoas capaz de rir com as minhas crianças e desfru-
têm uma ideia negativa da Barbie e do seu mun- tar da minha nova juventude. Não quero que o
do, mas na realidade a Barbie é uma inspiração meu marido perca o interesse em mim, quero
para todos, na medida em que ela está sempre ser a mesma rapariga sexy que ele conheceu
a divertir-se, continua fabulosa mesmo entran- aos 14 anos, que continua com a mesma força
do nos 50 anos, construiu um grande império de vida e sonhos como na juventude.
tornando-se numa excelente mulher de negó- CK: Pensa que, actualmente, quem não se en-
cios, e desempenhou as mais variadas funções, caixa nos standards de beleza irá sofrer da pu-
de hospedeira a piloto de avião, de enfermeira a nição da rejeição e exclusão social?
cirurgiã, etc, nunca desistiu dos seus sonhos que SB: Depende da personalidade de cada um, eu
fizeram-na uma business girl. Na verdade, as não me interesso pelos julgamentos dos outros.
pessoas que não gostam dela ou da sua vida são Por exemplo, se queres ser um neurocirurgião
aquelas que intimamente desejam ser como ela. então não precisas ser bonito, mas se queres
CK: De alguma forma, está a viver num corpo ser uma modelo de lingerie precisarás de um
que não é seu, num mundo Kitsch. O seu mundo belo par de seios e uma cara bonita! Cada um é
é rosa como o da Barbie? como é e ninguém deveria ser excluído. A bele-
SB: Bem! Eu preocupo-me com o meu corpo, za tem variadas faces e o que é bonito para uns
não posso tolerar a sua deterioração, isso só não é necessariamente bonito para outros.
me faria sentir miserável. Fiz a minha própria CK: As pessoas têm actualmente a noção de
sorte e estou a colher os frutos do meu traba- que é muito simples fazer uma cirurgia estética.
lho. Nem tudo na minha vida tem sido cor-de- É verdade?
rosa, depois de ter casado 3 vezes, enfrentado a SB: A mensagem que gostaria de passar é: Quem
dor de dois divórcios, 3 crianças, sofri ao longo se sente infeliz com a sua aparância deve ir em
da vida de violência doméstica, fui manipulada, frente. A cirurgia é sempre uma opção, nem sem-
controlada e subestimada por muitas pessoas, pre a resposta. É fácil fazer uma cirurgia? Sim!
mas não me abati, segui em frente e lutei pela CK: Falando em moda íntima, que estilos elege?
minha felicidade tendo construído uma carreira SB: Burlesca, e ao mesmo tempo sexy!
brilhante no mundo da estética. CK: Finalmente como se define, Sarah?
CK: O que a atrai na beleza da Barbie? SB: Uma perfeccionista, sempre à procura da
SB: Há uma razão para não fazerem bonecas Beleza, ambiciosa, divertida, louca, sem barrei-
feias e enrugadas! O que me atrai é que esta ras no envelhecer!!!!!!!! ¬

Primavera Verão 09 - Chick Intimate Cult

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