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3 A VIDA CRISTA DA MULHER &% na moga inteligente me perguntou fala tanto da indole € da vocacio da inino esperando que sua para todos os males e perigos de nosso encontramos na literatura de hoje © € apenas 0 ‘0 que nos poe diante dessa questio.A pro- ‘mou nossa vida em problema. Um desenvolvimento que muitos pressentiram, que m_€ implementavam ativamente; que sur 1 parte das pessoas, arrancou as mulheres 10 protegido da casa e de formas de vida mente assimiladas, colocando-as nas mais diversas si- de dentro do perf 105 tuages desconhecidas ¢ diante de problemas praticos insus peitados, Lancadas na corrente, temos que nadar, Mas, quan: do as forcas ameagam fraquejar, procurase alcangar a mar- gem segura, pelo menos para tomar folego. Procura-se ret tir para saber se € mesmo necessatio continuar, € se como fazer para nao afundar; gostariamos de avaliar a dire- cio da corrente € a altura das ondas € as proprias forgas ¢ possibilidades de movimento para chegar 4 uma conclusio sobre as nossas chances, Esse tipo reflexto nos propomos agora: tentando langar um othar para dentro do mais intimo de nosso ser, descobri- mos que nao se trata de um ser pronto e, sim, de um vir-ascr, € procuramos entio esclarecer esse processo do vira-ser. Mos € mM que Nos fornamos nao permanece encerra lentro de si mesmo, antes precisa propagar-se ¢ ter con- féncias; mas, todo 0 nos po € disposto desde a eternidade © eternidade ¢ $6 se torna claro para nés na medida em que nos colocamos sob a luz da eternidade. T.A ALMA FEMININA. € tinica, nenhuma € parecida com to, genericamente? A ci da alma trata geralmente da alma do ser humano, nao dessa ou daquela pessoa, cla desta ca manifestagdes ¢ leis gerais, e mesmo quando procura real- car as diferencas - como na psicologia diferencial - tratase novamente de tipos gerais ¢ nao de individuos: a alma da crianga, do jovem, do adulto; a alma do trabathador, do artis- ta, ete.;¢ assim também a alma do homem ¢ da muther. Para aqueles que refletiram sobre as possibilidades da ciéncia, 0 individual foi sempre mais problematico de captar do que o genético. 106 individualidades, existe um tipo la existe em comum no tipo de mu- O Sino, de Schiller, ou em Vida e isso, ou nas mulheres retratadas verg, Wedekind? Toda a diversidade presente pode ser subordinada a um denominador nao € o lugar de pro- que existe no mbito do ser algo que po- Jos chamar de espécie de alma feminina © que ha o especial de conh vez. seja mais plausivel nao comecar ntos dessa imagem genérica da ro esses tipos de obras im valor simbélico especial. ifinnsdatter da obra Olav Audunssén de © romance nos leva a um tempo remoto ,com um contexto cultural totalmente rias, \ezas, sem conhecer atividades ordenadas, io das vontades. Como as criancas nao dis- amparo, amparam-se uma a outra, Na idade desperta neles 0 descjo, ¢ na primeira opor- uma amatividade insaciivel. Ela ¢ Olaf opode ao casamento, € eles s40 .A vida do jovem esta cheia de lu- juos € de muitas experiéncias e aspira- 107 GOes.A moa procura nos sonhos compensacio pela ‘cm tempos todas as suas atividades. Ap sejo se concentrar em Olaf, tornase Mas, cm sua existéncia sombria irrompe qual luz de um 0 indo © reconhecimento de suua queda e, com forca ad. ‘mas nem por isso se acha no direito de romper o vinculo grido. Ele a leva como esposa para seu sitio € cria o filho dela como seu herdeito. Mas, a felicidade to des Ihes € fecusada, Ingunn vive abatida com a ; todos os filhos Ihe nascem mortos. Mas, quanto mais se ‘nte culpada pela desgraga de seu marido, tanto mais se agarra a ele exigindo novas provas de seu amor. E Olaf acaba cedendo como sempre cedera, vendo definhar a vida dela ¢, com isso, consumidas também as suas proprias forcas. Di rante anos ela suporta sua enfermidade sem queixas,accitan- doa em siléncio como expiagio. $6 perto do fim, o homem comeca a suspeitar que nessa alma deve ter germinado algo ue afeicio surda e irracional, que deve ter havido uma € a compreensio de um mundo superior, mas sem a necesséria claridade, ¢ que, p tivera a forca necessiria para dar forma 4 sua vida. Ele toma raao pé da letra a palavra do apéstolo (Ef 5, 28): "Os maridos devem amar suas mulheres como a scu proprio corpo". E as- sim a vida de ambos acabou destruida. Como sempre nas obras de Sigrid Undset, ha um con- 1 dos dois mundos ou, mais propriamente, instinto surdo do caos primitivo € 0 e: de Deus sobre os seres.A alma dessa crianca natural é como terra de plantio que nunca recebeu o arado. Ela abriga se- mentes germiniveis em que a vida se vé despertada ¢ suave: mente agitada pelo rafo de luz que vem detris das nuvens. Mas a gleba pesada precisaria ser preparada para que as se- mentes pudessem aflorar. 108 boneca preferida de seu la de seu marido, assim como ftica mordaz que ela des para as quais ela no Seu marido est grave- na. Nio tem como pedir ao pai porque ontra enfermo. Assim, ela acaba assinan- 9 contritio, ela se orgulha do ¢ a satide a0 marido. Mas, sabendo que cle ogado honesto nio aprovaria seu procedimento, sconde dele. Quando, porém, 0 credor, disposto ao ato da propria necessidade, ameaca revelar 0 le ser repreendida pelo marido que a faz arido descobrindo que o vazio de sua con mado de casamento.Afastado 0 1c se dispGe a perdoar tudo as em seu estado anterior, mas agora ela s, pois sabe que precisa tornarse ou- jentar outra ver ser esposa € mie. Tam- ia trasnformar-se em ser huma- c ser apenas um figura social, para que sua ia pudesse transformarse em casamento. the.Ainda muito jovem, circunstincias arrancaram do meio de seus pais e imaos, le- 109 vandoa para um povo barbaro.A mio dos deuses a salvou da morte certa ¢ a destinou ao servigo sagrado na bonanca do templo, onde a sacerdotisa misteriosa passa a ser venera- da como uma santa, Mas seu coragio nao se adapta. Seu de sejo é voltar a terra natal, para junto dos seus. Com firmeza recusa as pretenses do rei porque nao quer perder a chan- ce de um dia voltar & patria. Como castigo, recebe a ordem de sacrificar a deusa dois estrangeiros que acabam de ser cencontrados na praia, cumprindo assim um antigo costume se scu descjo de rever pelo menos um dos seus. Mas seu mio, manchado pelo matricidio, levado as raias da loucura pelos tormentos do arrependimento, deve morrer pelas mis dela.A maldigio antiga de sua fa iprirse também, ar o irmio,o ami- ¢ da trapaca ou la acha num primeiro mo- go deste € a si mesma por meio da ment de entregar todos & p mento que deve optar pel rém, nao suporta a falsidade contra cles como um corpo sadio se opde aos germes de uma doenca. Confiando na veracidade dos deuses ¢ na mag- nanimidade do rei confessa a esse cebendo como recompensa a vida do i de retornar & patria. O irmao ses para a antiga casa real Antes de procurarmos descobrir uma espécie comum nos trés tipos de pessoa, seri neces © realismo dos trés tipos. Por acaso niio se trata de meras criages da Fantasia de seus autores? Com que di remos a cles para conhecer melhor 0 verdadeiro ser da alma feminina? Para resolver essa dificuldade, procuramos enten- der primeiro 0 que o espitito de criagio do autor pretendia coma sua criatura, 110 yguém pensar que 0 mo- sem indset, Vart.Sua literatura € confi todo aquele que observa a vida pode negar que cla trae Parece que essa unilateralida- tendéncia: ela destaca o cle- lectualismo exagerado que gostaria de lade terrena. um homem que pretende identifi ponto de vista da mulher, que defen- nulher € 0 feminismo, Sua heroina foi esco- aspeto - mas escolhida e retratada com base sc rigorosa, ndo uma simples invengio cons- la pela razio.A forca ea conseqiiéncia de seu pensamen- is atos depois de desperta podem surpreender, 1e ela seja até incomum, mas aunca inverossimil Goethe, a grandeza singela e a i nobre de suas figuras femininas ma plastica aquilo que se Ihe apresentou como 1anidade pura ¢,a0 mesmo tempo, como € eterno femi- Jestituido de qualquer intencio tendenciosa. E por isso car algo comum nessas trés figuras que cresce- ‘em solos tao diversos (tanto em relacio ao ambiente em a cfiagio literaria as coloca quanto & época cultural ¢ @ un emente a santa que, num ambiente sagrado, ultra passou a natureza no contato com a divindade clevando-se a uma luz sobrenatural? Em todas, encontro uma indole co- de dar ¢ de receber amor, ¢ com isso, a aspi- ragio de serem tiradas da estreiteza de sua existéncia real atual para serem guindadas a um ser e agit mais elevado. © sonho da vida de Ingunn € viver 20 Indo de Olaf numa fuzenda € de ter mui realizagao, ela se agarra & intimidade corporal procura assegurar-se deles com toda a energia, Mi ‘nao encontra a felicidade desejada, mas ela nado caminho para achila ou, pelo menos, procuréla, e a: 1m © que tem. A verdadeira vida de Nora, oculta atras de sua existén- cia de boneca ¢ de que quase nao tem cons. mente, é sua espera pelo extraordindrio,que nada mais é do que o fim de sua existéncia de boneca, a irrup¢io do grande amor €, com isso, do verdadciro ser cm scu marido e nel propria. Como da parte dele nada vem, como nada mais hit atras da mascara social, ao menos ela propria tenta chegar a si mesma, ao seu verdadeiro ser, No caso de Mfigét j nao se faz necessirio o avanco para o verdadeiro ser, ela ja estd no ser verdadero, ja conse- guiu alcangar a humanidade suprema, s6 falta comprovila € criar © espaco necessério para que possa atuar de modo ade- quado. Sua aspiracio consiste em transformar o ser que nela amadureceu em ato de amor salvador, pois € esse seu destino. éncia inicial- 112 assim captar a alma feminina em seu ocar ao lado desses ainda mui- res; creio, porém, que enquanto se > mais perfeito possivel a hums na forma individual especial 1 amadurecé-la na unio amoro- a esse processo de amadureci- timula € promove também nos 1a perfeigao, essa € a aspira- inino, que pode manifes- cersos disfarces € mesmo distorcbes ¢ des- os, Ainda veremos que é esse desejo que corres: trata de um desejo especificamente femi- comum a todo o género humano. mem se dirige mais aos efeitos exter. ivo do que ao ser pessoal, ro que niio se pode scparar €-um ser pronto, parado. Seu ser € vira-ser em que as forgas) raz ao mundo em sua forma germinal devem desen- atividade. Assimya. mulher 86 pode aproximar- nt acionando suas forcas.O homem trabatha seu ser pessoal, mesmo que nao tenha esse objetivo, erforgando-se para obter resultados objetivos. Na-sua estrutura basica, a alma € a mesma em ambos os casos: a alma insetida no cor- rea ¢ satide dependem sua propria forca © sat que nio exclusivamente ¢ de modo cabal; por ow- corpo recebe dela seu ser enquanto corpo - vida, nformagao € sentido espiritual; sobre idade, que € tanto scr corporal quanto psi- repousa um ser espiritual que pela atividade da razio 113, explora com seu conhecimento 0 mundo, que pela vontade interfere de modo criativo € formador no mundo, ¢ que p. Animo recebe internamente esse mundo € com ele se con: fronta, Mas, a medida € a proporgio dessas forcas va muito de individuo para individuo provocando uma difer ¢a especifica também entre homem e mulher. ‘Tenho a impressio de que nem mesmo a relagao entre nhar a palayra “naturalmente", porque - como ja dei a enten- der antes - existe a possibilidade de uma ampla emancipagio da alma em relagio ao corpo que, est = s facil a ser realizada pela mulher) Parece- is presente em todas as par- tes do corpo de modo que se sente mai timo por tudo que the acontece, en servigo, 0 que provoca um certo distanciamento. Esses fatos devem estar ligados & vocacio da mulher para a maternidade. A tarefa de abrigar dentro de si uma vida em formacao € cres- cimento, de abrigar e de alimenté-la, leva a uma certa recon- centragio sobre si mesma, ¢ 0 proceso misterioso da forma- co de uma nova criatura no organismo feminino é uma unitio tio intima de elementos psiquicos ¢ corporais que se pode entender fa em marca dle toda a natureza feminina, Existe ai um certo risco. Para haver uma ordem natural ¢ correta entre a alma € 0 cor po (isto é,a ordem que corresponde & natureza intacta), é ne- cessério que ele receba a alimentacio, os cuidados € exerci- cios necessarios ao funcionamento adequado do organismo. Quando ele recebe mais do que isso - € a natureza corrom- ida dele costama pedir mais -registram se prejuizos paca a alma, para seu ser espiritual; em vez de domindo ¢ de lo, cla passa a afundar nele € ele perde conseqiiente- mente uma parte de seu cariter de corpo de humano, Quan- to mais intima for a relago entre alma € corpo tanto maior 114 mento nele (come, por outro lado, a regnado pela alma), entre as forgas espirituais chega- necessitam umas das outras ¢ ir sem as outras. Um certo conhe- 1s é indispensivel para que @ ‘05 movimentos do ani- lado, cabe & vontade fe- ‘er personalizado, Pois, nos mo- nbém a importincia do outro ser para si ule especifica € 0 valor inerente ta inserido no centro de s jo de desdobrarse no todo € de lentificiramos na alma da mulher, Ihor protegida por natureza con- teral ¢ 0 desdobramento de suas forcas mas, por outro lado, esté menos apta para néximo numa determinada area, uma vez que sempre uma concentragio © centro de controle em que a constatacio yutada em posicionamento pessoal € ago. Mas, 115 ‘ura de sua tarefa, precisa da colaboragio da ra- 'em 0 trabalho preparatorio da razio ni pritica errénea, Seus proprios movimentos carecem do con- trole da razio € da orientacao da vontade, £ verdade que a vontade nao tem 0 poder absoluto de provocar ou suprimir estados de animo, mas faz parte de sua liberdade deixar cur- so livre as emogées que nascem ou inibilos. Na auséncia de teinamento da razio ¢ da vontade, a vida emotiva se trans- forma cm movimento sem rumo certo. E como ela necessita de algum estimulo para entrar em acio, pode passar a se minada pela sensualidade por falta de orientacio por p das forgas superiores do espirito. Nesse caso, a vida da alma afunda nos instintos animalescos sentindo-se até incentivada a isso pela ligacao estreita com 0 corpo. Assim, a alma feminina s6 poder amadurecer para 0 ser que the € adequado, se as suas forcas receberem a devi- da formagio. Os tipos concretos que nos serviram de ponto de partida nos mostraram nao apenas predisposicoes nati- rais, como também diversos estigios de formack ina. Chegamos a conhecer uma alma feminina que era praticamente matéria informe, mas que, mesmo assim, dei- xou cntrever a que tipo de forma aspirava. Uma outra adqui- tira uma determinada forma sob as influéncias do acaso e de intervengées mediocres, sem no entanto achar a sua forma adequada. E finalmente uma terceira que se nos mostrava como uma criatura perfeita das mios de um mestre. Com isso, vemo-nos diante da tarefa de examinar quais sio as for- ‘gas formadoras que fazem com que a alma feminina possa ser levada aquele ser para o qual € destinada, e como pode 116 IIA FORMAGAO FEMININA mado € constituide por aquela apti- conhecer:as forgas germinais existentes na distribuigio especifica que ca ‘© em sua respectiva manifestagio in- de um material inerte, que precisa ser viva em formagio, que possui em si va (forma interna) para desenvolver- feita que deve crescer ¢ amadurecet b esse aspeto, a formacio se asseme- -senvolvimento de uma planta.Ma © crescimento € 0 desenvolvimento orginico ni processam apenas de dentro para fora, exigindo também a racio de condigées externas, como clima, solo, ctc., as- ,na formaco da alma, fatores externos a0 s que a alma 86 consegue desenvolver- suas forgas, € as forcas 86 conseguem, jue ponham as forcas em agio. 10s movimentos basta um mero contato com 6 com as coisas ¢ pessoas do ambiente; nesse Para c¢ ¢ a formacio da alma, Outras agécs, sobretudo as 1"¢as superiores, requerem orientagio € diregao; € esse do trabalho de formagao, para instrugio € educacao eventualmente de acordo com um plano. , essencialmente, na obtengio das maté- 117 ras de formagdo necessirias 4 alma para acionar suas for ‘cas: dar tarcfas ao intelecto ¢ & vontade, coloe: contato com aquilo que € ca a. alma internamente. Esse € 0 mundo dos valot belo, 0 nobre, o sagrado, os valores especi cada alma como tal ¢ de sua qualidade individu: © conhecer © © querer sao atos livres e, também, a en- trega aos movimento: ow sua recusa, estio liga humano, consciente de sua liberdade, nao fica entre} forgas formadoras externas como se fosse uma matéria pas- siva, pois cle € capaz de abandonarse a elas ou de reci ele pode procurar as chances de formagio ou pode evi De modo que iniciativa live, propria, tmyém faz parte dos fatores que participam da formacio ‘Todos os fatores de formagio, que vém de fora que atuam espontancamente, quanto os plant bém todo tipo de autoformacao livre, dependem daquele pri- meiro fator que é a aptido: nada conseguem com o ser hu- mano que ja nao esteja nele por natureza, formagao humano $6 pode trazer o mate venientemente "preparado’, s6 pode ir & frente © “mostrar como se faz" para estimular a propria atividade; mas cle no pode obrigar & accitagio ¢ imitagio.A natureza restringe 0 trabalho de formagio préprio,a natureza ¢ a liberdade do for- mando limitam o trabalho de formacio alheio. Mas existe sm formador para o qual nao ha esses limites: Deus que deu a na- tureza pode também alterila de um modo que a faga afastar- se de seu curso de desenvolvimento natural (assim como pode intervir com milagres no curso natural dos processos da natureza);e Ele pode fazer com que a vontade se disponha interiormente a optar por aquilo que lhe € proposto (mesmo taco mecanicamente obrigatoria da vontade humana). Assim chegamos a um certo entendimento do que se deva entender por formacao: 0 proceso (ou o trabalho) que confe- 118 1m configuracio moldada.(Costumase fa: mo resultado desse processo, ou ‘ou eventualmente a alma assim rial espiritual que ela assimila.) formagio correta da mulher esta vin- ibalho de formagio a ser realizado de iramente 0 material que The € confiad ‘er humano que deve ser formado: co- ima em termos gerais,a nanureza es- ina e a peculiaridade individual das rir também quais foram as inf ram sobre as almas ou conti- \guir, também, entre 0 obejtivo ge- smo tal, 0 objetivo especifico da forma- sariamente, pois € determinado por a voeag do ser humano ¢ da mulher encon- 119 A vocacao natural conferida por Deus ao ser hum é triplice: desenvolvendo suas forcas deve dar forma gem de Deus dentro de si, gerar descendéncia e domina: terra. Acrescentase a essa vocacao 0 obj Mas, dentro da vocagio comum, exist das fungdes de acordo com a natureza vocagio primaria do homem € 0 dot sa fungio, a mulher foi colo A fungio primaria da mulher € a geracio ¢ a educacio dos filhos; nessa fungio, ela recebeu o marido como seu prote- tor. Conseqiientemente, encontramos também os mesmos dons em ambos os sexos, mas em medidas e proporgées di ferentes, No homem destacam-se os dons necessarios 4 ¢ 0 intelecto para o conhecimento racional do mun ga de vontade € de agio para a realizagio er, as capacidades necessarias a quem cuida ser e do crescimento e promove seu desenvolvimen- alma, a énfasc se ditige a0 concreto, ao individual, a0 pes- soal, o talento de captar a particularidade de cada um ¢ de adaptarse a ela, o desejo de Nos festemunhos do antigo testamento, que se pressi- poe a natureza cafda, o casamento ¢ a maternidade sto apre- sentaclos com uma certa exclusividade como vocagio da mu her € também como mei natural: gerar filhos ¢ educé- ara alcangar seu objetivo sobre- 1s na fé no futuro redentor part 120 esse entendimento transparece ainda nas cartas de Sio Paulo.) © Novo Testamento coloca paral num caso € apenas sobrenatural no outro. A mulher que, omo esposa € mie, realiza sua vocagio natural, tem também sua fungio no reino de Deus: primeiramente, sua reprodugio externa, mas também a atuacio em prol da salvago das al- cipuamente no Ambito familiar. Por outro lado exige também a vida dedicada totalmente a Deus o desenvol- vimento das forgas naturais, s6 que essas devem scr ditigidas lo maior de pessoas. Na medida em que essa a0 reino de Deus ¢, por meio dele, a promogio ser humano, sendo atuagio de pessoa a pessoa, nas cida do amor a Deus € a0 proximo,agindo por meio do amor a Deus € a0 proéximo ¢ levando 20 amor a Deus ¢ a0 proxi- mo, nio € de modo algum estranba a natureza feminina, sen- portanto,cm tornar a mulher capaz de cumprir seus deveres em sentido natural ¢ sobrenatural como esposa € mie, ou de dedicar todas as suas forgas ao rcino de Deus na virgindade consagrada a Deus. (Nao se pretende estabelecer com isso a alternativa de casamento ou vida religiosa.Tudo indica que 0 nosso tempo precisa, ao lado dos conventos que certamen- te no esto "ultrapassados", de pessoas que Ievem "no mun- do" uma vida consagrada a Deus.) © que podemos fazer para chegar mais perto desse obje- tivo? De acordo com 0 que foi dito acima sobre a natureza da alma feminina, existe dentro dela um direcionamento original 0 objetivo, mas, na natureza cafda existem ao mesmo tempo 121 4nimo e, para desperticlo, é necessirio pé-lo em contato com algo que emocione, Para esse fim, convém usar, sobretudo, ‘cxemplos de vida € de feitos juvenis encontrados na histéria € ente, em primeino lugar, fatos Devese recorter ao belo em todos os seus géne- is categorias estéticas. Deve-se usar a verdade que lingiiisticas para penctrar no contetido espiritual). Mas no se trata apenas de estimular a afctividade de uma ‘maneira geral. Em todas as emogdes existe um elemento valora- tivo:tudo 0 que nos anima traz consigo uma conotacio positi- va ou negativa, seja para o respectivo individuo ou independen- temente dele, em si, de modo objetivo. Com isso, as préprias emogées podem ser classificadas de "certas" ou "erradas', de "adequadas" ou "inadequaclas", Importa despertar na afetividade © prazer de lidar com 0 que € verdadeiramente belo € bom, a repulsa diante de tudo o que é baixo e vulgar. Para tanto é ne- cessirio que se mostre 0 que é verdadciramente belo e bom. 122 1a. Em geral,a crianca s6 comeca a criar um uae ve como se posiciona o ato também com o negativo,¢ até aprendido a discemnir, Fla precisa sa- \rias de seu ambiente. Por isso, formacio scja confiada a pessoas idamene formada. Perigo nesse que € 0 meio mais im- do inte- mogées precisam ser transformadas em co- (0 de valores,em que intelecto e afetividade coope- im de uma determinada maneira. (Ultrapassaria os limites sr aqui de que mancira.) Quem tem cla que o fazem chamar algo de belo ou de fem mais as posicdes dos outros. Para dis- do falso na propria alma importa, além da contato com a pritica. Os movimentos realmente da arte, sactifica de bom grado sua comodidade ‘para usufruida. Quem possui a verdadeira caridade no passa indiferente € passivo pelo proximo necessitado, Quando no se véem atos apropriados, deve-se desconfiar de que atris das grandes palavras nio exista nada ou nada mais que exc de fantasia - ou sentimentalismo hipécrita A educagio feminina de décadas passadas, partindo da se,no entanto, de cuidar igualmente em medida suficiente de sua complementacio indispensivel pelo treinamcato ¢ pela formacio do intelecto. Deve-se a ela o surgimento de um tipo de mulher que leva uma vida de aparéncias © so- realidade ou entregandose indefesa a sentimentos « humo- res, correndo atrés de sensagdes que excitem 0 animo, no jas nao scjam apenas memorizadas, mas também elabors- \cia, dé-se ao intelecto um verdadeiro treina- ‘mento, a0 mesmo tempo em que também a vontade € desa- flada, exercitada € reforgada. Ha um esforco para criar na es cola uma vida comunitaria por meio da implantagio de co- munidades escolares, da realizagio de caminhadas, comemo- ragdes, grupos de trabalho yoluntarios, oferecendo assim ides praticas que acostumam a vida social. 14 nisso, certamente, muitas sementes fecundas € abordagens boas, apesar dos defe ais que costumam aparecer em todas as reformas radicais. O grande risco esté jem deixar de lado a natureza feminina ¢ a formacao que ela 4 exige, orientando-se demasiadamente no modelo das insti- tuigdes de fomagio masculsa Esse risco € provocado pelas 124 Durante séculos em que as mulheres no conheciam ou- {ra profisso que nao fosse a da esposa € mie ou da religiosa, cert natural que a formagio das mogas se orientasse para esses objetivos, que as mogas fossem introduzidas no trabalho do- nos exercicios de piedade, na familia ou no conven- ireco de donas de casa ou de freiras, preparandos sim para sua futura funcio.As mudangas na vida econdmi- ca, ocorridas no século XIX,acabaram simplificando de tal ma- neira a vida doméstica que esta jé nao constituia um campo de atuac’o suficiente para todas as forgas da mulher. Com o grande abalo sofrido também pela f€, a vocacio religiosa ja no podia ser considerada como alternativa viivel para boa parte da sociedade. Os caracteres mais passivos comecaram, entZo,a afundar na vida dos instintos ou de sonhos vazios e de veleidades, enquanto os mais ativos tendiam a vida profissio- ‘que surgiu 0 movimento feminista. Como as profissdes extri-casa tivessem ficado durante sna mao dos homens, era natural que assumissem ca- risticas masculinas e que estivessem adaptadas a um pre- todos os niveis de educagio. Foram necessarias das para avancar passo a passo, até que, na Alemanha, trouxe de repente a relizagio de quase todas as crise econdmica dos tilimos passo que, por livre ¢ espon- ra formacao diferente da masculina, ¢ essa formagao? ‘Tentamos chegar a uma solucio para a segunda ques. to ¢,a seguir, passaremos a resumir o resultado obtido. ‘A natureza © a vocagio da mulher exigem uma formagio que possa levar & pritica de um amor atuantc. Isso requcr, ais importante, a formacio da afetividade, mas, ‘vos ¢,a partir dessa, conseqiié jetiva dos valores coloca o sobrenatural acima de todos os va- lores terrenos. Levando a essa atitude preparase também a futura vocagio de encaminhar seres humanos para o reino de Deus. Por isso € necessiirio que no centro de toda a formacio feminina (e humana em geral) esteja a formagio retigiosa; uma formacio religiosa que saiba como transmitir as verda- des da f€ de uma maneira que emocione € erie entusiasmo ca, vivendo € orando com a Igreja pela liturgia, preparando uma relagio nova com Cristo, sobretudo pela introdugio a0 sentido do Santissimo Sacramento € vida verdadeiramente Bucaristica, Esse tipo de formagio requer personalidades que estejam elas mesmas inteiramente compenetradas do espiri- to da fé ¢ cuja vida seja moldada por essa vivencia, Ao lado da formagio religiosa, toda a educacao feminina ensinar a compreender 0 ser humano e a lidar com las de hist6ria ¢ literatura, de biologia, psicologia ¢ pe- dtagonia (de forma simples adaptada capacidade de com- pfeensio) podem contribuir para essa finalidade, Mas, instru do 86 podera trazer frutos se oferecer a oportunidade de ob- deve 126 seus contetidos na vida pritica.As matérias yrmal, como ciéncias exatas,a matemai encial para todas as mogas deveria ser as instituicées pedagégicas de um re € opcional, que leve em conta ox fo de determinadas matérias teoricas € de S € artisticos, a0 lado da matéria para todas. Assim, scria possivel respeitar a indlivi- a futura opgio € forma- ¢ que o venladeio trabalho edueativo $6 pode Jor aqueles que possuem formaco completa va area, E de um modo geral vale o principio de sonincia com a indole ¢ a vocacao da mulher.) -m ser formadas por verdadeiras mulheres. tores nem enfrentélos com absoluta seguranca depois de identificados. Além disso, o trabalho de formagio costuma ser encerrado antes que 0 processo de formagio esteja conclui- 0. Jd pode ser considerado um grande sucesso quando 0 ‘educando esta disposto a prosseguir por conta propria na di- reposta. Mas, mesmo assim, nunca se pode ter certeza essa direcio seja mantida quando as circunstancias da am ao despertar de impulsos naturais contririos. vid 127 Se a incerteza de todo trabalho formative natural ensi na o educador a encarar sua atividade com humildade, nao outro lado, para cle se tornar totalmente cé- tico a ponto de duvidar d esforcos. Esses continuam sendo um fator importante: a de tantos re: sultados negativos, 0 educador precisa contar também com 08 resultados positivos dos quais ele, talvez, nem tome co- nhecimento, Sobretudo, convém nao esquecer que primei- ro € essencial formador humano nio € 0 homem, e sim Deus. £ le que da tanto a natureza quanto as condicées de vida em que esta deve desenvolver se; Ble tem também a for- ‘ca de transformé-ta a partir de seu interior, podendo agir per- nlio se opde resistencia 4 formagio divina, nto preci samos mais preocupar-nos com o restante. Além disso, exis- te na economia da salvacio, o principio de que nenhum es- forgo sincero fica sem dar frutos, mesmo que a yuma za registre apenas insucess IH.A ATUAGAO DA MULHER A questio:*qual é a formagio a que aspira a alma da mu- ligada a esta outra:‘a que atividade a mulher é sua natureza?” Nao nos cabe aqui reunir dados estatisticos sobre as profissées em que a mulher atua hoje em dia - so praticamente todas. Tratase, antes, de des- cobrir quais sio as profisses verdadeiramente femininas. Mesmo que o mimero daquelas que optam por uma determi- nada profissio sitva para determinar, até certo ponto, a inacio € 0 talento para certas atividades, nao basta para in- formar sobre 0 sucesso em uma ou outra area ¢, menos ain- da, sobre a sensacio que a alma da mulher experimenta nes- sas atividades ¢ também sobre a influéncia que sua atuaga0 128 es. Precisamos ater-nos em primeiro ureza € a vocacio da mulher nos ensi- oncretos de que dispomos. Fi- maneira em que a indole fe- lequado no casamento, na vida lugar, a profissio.A participacio da do marido pode darse de muitas ma- sstica que nao atrapathem 0 exe: profissional e, sim, que lhe sejam proveitosos: se a profissio exercida na prépria casa, cabedhe evitar possiveis trans- exercida fora cr.A participagio pode ter a forma da aju- acontece em muitos casamentos modernos em empresas comerciais (sobretudo nas pe familias de médicos ¢, com especial énfase, na ‘A “causa do homem" nio se resume ao contetido con- de seu trabalho, ela inchai também a “lita pela existén- " garantindo o sustento da familia, Nese contexto, a fun- ir da esposa se concretiza na administragio conve- ymica essencial) ¢, hoje, talvez. mais do que nunca con- a proprio salirio. Com isso surgiu o proble- ma grave da jornada dupla € o perigo de um excesso de ati 129 vidades extra-casa da mulher casada, a ponto de essa se v impossibilitada de ser 0 coracio da familia ¢ a alma da que deveria ser sempre sua fungio princip: A ajudante "8 altura" do homem nao se resume & parti cipacio em suas causas, é necessirio também que cla 0 com- plemente € neutralize os riscos acarretados pela natureza es- pecificamente masculina (com suas diversas formas indlivi- duais), Cabe a cla cuidar com todo o empenho que cle na no se perca completamente em seu trabalho profissional, que suit humanidade nio se atofie © que nao descuide de funcio quanto mais amadurecida estiver a sua propria per- sonalidade, ¢ isso exige que ela nao se perca a si mesma na convivéncia com © marido, que desenvolva antes seus prd- prios dons ¢ poderes. A fungao da me em relacio aos filhos se assemelha Aquela da esposa em relagio ao marido, com a diferenga que a fungio de mie exige sobretudo cuidados, incentivos € orientago, s6 208 poucos ela poderi passar 4 po companheira em rel adultos. De exige-se da mie ainda m: as quer vira-ser. Por outro influenciar, porque a alma infa ainda maledvel € se manifesta mais facilmente € com mais sinceridade, porque ainda nao se defende das influ ternas. Mas tudo isso aumenta também a responsabilidade. ‘A missio de levar ao desenvolvimento mais puro € per- {feito possivel a humanidade presente no marido e nos filhos pressupde na mulher uma atitude de servigo desinteressado de si: ela no pode considerar 0s outros como propriedade ia, como meios para seus fins, ¢ sim, como um bem que the confiado. Para tanto € necessario que veja neles criaturas de Deus nas quais the cabe cumprir uma santa missio. O mero desenvolvimento da natureza que Deus lhes deu ja € uma missio santa, Em medida muito maior se pode afirmar 130 se pode realizar esse designio. citar mulheres que, nas feitos extraordinditios. Mas ividades espccificas dla mt orpora perfcitamente o modo fer eres trat-se de aproximagoes itam o exercicio de atividades vamente feminanas,Se a na preservacio € no de- la vida humana e da humanidade, entao po- profissées especificamente femininas ‘em que essa atuagao € possivel também fora do casa- pretendo falar aqui da atividade da mulher soltei- issume os deveres da dona de casa como inte, Naturalmente estamos ai diante de camente feminina, mesmo que uma tal po- icompanhada de dificuldades especiais c, de outras exigencias diferentes daquelas 10s poucos, se tornaram acessiveis as mulheres tuta do movimento feminista. Revelou-se como campo promissor da atividade gem 12 a profissio de médica, sobretudo em \ccologia ¢ pediatria. Havia muitas objegdes con- ina poc as mogas em contato com muitas coisas que se ava esconder delas € porque o proprio estudo e, mais BL estrutura fisica € psiquica especial que vai além da amor & profissio que se exige em qualquer atividade para perar as dificuldades que the sio inerentes. Uma vez, pre chidas essas condigées, cacm por terra também as obje: Naturalmente é de uma beleza comovedora a purcza inocen- te que nem desconfia dos lados obscuros da n: na, € ficamos gratos quando nos deparamos com cla, quantas mulheres que em tempos passaclos puderam ser pre- servadas nesse estado até o casamento (0 que hoje se tornou 1) se viram no casamento de repente priva i! Nao € methor en © 08 fatos cientificos objetivos, mesmo que nao seja absolutamente 0 methor dos caminhos para se entrar em contato com os fatos naturais, mas um dos mais accitavcis? Sc a grande maioria das mulheres se vé obrigada a lidar na pri tica com esses fatos, € se algumas mulheres tém a vocacio € a oportunidade de ajudar suas irmas, no deveriam clas fazer todo o sactificio para executar essa profissio? A experiéncia mostra que isso acontece em grande esca- la, Com satisfac constatamos que as mulheres, depois de uma certa desconfianga inicial, em geral preferem ser atendi- das por mulheres do que por um médico.Acho que essa atitu- de nao se deve apenas ao pudor das pacientes, mas ainda mais Al maneira tipicamente feminina de atender. A metodologia moderna de especialidades médicas,amplamente em voga, de tratar apenas um membro ou érgio, se bem que de maneira excelente, sem sc preocupar com a pessoa como um todo, niio corresponde ao anscio do ser humano - ¢ em especial do doente - de encontrar interesse por seu estado global (na maioria dos casos nem € a abordagem objetivamente melhor, uma vez que a maior parte das doencas, mesmo que sc mani- festem apenas em um 6rgao, sio doengas da pessoa toxla, de modo que 0 ser humano precisa ser tratado como organismo global ¢ com suas carateristicas individuais).A maneina tipica- mente feminina de ver a pessoa concreta € total é apropriada a oporse a cssc procedimento abstrato, desde que a médica 132 ir sua inspiragio natural libertando- am ensinados ¢ treinados na esco- é claro que nao se pode ne- trata apenas de ter paciéncia para ou- ua tenham a ver com 0 caso, mas de ter preender realmente a situagio humana glo- is,a0 rol daquelas que se pode considerar espe- te femininas. Todas as profissoes de: genuinamente maternal: a uma grande “familia, pelos membros de uma pardquia, pelos c doentes de uma comunidade rural ou de um bai esos de uma cadcia, pelos jovens abandonados. Nao primeiro contato com essas pessoas tem a fi bem maior de pessoas € além do mais € arse em sua maioria de pessoas que, scja por sua rea psiquica natural nfo € suficiente para a la € que s€ faz necessitio 0 apoio da forga ¢ do le Cristo. E esse espirito nunca se limitara a visar ape- natural € a servir somente & humanidade natural, sempre em vista também o objetivo sobrenatural de conquistar essas pessoas para Deus. nas 0 fi 133

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