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HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO

VOL. 1 – OUR ORIENTAL HERITAGE

PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES
A Grécia não começou a civilização, apenas herdou, através do comércio e da
guerra, três mil anos de artes e ciências do Oriente Próximo. Agricultura e
comércio, cavalos e carroças, cunhagem e cartas de crédito, artesanato e
indústrias, lei e governo, matemática e medicina, enemas e sistemas de
drenagem, geometria e astronomia, calendário e relógio e zodíaco, o alfabeto e
a escrita, o papel e a tinta, os livros, as bibliotecas e as escolas, a literatura e a
música, a escultura e a arquitetura, a cerâmica vitrificada e os móveis finos, o
monoteísmo e a monogamia, os cosméticos e as jóias, o jogo de damas e os
dados, o boliche e o imposto de renda, as amas de leite e a cerveja, tudo isso
devemos às civilizações do Oriente Próximo.

SUSA – 4.500 a.C. (civilização)


Cidade moderna de Shushan, antiga Susa, no atual Iraque. Centro de uma
região que os judeus chamavam de Elam (terra alta). Uma das primeiras
civilizações históricas. Restos humanos datam de 20.000 a.C. Em 4.500 a.C.,
os Elamitas aparentemente haviam recém emergido de uma vida nômade de
caça e pesca, mas já possuíam armas e ferramentas de cobre, grãos
cultivados, animais domesticados, escrita hieroglífica, documentos comerciais,
espelhos, jóias, e um comércio que se estendia do Egito à Índia. Primeira
aparição da roda de carreta, que só depois viria a surgir na Babilônia e ainda
depois no Egito. Guerreavam com a Babilônia e a Suméria, conquistando-as e
sendo conquistados por elas alternativamente.

SUMÉRIA – 3600 a.C. (civilização)


Nippur, segundo escavações, dataria de 5.262 a.C. Dinastias de reis citadinos
parecem ter florescido em Kish em torno de 4.500 a.C. e em Ur em torno de
3.500 a.C.
Lendas escritas pelos poetas em torno de 2.300 a.C. contam de um paraíso
primitivo que teria sido destruído por uma inundação (dilúvio), devido aos
pecados de um Rei, dando origem à civilização suméria. A história desse
dilúvio foi transmitida para a Babilônia e para os hebreus e se tornou parte do
credo cristão. Escavações nas ruínas de Ur encontraram vestígios de uma
grande inundação do Rio Eufrates e de uma civilização pré-diluviana.
Reis lendários – Tammuz e Gilgamesh (o mesmo da epopéia). Tammuz virou
Adônis para os gregos.
Código de leis mais antigo do mundo – rei Urukagina de Lagash.
Na mesma época surgiram os acádios – Rei Sargon – primeiro império da
história.
Primeiro código de leis extensivo da história – Rei Ur-engur, de Ur.
Sistema de irrigação – 4.000 a.C. Agricultura e arado.
Cultura largamente primitiva – metais escassos – ferramentas de sílex
Comércio em geral por escambo, mas prata e outro – pesados a cada
transação – já eram aceitos como padrão de valor em troca de bens.
Já existia um sistema de crédito – empréstimos e devoluções na mesma
espécie (bens, ouro e prata) – juros de 15 a 33% ao ano.
Escravidão altamente desenvolvida, estratificação social de ricos e pobres em
diversas classes e sacralidade dos direitos de propriedade.
Classe média – pequenos negociantes, intelectuais, médicos e sacerdotes.
Calendário de meses lunares.
Cada cidade era independente e tinha seu próprio rei – patesi – mistura de
sacerdote com rei. O crescimento do comércio tornou essa municipalidade
impossível e gerou impérios nos quais uma personalidade dominante
subjugava as cidades e os patesi ao seu poder, em uma unidade política e
econômica.
A ordem social era mantida através de um sistema feudal. Depois de uma
guerra, o governante concedia pedaços de terra aos seus aliados, os quais
eram isentos de impostos. Em troca, os aliados mantinham a ordem social nos
seus territórios e forneciam soldados e suprimentos ao rei.
O governo era financiado por impostos em espécie, armazenados em um
armazém real e distribuídos como pagamento aos oficiais e funcionários do
Estado.
Ordenamento jurídico – precedentes antecedentes à codificação de Ur-engur –
fonte do Código de Hamurábi – relações comerciais e sexuais, empréstimos e
contratos, compras e vendas, adoções e heranças. Tribunais funcionavam nos
templos, sacerdotes atuavam como juízes, juízes profissionais atuavam em
uma corte superior. Evitar litigâncias – todos os casos eram submetidos a um
árbitro público que tentava resolver o caso amigavelmente sem recorrer ao
direito.
Os deuses eram inúmeros, cada cidade e atividade humana tinham o seu.
Culto ao sol – Shamash. Uruk – deusa Innini; para os acadianos, Ishtar, mistura
de Afrodite com Deméter. Tammuz – deus da vegetação.
No começo, humanos eram sacrificados para os deuses; depois foram
substituídos pelos animais. Tábua sacrificial encontrada em ruínas Sumérias
indica que “o cordeiro é o substituto da humanidade”. O clero se tornou a
classe mais rica e poderosa das cidades Sumérias. Na maior parte dos casos,
eles eram o governo. É impossível precisar até que ponto o patesi era um rei e
até que ponto era um sacerdote. Urukagina, antecipando Lutero, denunciou a
voracidade e a corrupção do clero e criou um sistema de leis regulando os
impostos e as taxas pagas aos templos.
Havia uma crença na vida após a morte, mas não em céu e inferno, mas em
um lugar para o qual todos iriam indiferentemente. As orações não buscavam
uma recompensa no além após a morte, mas sim vantagens aqui na Terra
mesmo.
Uma lenda contava a história de que os homens haviam sido criados felizes,
mas foram punidos pelo seu próprio pecado, exceto por Tagtug, o qual
renunciou à longevidade e à saúde ao comer do fruto de uma árvore proibida.
Os sacerdotes eram responsáveis pela educação. Escolas funcionavam em
anexo aos templos, onde eram ensinadas escrita e aritmética e crianças eram
treinadas para a alta profissão de escriba.
Escrita cuneiforme em tábuas de argila. Escrita restrita ao comércio.
Secundariamente, era um instrumento religioso de registro das fórmulas
mágicas, procedimentos cerimoniais, lendas sagradas, preces e hinos. As
inscrições mais antigas são em pedra, datam aproximadamente de 3.600 a.C.
Linguagem capaz de expressar pensamentos complexos.
Em 2.700 a.C. já havia grandes bibliotecas na Suméria. Origens religiosas da
literatura – canções e lamentações dos sacerdotes.

EGITO
Luxor = Tebas, cidade mais rica do mundo antigo. Margem oriental do Nilo –
Palácio de Inverno de Luxor.
Templos de Karnak – 50 Faraós participaram de sua construção – uma avenida
de esfinges leva até lá – Templo de Amon: estrutura principal – Pilares
Heráldicos de Thutmose III – pequeno Templo de Ptah – acima de tudo o Great
Hypostyle Hall (Grande Salão Hipostilo)
Raça – não há como ter certeza, mas tudo indica que os primeiros egípcios
eram uma mistura de Núbios, Etiópios e Líbios de um lado com imigrantes
semitas e armenóides do outro.
No começo, a população se organizou em “nomos” ao longo do Nilo, os quais
eram mais ou menos independentes dependendo da força do Faraó que
estivesse no poder. Com o tempo, o comércio e a guerra aproximaram esses
nomos e os forçaram a se estabelecer em dois reinos, um no norte e um no sul,
até que o lendário rei Menes unificou os dois reinos, promulgou um corpo de
leis que lhe foram passadas pelo deus Thot e estabeleceu a primeira dinastia
na recém-construída capital em Memphis.
Primeiro egípcio conhecido – Imothep – médico, arquiteto e conselheiro do rei
Zoser.
Dinastias mais importantes – 18ª e, depois, a 4ª.
Templo da Rainha Hatshepsut – a Rainha-Faraó – reinado de paz e
prosperidade por 22 anos
Thutmose III – reino de muitas guerras que tornaram o Egito senhor do mundo
mediterrâneo – primeiro homem na história a reconhecer a importância do
poder naval – criou uma marinha poderosa que mantinha o Oriente Próximo na
coleira
Disciplina psicológica – ausência de força policial – ordem mantida através do
prestígio do Faraó, mantido pelas escolas e pela igreja
No topo da administração estava o Vizir – primeiro ministro, chief justice e
chefe do tesouro ao mesmo tempo – era o último recurso judicial antes do
próprio Faraó, que era a Suprema Corte – qualquer caso poderia ser trazido
até ele, desde que o autor não se importasse com as despesas
A mulher era chefe da casa e as propriedades eram transmitidas pela
matrilinearidade, passando de mãe para filha. Os homens se casavam com as
irmãs para poder aproveitar a herança da família.
Os filhos das famílias abastadas eram ensinados pelos sacerdotes em escolas
adjacentes aos templos. Depois de se graduar nessas escolas, os alunos iam
para uma Escola de Governo, onde aprendiam a se tornar oficiais do Estado
(funcionários públicos, burocratas).
Leis cíveis e penais altamente desenvolvidas
Escribas – burocracia clerical que, junto com os nobres, mantinham a lei e a
ordem no Estado
Sistema judicial que incluía cortes de primeiro grau nos nomos e cortes
supremas em Tebas, Memphis e Hielópolis
Os egípcios não davam nenhum valor à vida humana
Nas últimas dinastias, o povo, tão acostumado à paz interna e a poucas e
distantes guerras, perdeu todos os hábitos e qualidades militares, até que um
punhado de soldados romanos bastava para controlar o Egito
Egípcios escreverem a mais antiga das literaturas – linguagem inicialmente
pictográfica (objeto representado pelo desenho de uma imagem dele) – como
algumas ideias eram muito abstratas para serem desenhadas literalmente, a
pictografia passou para a ideografia – algumas imagens passaram a
representar não os objetos, mas ideias associadas àqueles objetos – ideias
ainda mais abstratas passaram a ser representadas por imagens cujos nomes
dos objetos representados se assemelhassem ao som das palavras que
correspondiam às ideias – ao dividir palavras complexas em sílabas,
encontrando homônimos para essas sílabas e desenhando em combinação os
objetos sugeridos por esses sons silábicos, os egípcios conseguiram, ao longo
do tempo, fazer com que o hieróglifos transmitissem quase qualquer ideia.
Faltava apenas um passo: inventar as letras, retirando as vogais das sílabas.
Os caracteres alfabéticos egípcios, com 24 consoantes, primeiro aparecem em
inscrições datadas entre 2.500 e 1.500 a.C., e, com o comércio, foram
transmitidos ao longo de todo o Mediterrâneo.
Os egípcios nunca adotaram uma escrita completamente alfabética; eles
mesclavam pictografias, ideografias e símbolos silábicos com as letras até o
final de sua civilização.
Com o tempo, uma forma mais rápida e esboçada/superficial/rascunhada se
desenvolveu, feita pelos sacerdotes e pelos escribas dos templos, chamada
pelos gregos de hierática. Depois, surgiu uma versão ainda mais popular e
descuidada, chamada de demótica, pois criada pelo povo comum.
A maior parte da literatura que sobreviveu do Egito foi escrita em linguagem
hierática. Pouca coisa restou. Livrarias de até 2.000 a.C. chegaram a nós,
contendo papiros enrolados e colocados em jarras – a forma mais antiga da
história de Simbá, o marujo, está aí – fragmento simples e autobiográfico. Há,
também, diversas outras histórias curtas que falam de fantasmas, príncipes,
princesas, reis, rainhas etc., incluindo a versão mais antiga da história da
Cinderela.
Foram os sacerdotes que estabeleceram os alicerces da ciência egípcia –
matemática altamente desenvolvida – geometria para medir a terra. Os
sacerdotes consideravam os estudos astronômicos como um conhecimento
esotérico que não deveria ser compartilhado com os comuns. Mapearam por
séculos a posição dos planetas e, com base nessas observações, criaram o
calendário. Depois esse calendário foi melhorado por Júlio César e pelo Papa
Gregório XIII – o calendário gregoriano é usado até hoje.
A glória da ciência egípcia era a medicina (que também começa com os
sacerdotes) – grandes médicos, cirurgiões e especialistas, que reconheciam
um código de ética que foi transmitido à posteridade no famoso juramento de
Hipócrates. Alguns dos remédios egípcios foram passados aos gregos, destes
para os romanos e dos romanos até nós.
O maior elemento dessa civilização era a arte – arquitetura era a mais nobre.
As maiores artes egípcias eram a arquitetura e a escultura. Baixo-relevo era a
mais abundante.
Alguns dos escritos deixados pelos egípcios podem ser classificados
vagamente como filosofia moral – Instruções de Ptah-hotep (ao seu filho) –
2.800 a.C.
Acima de tudo no Egito estava a religião – o maior dos deuses o Sol (Rá
(chamado de Amon, no Sul), o criador, ou às vezes Hórus, representado pelo
falcão). Osíris – deus do Nilo – morte e ressureição – Set, seu irmão, o matou,
até que seu sobrinho Hórus, filho de Osíris com Isis (sua irmã), venceu Set e o
baniu, Isis ressuscitou Osíris e reinou beneficamente sobre o Egito,
estabeleceu a civilização e ascendeu aos céus para reinar eternamente. Isis –
a grande mãe/mãe de deus (Hórus) – no meio do inverno (solstício) de cada
ano, coincidindo com o retorno anual do sol no final de dezembro, os templos
de Hórus mostravam Isis amamentando em um estábulo seu filho
milagrosamente concebido. Essas lendas e símbolos poético-filosóficos
influenciaram profundamente o ritual e a teologia cristãs. Cristãos primitivos por
vezes adoravam estátuas de Isis amamentando Hórus. O faraó era sempre
filho de deus (Amon-Rá), reinando transitoriamente na Terra. Daí serem os
sacerdotes os sustentáculos do trono e a polícia secreta da ordem social.
Tendo em vista uma fé tão complexa, havia de surgir uma classe versada em
magia e ritual, servindo como ponte entre os homens e os deuses. O cargo de
sacerdote passava de pai para filho e acabou por formar uma classe que, com
o tempo, através da piedade do povo e da generosidade política dos reis,
tornou-se mais rica que a aristocracia feudal ou a própria família real.
O que distinguia a religião egípcia era sua crença na imortalidade, a qual
passou para o cristianismo. Os egípcios acreditavam que o corpo era habitado
por uma réplica de si mesmo chamada ka e por uma alma que habitava o corpo
como um pássaro voando entre árvores. Todos esses – corpo, ka e alma –
sobreviviam à aparência da morte enquanto o cadáver fosse preservado da
decomposição, mas, se chegassem a Osíris limpos de todos os pecados,
poderiam viver eternamente no Campo Feliz do Alimento, jardins celestiais
onde sempre haveria abundância e segurança. Esses Campos Elísios só
poderiam ser acessados por meio de um barqueiro – um protótipo egípcio de
Caronte –, o qual só levava aquelas pessoas que não tivessem cometido
nenhum mal em suas vidas. Osíris pesaria o coração do candidato contra uma
pena. Os reprovados seriam condenados a passar a eternidade em seus
túmulos, sedentos e famintos, sendo comidos por horrendos crocodilos, sem
nunca mais ver o sol.
Os sacerdotes ofereciam bons meios de vencer esses testes – Livro Egípcio
dos Mortos – orações, fórmulas e encantamentos destinados a apaziguar ou
até enganar Osíris.
No fim das contas, não havia conexão entre moralidade e religião – o egípcio
ganhava o paraíso recitando as fórmulas e os encantamento corretos e sendo
generoso com os sacerdotes.
Ikhnaton (Amenhotep IV) – rei herético – reforma religiosa – destruiu o império
egípcio – casado com a famosa rainha Nefertiti (ou Nofretete)
Ikhnaton revoltou-se contra a sordidez em que a religião havia caído –
abominava a riqueza indecente, os pródigos rituais dos templos e o domínio
cada vez maior de uma hierarquia mercenária sobre a vida da nação –
denunciou todos os deuses e cerimônias como uma idolatria vulgar e anunciou
que só havia um deus – Aton (o Sol) – primeira expressão do monoteísmo –
Ikhnaton ordenou que os nomes de todos os outros deuses fossem apagados
de todos os monumentos do Egito – declarou todos os credos ilegais, exceto o
seu (o de Aton) – ordenou o fechamento de todos os antigos templos –
abandonou Tebas e construiu uma nova capital, Akhenaton
O povo continuou a praticar a antiga religião em suas casas e os sacerdotes
despojados passaram a tramar contra Ikhnaton – até os seus ministros e
generais o odiavam
Subitamente, as terras conquistadas pelos faraós anteriores na Síria e no
Oriente começaram a ser invadidas pelos hititas e por outras tribos guerreiras,
os governadores egípcios pediram reforços militares e Ikhnaton, um “santo”,
recursou-se a envia-los e as nações dependentes do império depuseram os
governadores e se tornaram, para todos os efeitos, livres – quase que em um
momento, o Egito deixou de ser um vasto império e encolheu de volta a um
pequeno estado. O tesouro egípcio, que dependia dos tributos estrangeiros,
secou, a taxação caiu para o mínimo e a mineração de ouro parou. A
administração interna estava em caos quando Ikhnaton morreu.
Ikhnaton foi sucedido por seu genro Tutenkhamon, que mudou a capital de
volta para Tebas, fez as pazes com o poder sacerdotal e anunciou a volta dos
velhos deuses. Quanto ao resto, jamais teríamos ouvido falar dele se não fosse
pelos tesouros encontrados em sua tumba.
Outros faraós vieram, incluindo Ramsés II (o faraó do Êxodo, acredita-se).
Enquanto isso, o poder do clero continuava aumentando, até que, no reinado
do último raméssida (descendente de Ramses), o Sumo Sacerdote de Amon
usurpou o trono e o Egito se tornou uma teocracia estagnada
Uma a uma, as nações rivais pilharam o Egito até que, em 30 a.C., o Egito se
tornou uma província de Roma e desapareceu da História.
Por algum tempo, o Egito floresceu novamente quando os muçulmanos o
conquistaram, construíram Cairo sobre as ruínas de Memphis e a encheram de
mesquitas, mas essas são culturas estrangeiras e logo passaram também.

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