Você está na página 1de 1

Do Portugal Profundo 1 de 1

Sábado, 12 de Abril de 2008


O negócio da venda dos professores
A degenerescência das organizações sindicais politicamente
controladas não fazia prever outra coisa relativamente ao conflito
professores-governo. A pressa do negócio, firmado ontem,
11-4-2008, entre o Governo e os sindicatos de professores,
denota que o adversário dos sindicatos parece ser muito mais o
basismo dos protestos e a ameaça de criação de sindicatos
independentes do PC e PS do que a política humilhante do
Governo sobre a classe. Percebia-se que, com mais cedência ou
menos cedência, o negócio fazia-se. Fez-se.

Em troca de um qualquer acordo de avaliação, salva-se a face do


primeiro-ministro - a ministra Maria de Lurdes Rodrigues e o
falcão secretário de Estado Valter Lemos já estão
irremediavelmente perdidos - e do Partido Socialista de matriz
socratina, que vão cantar vitória e continuar a impor ao País a
perseguição de classes a que chamam "reformas". Como se a
avaliação fosse sequer a causa principal dos últimos protestos e,
por isso, se devesse aceitar um compromisso que reduz a
importância das demais queixas... Até porque, como é sabido de
todos, nenhum professor queria, ou quer, evitar uma avaliação até
porque é avaliado todos os dias: não queriam era o absurdo de
uma avaliação-que-não-avalia o que deve, nem como deve.

Desbaratado no negócio entre os sindicatos e o Governo, fica


o prestígio dos professores - além do capital da mobilização
(100 mil professores numa manifestação, além dos demais
protestos distritais e locais). Porque quem viu a Marcha da
Indignação de 8-3-2008 percebeu que a avaliação absurda era
apenas o pingo que transbordou o copo do sentimento de
degradação da função de professor e da pré-falência do ensino
público sob administração utópica. De fora do negócio do saldo
dos professores em troca de um acordo, que pseudo-prestigia
sindicatos e Governo, um negócio que, na verdade, envergonha a
razão funda dos professores fica, como disse e justifiquei aqui em
9-3-2008, o "delírio didáctico, a desordem pedagógica, o absurdo
burocratizante e o abuso laboral do Ministério da Educação". A
razão e a dimensão da indignação dos professores merecia outro
respeito sindical/partidário.

Actualizações: este post foi actualizado às 1:20 de 13-4-2008.

http://doportugalprofundo.blogspot.com/

Você também pode gostar