Você está na página 1de 1

Dialtica & lgica - ou como se sabe o que se sabe.

Olavo de Carvalho
S a lgica, certo, pode provar a veracidade necessria de uma tese, e
ela portanto o meio indispensvel de toda demonstrao cientfica
(, apodixis, prova indestrutvel). Mas a prova lgica depende
sempre de premissas, e a questo decisiva na investigao cientfica no
est portanto em tirar logicamente as concluses, mas sim em descobrir as
premissas. Ora, segundo Aristteles as premissas de base s podem vir de
uma de duas origens: ou da experincia sensvel ou da imediata intuio
dos primeiros princpios universais ( princpios lgicos e ontolgicos),
Nenhuma dessas fontes nos d, no entanto, o conhecimento dos princpios
especficos de um determinado campo de conhecimentos (da zoologia, ou
da tica, por exemplo). S h conhecimento imediato do dado particular
sensvel, por um lado, dos princpios universais, de outro: o maximamente
pequeno e o maximamente grande, por assim dizer. Tudo o que est na
zona intermediria, e que compe o territrio inteiro do conhecimento
cientfico tal como hoje o compreendemos, requer uma abordagem mediata,
um meio de acesso. Esse meio precisamente, o confronto racional das
hipteses de modo a ir eliminando primeiro as autocontraditrias, depois as
que negam os fatos, depois as improvveis, at, de depurao em
depurao, se chegue a intuir, como que em filigrana no fundo da rede de
distines, o princpio buscado. Ora, essa depurao nada menos que o
mtodo dialtico. Uma vez encontrado o princpio, ele serve de premissa
para muitas demonstraes, que, estas sim, devero se ater rigorosamente
lgica. Mas a lgica, enquanto formalizao segundo a cadeia dedutiva
estrita, s entra em ao no fim, para dar solidez ao conhecimento, cuja
descoberta obra e mrito da arte dialtica.

Você também pode gostar