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Os presdios industriais
Fbrica do Ipiranguinha
Apesar dos nossos esforos, tem-nos sido
extremamente dificil obter informaes completas sobre
as condies operrias dos diversos lugares e das
diferentes prises da indstria fbricas ou oficinas. O
operrio, habituado servido, com medo de perder o
escasso po penosamente ganho, cala-se e humilha-se,
ou contradiz o que antes afirmou, ou ainda pior, faz-se
solidrio com o patro ou contramestre, em declaraes
de jornal ou em manifestaes pblicas, como h meses
contra o Avanti!
O fato explica-se facilmente. E dele resulta a dificuldade
extrema duma tarefa que desejariamos ter comeado h
muito tempo: a de desmentir com fatos a idiota ou
velhaca afirmao de que no Brasil no h razo
suficiente para o protesto operrio! , afinal, o que j
temos feito sob outros pontos de vista.
Pouco a pouco diremos o que se passa nas gals
industriais do Brasil, e para comear, damos hoje
algumas notas sobre a fbrica de tecidos de algodo do
Ipiranguinha, a pequena distncia de aqui, em So
Bernardo, fbrica que a greve ali declarada atualmente
veio por em foco.
A fbrica do Ipiranguinha emprega, das 5,30 da manh
s 6,30 da tarde, com 1 hora para o almoi, perto de
500 operrios, os mais novos dos quais esto ali h uns
trs anos. Na fiao a maioria dos operrios oscila de
10 e 30 mil ris mensais; e note-se que as crianas
metidas na priso naquela idade, em que o ar e a luz
so to necessrios em vez de serem auxiliares da
famlia, so aproveitadas pela indstria como
concorrentes aos adultos, cujos salrios elas fazem
rebaixar.
Na tituraria, os operrios trabalham 11 horas dirias em
cima da tina cheia de gua a 50 graus e com cidos!
Muitas vezes os tintureiros so obrigados a ficar em
casa porque tm as mos cozidas cozidas! o termo!
Tudo isto por 300 ris por hora.