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Nota Pastoral sobre a

Visita do Papa Bento XVI a Portugal

A visita do Papa Bento XVI a Portugal é um acontecimento de singular importância e, por


isso, deve ser preparada condignamente, não apenas no brilho exterior e no ambiente festivo, mas
sobretudo no horizonte da fé, da construção da unidade eclesial e de uma sociedade mais justa e
fraterna. Vem até nós como peregrino e a Igreja em Portugal deverá caminhar com o sucessor de
Pedro, redescobrindo no cristianismo uma experiência de sabedoria e missão. Sabedoria vivida no
conhecimento das realidades terrestres, a partir de uma referência a valores, de modo que, na
fidelidade à identidade cristã, sejamos capazes de dar um contributo positivo à construção de uma
sociedade mais justa; missão como itinerário de uma vida que se quer mergulhada no mundo, mas
diferente em opções e atitudes, e que, sobretudo pelo exemplo, anuncia Cristo e a sua boa nova.

1. PREPARAÇÃO ADEQUADA
Há uma feliz coincidência entre o tempo que antecede a visita do Santo Padre e a vivência
litúrgica da Quaresma e do Tempo Pascal.

1.1. Na Quaresma, será importante reflectir e responder aos desafios da mensagem


preparada pelo Papa Bento XVI: “A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo”
(cf. Rm 3, 21-22). Destacamos três pensamentos:
– A justiça será possível na medida em que se der ao homem o que ele verdadeiramente
requer: Deus. Isto acontecerá através do testemunho de comunidades que se deixaram converter
pelas interpelações de um anúncio fiel do Evangelho.
– Comprometer-se com a justiça exige trabalho interior para afastar uma “força de gravidade
estranha” que permanentemente nos impele para o egocentrismo, a afirmação pessoal e o
individualismo. Só vivendo em conversão permanente, a Igreja poderá apresentar-se com
credibilidade, num mundo em que se pretende impor o relativismo e o indiferentismo.
– Ser justo implica assumir uma dinâmica libertadora do pobre, do oprimido, do estrangeiro,
da viúva, do órfão... “O cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde
todos recebem o necessário para viver, segundo a própria dignidade de pessoa humana, e onde a
justiça é vivificada pelo amor”.

1.2. A Páscoa pode e deve tornar-se tempo favorável para mostrar ao mundo um “rosto de
gente salva”, feliz, porque infinitamente amada por Deus. É importante que Cristo actue em nós, nos
redima, nos transforme a mente e o coração, nos liberte do mal. Só assim seremos verdadeiros
rostos de Cristo no mundo onde Ele nos envia e aí assumiremos o estatuto de apóstolos corajosos
que concretizam uma necessária e urgente comunicação de Cristo nos ambientes do agir
quotidiano: política e saúde, indústria e comércio, agricultura e pescas, educação e ensino, trabalho
e lazer.
O dinamismo da Páscoa de Cristo precisa de encarnar em atitudes e gestos de esperança
perseverante e de amor criativo.

2. ACOLHER A MENSAGEM
A visita do Papa não é apenas a Lisboa, a Fátima e ao Porto, mas a todo o Portugal, a todos
os portugueses e também aos nossos irmãos imigrantes que trabalham e convivem connosco. O Papa
a todos quer saudar, independentemente do seu credo ou da sua ideologia.

Nota Pastoral sobre a Visita do Papa Bento XVI a Portugal 1


Assim, a nossa presença nos diversos momentos e lugares do programa da visita,
testemunhará o amor ao Papa e a vontade explícita de aceitar as suas propostas. Para facilitar a
comunicação, foi criado um site oficial – www.bentoxviportugal.pt – onde é possível encontrar as
mais variadas informações, de modo a dinamizar a preparação, a realização e a continuidade da
visita.

3. CONTINUIDADE E COMPROMISSOS
A nossa tradição cristã está marcada pelo respeito, apreço e fidelidade à Igreja de Roma. A
cátedra de Pedro e dos seus sucessores, como recorda S. Inácio de Antioquia, é «a que preside na
caridade», entre todas as Igrejas locais.
Preparar a visita do Papa Bento XVI e acolher os seus desafios deverá desenvolver em nós os
dinamismos seguintes:
– Reavivar a nossa fé através de um encontro mais consciente com a Palavra de Deus, dando
às nossas comunidades um rosto missionário.
– Dinamizar a nossa esperança, para podermos abrir caminhos de solução às dificuldades e
crises que a nossa sociedade atravessa.
– Revigorar a nossa caridade, dando maior consistência aos inúmeros espaços de
solidariedade e acção social, como resposta aos dramas da sociedade, particularmente as novas
formas de pobreza.
– Fortalecer a nossa unidade através de um projecto de pastoral comum, acolhido por todas
as comunidades, com o intuito de poder responder às alterações civilizacionais em que vivemos.

4. ACÇÕES CONCRETAS A PROMOVER


Confiando na criatividade das Dioceses e Paróquias, Congregações e Movimentos,
apresentamos algumas sugestões para a preparação da visita de Sua Santidade o Papa Bento XVI:
– Colocar esta visita nas intenções da oração pessoal e comunitária.
– Aproveitar as acções de formação que a Igreja costuma promover (Retiros, Cursos,
Encontros, Palestras, Publicações) para abordar temas relacionados com o Papa: Igrejas particulares
e Igreja universal; Missão do Bispo de Roma e Pastor da Igreja universal; Catolicidade e diversidade,
obediência e liberdade na Igreja; Temas fundamentais do magistério do Papa Bento XVI, etc.
– Promover e facilitar a participação nas celebrações eucarísticas presididas pelo Santo
Padre em Portugal (Lisboa, Fátima e Porto) e noutros encontros de sectores.

Queremos apelar a todos, para que não deixem que esta visita do Santo Padre se esgote num
mero acontecimento passageiro, porventura muito participado e festivo, mas que seja antes uma
semente que germine e dê frutos de renovação espiritual, apostólica e social.

Fátima, 1 de Março de 2010

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