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Atitude Empreendedora em Proprietarios-Gerentes de Pequenas Empresas. Construcio de um Instrumento de Medida — IMAE. ida Castro Lucas de Souza, Gumersindo Sueiro Lopez Junior Resumo Esse trabalho teve como objetivo a construgo e validagiio de um instrumento de medida da atitude empreendedora, bem como a mensuragiio dessa atitude em proprietérios-gerentes de pequenas empresas de varejo. Atitude empreendedora foi definida, com base na teoria do comportamento planejado, como a predisposigao aprendida a atuar, ou nfo, de forma empreendedora, Empreendedorismo foi analisado a partir de quatro grupos de fatores planejamento, realizago, poder e inovacao, O questiondrio foi construide de forma estruturada, com 36 itens afirmativos, utilizando a escala Likert, A amostra do estudo foi composta de 290 proprietirios-gerentes de pequenas empresas varejistas, vineulados ao Projeto Empreender, no DF. Foram realizadas vérias anilises, sendo que, a partir da andlise fatorial, dois fatores, relativas 8 atitude empreendedora, foram considerados como positivos para o desenvolvimento dos empreendimentos dos atores estudados: Prospecgdo e Inovagio, & Gestio e Persisténcia. A andlise dos resultados demonstrou a presenga da atitude empreendedora nos grupos estudados. O instrumento obteve indices estatisticamente confidveis em relagdo a sua construgdo, validagdo e confiabilidade, sendo denominado de Instrumento de Mensuragdo da Atitude Empreendedora (IMAE). Introdugio A criagiio © o desenvolvimento de pequenas empresas tornamese fundamentais para a sustentabilidade do pais. contribuindo para a geragio de empregos. o desenvolvimento ¢ crescimento econémico, Contudo, devido as altas taxas de mortalidade dessas empresas. entre 55 e 73% nos trés primeiros anos de vida (SEBRAE, 2003), faz-se necessdrio que sua gestio: tome-se, cada vez mais, empreendedora, no sentido de buscar altemativas para a. sua sobrevivencia e sustentabilidade no mercado, Souza (2001, p. 32) destaca que “no atval contexto de incertezas ¢ desafios, 0 desenvolvimento e até mesmo a sobreviveneia das organizagdes depende. em grande parte, da formago e da capacitagao dos seus atores”. Essa formagao, diz a autora, esta voltada para conhecimentos habilidades, bem como para a busca da criatividade e da auto-realizacao, fatores fundamentais do empreendedorismo que. por sua ‘vez, esta altamente relacionado com a criagdo e o desenvolvimento de empresas. Esse contexto. sobretudo No que diz respeito & mortalidade de micro © pequenas empresas, tem levado, por parte de Srgdios piblicos e privados, ao surgimento de ages que estimulam praticas como as de associativismo, capacitagio empresatial, finaneiamento com taxas reduzidas, cooperativismo. © Projeto Empreender que vem atuando, no Brasil, estando presente em todas as regides desde 1991 (BELTRAO, 2004. p. 1) € uma dessas agdes, O Projeto Empreender é 0 resultado do trabalho conjunto da Confederaglio das Associagdes Comerciais do Brasil — CACB-, da Federagaio das Associagées Comercias & Industriais do Distrito Federal ¢ do Servigo Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas ~ SEBRAE. O objetivo desse projeto € “a aproximago dos empresirios de um mesmo setor, promovendo a interagao na busca de solugdes criativas para suas dificuldades, esquecendo a concorréncia.” (BELTRAO: 2004, p.1), propondo-se. assim, a provecar mudangas na forma de atuar dos empreendedores. ofertando uma possibilidade para o desenvolvimento da capacidade gerencial dos atores assoviados a0 mesmo. Considerando que o desenvolvimento econémico pode advir no s6 da criagdo de novos empreendimentos, mas, também, da sustentabilidade dos mesmos ¢ que o empreendedorismo, na visio de Shumpeter (1982), é a mola mestra desse desenvolvimento, torna-se fundamental a realizagao de estudos sobre esse conceito, possibilitando, com isso. a criagio de ambientes e condigdes para a formagdo de competéncias empreendedoras. Ao enfatizar a importineia da capacidade empreendedora como fomentadora de mudangas econdmicas e geradora de empregos, Shumpeter (1982) vincula o empreendedorismo a inovagio e considera a criatividade como o impulso dessa inovagao, tornando-se essencial as mudangas sécio-econdmicas, No entanto, segundo Carland et al. (1984, p. 357), um des principais problemas nos estudos de empreendedorismo esti na definigio e na identificagio do que € “ser empreendedor”, pois, sugerem esses autores que, akém de outras controvérsias, muitos estudos nao distinguem, adequadamente entre empreendedores e proprietirios de pequenos negécios. Isso pode ocorrer em razio do empreendedorismo, como afirmam pesquisadores desse tema (GIMENEZ et al.. 2001; SOUZA, 2001; FILION, 1999; CARLAND et al., 1984), ainda nio possuir um conceitual te6rico universal, ou uma teoria consolidada, A esse respeito destaca Souza (2001. p. 30): tudo esté em criagiio, inclusive a prépria conceituacdo e, especialmente, uma metodologia para o desenvolvimento dessa competéncia que envolve bem mais do que a aquisigo de conhecimento, mas o aprender a aprender, a set, a fazer e. principalmente, a conviver Nessa mesma linha de pensamento, Gimenez et al. (2001. p. 12) consideram o empreendedorismo um atributo subjetivo e afirmam ser “uma tarefa dificil & quantificagio de um atributo subjetivo, nfo havendo um teste ou instrumento universal que possa ser considerado o estado da arte no campo”. Nesse sentido, a construgio e validagio de instrumentos de pesquisa, voltados para a identificagio de caracteristicas © competéncias empreendedoras. bem como de lacunas na formagao do empreendedor. passa a ter papel importante para essa drea de estudo. assim como para orientar agdes de estimulo e consolidagae de novos empreendimentes. Dessa forma, o objetivo deste trabalho ¢ desenvolver validar um instrumento de pesquisa que, com base em quatro dimensdes ~ planejamento, realizagiio, inovagaio e poder — identifique € mensure a atitude empreendedora em proprietirios-gerentes de pequenas empresas de varejo, associadas ao Projeto Empreender. Atitude, aqui considerada a partir do arcabougo tedrico da Teoria do Comportamento Plangjado (AJZEN, 2002), sendo compreendida como um dos influenciadores do comportamento que, aliado as normas subjetivas € a percepeao de controle comportamental, iri formar © comportamento individual. Assim, fica definida como atitude empreendedora a predisposigaio apreendida para se comportar, ou nio, de maneira empreendedora. Empreendedor ¢ Empreendedorismo Empreendedorismo, embora sejam muitas as tentativas para definir e caracterizar esse conceito, hi uma falta de consenso na determinagdo de suas caracteristicas e métodos de avaliagao, tal como afirmam Cooper et al. € Cooper (apud GIMENEZ ¢ INACIO JR, 2002). Mesmo no se tendo um perfil cientifico que permita identificar com alguma certeza os empreendedores em potencial, hi consenso sobre a possibilidade de se desenvolver o potencial empreendedor e as caracteristicas que mais contribuem para a realizagio desse potencial, tais como: inovagao, criatividade. propensio a correr riscos moderados, visio, necessidade de realizado, perseveranga, identificago de oportunidades, entre outras (FILION, 1999) Para Carland et al. (1992, p. 1) grande parte da controvérsia sobre a definigio de empreendedorismo © a identificagio de empreendedores vem da suposigio técita de que empreendedorismo seja uma condig&o dicotémica, suposi¢io essa que tem sido questionada, Stevenson ¢ Gumpert (1985, p. 3) descartam que empreendedorismo seja “tudo ou nada”, ou tragos que algumas pessoas ou organizagdes possuem e outras no. Para esses autores. 0 empreendedorismo € mais bem compreendido dentro de um contexto de variagao de comportamento, onde o individuo se situa em um continuum que possui, como extremos, 0 administrador mais voltado para a manutengio do siatus quo ¢ o administrador com perfil empreendedor, orientado para a mudanga, inovagio e identificagao de oportunidades. Carland et al, (1992, p. 1) reforgam essa visio do continuum, como sendo uma descrigao mais apropriada para o fenémeno, Nessa direciio, Gimenez e Machado (apud PELISSON et al. 2001, p. 3) afirmam que “empreendedorismo € melhor visto como um comportamento transitério que apresenta muito da situagio enfrentada pelo empreendedor”. Assim, empreendedorismo no se trata simplesmente de um conjunto de caracteristicas de determinados individuos, mas de um comportamento que pode ser transitério frente 4 realidade apresentada pelo individuo em questao. Gimenez et al(2001, p.11) ao considerarem empreendedorisme como um proceso complexo e multifacetado. caracterizam o empreendedor como: Alguém que. no proceso de construgao de uma visio, estabelece um negécio objetivando lucro ¢ crescimento, apresentando um comportamento inovador, adotando uma postura estratégica Nao se trata, pois, de ser ou nao ser empreendedor, mas de se situar dentro de um espectro de pessoas menos ou mais empreendedoras. Esse cardter transitério do comportamento empreendedor também se encontra destacado na definigao de Fillion (1999, p.19), pois, para o autor, empreendedor é: uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos e que mantém alto nivel de consciéncia do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negécios. Um empreendedor que continua a aprender a respeito de possiveis oportunidades de newocio ¢ a tomar decisdes moderadamente arriscadas que objetivam a inovagao, continuaré a desempenhar um papel empreendedor. empreendedor. para Steveson e Gumpert (1985. p. 2), distingui-se por um desejo de mudanga e creseimento e possui uma auto percepgio de poder e de habilidade para realizar metas. Na visio de Leite (2001, p. 87) © empreendedor caracteriza-se pela iniciativa, criatividade, flexibilidade, senso de oportunidade, motivago pela capacidade de perceber a mudanga como uma oportunidade. ‘A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor realizada em 31 paises no ano de 2003, possuiu uma visio bastante ampla sobre conceito, considerando empreendedorismo como: qualquer tentativa de criago de um nove negécio ou nove empreendimento, como por exemplo uma atividade autdnoma, uma nova empresa, ov a expansio de um empreendimento existente, por um individuo, grupos de \dividuos ou por empresas jéi existentes (GEM, 2003, p. 5). Em fungao dessa abrangéncia, a pesquisa GEM diferencion empreendedorismo por necessidade, resultante da falta de oportunidades no mercado de trabalho e muito relacionado: as taxas de desemprego, de empreendedorismo por oportunidade, fruto de uma visto de mercado e da percepgaio de uma oportunidade (GEM, 2001). Assim, 0 conceito utilizado por essa_ pesquisa reforca a visio do comportamento empreendedor como uma caracteristica Grin € de empreendedorismo como um comportamento, fortemente influenciado por . econdmicas € estruturais de apoio ¢ estimulo ao desenvolvimento. do empreendedor. Segundo a Mangement Systems International (1990, p. 65). com base em uma ampla revistio de literatura, além de possuirem treze caracteristicas marcantes, os empreendedores bem sucedidos, sdo definidos como: ‘0 individuo que organiza efou administra recursos sob a Forma de empresa responsdvel pela propria prestagio de contas e nfio-agricola, e que assume uma parcela considerdvel de isco em razio de sua participagae no. patsimdnio iquido da referida empresa Essa pesquisa agrupou as caracteristicas do comportamento empreendedor em trés dimensdes: a de realizagiio, composta por busca de oportunidades, iniciativa, persisténcia, aceitagdo de riseos © comprometimento; a de planejamento, composta por estabelecimento de metas. busca de informagées, planejamento € monitoramento, e, por fim, a dimensio poder, ‘composta por persuasio. estabelecimento de redes de contato, lideranga, independéncia autocontianga. Entretanto nfo constam entre essas treze caracteristicas a inovagiio e a criatividade que esti entre as mais comumente relacionadas a atitude empreendedora, sendo utilizadas por diversos autores (SHUMPETER, 1982; FILION, 1991; CARLAND et al, 1992) como divisor centre empreendedores ¢ gerentes ou proprietirios de pequenos negécios. Carland et al, (1992, p. 1), por exemplo, explicam empreendedorismo, primariamente, como uma fungi de quatro elementos: tragos de personalidade, postura estratégica, inovagao © propensio a assumir riscos, destacando entre elas a busca de oportunidade ¢ a criatividade come tragos de personalidade. Por outro lado, com base em especialistas no tema € empreendedores de sucesso, Komijeznk (2004, p. 74-81). em pesquisa realizada, encontrou como caracteristicas empreendedoras mais citadas por pesquisadores a inovagiio, a busca de oportunidades, a criatividade, a propensio a correr riscos, a lideranga, a visdo, a persisténcia e a necessidade de realizagio. As trés dimensdes — realizagao, planejamento e poder — utilizadas pela Management Systems International (1990. p. 65) que agrupam caracteristicas do comportamento empreendedor, aliadas & dimensio inovagao, composta por inovacao e criatividade, foram as caracteristicas empreendedoras consideradas para a elaboragdo do Tnstrumento de Medida de Atitucle Empreencledora ~IMAE - criado nesta pesquisa, com o objetivo de mensurar a atitude empreendedora em Proprietirios-Gerentes de Pequenas Empresas. ‘Além disso, a partir de estudos citados acima, empreendedorismo foi definido. aqui como 0 resultado tangivel e intangivel de uma pessoa com habilidades criativas, sendo uma complexa fungio de experiéncias de vida, oportunidades, habilidades e capacidades individuais formada por quatro conjuntos de comportamentos denominados de: planejamento, realizaglo, poder e inovagio. Atitude empreendedora Muito da atengao dispensada pelos estudiosos para explicar 0 conceito de atitude vem da tentativa de se predizer © comportamento social, sendo atitude aqui definida como uma 10 para responder com algum grau de favorabilidade ou desfavorabilidade a um objeto psicolégico. E esperado que as atitudes prevejam e expliquem © comportamento humano. Atitudes positivas deveriam predispor tendéncias & aproximagao e atitudes negativas deveriam predispor tendéncias de distanciamento. Contudo, segundo Azjen ¢ Fishbein (2000, p. 13), as pesquisas revelaram fraca relacio entie atitudes verbais e 0 comportamento manifestado, Segundo os autores, isso se deu em tazio de que a maioria das abordagens com resultados negativos falhou em reconhecer a especificidade situacional de muitos comportamentos humanos. tanto quanto o fato de que atitudes para objetivos representam tendéncias de respostas generalizadas. A diferenga entre comportamento e atitude fica clara quando Rodrigues (1972, p. 402) afiema qui atitudes envolvem o que as pessoas pensam, sentem, e como elas gostariam de ‘sé comportar em relagio a um objeto atitudinal. O comportamento nao é ‘apenas determinado pelo que as pessoas gostariam, mas, também, pelo que elas pensam que devem fazer, isto & normas sociais: pelo que elas. geralmente. tem feito isto é, habito, e pelas conseqiiéncias esperadas de seu comportamento, A inelustio de outros fatores na tentativa de se predizer 0 comportamento é chamada por Ajzen (1991, p. 180) de principio da agregagiio, Segundo o autor a idéia por tras do principio da agregagdo ¢ a suposig&io de que qualquer comportamento reflete. ndio apenas a influéncia de disposigdes gerais relevantes, mas, também, sofre a influéneia de varios outros fatores tinicos para a ocasizo, situagao e ago particular que esta sendo observada, Segundo Ajzen (1991. p.181). a tearia do comportamento planejado (theory of planned behavior) desenvolvida para predizer ¢ explicar © comportamento humano em contextos especificos. postula trés determinantes, conceitualmente independentes das intengées. O primeiro é a atitude para o comportamento, que se refere ao grau de avaliagao pessoal, que pode ser favordvel ou desfavordvel, com relago ao comportamento em questo. O segundo. um fator social, chamado de norma subjetiva, que se refere & presstio social, pereebida para desempenhar ou no um determinado comportamento, 0 terceiro é a percepeao de controle comportamental que corresponde perceber a facilidade ou a dificuldade de desempenhar um determinado comportamento. Como regra getal, pode-se afirmar que quanto mais favordvel 4 atitude © norma subjetiva com respeito ao comportamento e maior a percepgao de controle comportamental, mais forte deverd ser a intengo individual para desempenhar © comportamento em questio (AIZEN ¢ FISHBEIN, 2000, p. 14) Ajzen (1991, p. 189) distingue tés tipos de crengas que exercem importante papel sobre © comportamento © que influenciam as intengdes e as agées: as crengas comportamentais, tidas como influenciadoras das atitudes para © comportamento; as erengas normativas, que constituem a base das normas subjetivas, e as crengas de controle que provéem as bases para a percepeo de controle comportamental. © modelo proposto pela teoria do comportamento planejado 4 apresentado abaixo (figura 1), Ciena Aitiades para Comportamentais Comportanento Figura 1 - Modelo da Teoria do Comportamento Planejado (Theory of Planned Behavior). Fonte: Ajzen (2002, p. 1) Para este trabalho. atitude foi entendida como uma predisposigio aprendida para responder de forma favorivel ou desfavoravel com relagio a um objeto atitudinal, passando a 3 ser atitude empreendedora a predisposigao aprendida para atuar, ou ngo, de forma empreendedora, O presente trabalho teve como propésito analisar essa atitude em um segmento de trabalhadores do varejo, no contexto do Distrito Federal. Metodologia Inicialmente, na pesquisa que deu origem a este texto, foi elaborado um instrumento de medida para a atitude empreendedora a partir das prineipais caracteristicas empreendedoras identificadas na revisio de literatura, principalmente aquelas destacadas na pesquisa Management Systems International (1990, p. 65). € na matriz das caracteristicas do comportamento empreendedor, apresentada em pesquisa realizada por Kornijeznk (2004) as quais foi acrescida a dimensao inovacdo, composta por inovagdo © criatividade. As caracteristicas consideradas foram agrupadas em quatro dimenstes que sio: realizagio, planejamento. poder ¢ inovasiio. Para a construgao dos itens foram considerados dez eritérios propostos por Pasquali (no prelo, p. 48): 0 comportamental- segundo o qual os itens devem expressar_ um comportamento ¢ ndo uma abstragio: abjetividade quando os itens devem cobrir comportamentos desejaveis: simplicidade, cada item expressando uma dinica idéia: clarezat ou seja, itens inteligiveis: relevancia segundo o qual a expresso deve ser consistente com o trago definido © com as outras frases que cobrem o mesmo attibuto; preeiio item com posigzio definida no continuo do atributo; variedade, variago na linguagem utilizada; modalidade, itens formulados sem expressdes extremadas; tipicidgde frases formadas com expresses condizentes com 0 attibuto, ¢ credibilidade. itens formulados de modo a ndo parecerem ridiculos, infantis ou despropositados. Os $4 itens elaborados inicialmente foram submetidos and validagiio quanto ao contetido, utilizada, principalmente para verificar_a_adequacao_da representagio comportamental dos atributos fatentes (PASQUALT, 1999, p. 53). Apos a Validayiio- dor contetido pelos juizes, Somente 36 itens permaneceram, distribuidos nas quatro dimensdes da seguinte forma: treze em Planejamento: nove em Realizagao: oito em Poder € seis em Inovagio. O questioniria foi construido de forma estruturada, com 36 itens afirmativos, tendo sido utilizada escala Likert de atitude de 10 pontos (I-Nunca a 10- Frequentemente), que abjetiva medir com que freqiiéncia o respondente adota cada uma das atitudes deseritas nas questdes. ‘A populaciio da pesquisa foram os proprietérios-gerentes de pequenas empresas varejistas e/ou de servigos participantes do Projeto Empreender, no Disttito Federal, distribuidos em onze tipos de nticleos setoriais, doze diferentes regides administrativas do DP, totalizando 33 niicleos setoriais e 687 empresas. Destas foi retirada a amostra composta por 290 proprietirios-gerentes do Projeto Empreender, que estavam presentes no Ill Encontro desse Projeto. Inicialmente foram levantados dados pessoais dos gestores em estudo ¢ de suas empresas, tais como: sexo, tempo de participago no projeto, nucleo setorial, cidade e tempo de funcionamento da empresa. Predominaram pessoas do sexo masculino, 62%, nitcleos setoriais, auto mecdnico, 27.6% e profissionais da beleza, 16,2%, cidade, Brasilia, 33%. ‘A distribuig&o da amostra segundo o tempo de participagao no Projeto Empreender apresentou uma polarizago nas extremidades, ou seja, 20.7% participam do projeto ha mais de 24 meses e 20% entre 0 e 5 meses. O tempo medio de participagao no projeto foi de 1241 meses (DP=9,75 meses: MODA=24 meses). O tempo de funcionamento médio das empresas éde 9,31 anos (DP=8,28 anos; MODA=3 anos), sendo que grande parte dos respondentes t¢m \s em funcionamento ha mais de 12 anos (23.8%) € entre 3 ¢ 5 anos (20.7%). de oito juizes para empresa Andlise dos dades As respostas ao questionério foram registradas em um arquive de dados eletrénico. no programa SPSS (Statistical Package for the Social Science). versio 10.0. Em uma primeira etapa, foram realizadas andlises descritivas e exploratérias para investigar_a exatidio da entrada dos dados, a distribuigio dos casos omissos, o tamanho da amostra, 0s casos extremos. ea distribuigado das-variavels. Em seguida, com o mluito de identificar com que freqiien Sinpresarios/gere 0 € servicos do DF, associados ao Resjetn .Empceehider,, apresentemn, uma, allluie empreendedavay, tealizaraest as 1anuliees, descritivas de cada varidvel do instrumento utilizado (médias, desvios padrao, minimo, maximo e modal Para validar empiricamente a escala de atitude empreendedora foram seguidas diferentes etapas. Andlise da fatorabilidade da matriz de correlagdes por meio da analise do tamanho das correlagdes ¢ do teste de adequagio da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO): extragdo dos fatores e do numero de fatores a serem utilizados, por meio do método dos componentes principais (PC), da andlise e distribuigtio dos valores préprios (eigenvalues & seree plot), da variancia explicada pelos fatores das cargas fatoriais ¢ da analise dos indices de consisténcia interna dos itens (Alfa de Cronbach) e, por fim, andlise fatorial, utilizando 0 método de fatoragio dos eixos principais (Principal Axis Factoring - PAF) com rotagio obliqua. Os resultados dessas andlises sao descritos a seguir. Resultados e Diseussdes Para cumprir 0 objetivo de _identificar a __atitude _empreendedora / dos empresirios/gerentes em estudo, analisou-se o valor das médias, desvios padi, minimo, miximo, moda e frequiéncia das varidveis. As médias variaram de 6.50 a 8,88, 0 que indica que os empresirios/gerentes adotam com freqiigneia as atitudes descritas nas questies do instrumento. Os valores da moda reforgaram tal afirmagaio, ja que todos os itens apresentaram 33% (30 itens) dos itens valores nos trés pontos mais altos da escala, sendo que 83 apresentaram moda igual a 10. ‘As médias mais altas referem-se aos itens que avaliam, respectivamente, as atitudes quanto: a sacrificios pessoais para coneluir tarefas; & con nga na capacidade de superar desafios: a confianga na competéncia como fonte do sucesso no negéeio; 4 busca de novas solugdes para atender necessidades dos clientes; e & responsabilidade pela conclusio dos trabalhos nos prazos estipulados. Vale ressaltar que entre os itens de médias mais altas, houve discordancia de opinides entre os participantes. Os itens que apresentaram avaliagdes mais baixas, referem-se a assumir riscos visando superar a concorréncia: ao planejamento de atividades: & utilizagaio de estratégias deliberadas para influenciar pessoas: a assumir riseos para expandir 0 negécio, ¢ a definigao de metas de longo prazo. Entretanto, vé-se que todos os desvios-padrao associados as avaliagdes mais baixas foram altos, © que indica discordaneia entre os participantes da pesquisa. Associado a esta avaliagio, verifica-se que os valores das modas de tais afirmagSes possuem valor 10, sugerindo que os empresérios/gerentes da amostra apresentam tais atitudes com certa freqiiéncia. Analise Fatorial — Validagao Estatistica da Escala Atitude Empreendedora ‘As respostas dos 290 participantes aos itens do questionério, submetidas a aniilises exploratérias, apresentaram 30 (trinta) respostas extremas univariadas, as quais foram retiradas do baneo de dados para que fossem realizadas as ancilises fatoriais, pois, segundo ‘Tabachnick ¢ FideL (2000) representam “muito impacto na solugdo da regressio". Por niio terem sido encontradas varidveis com mais de 5% de dados omissos, nao foram estimados valores para substitui-los. Com a finalidade de analisar a fatorabilidade dos dados e a estimativa do numero de componentes, os itens da escala foram submetidos a andiise dos Componentes Principais (PC). Analisada a matriz de correlagdes entre as varidveis, observou-se um alto ntimero de valores superiores a 0,30, indicando ser muito provavel a existéncia de apenas um fator. Obteve-se um indice Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) de 0.90, considerado muito bom de adequaco da amostra (Pasquali, no prelo. p. 49). A anilise dos componentes principais, com tratamento pairwise para os casos omissos, sugere uma estrutura empirica com 8 componentes que explicam, em conjunto, 58,18% da varidneia total das respostas dos participantes aos itens do questionario. A anilise do grafico de distribuigo dos valores proprios (Figura 2). apresentou 1 ou 2 componentes. Deste modo, as analises fatoriais dos eiNos principais (PAF) foram realizadas para 2 e | fatores, obtendo-se bons resultados, em ambas solugdes. Distribuigao de Valores Préprios 3 g So Co Tra as ee 27 8 6 wm mo Componentes Figura 2, Distribuicio dos Valores Préprios para Atitude Empreendedora, A extagdo final dos fatores da Escala de Atitude Empreendedora foi realizada por meio da PAF (Principal Axis Factoring), com rotagio obliqua e tratamento pairwise para casos omissos. Esse método verifica como os ifens agrupam-se em relagiio aos fatores. Foram incluidos na escala apenas os itens com contetdos semantics similares e cargas fatoriais superiores ou iguais a 0.30. A Tabela I apresenta a estrutura empirica bi e unifatorial da escala, as cargas fatoriais, € comunalidades (h") dos itens, ou seja, a proporgaio da varidneia de cada varidvel explicada pelos fatores comuns, torna-se coeficiente de fidedignidade, uma vez que expressa toda a varidneia da variavel, menos o erro (PASQUALI, no prelo); o indice de con: (Alfas de Cronbach), bem como 0 valor proprio e percentual de variancia explicada do fator. ‘Tabela 1: Estrutura empirica bi e unifatorial da Eseala de Atitude Empreendedora. ‘Cargas fatoriais Codigo! Deserigo dos Hens ——__ Fator | Fator2 Ge ‘Tr Cionovas rotinas,objetvandoamelboriado desempenhodomey gap OSS gy neaseio, : 7 22. Planejo as atividades do’ meu negécio subdividindo tarefas de 053 grande porte em subarefs. 12. Fago projegesclaras para o futuro de meu negocio. 0455 29, Defino continvamenteobjetivos de curto prozo. 0.52 3. Mudo de estratégin, se necessirio, para aleangav una meta, 11, Usilizo estratégias deliberadas para influenciar pessoas. 15, Reviso continuamente objetivos de curto prazo. 2. Exploro novas oportunidades de negécio, 5, Defino metas de longo prazo, claras e especificas, 30, Assume riscos com 0 intuito de superar a concorréncia, 23. Procuro eriar novos servigas. 1. Implemento novas idéias com 0 objetivo de methorar a qualidade do meu negécio. 16, Buseo informagoes sobre mew ramo le negdcio em diferentes 1G. Be os 031 32. Ajo antes de ser pressionado pelascircunstincias 0.46 033 11. Busco novas maneiras de realizar tarefas, 04s 037 19, Consulto meus registro de controle antes de tomar deisbies. os 028 28, Desenvolvo idéias novas para a solugo de problemas 43038 O71 Ost 9, Busco obtr informagaes sobre possveis cients 0a oat 6, Adoto procedimentos para assegurar que o trabalho atenda padres g 55 054 de qualidade previamente estipulados. i 4 Assumo riscos para expandir meu negdvio. ox oo out 7. Utilizo comtats pessoas para atingir meus objetivos oa 07 17 Fago sacrificios pessoas para conclu arefes 064 038 Od 27, Emprego esforgos extras para a conclusto de taefas programadas. 063033030 8. Responsabilizo-me pela coneclusio dos trabalhos nos prazos a2 8 om estipulades. yea a 36. Confio na minha competéncia com fonte do sueesso do meu Gah RS ag negéco. 30, Renovo meus esforgs para superar cbsticuls 056 068 042 Considero-me principal responsivel pelo deserspenho do meu Oa ae negécio 34" Assumo a responsabildade pela resolugao de problemas que 048 gs joss prejudicar o desempenho do meu negécio y Br: Busco novas solugaes parn atender necessidades de clientes 064 15 Jntosme aos empregados nnstarefs para cumprit 0s prazos oa2 34, Calelo os rscos antes de novos investimentos. 0.60 10, Confio na minha capacidade de superar desafios. 046 33. Costume calcula orisco envolvida nos negécios que Fag 053 35, Estimulo 0 espiito de equine entre meus funciondros. 031 038 6. Estimnlo a partcipagdo dos funcionérios na busca pea solugio de pi tum problem, 18. Mantenho meus objetivos mesmo diante de resultados que no si 031 oat 0.17 satisftrio inioilmente N Be 216 Eigenvalue (Valor proprio 136 ‘eda Varina Explicada 433 7164 No. de itens S36 Alfa (ay 087 093 © Fator 1, denominado Prospecgdo Inovagao, composto pelo maior niimero de itens, vinte (2; 3; 45 5; 6; 9; 11; 12: 14: 9; 22; 23: 28: 29; 30; 31; € 32), apresentou um indice de consisténcia interna « = 0.89, e itens com cargas fatoriais variando entre 0.33 0,71. E 0 Fator 2, Gestio e Persisténcia, composto por quinze itens (8; 10; 13: 17; 18: 20: 21; 24; 25: 26; 27: 33; 34; 35 € 36), apresentou um indice de consisténcia interna a = 0,87 e itens com cargas fatoriais variando entre 0,31 e 0,64. Ji o Fator Geral, composto pelos 36 itens da escala, denominado Atitude Empreendedora, apresentou um indice de consisténcia interna 0. 0,93 ¢ itens com cargas fatoriais variando entre 0,33 e 0,71. Para a solugao bifatorial, do total de 36 afirmagdes, 35 permaneceram no instrumento, apés a validagao estatistica. O item 7 —utilizo contatos pessoais para atingir meus objetivo: no obteve carga fatorial minima de 0,30. Os itens 28 e 35 indicam a possibilidade de pertencerem a dois fatores. Foram realizadas andlises com estes itens nos dois fatores separadamente, bem como anilises com os 2 fatores sem a presenga destes itens. Optou-se inserir o item 28 no I’ Fator eo item 35 no 2’ Fator, por apresentarem cargas fatoriais maiores estes fatores e por resultarem em melhores solugdes fatoriais. segundo Pasquali (no prelo), a validade do fator € garantida pela propria anélise fatorial e € expressa pelo tamanho das cargas fatoriais. ou seja, quanto maiores elas forem, mais a Varidvel & representativa do fator, ou ainda, quanto mais proxima de | for a carga melhor € 0 item. Nos resultados apresentados, € possivel verificar que existem nlimeros razoaveis de cargas fatoriais altas, o que garante a validade dos fatores. Da mesma maneira, verifica-se que os indices de consisténcia interna obtidos foram altos. Estes indices verificam a estabilidade do fator. ou a sua fidedignidade. Mesmo assim, recomenda-se dar prosseguimento as pesquisas de validag’io empirica do conceit de “Atitude Empreendedora” ¢ suas dimensdes, devido ao compartilhamento de itens em diferentes fatores, quando a soluco escolhida apresenta 2 fatores. Ambas as estruturas (bidimensional ¢ unifatorial) parecem ser confiiveis e validas, podendo ser aplicadas nos dois formatos, conforme os objetivos e caracteristicas da pesquisa Nos capitulos seguintes, so discutidos os resultados aqui encontrados a partir dos objetivos de pesquisa propostos e da literatura revisada, a Conetusdes ¢ Recomendagoes ; 0 objetivo deste estudo foilcriar um instrumento de medida para identificar atitude empreendedora, bem como medir essa atitude em proprietirios-gerentes de pequenas ‘empresas de varejo, associados ao Projeto Empreender, desenvolvido no DF, desde 2002. O desenvolvimento de um instrumento para medir a atitude empreendedora foi. portanto, a finalidade central desta pesquisa, até porque. segundo Carvalho, Zerbini e Abbad (no prelo, p.1) “o levantamento de competéncias empreendedoras [...] tem um hist6rico de poucas medidas fidedignas, 0 que toma dificil identificar comportamentos especificos que caracterizem um individuo empreendedor”. Atitude foi conceituada como uma predisposi¢ao aprendida por individuos para responder de forma favorivel ou desfavoravel com relagio a um objeto atitudinal, Atitude empreendedora, nessa linha, passou a ser a predisposigio aprendida a atuar. ou nao. de forma empreendedora. A atuagdo empreendedora ou 0 comportamento empreendedor & entendido, com base na teoria do comportamento planejado, como uma fungao da atitude para o comportamento empreendedor: das normas subjetivas. que valorizem e aprovem o comportamento a partir de grupos de referéncia considerados importantes; e da percepgao de controle comportamental que é formado pela percepgao do ator quanto & sua habilidade em desempenhar o comportamento empreendedor e por fatores como a avaliagao de requisitos de oportunidades e recursos para a concretizagao do comportamento em questao. Apés a revisio da evolugdo © transformagio dos termos empreendedor ¢ empreendedorismo, identificando-se que a propria definigao desses termos encontra-se em construgio, € que “iniimeras pesquisas realizadas sobre esse tema (empreendedorismo) apresentam, no s6 descontinuidade, como falta de unidade com trabalhos anteriores” (SOUZA. no prelo, p. 5), procurou-se tratar atitude empreendedora como constituida por quatro grupos de fatores ~ planejamento, realizagio, poder € inovagiio — sendo o primeiro composto por Variveis como estabelecimento de metas. busca de informagdes, planejamento @ acompanhamento sistemitico. © segundo fator, realizagao, foi formado por busca de oportunidades, ini éncia, aceitagio de riscos e comprometimento; o fator poder composto por estabelecimento de redes de contato, persuastio. lideranga, independéncia autoconfianga, € © quatro fator, inovagdo, constituido por criatividade e inovagio, voltado para a capacidade do empreendedor de atuar de forma criativa ¢ inovadora na busca por posigdes vantajosas de mercado. Assim, essa pesquisa, em conformidade como seu objetivo, além de construir o instrumento e validar as escalas de mensuraga0, identificou e mensurou a atitude empreendedora de um grupo de proprietirios-gestores de pequenas empresas de comércio ¢ servigos do Distrito Federal. Nesse setor econémico foi observada uma grande diversidade nas atividades, podendo englobar de pequenas pousadas a empresas de consultoria assessoria, o que fez que se adotasse a classificagao de pequena empresa, baseada no setor € no niimero de empregados, proposta pelo SEBRAE. Por outro lado, com a finalidade de iabilizar a pesquisa, utilizou-se como populagtio de estudo o Projeto Empreender que agrupa cingiienta e cinco niicleos setoriais com 953 empresas, mobilizando e estimulando a cultura associativa e de cooperaeao. possibilitando que empresirios do mesmo s mutuamente com 0 objetivo de conquistar novos mereados. Os dados foram coletados em 290 empresirios, durante o TI Encontro do Projeto Empreender, nos dias 26 e 27 de outubro de 2004, na sua grande maioria, compostos por participantes dos nticleos setoriais de mecdni de maquinas automotivas e profissionais de beleza. ‘A construcao do instrumento de mensuragao da atitude empreendedora foi alcancada a partir das principais caracteristicas do comportamento empreendedor, identificadas na revistio de literatura e nos resultados de pesquisas anteriores, tendo sido transformadas em 54 itens de um questiondrio, agrupados nos quatro fatores. A anilise fatorial realizada apresentou resultados significativos tanto a0 considerar apenas um fator de varidveis relativas atitude empreendedora, camo quando considerados dois fatores ~ Prospecgao ¢ Inovagao, e Gestiio & Persisténcia, que agruparam as varidveis explicativas dessa atitude. O motivo que justificou a escolha de trabalhar com os dois fatores identificados na anilise foi, especialmente o fato do conceit pesquisado ser empreendedorismo, onde muitas sio as divergéncias © as diwvidas quanto a0 seu significado € muitos sfio os enfoques que procuram explici-lo. O econdmico enfatizando a presenga ou auséncia de caracteristicas estruturais da economia como determinantes do comportamento empreendedor. O psicoligico destacando a motivacao € fatores da personalidade para caracterizé-lo, 0 sociolégico eo antropolégico referindo-se as normas, a cultura como condicionantes desse comportamento (DEPIERI SOUZA, 2005). Com esse pensamento, pode-se considerar correta a opgao de solugao fatorial com os dois fatores: Prospecedo e Inovagao. assim denominado pelo inter-relacionamento existente entre 65 indicadores que o compdem, predominantemente os de planejamento ¢ inovagao, visto que a busca de informagées, planejamento @ monitoramento, criatividade, inovagio estabelecimento de metas sao atividades interligadas e, até mesmo, subseqitentes dentro de tum proceso empreendedor. Eo fator Gestio e Persisténcia, que recebeu essa denominagao por concentrar os conjuntos realizacio e poder. que apresentam inter-relagiio com iniciativa, persisténcia, persuasti, lideranga, comprometimento, estabelecimento de redes, aceitagaio de fiscos e independéncia, ambos com caracteristicas que na literatura apresentam-se altamente vinculadas a0 conceito de empreendedorismo, A estrutura com dois fatores retratou a percepgao do grupo estudado quanto a atitude empreendedora ¢ a valorizagao dessas atitudes como positivas para o desenvolvimento de seus empreendimentos, ||P (Os resultados das anilises demonstraram a presenga de uma atitude empreendedora ‘nos grupos estudados apresentando uma tendéncia mais forte para as atitudes agrupadas no Fator Gestio e Persisténcia, 0 que pode ser explicado pela propria composigao da amostra: pequenos empresirios de varejo e servigos, sobretudo auto-mecénicos e profissionais de beleza que, na busca da lueratividade e manutengiio do seu negécio, contrapsem a falta de recursos com persisténcia e determinagao, Qs resultados relatives a0 fator Prospecgio € Inovagio entende-se que sejam justificados pelas caracteristicas dos empresérios que a0 inovar. normalmente, o fazem de forma incremental. Assim. a atividade de prospecedo e planejamento, muitas vezes. ¢ relegada um segundo plano em razao das rotinas didrias do empreendimento, que absorve a maior parte do tempo dos proprietirios-gerentes por estarem pessoalmente envolvidos com a atividade-fim de seus negécios. 7-0 fato de os participantes da pesquisa apresentarem, com freqiiéncia, uma atiude empreendedora pode estar relacionado a participagdio dos mesmos no Projeto Empreender, 0 qual visa 0 desenvolvimento da capacidade gerencial e a promogao da interagaio e da busca por solugGes eriativas para problemas comuns dos associados. Os resultados das anilises das informagaes coletadas sugeriram que: atitudes voltadas para a conclusdo de tarefas, mesmo que com sacrificio pessoal; confianga na competéncia, como fonte de sucesso no negécio; busca de novas solugdes para atender os clientes, ¢ responsabilidade em cumprir prazos. podem estar associadas ao tipo de trabalho efetuado pelos empresirios pesquisados. Esses atores trabalham diretamente com o piiblico ¢ dependem deste publico para a aceitagio de seu trabalho ¢, além disso, so no DF nichos do mereado com alta concorréncia, No caso dos profissionais da beleza, no sé a concorréneia como o compromisso com © novo, a moda, o que a midia impSe como o que deve ser usado tornam necessiria a inovagao e a criatividade. Essas caracteristicas, que se destacaram entre os respondentes esto entre as mais comumente relacionadas a atitude empreendedora, sendo consideradas, iclusive por autores como Shumpeter (1982) como indicadoras do empreendedorismo. Muitas das caracteristicas destacadas na literatura como representativas para uma atitude empreendedora coincidiram com aquelas percebidas pelos atores que fizeram parte desta pesquisa. no entanto observou-se que houve discordincia entre as opinides nao sé entre as atitudes consideradas mais representativas. como entre aquelas associados a avaliagdes com escores mais baixos. A amostra estudada apresenta uma limitagdo com relagao a sua amplitude visto que foi definida por eonveniéneia. formada por individuos que participam de um projeto de fomento & desenvolvimento do empreendedorismo e de micro € pequena empresa o que leva a inferir que outros atores no envolvides em agdes dessa natureza possam apresentar percepgdes diferentes. Além do mais. a pesquisa foi de corte transversal, caracterizando-se por coleta de dados em um tinico momento temporal, nao possibilitando generalizagdo dos resultados. Isso possibilita sugerir a realizagdo de novas pesquisas de cardter longitudinal ou, até mesmo, de corte transversal com populac’o semethante ou de outros nichos de mercado com o intuito de analisar a estabilidade da atitude empreendedora em gerentes proprietirios do varejo, Apesar de o instrument ter obtido bons indices de validagdio. sugere-se sua revalidagdo em outros contextos com diferentes populagdes, ampliando sua aplicagao & confiabilidade. Propde-se a utilizagio do IMAE em pesquisas analisando construtos relacionados com o empreendedorismo, em estudos que fagam comparagées de diferentes grupos. como de proprietirios € de gerentes; atores envelvidos em micro ou em pequenas. empresas; com individuos que estejam ou no envolvidos em projetos de desenvolvimento gerencial Segundo Smith e Bond (1998), instrumentos de medidas elaboradas em uma determinada cultura e reutilizados em outros contextos culturais podem se caracterizar como, “etic imposta’, onde se assume que os significados das palavras sto compativeis. nos diferentes ambientes onde © instrumento foi aplicado, estando, possivelmente, o uso dessas medidas entre as principais causas das falhas de replicagiio de estudos em diferentes culturas. Destaca-se, assim, 9 contribuigao deste trabalho ao desenvolver o Instrumento de Mensuragio da Atitude Empreendedora, IMAE, a partir de cultura especitica, caracterizando os significados dentro do contexto cultural nacional/local (Brasil/DF) onde o instrumento foi construido € validado, apresentando resultados estatisticamente confidveis em relagaio a sua aplicagao, possibilitando a sugestio de que seja reaplicado na busca por uma maior compreensao do fenémeno empreendedorismo. Referéncias AJZEN, L., The Theory of Planned Behavior. Organizational Behavior and Human decision Processes, 50, p. 179-211, 1991 . Perceived Behavioral Control, Self-Efficacy, Locus of Control, and the Theory of Planned Behavior. Journal of Applied Social Psychology. ; FISHBEIN, M., Attitudes and Attitude-Behavior Relation: reasoned and automatic processes. In. W. STROBE and M. HEWSTONE (ed.), European Review of Social Psychology, p. 1-33. John Wiley and Sons, 2000. BELTRAO. K. R. de A.. Projeto Empreender. 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