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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO


Departamento de Ciências da Saúde, Biológicas e Agrárias

Sistemática vegetal
Professor Luis Fernando Tavares de Menezes

Angiosperm Philogeny Group

O Angiosperm Philogeny Group, ou APG é um grupo de biólogos dos Estados


Unidos dedicados à classificação filogenética das Angiospermas, ora produzindo
informações e árvores filogenéticas próprias, ora compilando informações produzidas por
diferentes autores, com o objetivo de organizar em ordem filogenética, da maneira mais
natural e parcimoniosa possível.

Os trabalhos do APG surgiram em 1998, com a publicação da primeira árvore


filogenética abordando os grandes grupos de Angiospermas, baseados em seqüências
genéticas, principalmente de genes como rbcL (cloroplasto) e atpB (núcleo). Neste primeiro
trabalho, os pesquisadores detectaram um monofiletismo entre as Monocotiledôneas, mas
observaram serem as Dicotiledôneas um grupo parafilético. Dois clados distintos
encontravam-se situados na base da árvore filogenética: as chamadas Paleoervas, por serem
basicamente famílias de espécies herbáceas; as Magnoliideae, famílias predominantemente
arbóreas relacionadas a Magnoliaceae. O restante das Dicotiledôneas foi denominado
Eudicotiledôneas. Posteriormente notou-se a relação entre as Paleoervas, Magnoliideae e
Monocotiledôneas, por possuírem grãos de pólen monossulcados, enquanto as
Eudicotiledôneas possuíam grão de pólen primariamente trissulcado.

Desde então, a classificação proposta pelo APG se alterou grandemente em certos


aspectos, e as dificuldades de nomenclatura fizeram até mesmo com que alguns nomes de
táxons em desuso voltaram a ser propostos. A organização da árvore filogenética entre
monossulcados e trissulcados caiu à medida em que novos dados, sobretudo morfológicos,
anatômicos e fitoquímicos, além de novas seqüências de genes, passaram a ser
acrescentados. A posição das Angiospermas mais primitivas também mudou muito, e
famílias como Amborellaceae e Nymphaeaceae se alternaram na posição mais basal da
árvore.

O APG atualmente atualiza constantemente sua classificação, e a disponibiliza em


seu site oficial (abaixo). Em sua quarta versão, a árvore filogenética do APG posiciona 3
famílias como as mais basais (Aborellaceae, Nymphaeaceae e Austrobaileyaceae). As
Monocotiledôneas permanecem no momento como um grupo monofilético, intimamente
associado às famílias Ceratophylaceae e Chloranthaceae. As ordens próximas às
Magnoliales permanecem coesas, mas como um grupo à parte. As demais Dicotiledôneas
são denominadas Eudicotiledôneas. Dentro deste grande grupo, destacam-se as Rosideae e
Asterideae. Neste esquema de organização (realçado pelos autores como ainda não sendo
propriamente um Sistema de classificação), muitas famílias encontram-se ainda em posição
incerta, e algumas famílias pequenas dispõem de poucas informações. Há que se considerar
ainda que há táxons a serem descobertos, e que há grupos fósseis desconhecidos que
poderiam estabelecer ligações não detectadas pelas técnicas empregadas.

Informações complementares

Filogenia ou filogênese descreve a origem e a evolução das espécies. A tarefa


principal dos filogenistas é determinar os relacionamentos ancestrais entre espécies
conhecidas (tanto as que vivem quanto as extintas).

Na parte final do século XIX, a teoria da recapitulação, ou a lei biogenética de


Haeckel, foi amplamente aceita. Esta teoria foi expressa como a " a ontogenia recapitula a
filogenia", isto é, o desenvolvimento de um organismo reflete exatamente o
desenvolvimento evolutivo das espécies. Esta teoria perdeu apoiantes no início do século
XX por ser incompatível com a evolução e com a genética, estabelecidas por Charles
Darwin e Gregor Mendel, respectivamente

Um grão de pólen monossulcado é aquele que apresenta apenas uma abertura na sua
exina. É o tipo polínico predominante entre as Monocotiledôneas e alguns grupos basais
das antigas Dicotiledôneas. Acredita-se que seja o tipo mais primitivo de grão de pólen, do
qual todos os outros teriam sido originados. Esta teoria é corroborada pela paleontologia,
que constata a presença deste tipo de grãos de pólen e sua predominância desde os
primórdios da história evolutiva das Angiospermas.

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