Os Trs Crivos

"Certa vez, um homem esbaforido achegou-se de

Scrates e sussurrou-lhe aos ouvidos:
- Escuta, na condio de teu amigo, tenho uma
coisa muito grave para dizer-te, em particular...
Scrates, que estava com seus discpulos e amigos
em animada palestra, advertiu:
- Espera!... ajuntou o sbio prudentemente - J
passaste o que me vais dizer pelos trs crivos?
- Trs crivos? - perguntou o visitante espantado.
- Sim, meu caro amigo, trs crivos. Observemos se
tua confidncia passou por eles...
- O primeiro o crivo da verdade. Tens absoluta
certeza quanto aquilo que pretendes comunicar?
- Bem, - ponderou o interlocutor, - assegurar
mesmo, no posso... Mas ouvi dizer e... ento...
- Exato! Decerto peneiraste o assunto pelo segundo
crivo. O da bondade. Ainda que no seja real o que
julga saber, ser pelo menos bom o que queres
contar?
Hesitando o homem replicou:
- Isso no! Muito pelo contrrio...
- Ah! - tornou o sbio - ento recorramos ao
terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito
do que tanto te aflige.
- til?! - aduziu o visitante ainda agitado. - til no
...
- Bem - rematou o filsofo num sorriso, - se o que
tens a contar no verdadeiro, nem bom e nem
til, esqueamos o problema e no te preocupes
com ele, j que nada valem casos sem edificao
para ns..."

O menino e o sbio
Histria contada pelo Swami Tilak
em sua ltima visita ao Brasil, em 1983,
e publicada na Revista Thot, n 53, 1990.
Certa feita, um menino quis desafiar um sbio que passava pela sua
aldeia. Com um
passarinho preso nas suas mos, aproximou-se dele e perguntou:
Tenho um pssaro entre as mos. O senhor sabe se ele est vivo
ou se est morto?
Obviamente a pergunta era maldosa, pois se o sbio respondesse
que o pssaro
estava vivo, o menino pretendia esmag-lo; se respondesse que
morto, abriria suas
mos e o deixaria voar. Contudo, a esperteza do menino sequer
desconfiou da
extenso dos horizontes da sabedoria, ficando perplexo ante a
resposta do venervel
homem.
Isso depende apenas de voc, meu filho.
Na vida nem sempre possvel escolher as situaes pelas quais
passamos. O
contingente uma constante, e uma constante inevitvel.
Entretanto, sempre
possvel escolher o modo, o como viveremos essas situaes, a
que reside a nossa
liberdade, a nica que podemos verdadeiramente exercer.
Fazer a paz ou fazer a guerra no nosso dia-a-dia, dentro de nosso
lar, com o nosso
vizinho, com o colega de trabalho ou estudos, com o nosso prximo
na rua, no nibus
ou numa reunio de amigos, depende da nossa escolha. como se
a prpria sabedoria
encarnada na vida estivesse nos dizendo a todo instante:
Isso depende apenas de voc, meu filho.