Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Justiça É Branca e Rica
A Justiça É Branca e Rica
Juliana Cristina da Silva, 28, foi presa aps atropelar e matar duas pessoas e tentar fugir.
Levada ao DP, fez o teste do bafmetro, que comprovou 0,85 de lcool
Sobre Joana, Dina diz: Nos meus encontros com Joana percebi a figura de
uma mulher negra, carroceira, sem dentes, obesa e dependente de drogas. A
experincia de Joana como usuria e vendedora de drogas na Cracolndia
ajuda a entender o que a sociloga norte-americana Julia Sudbury chama de
feminizao da pobreza.
Cada vez mais marginalizadas do acesso s esferas de produo de consumo
e direitos de cidadania, mulheres negras, como Joana, figuram na economia
ilegal do trfico de drogas como vendedoras, mulas ou simplesmente
consumidoras. Joana tem uma histria de uso de drogas que tem tudo a ver
com o processo de racismo e feminizao da pobreza no Brasil.
Sua histria de aprisionamento comeou aos 11 anos de idade quando viveu
entre as ruas e abrigos do Estado. Foi apreendida aos 17 anos de idade na
atual Fundao Casa (FEBEM) e hoje cumpre pena na penitenciaria Feminina
de Santana com sua filha e seu neto recm-nascido. Entre a priso e as ruas,
Joana tem a vida marcada por um assalto patriarcal ao seu corpo que pode ser
visto em sua aparncia doentia e envelhecida, embora possua apenas 49 anos
de idade.
Joana no teve a mesma sorte de Juliana. Joana negra, pobre e desde muito
cedo sofre com a omisso do Estado. Juliana branca e rica e, mesmo tendo
matado duas pessoas, beneficiada pela ao do Estado que concede
privilgios ao grupo branco por conta do racismo estrutural. Joana, aos 49 anos
seguir encarcerada e sem oportunidades.
Juliana, aps tirar a vida de dois trabalhadores por dirigir alcoolizada, o que
tambm configura crime, vai passar o natal com a famlia porque na lgica
desigual racista, foi s uma moa de bem que cometeu um erro.