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PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES
A Grécia não começou a civilização, apenas herdou, através do comércio e da
guerra, três mil anos de artes e ciências do Oriente Próximo. Agricultura e
comércio, cavalos e carroças, cunhagem e cartas de crédito, artesanato e
indústrias, lei e governo, matemática e medicina, enemas e sistemas de
drenagem, geometria e astronomia, calendário e relógio e zodíaco, o alfabeto e
a escrita, o papel e a tinta, os livros, as bibliotecas e as escolas, a literatura e a
música, a escultura e a arquitetura, a cerâmica vitrificada e os móveis finos, o
monoteísmo e a monogamia, os cosméticos e as jóias, o jogo de damas e os
dados, o boliche e o imposto de renda, as amas de leite e a cerveja, tudo isso
devemos às civilizações do Oriente Próximo.
EGITO
Luxor = Tebas, cidade mais rica do mundo antigo. Margem oriental do Nilo –
Palácio de Inverno de Luxor.
Templos de Karnak – 50 Faraós participaram de sua construção – uma avenida
de esfinges leva até lá – Templo de Amon: estrutura principal – Pilares
Heráldicos de Thutmose III – pequeno Templo de Ptah – acima de tudo o Great
Hypostyle Hall (Grande Salão Hipostilo)
Raça – não há como ter certeza, mas tudo indica que os primeiros egípcios
eram uma mistura de Núbios, Etiópios e Líbios de um lado com imigrantes
semitas e armenóides do outro.
No começo, a população se organizou em “nomos” ao longo do Nilo, os quais
eram mais ou menos independentes dependendo da força do Faraó que
estivesse no poder. Com o tempo, o comércio e a guerra aproximaram esses
nomos e os forçaram a se estabelecer em dois reinos, um no norte e um no sul,
até que o lendário rei Menes unificou os dois reinos, promulgou um corpo de
leis que lhe foram passadas pelo deus Thot e estabeleceu a primeira dinastia
na recém-construída capital em Memphis.
Primeiro egípcio conhecido – Imothep – médico, arquiteto e conselheiro do rei
Zoser.
Dinastias mais importantes – 18ª e, depois, a 4ª.
Templo da Rainha Hatshepsut – a Rainha-Faraó – reinado de paz e
prosperidade por 22 anos
Thutmose III – reino de muitas guerras que tornaram o Egito senhor do mundo
mediterrâneo – primeiro homem na história a reconhecer a importância do
poder naval – criou uma marinha poderosa que mantinha o Oriente Próximo na
coleira
Disciplina psicológica – ausência de força policial – ordem mantida através do
prestígio do Faraó, mantido pelas escolas e pela igreja
No topo da administração estava o Vizir – primeiro ministro, chief justice e
chefe do tesouro ao mesmo tempo – era o último recurso judicial antes do
próprio Faraó, que era a Suprema Corte – qualquer caso poderia ser trazido
até ele, desde que o autor não se importasse com as despesas
A mulher era chefe da casa e as propriedades eram transmitidas pela
matrilinearidade, passando de mãe para filha. Os homens se casavam com as
irmãs para poder aproveitar a herança da família.
Os filhos das famílias abastadas eram ensinados pelos sacerdotes em escolas
adjacentes aos templos. Depois de se graduar nessas escolas, os alunos iam
para uma Escola de Governo, onde aprendiam a se tornar oficiais do Estado
(funcionários públicos, burocratas).
Leis cíveis e penais altamente desenvolvidas
Escribas – burocracia clerical que, junto com os nobres, mantinham a lei e a
ordem no Estado
Sistema judicial que incluía cortes de primeiro grau nos nomos e cortes
supremas em Tebas, Memphis e Hielópolis
Os egípcios não davam nenhum valor à vida humana
Nas últimas dinastias, o povo, tão acostumado à paz interna e a poucas e
distantes guerras, perdeu todos os hábitos e qualidades militares, até que um
punhado de soldados romanos bastava para controlar o Egito
Egípcios escreverem a mais antiga das literaturas – linguagem inicialmente
pictográfica (objeto representado pelo desenho de uma imagem dele) – como
algumas ideias eram muito abstratas para serem desenhadas literalmente, a
pictografia passou para a ideografia – algumas imagens passaram a
representar não os objetos, mas ideias associadas àqueles objetos – ideias
ainda mais abstratas passaram a ser representadas por imagens cujos nomes
dos objetos representados se assemelhassem ao som das palavras que
correspondiam às ideias – ao dividir palavras complexas em sílabas,
encontrando homônimos para essas sílabas e desenhando em combinação os
objetos sugeridos por esses sons silábicos, os egípcios conseguiram, ao longo
do tempo, fazer com que o hieróglifos transmitissem quase qualquer ideia.
Faltava apenas um passo: inventar as letras, retirando as vogais das sílabas.
Os caracteres alfabéticos egípcios, com 24 consoantes, primeiro aparecem em
inscrições datadas entre 2.500 e 1.500 a.C., e, com o comércio, foram
transmitidos ao longo de todo o Mediterrâneo.
Os egípcios nunca adotaram uma escrita completamente alfabética; eles
mesclavam pictografias, ideografias e símbolos silábicos com as letras até o
final de sua civilização.
Com o tempo, uma forma mais rápida e esboçada/superficial/rascunhada se
desenvolveu, feita pelos sacerdotes e pelos escribas dos templos, chamada
pelos gregos de hierática. Depois, surgiu uma versão ainda mais popular e
descuidada, chamada de demótica, pois criada pelo povo comum.
A maior parte da literatura que sobreviveu do Egito foi escrita em linguagem
hierática. Pouca coisa restou. Livrarias de até 2.000 a.C. chegaram a nós,
contendo papiros enrolados e colocados em jarras – a forma mais antiga da
história de Simbá, o marujo, está aí – fragmento simples e autobiográfico. Há,
também, diversas outras histórias curtas que falam de fantasmas, príncipes,
princesas, reis, rainhas etc., incluindo a versão mais antiga da história da
Cinderela.
Foram os sacerdotes que estabeleceram os alicerces da ciência egípcia –
matemática altamente desenvolvida – geometria para medir a terra. Os
sacerdotes consideravam os estudos astronômicos como um conhecimento
esotérico que não deveria ser compartilhado com os comuns. Mapearam por
séculos a posição dos planetas e, com base nessas observações, criaram o
calendário. Depois esse calendário foi melhorado por Júlio César e pelo Papa
Gregório XIII – o calendário gregoriano é usado até hoje.
A glória da ciência egípcia era a medicina (que também começa com os
sacerdotes) – grandes médicos, cirurgiões e especialistas, que reconheciam
um código de ética que foi transmitido à posteridade no famoso juramento de
Hipócrates. Alguns dos remédios egípcios foram passados aos gregos, destes
para os romanos e dos romanos até nós.
O maior elemento dessa civilização era a arte – arquitetura era a mais nobre.
As maiores artes egípcias eram a arquitetura e a escultura. Baixo-relevo era a
mais abundante.
Alguns dos escritos deixados pelos egípcios podem ser classificados
vagamente como filosofia moral – Instruções de Ptah-hotep (ao seu filho) –
2.800 a.C.
Acima de tudo no Egito estava a religião – o maior dos deuses o Sol (Rá
(chamado de Amon, no Sul), o criador, ou às vezes Hórus, representado pelo
falcão). Osíris – deus do Nilo – morte e ressureição – Set, seu irmão, o matou,
até que seu sobrinho Hórus, filho de Osíris com Isis (sua irmã), venceu Set e o
baniu, Isis ressuscitou Osíris e reinou beneficamente sobre o Egito,
estabeleceu a civilização e ascendeu aos céus para reinar eternamente. Isis –
a grande mãe/mãe de deus (Hórus) – no meio do inverno (solstício) de cada
ano, coincidindo com o retorno anual do sol no final de dezembro, os templos
de Hórus mostravam Isis amamentando em um estábulo seu filho
milagrosamente concebido. Essas lendas e símbolos poético-filosóficos
influenciaram profundamente o ritual e a teologia cristãs. Cristãos primitivos por
vezes adoravam estátuas de Isis amamentando Hórus. O faraó era sempre
filho de deus (Amon-Rá), reinando transitoriamente na Terra. Daí serem os
sacerdotes os sustentáculos do trono e a polícia secreta da ordem social.
Tendo em vista uma fé tão complexa, havia de surgir uma classe versada em
magia e ritual, servindo como ponte entre os homens e os deuses. O cargo de
sacerdote passava de pai para filho e acabou por formar uma classe que, com
o tempo, através da piedade do povo e da generosidade política dos reis,
tornou-se mais rica que a aristocracia feudal ou a própria família real.
O que distinguia a religião egípcia era sua crença na imortalidade, a qual
passou para o cristianismo. Os egípcios acreditavam que o corpo era habitado
por uma réplica de si mesmo chamada ka e por uma alma que habitava o corpo
como um pássaro voando entre árvores. Todos esses – corpo, ka e alma –
sobreviviam à aparência da morte enquanto o cadáver fosse preservado da
decomposição, mas, se chegassem a Osíris limpos de todos os pecados,
poderiam viver eternamente no Campo Feliz do Alimento, jardins celestiais
onde sempre haveria abundância e segurança. Esses Campos Elísios só
poderiam ser acessados por meio de um barqueiro – um protótipo egípcio de
Caronte –, o qual só levava aquelas pessoas que não tivessem cometido
nenhum mal em suas vidas. Osíris pesaria o coração do candidato contra uma
pena. Os reprovados seriam condenados a passar a eternidade em seus
túmulos, sedentos e famintos, sendo comidos por horrendos crocodilos, sem
nunca mais ver o sol.
Os sacerdotes ofereciam bons meios de vencer esses testes – Livro Egípcio
dos Mortos – orações, fórmulas e encantamentos destinados a apaziguar ou
até enganar Osíris.
No fim das contas, não havia conexão entre moralidade e religião – o egípcio
ganhava o paraíso recitando as fórmulas e os encantamento corretos e sendo
generoso com os sacerdotes.
Ikhnaton (Amenhotep IV) – rei herético – reforma religiosa – destruiu o império
egípcio – casado com a famosa rainha Nefertiti (ou Nofretete)
Ikhnaton revoltou-se contra a sordidez em que a religião havia caído –
abominava a riqueza indecente, os pródigos rituais dos templos e o domínio
cada vez maior de uma hierarquia mercenária sobre a vida da nação –
denunciou todos os deuses e cerimônias como uma idolatria vulgar e anunciou
que só havia um deus – Aton (o Sol) – primeira expressão do monoteísmo –
Ikhnaton ordenou que os nomes de todos os outros deuses fossem apagados
de todos os monumentos do Egito – declarou todos os credos ilegais, exceto o
seu (o de Aton) – ordenou o fechamento de todos os antigos templos –
abandonou Tebas e construiu uma nova capital, Akhenaton
O povo continuou a praticar a antiga religião em suas casas e os sacerdotes
despojados passaram a tramar contra Ikhnaton – até os seus ministros e
generais o odiavam
Subitamente, as terras conquistadas pelos faraós anteriores na Síria e no
Oriente começaram a ser invadidas pelos hititas e por outras tribos guerreiras,
os governadores egípcios pediram reforços militares e Ikhnaton, um “santo”,
recursou-se a envia-los e as nações dependentes do império depuseram os
governadores e se tornaram, para todos os efeitos, livres – quase que em um
momento, o Egito deixou de ser um vasto império e encolheu de volta a um
pequeno estado. O tesouro egípcio, que dependia dos tributos estrangeiros,
secou, a taxação caiu para o mínimo e a mineração de ouro parou. A
administração interna estava em caos quando Ikhnaton morreu.
Ikhnaton foi sucedido por seu genro Tutenkhamon, que mudou a capital de
volta para Tebas, fez as pazes com o poder sacerdotal e anunciou a volta dos
velhos deuses. Quanto ao resto, jamais teríamos ouvido falar dele se não fosse
pelos tesouros encontrados em sua tumba.
Outros faraós vieram, incluindo Ramsés II (o faraó do Êxodo, acredita-se).
Enquanto isso, o poder do clero continuava aumentando, até que, no reinado
do último raméssida (descendente de Ramses), o Sumo Sacerdote de Amon
usurpou o trono e o Egito se tornou uma teocracia estagnada
Uma a uma, as nações rivais pilharam o Egito até que, em 30 a.C., o Egito se
tornou uma província de Roma e desapareceu da História.
Por algum tempo, o Egito floresceu novamente quando os muçulmanos o
conquistaram, construíram Cairo sobre as ruínas de Memphis e a encheram de
mesquitas, mas essas são culturas estrangeiras e logo passaram também.