medida que ganhava distncia da frica, aumentava minha confiana no barco e
a certeza de que um dia deixaria para trs a ilha onde Napoleo perdeu sua ltima batalha. Que grande dia seria este! Que significativa vitria para mim! Eu teria, ento, provado que meus planos estavam certos e que a mais importante chave para o xito da travessia estava h muito em minhas mos: a rota. [...] Apesar da predominncia de ventos de sul e da forte tendncia de deriva para o norte, o esforo que eu fazia para me manter dentro da rota prevista era menor do que o trabalho que tivera, ainda em terra, para definir a trajetria ideal. Dois anos de estudos foram consumidos nesta operao, em que no faltaram discusses apimentadas e dvidas perturbadoras. [...] No mar, o menor caminho entre dois pontos no necessariamente o mais curto, mas aquele que conta com o mximo de condies favorveis. [...] A minha rota, longa, fria e tempestuosa, contava, no entanto, com correntes favorveis na quase totalidade do trajeto e com a preciosa regularidade dos alsios de sudeste que unem o sul da frica ao nordeste brasileiro. Caminho difcil e longo, mas o nico possvel para um barquinho a remo. Fonte KLINK, Amyr. O caminho certo. In: ______. Cem dias entre cu e mar. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1992.