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te CRISTA NORMAL mM ATHY Capitulo INDICE Prefacio Prefacio da Edic&o Inglesa ........000 Introdugao Os Apéstolos. A Separacgao e os Movimentos dos Apdstolos .........-rs-++ 45 Os Presbiteros Designados PCOS APGStOlOs cryrcravesecerceeeceseersteerotiesoreawecensees 67 As Igrejas Fundadas PelOs APSStOlOS sss issaisisssssscesssessssescestescsteccerssene 81 A Base da Unido e da Divisd0.,......ceseo 105 Ac Obra''é as Tgrepas iis sssanesatiariscriesessers 135 Ente Gs OBTGH OS sscr.cenrsenmsteneesssnsansetenarenienesn 157 A Questao das Finangas vcsssssssessessssessnes 179 A Organizacdo das Igrejas Locais ...ccevesssrsssesseereseiserteseeisoneses 209 Prefacio da Edicao Inglesa Apés a publicagao do meu livro em chinés, muitos missionérios pediram uma edigéo em inglés. Tive certa relutancia em concordar, pois pessoalmente preferiria ter traduzido os livros que melhor representam meu ministério, em vez deste que pode facilmente ser malcompreendido e motivo de controvérsia. Mas a intencao do Senhor parecia estar muito clara, e, nessa confianga, passei & tradugdo. O livro, como se apresenta agora, 6 uma edigdo grandemente condensada e ligeiramente revisada da edicgéo chinesa. Nem em expressdo nem em estilo ela é tao inglesa como eu gostaria, mas confio que, a esse respeito, possa contar com aindulgéncia dos leitores. Se tudo o que queremos € a verdade de Deus, entao a dificuldade de entender o livro nao deve constituir séria barreira para sua leitura. Por causa da imensidao do tema e da importancia de seus resultados, nao me foi facil escrever nem traduzir o livro. Uma vez que alguns assuntos tiveram de ser tratados em diversas partes do livro, seré necessario 1é-lo por completo para se obter um entendimento pleno. Se, por alguma dificuldade, aparentemente insuperavel, o livro for posto de lado antes da leitura completa, o resultado sera um falso Posicionamento; ao passo que, lendo-o por inteiro, muitas dificuldades, se nao todas, serao esclarecidas. Freqiientemente 4S perguntas que surgem em determinados pontos sao a A Vida Crista Normal da lereig 10 respondidas mais adiante — 4s vezes bem adiante. Portanto, para se fazer justiga ao livro, pede-se ao leitor que complete sua leitura antes de emitir julgamento. O livro nao visa a toda e qualquer pessoa. Ele € para os que tém responsabilidade no servi¢o do Senhor. Mas, mais do que isso, 6 para os que honestae verdadeiramente sao sérios para com, Deus, para aqueles cujo coragdo é aberto e nao tém a mente trancada nem preconceitos. O livro pode testar em alto gray a sinceridade e honestidade da pessoa; mas uma fome e desejo reais de conhecer a idéia completa do Senhor sustentarao uma leitura cuidadosa até o fim. Percebo claramente as muitas imperfeicdes do livro (nao se trata de modéstia, e, sim, de confissao); mas, apesar de todas elas, creio que o Senhor mostrou algo importante para todo o Corpo de Cristo. O assunto como um todo impressionara mais e mais o leitor e se tornara mais claro havendo uma contemplacao calma apés a primeira leitura. A porta nao deve ser fechada com uma batida de “Impossivel!” ou “Ideal, mas nao é pratico!” Com uma abertura pura de coragdo, sem argumentagao nem discussao, devemos dar ao Espirito da Verdade uma oportunidade, e, entao, aguilo que provém Dele fara com que todas as nossas Teagoes naturais peregam, e conheceremos a verdade, ¢ 4 verdade nos libertara! Quero lembrar meus leitores de que o livro nao foi feito para ser estudado de maneira hipotética. Tenho muitos cooperadores que foram enviados e hoje trabalham seguindo as linhas aqui indicadas, e ha um niimero maior de igrejas formadas € desenvolvidas nessa base!, Assim, 0 que é exposto nestas paginas nado é mera teoria ou ensinamento, mas algo que testamos de fato. ——— Ver Introducio Prefécio da Edicdo Inglesa = Uma das oragoes que tenho feito com respeito a este livro é que o Senhor o guarde dos que se opoem e que o usariam como mapa para atacar, e também dos que concordam e o usariam como manual de servico. Temo mais esses tiltimos do que os primeiros. Londres, abril de 1939 Watchman Nee eee Introducao IMPORTANTE PARA O ENTENDIMENTO DO LIVRO O contetido das paginas a seguir é a substancia de varias conversas com meus cooperadores mais jovens, durante conferéncias dadas recentemente em Xangai e Hankow. Quando as palavras foram faladas, no se tinha em vista este livro, mas ' apenas minha audiéncia imediata; e o fato de as mensagens terem sido dadas para a instrugdo de meus jovens colegas é responsavel por sua natureza intensamente pratica, e pela simplicidade do estilo adotado. Nessas duas conferéncias, buscamos primeiramente examinar o ensinamento da Palavra de Deus a Tespeito de Suas igrejas e de Sua obra, e, em segundo lugar, Tevisar nossas missdes anteriores 4 luz de nossas descobertas.* As conversas provaram ser valiosas para meus jovens irmaos, &, por terem tomado notas, as mensagens foram compartilhadas com outros, Isso resultou em muitos pedidos para que fossem Publicadas em forma de livro, Como as conferéncias foram assistidas principalmente por meus jovens cooperadores, senti a liberdade de instruf-los e aconselhé-los e de discutir com muita liberdade alguns assuntos muito intimos e, sem diivida, delicados. — 0 pronome nds & usado em todo o livro como entre cooperadores, pois foi usado dessa ™aneira pelos apdstolos no livro de Atos. A Visto Normal da Ipreja Crista “4 Se as mensagens fossem para uma peo or OU para publicagao, eu me teria sentido obrigado a omitir muitos assuntos que mencionamos, e a falar com um tom totalmente diferente, Naturalmente, hesitei quando me foi feita a sugestao de publicg- las, mas 0 Senhor deixou claro que essa era Sua intengao, por isso nao tive op¢ao senao concordar. Questionei a sabedoria de se preservar o estilo original das mensagens, com seu sabor de conselhos de um “irmao mais velho” e seu tom pessoal distinto; mas como muitos amigos testificaram da ajuda especial que receberam por meio das partes mais pessoais, percebi que o livro perderia seu maior valor se isso fosse eliminado. Portanto, embora eu tenha revisado um pouco as mensagens, elas ainda permanecem, tanto em contetido como em estilo, muito iguais as que foram originalmente dadas. Confiamos que os leitores deste livro tenham em mente que suas mensagens, da maneira como foram originalmente dadas, nunca foram dirigidas a eles. Dirigiam-se apenas ao circulo mais préximo de meus cooperadores mais intimos na obra, mas, a pedidos, compartilhamos nossas descobertas com o circulo maior de todos os nossos irmaos. O livro é algo privado que se torna publico; algo que originalmente era para poucos agora é estendido a muitos; portanto, esperamos que os leitores nos perdoem por qualquer coisa que parega inadequada para o grande piblico. Gostarfamos de mostrar aqui que lugar ocupam 0s ensinamentos deste livro no grande corpo da verdade divina, pols eles 86 tém valor se estiverem relacionados com ela, Nos tiltimos dezoito anos, o Senhor nos guiou por diversas experiéncias pat que aprendéssemos um pouco do principio e também do fato da cruz e da ressurreico, e aprender algo da vida de Cristo, 4° senhorio de Jesus, da vida coletiva do Corpo, da base do reino de Deus € de Seu propésito eterno. £ natural, portanto, que es5°° Hens tenham sido 0 encargo do nosso ministério. Mas 0 vinhe de Importante para 0 Entendimento do Livro 15 Deus precisa de um odre para conté-lo, No padrao divino, nada é deixado para o homem decidir. O proprio Deus providenciou omelhor odre para o Seu vinho, que ird conté-lo e preserva-losem perda, impedimento ou distorgao. Ele nos mostrou Seu vinho, mas também nos mostrou Seu odre. Nossa obra, em todos estes anos, tem sido segundo determinados principios; mas nunca, até agora, haviamos tentado defini-los ou ensiné-los, Antes, procuramos, no poder do Espirito, enfatizar as verdades que sao tao preciosas ao nosso coragao e que, cremos, tem mais a ver com a vida espiritual do cristao e 0 propésito eterno de Deus. Maso resultado pratico dessas verdades no servico ao Senhor nao é, de maneira alguma, sem importancia. Sem isso, tudo o que estana esfera teoricae todo desenvolvimento espiritual é impossivel. Portanto, queremos buscar, pela graga de Deus, nao apenas passar adiante Seu bom vinho, mas também o odre que Ele proveu para sua preservagdo. As verdades estabelecidas neste livro devem, portanto, ser consideradas em relagdo aquelas ensinadas nos dezoito anos do nosso ministério, e, conseqiientemente, nao como uma introducao a elas. No ambito destas paginas, foi impossivel lidar com todas as questées relacionadas com o assunto do livro. Ja tratei de algumas delas anteriormente, e de outras espero tratar mais tarde. 0 titulo do livro explica sua natureza.* Nao € um tratado de métodos missiondrios, mas uma revisdo da nossa obra passada a luz da vontade de Deus conforme descobrimos em Sua Palavra. O Senhor nos guiou bondosamente pelo Seu Espirito em nosso servico a Ele, mas gostariamos de ter clareza quanto aos fundamentos nos quais toda obra divina deve basear-se. Percebi que a necessidade primordial de meus irmaos mais novos era ser guiados pelo Espirito e receber Dele a revelaciio, mas nao podia *Lembremo-nos que 0 titulo original era “Acerca de Nossas Missdes”. (N. T.) 6 A Visdo Normal da Igreja Cristg ignorar a necessidade que tinham de uma base biblica sélida para todo o seu ministério. Portanto, conversamos a respeito de tudo que faziamos e como faziamos, e procuramos comparar nossa obra e métodos com o que Deus colocou diante de nés em Sua Palavra. Examinamos as razdes biblicas para os meios que empregavamos e ajustificagao biblica para o fim que buscavamos; e fizemos um memorando das varias ligdes que aprendemos pela observacao e pela experiéncia. Nao havia intengdo de criticar 0 labor de outros, ou até mesmo de fazer alguma sugestao a eles de como se deve conduzir a obra de Deus; buscdvamos simplesmente aprender pela Palavra de Deus, pela experiénciae pela observacao, a conduzir a obra nos dias vindouros, para que sejamos obreiros “aprovados por Deus”. Olivro esta escrito do ponto de vista de um servo que olha da obra para as igrejas. Ele nao trata do ministério especifico para o qual cremos que o Senhor nos chamou, mas apenas dos principios gerais da obra; nem trata da Igreja', que € o Seu Corpo, mas das igrejas locais e de sua relagdo com a obra. O livro nao toca os principios da obra, ou a vida das igrejas; mas é apenas uma revisdo das nossas missdes, como sugere o titulo. As verdades referidas neste livro foram aprendidas gradualmente e praticadas nos anos passados. Inimeros ajustes foram feitos 4 medida que recebfamos mais luz, e se permanecermos humildes e Deus ainda nos conceder misericérdia, cremos que haverd mais ajustes no futuro, O Senhor agraciou-nos com diversos colaboradores na obra, tendo sido todos enviados sobre a base mencionada neste livro, e, por meio do seu labor, muitas igrejas foram estabelecidas em diversas partes da China. Embora a5 condigées sejam muito diferentes nessas diversas igrejas, e 98 crentes relacionados com elas sejam também muito diferentes — ‘Em tado este livro, seriabom que oleitorfizesse distinc3o entre ostermos Tereja(com inicial mailiscula) ¢ igreja (com inicial miniscula) Importante para 0 Entendimento do Li 17 em seus antecedentes, educacio, posigao social e experiéncia espiritual — descobrimos que, sob o senhorio absoluto de Jesus, podemos ver o modelo celestial de formacio e governo da igreja, sendo, portanto, os métodos biblicos praticaveis e fratiferos. Enquanto o préprio livro pode parecer lidar com 0 aspecto técnico do cristianismo, queremos enfatizar aqui que nao temos em vista mera correcio técnica. E a realidade espiritual que buscamos. Mas a espiritualidade no é questao de teoria; ela sempre resulta na pratica, e 6 com espiritualidade em sua realizacao pratica que este livro lida. E-me enfadonho, senao repulsivo de fato, conversar com 0s que desejam perfeita exatidio exterior, ao passo que pouco se importam com o que é vital e espiritual. Métodos missionarios, como tais, nao me interessam absolutamente. Na verdade, é uma grande tristeza encontrar filhos de Deus que nao conhecem praticamente nada de quao detestavel € uma vida vivida pela energia natural do homem e conhecem pouco da experiéncia vital do encabecamento de Jesus Cristo, contudo sio sempre escrupulosamente cuidadosos visando chegar a uma exatidao absoluta de método no servico a Deus. Muitas vezes nos disseram: “Concordamos com vocés em tudo”. Longe disso! Na verdade, no concordamos com nada! Esperamos que este livro nao caianas miaos dos que desejam aperfeigoar seu trabalho aperfeicoando seus métodos, sem ajustar seu relacionamento com o Senhor; mas esperamos que ele tenha uma mensagem para os humildes que aprenderam a viver no poder do Espirito e ndo confiam na carne. E morte ter-se um odre sem vinho, mas é uma perda ter-se 0 vinho sem um odre. Devemos ter o odre depois de termos o vinho. Paulo escreveu a Epistola aos Efésios, mas também foi Capaz de escrever a Epistola aos Corintios; e Corintios apresenta- Nos as verdades de Efésios em expressao pratica. Sim, 0 escritor de Efésios também foi o escritor de Corintios! Contudo, por que A Visdo Normal da Iereja Crista 18 os filhos de Deus nunca tiveram qualquer contenda sobre as verdades de Efésios, mas sempre sobre as de Corintios? Porque a esfera de Efésios é celestial, e suas verdades sao puramente espirituais, de maneira que, se houver alguma diversidade de opiniao a respeito delas, nao se sente muito; mas os ensinamentos de Corintios sio praticos e tocam a esfera terrena, de maneira que Amenordiferencade opiniao, sente-se imediatamente umareacao. Sim, Corintios é muito pratico! E testa nossa obediéncia mais do que Efésios! Para os que conhecem pouco de vida e realidade, o perigo é enfatizar meramente a exatiddo exterior; mas para os que vida e realidade sao de suprema importancia, a tentacao é jogar fora os padrées divinos das coisas, considerando-os legalistas e técnicos. Eles sentem que tém o que é maior e que, por isso, podem muito bem dispensar o que é menor. O resultado é que, quanto mais espiritual for o homem, mais liberdade sente de fazer as coisas como lhe parecem corretas. Pensa que ele proprio tem autoridade para decidir as quest6es exteriores, e acredita que ignorar os mandamentos de Deus a respeito dessas questdes é indicacaio de que foi libertado do legalismo e que assim anda na liberdade do Espirito. Mas Deus nao apenas revelou as verdades relativas a nossa vida interior; Ele também revelou as verdades relativas A expressao exterior dessa vida. Ele se compraz com a realidade interior, mas ndo ignora sua expressio exterior. Ele nos deu Efésios, Romanos e Colossenses, mas também nos deu Atos, as Epistolas a Timéteo e as Epistolas aos Corintios. Podemos achar que basta que Ele nos instrua por meio de Romanos, Efésios ¢ Colossenses quanto 4 nossa vida em Cristo, mas Ele achou necessario instruir-nos por intermédio de Atos, Corintios e Timoteo quanto 4 maneira de fazer Sua obra e organizar Sua igreja. Deus nao deixou nada para aimaginacao ou vontade humana. O homem tem medo de utilizar um servo imprudente, mas Deus nao faz Importante para 0 Entendimento do Livro 19 Fe oe ee eee questao de usar um servo superprevidente; tudo o que Ele exige do homem é simples obediéncia. “Quem foi o seu conselheiro?” perguntou Paulo (Rm 11:34). O homem de bom grado aceitaria esse cargo, mas Deus nao precisa de conselheiro. Nao cabe a nds sugerir como achamos que deveria ser a obra divina, antes, devemos em tudo perguntar: “Qual é a vontade do Senhor?” Os fariseus limpavam o exterior do copo e do prato, mas deixavam o interior cheio de rapina e perversidade. Nosso Senhor os repreendeu por enfatizar demasiadamente as coisas exteriores, e ignorar as interiores; e muitos dentre o povo de Deus concluem, pela repreensio do Senhor, que basta enfatizar o lado interior da verdade espiritual. Mas Deus exige tanto a pureza interior quanto a exterior. Ter 0 exterior sem o interior é morte espiritual, mas ter o interior sem o exterior é apenas vida espiritualizada. E espiritualizacado nao é espiritualidade. Nosso Senhor disse: “Devieis, porém, fazer essas coisas sem nigligenciar aquelas!” (Mt 23:23). Nao importando quao insignificante possa parecer qualquer mandamento, ele é expresso da vontade de Deus; portanto, nunca ousamos lidar levianamente com ele. Nao podemos negligenciar 0 menor de Seus mandamentos impunemente. A importancia de Suas exigéncias pode variar, mas tudo o que é de Deus tem propésito eterno e valor eterno. Sem divida, a mera observancia de formas exteriores de servigo nao tem qualquer valor espiritual. Todas as verdades espirituais, quer pertencam 4 vida interior ou A vida exterior, sao passiveis de ser legalizadas. Tudo o que é de Deus ~ seja interior ou exterior ~ se for no Espirito é vida; se for na letra é morte. Portanto, a questao ndo é se é exterior ou interior, mas se esta no Espirito ou na letra. “A letra mata, mas 0 espirito vivifica” (2 Co 3:6). E nosso desejo aceitar e proclamar toda a Palavra de Deus. Anelamos ser capazes de dizer juntamente com Paulo: “Jamais deixei de vos anunciar todo o designio de Deus” (At 20:27). \ Buscamos seguir o guiar do Espirito de Deus, mas, ao mesmo tempo, buscamos prestar atengio aos exemplos que nos sio mostrados em Sua Palavra, O guiar do Espirito é precioso, mas se nado houver exemplo na Palavra é facil substituir o guiar do Espirito pelos nossos pensamentos faliveis e sentimentos infundados, sendo conduzidos ao erro sem perceber. Se nao estivermos preparados para obedecer a vontade de Deus em todos os sentidos, sera facil fazer as coisas contrariamente 4 Sua Palavra e ainda acreditar que somos guiados pelo Espirito. Enfatizamos a necessidade de seguir tanto o guiar do Espirito como os exemplos da Palavra, porque, comparando nossas maneiras com a Palavra escrita, podemos descobrir a fonte da nossa orientagao. O guiar do Espirito sempre estara em harmonia com a Biblia. Deus nao pode guiar um homem de uma maneira em Atos e de outra hoje. Nas coisas externas, o guiar pode variar, mas em principio é sempre o mesmo; porque a vontade de Deus é eterna e, portanto, imutavel. Deus é o Deus eterno; Ele nao ~. conhece o tempo, e Sua vontade e maneiras levam o selo da eternidade. Assim sendo, Deus nunca poderia agir de uma maneira em certa ocasido e de outra maneira mais tarde. As circunsténcias e casos podem diferir, mas em principio a vontade e maneiras de \ Deus sao hoje as mesmas que o foram nos dias de Atos. Deus disse aos israelitas: “Por causa da dureza do voss0 coragao é que Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres” (Mt 19:8), mas o Senhor Jesus disse: “O que Deus ajuntou nao o separe o homem” (Mt 19:6), Nao ha uma discrepancia aqui? Nao! “Por causa da dureza do vosso coracao é que Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas, nfo foi assim desde 0 principio” (Mt 19:8). Nao quer dizer que no principio era permitido, mais tarde foi proibido e, mais tarde ainda, voltou @ ser permitido, como se Deus fosse inconstante. Nao, © Senhor disse: “Nao foi assim desde o principio”, mostrando q¥® * | Importante para 0 Entendimento do Livro 21 vontade de Deus nunca mudou. Desde o principio até hoje é a mesma. Eis aqui um principio muito importante. Se quisermos conhecer a mente de Deus, devemos ver Seus mandamentos em Génesis e nao a Sua permissio mais tarde, porque toda permissao posterior tem sua explicagao: “Por causa da dureza do vosso coragao”. Ea vontade diretivade Deus que queremos descobrir, endo Sua vontade permissiva. Queremos ver qual foi o propésito de Deus desde o principio. Queremos ver as coisas como elas eram quando surgiram em toda sua pureza provenientes da mente de Deus, e nao o que elas se tornaram por causa da dureza do corago do Seu povo. Se quisermos entender a vontade de Deus a respeito de Sua Igreja, ndo devemos ver como Ele guiou Seu povo no ano passado, dez anos atrés ou cem anos atras; devemos, sim, tetornar ao principio, 4 “génese” da Igreja, para ver o que Ele falou e fez naquela época. F ali que encontramos a expressao mais elevada de Sua vontade. Atos é a “génese” da histéria da Igreja e a Igreja na época de Paulo é a “génese” da obra do | Espirito. As condigées na Igreja hoje sio grandemente diferentes das que havia naquela época, mas as condig6es atuais jamais deveriam ser nosso exemplo ou nosso guia autorizado. Devemos voltar ao principio. Apenas o que Deus estabeleceu como exemplo no principio é a Sua vontade eterna. E o padrao divino e nosso modelo para sempre. Pode ser necessdria uma explicagao sobre os exemplos que Deus nos deu em Sua Palavra. O cristianismo é edificado nao apenas sobre preceitos, mas também sobre exemplos. Deus tevelou Sua vontade, nao apenas dando ordens, mas fazendo determinadas coisas em Sua Igreja, para que nas eras vindouras Outros pudessem simplesmente olhar para o modelo e conhecer Sua vontade, Deus nao guiou Seu povo por principios abstratos © regulamentos objetivos, mas por exemplos concretos e b 22 A Visdo Normal da dertia C ita experiéncias subjetivas. Deus usa preceitos para ensinar Sey povo, mas um de Seus métodos principais de ensino € a historia, Deus nos diz como outros conheceram e fizeram Sua vontade, para que nés, olhando para a vida deles, possamos no apenas conhecer Sua vontade, mas também ver como fazé-la. Ele trabalhou na vida deles, produzindo neles o que Ele desejava, e convida-nos a olhar para eles para que saibamos o que Ele busca. Portanto, poderiamos nés afirmar que, porque Deus nio ordenou determinada coisa nao precisamos fazé-la? Se tivermos visto Seu lidar com os homens no passado, se tivermos visto como Ele guiou Seu povo e edificou Sua Igreja, ainda poderemos alegar ignorancia da Sua vontade? E necessario dizer a uma crianga como fazer todas as coisas? Sera que se deve mencionar separadamente cada coisa permitida e nao permitida? Nao ha muitas coisas que ela pode aprender simplesmente observando os pais ou irmaos mais velhos? Aprendemos mais rapidamente pelo que vemos do que pelo que ouvimos, e a impress&o é mais profunda em nés. E por isso que Deus nos deu muita historia no Antigo Testamento, eos Atos dos Apéstolosno Novo Testamento. Ele sabe que aprendemos melhor pelo exemplo do que por preceitos. Exemplos valem mais do que preceitos, porque os preceitos sao abstratos ao passo que os exemplos sio preceitos concretizados. Observando-os, nado apenas conhecemos 0s preceitos de Deus, mas temos uma demonstragao tangivel de seus efeitos. Se tentarmos eliminar os exemplos do cristianismo e deixar apenas seus preceitos, nao nos sera deixado muito. Os preceitos tém seu lugar, mas os exemplos nao tém lugar menos importante, embora, obviamente, aconformidade como modelo divino em coisas exteriores seja mera formalidade se nao houver correspondéncia com a vida interior. Para terminar, quero enfatizar que este nao é métodos missiondrios. Nao se deve desprezar os métodos, 2s ees um livro de Importante para o Entendimento do Livro 23 FO ee oe ee aa eee rene eT no servigo a Deus 0 que importa é o homem, e nao os métodos. Se o homem nao for correto, métodos corretos nao terao utilidade para ele ou para sua obra, Métodos carnais servem para homens carnais e métodos espirituais, para homens espirituais. Se homens carnais empregarem métodos espirituais, isso resultara apenas em confusao e fracasso. Este livro é para os que, tendo aprendido algo da cruz, conhecem a corrupgdo da natureza humana e buscam andar nao segundo a carne, mas segundo o Espirito. Sua meta é ajudar os que reconhecem o senhorio de Cristo em todas as coisas, e buscam servi-Lo da maneira que Ele mesmo mostrar € nao por escolha prépria. Em outras palavras, é escrito para os que ja estao em posigdo de receber os beneficios das verdades de Efésios, para que saibam expressar seu servico juntamente com as linhas tragadas em Corintios. Que nenhum de meus leitores use este livro como base para ajustes externos em sua obra, sem deixar que a cruz lide radicalmente com sua vida natural. Na obra de Deus tudo depende do tipo de obreiro enviado e do tipo de convertido produzido. Da parte do convertido, é essencial um verdadeiro novo nascimento do Espirito Santo e um telacionamento vital com Deus. Da parte do obreiro, é essencial que, além da santidade pessoal e doago para o servico, ele tenha um conhecimento experimental do significado do compromisso para com Deus e fé em Sua providéncia soberana, Caso contrario, nao importando quao biblicos sejam os métodos empregados, o tesultado sera vazio e derrota. Ao Senhor e ao Seu povo encomendo este livro, com a Oragdo de que Ele possa usé-lo para Sua gloria, como melhor Lhe parecer, Xangai, janeiro de 1938 Watchman Nee ee Capitulo Um OS APOSTOLOS Deus é um Deus de obras. Nosso Senhor disse: “Meu Pai trabalha até agora”. E Ele tem um propésito definido, para cuja realizaco direciona todas as coisas. Ele é o Deus que “faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” [Ef 1:11]. Mas Deus nao faz todas as coisas direta e pessoalmente. Ele opera por meio dos Seus servos. Entre os servos de Deus, os apéstolos sao os mais importantes. Busquemos na Palavra de Deus o que Ele tem para ensinar a respeito dos apdstolos. O PRIMEIRO APOSTOLO Na plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho ao mundo para fazer Sua obra. Ele é conhecido como 0 Cristo de Deus, ou seja, “o Ungido”. O termo “Filho” refere-se 4 Sua Pessoa; o nome “Cristo” refere-se ao Seu oficio. Ele era o Filho de Deus, mas foi enviado para ser o Cristo de Deus. “Cristo” é o nome ministerial do Filho de Deus. Nosso Senhor no veio 4 terra nem foi 4 cruz Por iniciativa prépria; Ele foi ungido e separado para a obra por Deus. Ele nao se autodesignou, mas foi enviado. Podemos vé-Lo com freqiiéncia no Evangelho de Jodo referindo-se a Deus, nao como “Deus”, ou o “Pai”, mas “Aquele que_me_enviou”. Ele tomou o lugar de um enviado. Se isso é verdadeiro no caso do - 26 A Vida Crista Normal dq lena Filho de Deus, nao deve muito mais ser aplicado aos Seus Servos? Se o proprio Filho nao devia tomar nenhuma iniciativana obr, a Deus, nao deveriamos nés também agir assim? O primeiro principio a se notar na obra de Deus é que todos 0s Seus obreirgs sio enviados. Senao houver comissionamento divino, nao poderg haver obra nenhuma. ~ A Biblia tem um nome especial para um enviado: apéstolo, O significado da palavra grega é “o enviado”. O préprio Senhor é o primeiro apéstolo porque foi o primeiro especialmente enviado por Deus; portanto, a Palavra refere-se a Ele como “o Apéstolo” (Hb 3:1). OS DOZE Enquanto cumpria Seu ministério apostélico na terra, oSenhor estava o tempo todo ciente de que Sua vida na came era limitada. Assim, enquanto seguia a obra que Lhe fora comissionada pelo Pai, Ele preparava um grupo de homens para continua-la depois de Sua partida. Esses homens também foram chamados de apéstolos. Eles nao eram voluntérios; eram enviados, Nunca é demais enfatizar que toda obra divina € por comissio, e no por escolha, ~ Dentre quais pessoas nosso Senhor escolheu os apéstolos? Eles foram escolhidos entre os discipulos. Todos os que foram enviados pelo Senhor ja eram discipulos. Nem todos os discipulos sao necessariamente apdstolos, mas todos 05 apéstolos sio necessariamente discipulos; nem todos e discipulos sdo escolhidos para a obra, mas 0s escolhidos 8° sempre selecionados entre os discipulos do Senhor. Um apéstolo, ent&éo, deve ter dois chamamentos: primeiramen' ele deve ser chamado para ser discipulo e, em segundo bees deve ser chamado para ser apéstolo. Seu primeiro cham é dentre os filhos do mundo para ser seguidor do Senhot os A dstolos a segundo chamamento é dentre os seguidores do Senhor para ser enviado Dele. Osapéstolos escolhidos pelo nosso Senhor em Seu ministério terreno ocupam lugar especial na Biblia, e também ocupam lugar especial no propésito de Deus, porque estiveram com o Filho de Deus quando Ele viveu em carne. Eles foram chamados nio apenas de apdstolos, mas de “os doze apéstolos”. Eles ocupam lugar especial na Palavra de Deus, e ocupam lugar especial no plano de Deus. Nosso Senhor disse a Pedro que um dia eles se assentariam “em tronos para julgar as doze tribos de Israel” (Le 22:30). O Apéstolo tem Seu trono, e os doze apdstolos também terao os seus. Esse privilégio nao foi dado aos demais apéstolos. Quando Judas perdeu seu oficio e Deus guiou os onze restantes a escolher alguém para completar o numero, lemos que langaram sortes ea sorte caiu sobre Matias, “sendo-lhe, entao, votado lugar com os onze apéstolos” (At 1:26). No capitulo seguinte, encontramos o Espirito Santo inspirando o escritor de Atos a dizer: “Entao, se levantou Pedro, com os onze” (2:14), que mostra que o Espirito Santo reconheceu Matias como um dos doze. Aqui vemos que o nimero desses apéstolos era fixo; Deus nao queria mais do que doze, nem menos. No livro de Apocalipse, vemos que a posico final que eles ocupam é também especial: “A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes 0s doze nomes dos doze apéstolos do Cordeiro” (Ap 21:14). Até Mesmo no novo céu e nova terra, os doze desfrutam lugar particularmente privilegiado, que nado é designado a nenhum outro obreiro de Deus. OS APOSTOLOS NOS DIAS BiBLICOS O Senhor, como apéstolo, era tinico, e os doze, como apéstolos, também eram exclusives; mas nem o Apéstolo nem os a A Vida Crista Normat dq Iereig doze apéstolos podiam viver na terra para sempre. Quando AOss0 Senhor partiu, Ele deixou os doze para continuar Sua obra, E agora que os doze partiram, quem esta aqui para leva-la a cabo? O Senhor se foi, mas o Espirito veio. O Espirito Santo Veio para assumir toda a responsabilidade pela obra de Deus na terra, O Filho trabalhava para o Pai; o Espirito trabalha para o Filho, O Filho veio para fazer a vontade do Pai; o Espirito veio para fazer a vontade do Filho. O Filho veio para glorificar 0 Pai; 9 Espirito veio para glorificar o Filho. O Pai designou Cristo para ser o Apéstolo; o Filho, enquanto estava na terra, designou os doze apéstolos. Agora, o Filho voltou para o Pai, e o Espirito esta na terra designando homens para ser apéstolos. Os apéstolos designados pelo Espirito Santo nado podem juntar-se 4s fileiras daqueles designados pelo Filho; contudo sao apéstolos. Os apéstolos de quem lemos em Efésios 4 claramente no sao os doze iniciais, pois estes foram designados enquanto o Senhor | ainda estava na terra, enquanto agueles tém sua designagao para | 0 apostolado apds a ascensao do Senhor: foram dons do Senhor Jesus 4 Sua Igreja apds Sua glorificagio. Os apéstolos de entao eram os seguidores pessoais do Senhor Jesus, mas os apéstolos de hoje sio ministros para a edificagéio do Corpo de Cristo. Devemos discernir claramente entre os apéstolos que foram testemunhas da ressurreicdo de Cristo (At 1:22, 26) eos que sao ministros para a edificagdo do Corpo de Cristo, pois este nao existia antes da cruz. Nao hé diivida de que, mais tarde, os doz | receberam a comissio efésia, mas, como os doze, eles er™ | bem diferentes dos apéstolos mencionados em Efésios. Bs!4 claro que naquela época Deus tinha outros apéstolos além dos doze iniciais, Imediatamente depois do derramamento do Espirito, os doze apéstolos levando a cabo a obra. Até Atos 12, ele za vistos como 0s principais obreiros; mas na abertura do capi vemos s era Mis Apo Bhan a eae aie danve eae ens eae7 treze, vemos 0 Espirito Santo come¢ando a manifestar-se como Agente de Cristo e Senhor da Igreja. Nesse capitulo, é-nos dito que em Antioquia, quando determinados profetas e mestres serviam a0 Senhor e jejuavam, o Espirito Santo disse: “Separai- me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13:2). Erao momento deo Espirito comecar a enviar homens. Nessa ocasiio, dois novos obreiros foram comissionados pelo Espirito Santo, Depois de esses dois terem sido enviados pelo Espirito, como eles foram chamados? Quando Barnabé e Paulo trabalhavam em Ic6nio, “dividiu-se o povo da cidade: uns eram pelosjudeus; outros, pelos apdstolos” (At 14:4). Os dois enviados no capitulo anterior, sdo, neste capitulo, chamados de apéstolos, e, no mesmo capitulo (v. 14), a designacio “os apéstolos” é usada em justaposicao a “Barnabé e Paulo”, o que é prova concludente de que os dois homens comissionados pelo Espirito Santo também eram apéstolos. Eles nfo estavam entre os doze; contudo, eram apéstolos. Quem, entio, sio os apéstolos? Sao obreiros de Deus, enviados pelo Espirito Santo para a obra a que Ele os chamou. A responsabilidade da obra esta nas mos deles. Falando de maneira geral, todos os cristaos sao responsaveis pela obra de Deus, mas os apdstolos sio um grupo de pessoas especialmente separadas para a obra. De maneira particular, a responsabilidade da obra esta sobre eles. Agora vemos 0 ensino da Biblia quanto aos apéstolos. Deus designou Seu Filho para ser Apéstolo; Cristo designou Seus discipulos para ser os doze apéstolos; eo Espirito Santo designou um grupo de homens (além dos doze) para ser os apéstolos edificadores do Corpo. O primeiro Apéstolo é tinico; ha ees um. Os doze apéstolos também formam um grupo proprio; ha somente doze. Mas ha outra ordem de apéstolos, escolhidos pelo Espirito Santo, e, enquanto prosseguir a edificacao da Igreja e fae atari See i IES ASAI rma ea continuar a presen¢a do Espirito Santo na terra, a escolha e envio dessa ordem de apéstolos também continuara. Encontramos na Palavra de Deus muitos outros apéstolos, além de Barnabé e Paulo. Ha muitos, que pertencem 4 nova ordem, escolhidos e enviados pelo Espirito de Deus. Em | Corintios 4:9 lemos: “Deus nos pds a nés, os apéstolos, em tltimo lugar”. A quem se referem as palavras “nés, os apdstolos”? O pronome “nés” implica a existéncia de, pelo menos, mais um além do escritor. Se estudarmos 0 contexto, veremos que Apolo estava com Paulo quando ele escreveu (v. 6), e Sdstenes era co- autor da epistola com Paulo. Assim, parece claro que o “nés” aqui refere-se oua Apolo, ou a Séstenes, ou a ambos. Donde se conclui que um deles ou ambos devem ter sido apéstolos. Romanos 16:7 diz: “Saudai Andrénico e Jinias, meus parentes ecompanheiros de prisdo, os quais sao notaveis entre os apostolos”. A frase “os quais sdo notaveis entre os apéstolos” nao significa que eles eram considerados notaveis pelos apéstolos, mas que, dentre os apéstolos, eles eram notdveis. Aqui temos nado apenas outros dois apéstolos, mas outros dois apdstolos notaveis. Primeira aos Tessalonicenses 2:6 diz: “Podiamos, como apéstolos de Cristo, ser-vos pesados” (VRC). A primeira pessoa do plural aqui indica claramente os escritores da carta aos tessalonicenses, isto é, Paulo, Silvano e Timéteo (1:1), o que indica que os dois jovens cooperadores de Paulo também eram apéstolos. Primeira Corintios 15:5-7 diz: “E apareceu a Cefas e, depois, aos doze. Depois, foi visto por mais de quinhentos irmaos de uma s6 vez (...). Depois foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apdstolos”. Além dos doze apdstolos, havia um grupo conhecido como “todos os apéstolos”. E 6bvio, entio, que além dos doze, havia outros apéstolos. Paulo nunca disse que era o ultimo apéstolo e depois dele nao havia outros. Leiamos cuidadosamente o que ele disse: “E, fina, Os Apéstolos 37 Os_Apastorgs - depois de todos, foi visto também por mim (...). Porque eu sou 0 menor dos apdstolos, que mesmo nao sou digno de ser chamado ; apéstolo” (1 Co 15:8-9). Note como Paulo usou as palavras “afinal” e “menor”. Ele nao disse que era o ultimo apéstolo, mas o menor dos apéstolos. Se fosse o ultimo, nado poderia haver. apéstolos depois dele, mas ele era o menor. O livro de Apocalipse diz da igreja em Efeso: “Puseste 4 prova os que a si mesmos se declaram apéstolos e nao sao, e os achaste mentirosos” (2:2). Esse versiculo parece deixar claro que as primeiras igrejas tinham a expectativa de haver outrosapéstolos além dos doze originais, porque, quando o livro de Apocalipse foi escrito, Joo era o tinico sobrevivente dos doze, e nessa ocasido até mesmo Paulo j4 havia sido martirizado. Se deveria ter havido somente doze apéstolos, sendo Joao 0 unico que restou, ninguém seria tolo o suficiente para assumir a posigado de apéstolo, e ninguém seria suficientemente tolo para ser enganado; portanto, que necessidade haveria de coloca-los 4 prova? Se Joao fosse o nico apéstolo, colocd-los 4 prova seria de fato muito simples! Qualquer pessoa que nio fosse Jodo nao seria apdstolo! O SIGNIFICADO DE APOSTOLADO Uma vez que osignificado da palavra “apdstolo” é“enviado”, o significado de apostolado é muito evidente, ou seja, 0 oficio do enviado. Apéstolos nao sao primordialmente homens com dons especiais; eles sio homens com comissao especial, Toda o que é enviado por Deus é apdstolo. Muitos chamados de Deus nao siio t2o dotados como Paulo, mas, se receberam um comissionamento de Deus, sio verdadeiramente tio apéstolos como Paulo 0 foi. Os apéstolos eram homens dotados, mas seu apostolado nao era baseado nos seus dons; era baseado em seu comissionamento. E claro que Deus nao enviaré nenhuma pessoa que nao esteja = A Vida Crista Normal da Tereig equipada, maso equipamento nao constitui o apostolado, Se Deus quisesse enviar um homem totalmente desequipado, esse homem seria tao apéstolo como alguém plenamente equipado, uma vez que 0 apostolado nao esta baseado em qualificagdo humana mag no comissionamento divino. E inttil alguém assumir o offcio de apéstolo simplesmente porque pensa ter os dons ou a capacidade necessdrios. E preciso mais do que simplesmente dons e capacidade para tornar homens em apéstolos; € preciso nada menos que o préprio Deus, a vontade de Deus e o chamamento | de Deus. Homem nenhum pode chegar ao apostolado por meio | de qualificagGes naturais. Se ele tiver de ser apéstolo, Deusterd de fazé-lo. Se um homem tera ou nao valor espiritual, e se sua obra tera ou nao finalidade espiritual, depende de Deus enviar. “Um enviado de Deus” deve ser a principal caracteristica de entrarmos em Seu servico, e de todo o nosso mover subseqiiente. Voltemo-nos 4 Biblia. Em Lucas 11:49 lemos: “Enviar-lhes: ei profetas e apéstolos, e a alguns deles matarao e perseguirao”. De Génesis a Malaquias nao encontramos ninguém que tenha sido chamado explicitamente de apdstolo; contudo, os homens quem a Palavra se refere como apéstolos viveram entre a 6poca de Abel e Zacarias (v. 51). Portanto, esta claro que até mesmo na época do Antigo Testamento Deus tinha Seus apéstolos. Nosso Senhor disse: “Nao é 0 servo maior do que seu senhor, nem 0 enviado, maior do que aquele que o enviou” (Jo 13: 16). (0 termo enviado é literalmente apéstolo.] Aqui temos uma definig#0 do termo “apastolo”, Ele implica ser enviado; isso é tudo. Nao importa qudo boa seja a intengao humana, ela nunca pode substituir o comissionamento divino. Hoje os que foram enviados peloSenhor para pregar o evangelho eestabelecerigrejas coe se de missionarios, e nao de apéstolos; mas o termo “missionan’ significa o mesmo que “apéstolo”, ou seja, “enviado« ONVge ec: 0 Missiondrio” é a forma latina da palavra grega apéstolas. Com Os Apéstolos 33 oO significado das duas palavras é exatamente 9 mesmo, nao consigo ver o motivo pelo qual os verdadeiros enviados de hoje preferem chamar-se missionarios em vez de apéstolos. OS APOSTOLOS E O MINISTERIO “E a graca foi concedida a cada um de nés segundo a proporcaio do dom de Cristo. Por isso, diz: Quando ele subiu as alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens. Ora, que quer dizer subiu, sendo que também havia descido as regides inferiores da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas. E ele mesmo concedeu uns para apdstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeigoamento dos santos para o desempenho do seu servico, para a edificagéio do corpo de Cristo, até que todos cheguemos 4 unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, a perfeita varonilidade, 4 medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:7-13). HA muitos ministérios relacionados com o servigo de Deus, mas Ele escolheu alguns homens para um ministério especial: o ministério da Palavra para a edificagdo do Corpo de Cristo. Uma vez que esse ministério é diferente dos demais, referimo-nos a ele como “o ministério”. Esse ministério é confiado a um grupo de pessoas das quais os apéstolos sao as principais. Nao se trata de um ministério de um s6 homem, nem de todos og homens, mas de um ministério baseado nos dons do Espirito Santo e num conhecimento experimental do Senhor. mies Apéstolos, profetas, evangelistas, e pastores e mestres sio dons do nosso Senhor para Sua Igreja, para servir no ministério. Estritamente falando, pastores e mestres é um s6 dom e nao dois, Porque ensinar e pastorear estao intimamente relacionados. Ao ene A Fe Nore ge rg enumerar os dons, apéstolos, profetas e evangelistas sao mencionados separadamente, enquanto pastores e mestres estag vinculados. Além disso, os trés primeiros sao precedidos cada um pelos substantivos “uns” ou “outros”, 20 passo que o substantivo “outros” esta ligado a pastores e mestres de maneira tinica; assim temos “uns para apéstolos”, “outros para profetas”, “outros para evangelistas” “e outros para pastores € mestres”, € nao “outros para pastores” “e outros para mestres”. O fato de a palavra que foi traduzida por “uns” ou “outros”! ter sido usada somente quatro vezes nesta lista, indica que ha somente quatro classes de pessoas em questao. Pastores e mestres sao dois em um. _Pastorear e ensinar podem ser considerados um s6 ministério, porque os que ensinam também devem pastorear, e os que pastoreiam também devem ensinar. Os dois trabalhos esto inter- relacionados. Além disso, a palavra “pastor” aplicada a uma pessoa nao é encontrada em nenhuma outra parte do Novo Testamento, embora o termo “mestre” seja usado em outras quatro ocasides. No Novo Testamento encontramos referéncia noutro lugar a apéstolo (por exemplo: Paulo), e a profeta (por exemplo: Agabo), a evangelista (por exemplo: Filipe) e a mestre (por exemplo: Manaém), mas em nenhum lugar da Palavra de Deusencontramosalguém apresentado como pastor. Isso confirma o fato de que pastores e mestres sio a mesma classe de homens. Mestres sio homens que receberam o dom de ensinar. Ess? nfio é um dom miraculoso, mas um dom da graca, que justifica 9 fato de ter sido omitido da lista de dons miraculosos e™ 1 Corintios 12:8-10, e incluido na lista de dons da graga &™ Romanos 12. £ um dom da graga que capacita os que 0 em entender os ensinamentos da Palavra de Deus, ¢ a discernir Seus propésitos, e, assim, os equipa para instruir Seu povo emassuntos ‘A mesma palavra no grego. (N.T) Os Apéstolos 35 doutrinarios. Na igreja em Antioquia havia diversas pessoas assim equipadas; Paulo estava entre elas. E pela operagao de Deus que tais homens sao “estabelecidos na igreja”, ¢ sua posigao € préxima 4 dos profetas. Um mestre é um individuo que recebeu de Deus o dom de ensinar, e foi dado pelo Senhor 4Sua Igreja para edificagdo. O trabalho de um mestre é interpretar para os outros asverdadesa elesreveladas, guiaropovo de Deusao entendimento da Palavra e encorajé-los a buscar e receber por si mesmos revelagao divina por meio da Biblia, Sua esfera de trabalho é principalmente entre osfilhos de Deus, embora, as vezes também ensinem aos nio salvos (1 Tm 4:11; 6:2; 2 Tm 2:2; At 4:2-18; 5:21, 25, 28, 42). Seu trabalho é mais de interpretagao do que de revelacdo, enquanto o trabalho dos profetas é mais de revelacao do que de interpretagao. Eles buscam guiar os cristdos ao entendimento da verdade divina, e levar os incrédulos ao entendimento do evangelho. Os evangelistas também sao dom do nosso Senhor para Sua Igreja, mas quaissejam exatamente seus dons pessoais nao sabemos. A Palavra de Deus nao fala de nenhum dom evangelistico, mas se tefere a Filipe como evangelista (At 21:8), e Paulo numa ocasiao encorajou Timéteo a fazer o trabalho de evangelista e a cumprir cabalmente o seu ministério (2 Tm 4:5). Além dessas trés passagens, © substantivo evangelista ndo é encontrado na Biblia, embora encontremos freqtientemente o verbo derivado da mesma raiz. Na Palavra de Deus, o lugar dos profetas é mais claramente definido do que o dos mestres e dos evangelistas. A profecia é mencionada entre os dons da graca (Rm 12:6), e € encontrada novamente entre os dons miraculosos (1 Co 12:10). Deus estabeleceu profetas na Igreja universal (1 Co 12:28), mas também deu profetas para o ministério (Ef 4:11). Ha tanto o dom de profecia quanto 0 oficio de profeta. Profecia é tanto um dom Miraculoso como dom da graca. O profeta é tanto alguém posto por Deus em Sua Igreja para ocupar 0 oficio profético, como alguém dado pelo Senhor a Sua Igreja para o ministério, Entre as quatro classes de pessoas dotadas, concedidas pelo Senhor 4 Sua Igreja para edificagdo, os apdstolos sao bem diferentes das outras trés. A posigio especial ocupada pelos apéstolos é ébvia para qualquer leitor do Novo Testamento, Eles foram especialmente comissionados por Deus para fundar igrejas por meio da pregagéo do evangelho, levar revelacao de Deus para o Seu povo, tomar decis6es em assuntos pertinentes a doutrina e administragio, e aperfeigoar os santos e distribuir os dons. Tanto espiritual como geograficamente, sua esfera de acao é ampla. Est claro na Palavra que sua posi¢ao é superior 4 dos profetas e mestres: “A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente apéstolos” (1 Co 12:28). Os apéstolos pertencem ao ministério, mas sido bem diferentes dos profetas, evangelistas e mestres, porque, diferentemente destes trés, nao é o dom deles que determina seu oficio; ou seja, nao sao constituidos apéstolos por terem recebido um dom apostélico. E importante notar que 0 apostolado é um oficio, e nao um dom. Oficio é o que serecebe como resultado decomissionamento; dom é 0 que se recebe com base na graga. “Fui designado (..) apéstolo” (1 Tm 2:7). “Eu fui designado (..) apéstolo” (2Tm 1: 11). Vemos aqui que os apdstolos sao comissionados, Ser apdstolo néo esta sujeito a receber dom apostélico, mas 4 receber comissionamento apostélico. Um apéstolo tem chamamento © comissionamento especiais. I nisso que ele difere dos outros Her ministros, embora possa também ter recebido o dom profético es" tanto profeta como apéstolo. Seu dom pessoal faz dele profeta, ae é 0 comissionamento, e nao um dom, que faz dele apéstolo: ~" eus dons demais ministros pertencem ao ministério por causa des spe ; iado. A um apéstolo pertence ao ministério por ter sido enviad Os Apéstolos a ee quelificagao deles € ter dons; adeleé ter dons e mais chamamento e comissionamento especiais, ee Um apéstolo pode ser profeta ou mestre, Se precisar exercit seu dom de profecia ou de ensino na igreja local, ele o faz na qualidade de profeta ou mestre, mas quando exercita seus dons em outros lugares, ele ofazna qualidade de apdstolo. Oapostolado implica ser enviado por Deus para exercitar dons de ministério em diversos lugares. E de menor importancia para seu oficio o dom pessoal do apéstolo, mas é essencial o fato de ter sido enviado por Deus. Um apéstolo pode exercitar seus dons espirituais em qualquer lugar, mas nao seus dons apostélicos, porque é apéstolo por oficio e nao por dom. Contudo, os apéstolos tém dons pessoais para o seu ministério. “Havia na igreja em Antioquia profetas ¢ mestres: Barnabé, Simedo, por sobrenome Niger, Liicio de Cirene, Manaém, colago de Herodes, 0 tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espirito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13:1-2). Esses cinco homens tinham os dons de profetizar e ensinar, um dom miraculoso e um dom da graga. Daquele grupo de cinco, dois foram enviados pelo Espirito para outras partes, e ¢rés foram deixados em Antioquia. Como ja vimos, os dois enviados passaram a ser chamados de apdéstolos. Eles nao receberam nenhum dom apostdlico, mas comissionamento apostolico. Seus dons os qualificavam a ser profetas e a mas foi seu comissionamento que os qualificou a ser apéstolos. Os trés que permaneceram em Antioquia ade eram profitas € mestres, e nao apdstolos, simplesmente porque nao Sos ot enviados pelo Espirito. Os dois tornaram-se apéstolos, Hag porque receberam algum dom além dos de profecia f wae Mas porque receberam um oficio adicional como resultado de ar seu comissionamento. Os dons dos cinco eram iguais, mas dois A Vida Crista Normal da Igreja 38 receberam comissionamento divino além de seus dons, e isso os qualificou para o ministério apostélico. Por que, entéo, a Palavra de Deus diz: “E ele mesmo concedeu uns para apéstolos”? O apostolado aqui nao é um dom dado ao apéstolo, mas a igreja; nado é um dom espiritual dado ao homem, mas um homem dotado dado 4 Igreja. Efésios 4:11 nao diz que o Senhor concedeu dom apostslico a alguma pessoa, mas concedeu homens, como apdstolos, 4 Sua Igreja. Os homens receberam dons do Espirito, que os qualificaram a se tornar profetas e mestres, mas nenhum homem jamais recebeu dom espiritual que o qualificasse a ser ap6stolo. Os apéstolos sao uma classe de pessoas que a Igreja recebeu como dom do nosso Senhor para sua edificagao. Os dons referidosnessa passagem nao sao dados pessoalmente aos homens, mas dados pelo Senhor 4 Sua Igreja, e sao obreiros dotados que o Senhor da Igreja concede 4 Sua Igreja para sua edificagao. A Cabega daa Igreja, que é o Seu Corpo, determinados homens para servir o Corpo e edificé-lo. Devemos diferenciar os dons dados pelo Espirito a pessoas individualmente e agueles dados pelo Senhor @ Sua Igreja. Uns sao dados aos cristaos pessoalmente; outros, aos cristaos coletivamente. Uns sao coisas, e outros sio pessoas. Os dons dados pelo Espirito a pessoas individualmente sio seu equipamento para servir o Senhor profetizando, ensinando, falando em linguas e curando os doentes; os dons dados pelo Senhor & Sua Igreja como o Corpo sao as pessoas que possuem os dons do Espirito. “Porque a um é dada, mediante o Espirito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espirito, a palavra do conhecimento; a outro, no mesmo Espirito, a fé; e a outro, nO mesmo Espirito, dons de curar; a outro, operagdes de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espiritos, 4 uns variedade de linguas; e a outro, capacidade para interpret-las éstolos ir pp bielets “6S SS ee oe ee (1 Co 12:8-10). Essa passagem nos da uma lista de todos os dons | que o Espirito Saul Gen aos homens, mas nao inclui nenhum dom apeutehien: ; A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente apéstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de cure Scots governos, variedades de linguas” (1 Co 12:28). A primeira passagem relaciona os dons dados a individuos; a segunda, os dons dados A Igreja. Na primeira nao ha mengao de nenhum dom apostélico; na segunda vemos que | os apéstolos encabegam a lista dos dons de Deus para a Igreja. | Isso nao significa que Deus concedeu a Sua Igreja o dom do apostolado, mas deu-lhe homens que sao apdstolos; e nao deu os dons de profecia e ensino 4 Sua Igreja, mas alguns homens como profetas e outros como mestres. Deus estabeleceu diversos tipos de obreiros em Sua Igreja para sua edificagao, um dos quais siio os apdstolos. Eles nao representam determinado tipo de dom; representam determinada classe de pessoas. A diferenga entre os apdstolos ¢ os profetas e mestres é que estes dois representam tanto os dons dados pelo Espirito a pessoas individualmente como os dons dados pelo Senhor 4 Sua Igreja, ao passo que os apéstolos sao homens dados pelo Senhor a Sua Igreja, mas nao representam nenhum dom do Espirito pessoal ou especial. “A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apéstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres” (1 Co 12:28). Que igreja é essa? Compreende todos os filhos de Deus; portanto, trata-se da Igreja universal. Nessa Igreja Deus estabeleceu “primeiramente, ae: em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres’- Em 1 Corintios 14:23 lemos que toda a igreja se reine. Que igreja é essa? E cal, pois a Igreja universal nao pode obvi da igrejalo : Obvio que se trata da igre] E na igreja local que os irmaos reunir-se numa s6 cidade. ii A Vida Crista Normal da Ipreja exercitam seus dons espirituais. Um pode ter salmo; outro, ensinamento; outro, revelacao; outro, lingua; e outro, interpretagaig (14:26), porém, mais importante do que tudo isso é o dom da profecia (14:1). No capitulo doze, os apéstolos precediam os demais ministérios, mas no capitulo catorze, a precedéncia é dos profetas. Na Igreja universal, os apéstolos estéo em primeiro lugar, mas na igreja local esse lugar pertence aos profetas. Como pode ser que os profetas tomem o primeiro lugar na igreja local, uma vez que na Igreja universal ocupam apenas 0 segundo lugar? Porque na Igreja universal nao se trata dos dons pessoais dados pelo Espirito, mas dos ministros como dons de Deus para a Igreja, e dentre esses, os apdstolos esto em primeiro lugar; mas na igreja local a questao é dos dons pessoais dados pelo Espirito, e dentre eles, o dom de profecia é o principal, porque é 0 mais importante. Lembremo-nos de que o apostolado nao é dom pessoal. A ESFERA DA OBRA DELES A esfera da obra de um apéstolo 6 muito diferente da dos outros trés ministros especiais. O fato de os profetas e mestres exercitarem seus dons na igreja local é visto na afirmagao: Havia na igreja em Antioquia profetas e mestres”. Pode-se encontrar profetas e mestres na igreja local, mas nao apéstolos, porque foram chamados para ministrar em lugares diferentes, enquanlo DI srio dos profetas e mestres esta restrito auma s6 localidade (1 Co 14:26, 29). Quanto aos evangelistas, nao conhecemos sua esfera especial, uma vez que pouco é falado a respeito deles na Palavra de Devs, mas a histéria de Filipe, o evangelista, derrama alguma tuz sobre essa classe de ministros. Filipe deixou sua propria localidade ¢ pregava em Samaria, mas, enquanto ele fazia ali uma boa obt® 0 Espirito nao desceu sobre nenhum dos convertidos. Somenté oe ——_—_— Os Apextalos oe ee quando os apdstolos chegaram de Jerusalém ¢ impuseram as Espirito foi derramado, Isso parece indicar que a pregagio local do evangelho ¢ obra de evangelista, mas a pregagdo universal do evangelho é obra de apdstolo. Isso nao implica que os labores de evangelista sejam necessariamente restritos a um lugar, mas significa que é sua esfera corriqueira, Igualmente, o profeta Agabo profetizou em outro lugar, mas sua esfera de obra era sua propria cidade, nidos sobre cles é que oI A EVIDENCIA DO APOSTOLADO Seri que ha alguma evidencia de que a pessoa é de fato comissionada por Deus para ser apéstolo? Em 1 Corintios 9:1-2, Paulo lida com nossa pergunta ao escrever para os santos corintios, &, por sua argunentagio, é Gbvio que o apostolado tem suas credenciais. “Porque vés sois o sclo do meu apostolado no Senher”, ele escreve, como se dissesse: “Se Deus nao me tivesse enviado a Corinto, vocés nio estariam salvos hoje, e nado haveria igreja em se manifestara no fruto de seus labores. Onde houver a comissio de Deus, ali haverda autoridade de Deus; onde houveraautoridade de Deus, ali havera o poder de Deus; e onde houver o poder de Deus, ali haverd frutos espirituais. O fruto do nosso labor prova a validade do nosso comissionamento. Contudo devemos notar que a idéia de Paulo nfio é de que o apostolado implique intimeros Convertidos, mas de que representa valores espirituais para 0 Senhor, pois Ele jamais poderia enviar alguém com propésito menor, O Senhorbuscavalores espirituais, co objetivo doapostelado € garanti-los. Nesse caso, os corintios representam esses valores. Mas acaso Paulo nao disse aqui: “Nio vi Jesus, nosso Senhor?”? Entio, somente os que viram o SenhorJestsem Suas manifestagdes da ressurreicaio é que estio qualificados para se tornar apéstolos? ie A Vida Crista Normal da dereia Sigamos cuidadosamente o curso da argumentacao de Paulo. No versiculo 1, ele faz quatro perguntas: 1) “Nao sou eu, porventura, livre?” 2) “Nao sou apéstolo?” 3) “Nao vi Jesus, nosso Senhor?” 4) “Acaso nao sois frato do meu trabalho no Senhor?” Uma resposta afirmativa as quatro perguntas era certa, pois o caso de Paulo exigia tal resposta, Note que, ao continuar sua argumentacio no versiculo 2, Paulo abandona duas de suas perguntas e prossegue com as outras duas. Ele abandona a primeira ea terceira, e tomaa segunda e a quarta, vinculando uma 4 outra. Seguindo seu raciocinio, ele deixa de lado: “Nao sou eu, porventura, livre?” e “Nao vi Jesus, nosso Senhor?” e responde as perguntas: “Nao sou apéstolo?” ¢ “Acaso nao sois fruto do meu trabalho no Senhor?” Paulo buscava claramente demonstrar a autenticidade de seu comissionamento pela béncao que alcancaram seus labores, e nao pelo fato de ele ser livre ou de ter visto o Senhor, Das quatro perguntas feitas por Paulo, trés estdo relacionadas com a sua pessoa e uma com a sua obra. Essas trés esto no mesmo plano, ¢ sao muito independentes uma da outra. Paulo nao argumentava que, por ser livre e por ser apéstolo, ele havia visto o Senhor. Nem que, por ser um apostolo, ele vira o Senhor e, portanto, era livre. Tampouco procurava demonstrar que era livre e havia visto o Senhor, e, portanto, era apdstolo. Os fatos sao que ele eralivre, era apdstolo e haviavisto o Senhor. Estes fatos ndo estavam essencialmente conectados um com 9 outro, e é um absurdo conecté-los. Seria tao razoavel afirmar que o apostolado de Paulo estava baseado no fato de ele ser livre, como no fato de ele ter visto o Senhor. Se ele nao tentava provar seu apostolado pelo fato de sua liberdade, tampouco tentava prové-lo pelo fato de ter visto o Senhor. O apostolado nao esta baseado no fato de se ter visto o Senhor em Suas manifestagdes da ressurrei¢ao. Qual, entdo, é o significado de 1 Corintios 15:5-9? = apareceu a Cefas e, depois, aos doze. Depois, foi visto por mS de quinhentos irmaos de uma s6 vez, (...) depois, foi visto por Tiago, mais tarde por todos os apéstolos e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim”, O objetivo desta passagem no é produzir evidéncia do apostolado, mas evidéncia da ressurreicaio do Senhor. Paulo registra as diversas pessoas a quem o Senhor apareceu ele nZo ensina que efeito causou nessas pessoas Sua aparic¢ao. Cefas e Tiago viram o Senhor, mas eles eram Cefas e Tiago depois que viram o Senhor, assim como eram Cefas e Tiago antes de té-lo visto; nao foi pelo fato de terem visto o Senhor que se tornaram Cefas e Tiago. O mesmo se aplica aos doze apéstolos e aos quinhentos irmaos. Ver o Senhor nio os constituiu apéstolos. Eram doze apéstolos antes de terem visto o Senhor. O mesmo raciocinio se aplica no caso de Paulo. Os fatos eram que ele havia visto o Senhor e era o menor dos apdstolos; mas nao foi ofato de ter visto o Senhor que o constituiu o menor dosapéstolos. Os quinhentos irmaos nao eram apéstolos antes de terem visto o Senhor nem passaram a sé-lo depois. Ver o Senhor em Suas manifestagdes de ressurreigio nao os constituiu apostolos. Eles eram simplesmente irmaos antes, e continuaram sendo simplesmente irmaos depois. A Palavra de Deus nao ensina em nenhum lugar que ver o Senhor é a qualificac3o para o apostolado, Mas 0 apostolado tem suas credenciais, Em 2 Corintios 12:11-12, Paulo escreve: “Em nada fui inferior a esses tais apdstolos(...) Poisas credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vés, com toda a persisténcia, por sinais, prodigios e Poderes miraculosos”. Havia evidéncia abundante da autenticidade do comissionamento apostélico de Paulo; e os Sinais de um apéstolo nunca faltarao onde de fato houver um chamamento apostélico. A partir da passagem acima, inferimos que a evidéncia do apostolado estd em um poder duplo: espiritual © miraculoso, Persisténcia é a maior prova de poder espiritual, e &um dos sinais de um apéstolo. E a capacidade de perseverar sob é: A Vida Crista Normal dg Terejag pressio constante quetestaarealidadedo chamamento Apostolico, Um verdadeiro apéstolo precisa ser “fortalecido com todo g poder, segundo a forca da sua gloria, em toda a perseveranca ¢ longanimidade; com alegria” (Cl 1:11). Sim, no se Tequer nada menos do que “todo o poder, segundo a fora da sua gloria” para produzir “toda a perseveranca e longanimidade, com alegria”, Mas a realidade do apostolado de Paulo nio foi atestada apenas por sua perseveranga paciente sob pressdo intensa e prolongada; foi evidenciada também pelo poder miraculoso que ele tinha, Poder miraculoso para mudar situagGes no mundo fisico é uma manifestagéo necessaria do nosso conhecimento de Deus na esfera espiritual, e isso se aplica ndo apenas 4s terras gentias, mas a todas as terras. Afirmar ser enviados do Deus onipotente e ficar impotente diante de situagdes que desafiam Seu poder sdo uma triste contradi¢do. Nem todos os que podem operar milagres sio apéstolos, pois os dons de cura e de operagdo de milagres sio dados aos membros do Corpo (1 Co 12:28) que nao tém qualquer comissao especial, mas o poder miraculoso assim como o espiritual é parte do equipamento de todos os que tém um verdadeiro comissionamento apostélico. MULHERES APOSTOLOS As mulheres tém algum lugar entre os apéstolos? A Biblia indica que sim. Nao havia mulheres entre os doze que foram enviados pelo Senhor, mas uma mulher é mencionada entre 05 apéstolos que foram enviados pelo Espirito depois da ascensao th Senhor. Romanos 16:7 fala de dois apéstolos notaveis: Andronico e Junias, e as melhores autoridades concordam que “Jinias” ¢U™ nome feminino. Portanto, aqui temos uma irma como apéstolo, €um apéstolo notavel. Capitulo Dois Sees A SEPARACAO E OS MOVIMENTOS DOS APOSTOLOS ANTIOQUIA: A IGREJA MODELO A igreja em Antioquia é a igreja modelo, mostrada a nés na Palavra de Deus, porque foi a primeira a vir 4 existéncia apés a fundagiio das igrejas relacionadas com os judeus e os gentios. Em Atos 2 vemos a igreja relacionada com os judeus estabelecida em Jerusalém, e no capitulo dez vemos a igreja relacionada com os gentios estabelecida na casa de Cornélio. Foi logo apés o estabelecimento dessas igrejas que a igreja em Antioquia foi fundada, Em seu estagio de transigao, a igreja em Jerusalém nao estava totalmente livre do judaismo, mas a igreja em Antioquia desde o comeco esteve na base daigreja demancira absolutamente clara. Nao é 4 toa que “em Antioquia, foram os discipulos, pela Primeira vez, chamados cristdos” (At 11:26). Foi 14 que as caracteristicas peculiares do cristo e da Igreja crista foram pela Primeira vez manifestadas claramente, razdo pela qual ela pode_ Ser considerada igreja modelo para esta dispensacao. Seusprofetas € mestres eram profetas e mestres modelo, ¢ os apéstolos que ela enviou eram apéstolos modelo, Nao apenas os homens que Eee €nviados sao um exemplo para nés, mas também a manera de setem enviados. Uma vez que o primeiro registro de envio de “a = A Vide Crista Normat da Iereig apéstolos pelo Espirito Santo foi de Antioquia, fariamos bem se olhdssemos cuidadosamente scus detalhes. Desde a conclusio no Novo Testamento, o Espirito Santo tem chamado muitos filhos de Deus para servi-Lo em todo 9 mundo, mas, estritamente falando, nenhum deles pode ser considerado exemplo para nés. Devemos sempre ver 0 primeiro ato do Espirito Santo em determinada diregdo para descobrir sen modelo para nés nessa direcao. Portanto para ver qual exemplo a igreja deve seguir hoje no envio de apéstolos, vamos examinar cuidadosamente o primeiro registro de envio de obreiros feito pela primeira igreja estabelecida sobre uma base da Igreja absolutamente clara. © CHAMAMENTO DO ESPIRITO SANTO Nos dois primeiros versiculos de Atos 13, lemos: “Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeao, por sobrenome Niger, Liicio de Cirene, Manaém, colago de Herodes, 0 tetrarca, ¢ Saulo. E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse 0 Espirito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obraa que os tenho chamado”. Observemos alguns fatos aqui. Havia uma igreja local em Antioquia, havia determinados profetas ¢ mestres que eram ministros naquela igreja, e foi dentre eles que o Espirito Santo separou dois para outra esfera de servico- Barnabé e Saulo eram dois ministros do Senhor j4 engajados no ministério quando veio o chamamento do Espirito. O Espirit Santo somente envia para outras partes os que ja estao equipados para a obra e tém responsabilidade onde estado, € nao os que enterram seus talentos e negligenciam as necessidades locais enquanto sonham com o dia em que chegaré.o chamamento pa um servico especial. Barnabé e Saulo carregavam 0 encarg? iB situag&o local quando o Espirito pds sobre eles 0 encargo por A Separacdo ¢ os Movimentos dos Apéstolos 47 outras partes. Suas mios estavam cheias da obra local quando Ele osimpeliua trabalhar em outroscampos. Notemos primeiramente que 0 Espirito Santo escolhe apéstolos entre os profetas e mestres. “E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espirito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”, Esses profetas e mestres ministravam de todo coragdo ao Senhor, de maneira que, quando a ocasido exigiu, elesignoraram até mesmo os direitos legitimos do corpo fisico e jejuaram, O que enchia os pensamentos desses profetas e mestres em Antioquia era ministrarao Senhor, endo trabalhar para Ele, A devogio deles era ao proprio Senhor, e nao ao Seu servico. Ninguém pode verdadeiramente_trabalhar_para_o Senhor se_nao_aprendeu primeiramente a ministrar a Ele. Foi enquanto Barnabé e Saulo ministravam ao Senhor que avozdo Espirito foi ouvida, chamando- os para um servico especial. Foi ao chamamento divino que eles responderam, e nado ao chamamento das necessidades humanas. Eles nao ouviram relatérios sobre canibais ou selvagens cacadores de cabega; sua compaixdo nao foi despertada por lendas tristes de casamentos de criancas ou pés atados' ou consumo de 6pio. Eles nao ouviram voz alguma senao a do Espirito; nao viram nenhum pedido senao os de Cristo. Nao se fez um apelo ao seu heroismo natural ou ao amor pela aventura. Eles conheciam apenas um apelo: o do Senhor. Foi o senhorio de Cristo que exigia o servigo deles, e foi pela Sua autoridade somente que eles prosseguiram. O chamamento deles foi um chamamento espiritual. Nenhum fator natural interferiu. Foi o Espirito Santo que disse: “Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Toda obra espiritual deve comecar com _o chamamento do ——————.... ‘Osantigos chineses tinham o costume de atar os dedos dos pés das meninas, desde ee Mascidas, para dificultar-Ihes o andar a fim de que caminhassem sempre atras do marido, ‘9mo prova de submissio e inferioridade. (N.T.) RY A Vida Crista Normal da tp a Peja Espirito Santo. Toda obra espiritual deve serdivinamenteiniciada, O plano concebido para a obra pode ser espléndido, ar; FAO pode ser adequada, a necessidade urgente e o homem escolhido para levé-la a cabo pode ser eminentemente adequado; mas se 9 Espirito Santo nao disse: “Separai aqucle homem para a obra q que o tenho chamado”, este jamais poder ser apdstolo, Ele pode ser profeta ou mestre, mas niio apdstolo, Antigamente todos os verdadeiros apéstolos cram separados pelo Espirito Santo paraa obra a que Ele os tinha chamado, ¢ hoje todos os verdadeiros apéstolos devem certamente ser separados para a obra por Ele, Deus deseja o servico de Scus filhos, mas Ele 6 que faz_o recrutamento. Ele nio quer voluntarios, A obra é Dele, e Ele é 0 unico Originador legitimo. A intengio humana, mesmo que seja boa, jamais pode substituir a iniciagdo divina, Desejo sincero pela salvagio dos pecadores ¢ pela edificagio dos santos jamais qualificaré um homem para a obra de Deus, Uma qualificagao, e apenas uma, é necessiria: Deus deve envid-lo. Foi o Espirito Santo que disse: “Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Somente 0 chamamento divino pode qualificar para o oficio apostélico, Nos governos da terra nao pode haver servigo sem comissionamento, eo mesmo é verdade no governo de Deus. A tragédia na obra do cristianismo hoje é que muitos obreiros simplesmente sairam; eles nio foram enviados. I a comissio divina que constitui ¢ chamamento para a obra divina. Desejo pessoal, persuasio. de ( amigos, conselho dos mais yelhos e a urgéncia da oportunidade, d tudo isso sfio fatores no plano natural, ¢ jamais podem substituir } um chamamento espiritual. Isso é algo que deve ser registrado ne \espirito humano pelo Espirito de Deus. Quando Barnabé ¢ Saulo foram enviados, o Espitil? primeiramente os chamou, entio os irmaos confirmaram ° chamamento, Os irmaos podem dizer que vocé tem um A Separacdo ¢ os Movimentos dos Apdstolos 49 chamamento, e as circunstincias também parecem mostrar o mesmo, masa questiio 6 se vocémesmo ouviu ouniioo chamamento. Se vocé deve ir, vocé 6 o que precisa ouvir primeiramente a voz do Espirito. Nao ousamos desconsiderar a opiniio dos irmaos, mas. elanao substitui um chamamento pessoal de Deus. Mesmo que eles estejam convencidos de que temos um chamamento, e nessa mesmaconfiangaum grupo do povo de Deusnosenviealegremente paraaobra, sends mesmos nao conhecermos 0 falar de Deus direto ao nosso coragao, com base na nova alianga, entao, saimos como mensageiros de homens, e nao como apéstolos de Deus. Se Deus deseja o servigo de qualquer um de Seus filhos, Ele mesmo o ird chamar, e Ele mesmo o ira enviar. A primeira exigéncia na obra divina éum chamamento divino. Tudo depende disso. Um chamamento divino dé a Deus o lugar de direito, pois O reconhece como o Originador da obra. Onde nao ha chamamento de Deus, a obra que se realiza nao tem origem divina e ndo tem valor espiritual. A obra divina deve ser divinamente iniciada. Um obreiro pode ser chamado diretamente pelo Espirito, ou indiretamente por meio da leitura da Palavra, pregagdo ou circunsténcias; mas qualquer que seja o meio usado por Deus para tornar Sua vontade conhecida do homem, Sua voz deve seratinica ouvida em meio a tantas vozes; Ele deve ser 0 que fala, nio importando por meio de que instrumento venha o chamamento. Jamais devemos ser independentes dos demais membros doCorpo, mas jamais devemos esquecer que recebemos todas as orientages dirctamente da Cabega; portanto devemos Ser cuidadosos a fim de preservar nossa independéncia espiritual, até mesmo quando cultivamos um espirito de muitua dependéncia jtlte as membros. E errado rejeitar a opinido de cooperadores . Opretexto de fazer a vontade de Deus, mas também é errado |*ceitar suas opinides como substitutas da orientagao direta do ‘Espirito de Deus, A Vida Crista Normal da Leveja SEPARAGAO DE OBREIROs Sim, foi o Espirito Santo que chamou a Barnabé e¢ a Saulo, mas Ele falou aos demais profetas e mestres assim como a eles; “Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”. O Espirito Santo falou diretamente aos apéstolos, mas também falou indiretamente por meio dos profetas ¢ mestres. 0 que foi dito em particular aos dois foi confirmado publicamente por meio dos outros trés. Todos os apdstolos devem ter revelacio pessoal da vontade de Deus, mas fazer disso a unica base de sua saida nao é suficiente. Por um lado, a opiniao de outros, a despeito de quio espirituais e experientessejam, nao pode serum substitute para o chamamento direto de Deus. Por outro, um chamamento pessoal, a despeito de quao claro tenha sido, exige a confirmagdo dos membros representativos do Corpo de Cristo na localidade da qual saem os obreiros. Observemos que o Espirito Santo nao falou a igreja em Antioquia: “Separai-me, agora, Barnabé e Saulo”, Foi aos profetas emestres que Ele falou, Deus tornar Sua vontade conhecidaa toda a assembléia dificilmente seria algo pratico, Alguns de seus membros eram espiritualmente maduros, mas outros eram apenas bebés em Cristo. Alguns eram absolutamente consagrados a0 Senhor, mas é altamente improvavel que todos os membros buscassem o Senhor com tal singeleza de propésito que pudessem discernir claramente Seu chamamento de suas préprias idéias. Deus, portanto, falou a um grupo representativo na igreja, ® homens de experiéncia espiritual que eram totalmente consagrados ao Seu interesse. E este foi o resultado: “Entao, jejuando, e orando, ¢ impondo sobre eles as mios, os despediram” (At 13:3). A separagao dos apéstolos pelos profetas e mestres seguiu o chamamento que vel a eles pidveniente do Espirito. O chamamento foi pessoal, @ AL Sepang #08 Atvientin doy vl piistodoy sqynitago Lol corporalivay oun nao era completo sento onto, Un chamamentodiretode Deusewna Continmugio dese chinaine shila ago dos chanidos por parte do 8 profelan oinestien sie a proviso de Deus contra autdnomos en Seu We) servile, O chamamento de unr apdsiolo 6 0 Kspiiito Santo falande divetamente ao chamado, A sepuragio de um apdéstole éo I pirito Santo falando indiretamente poemeio dos cooperidoresdo apd: ilolo chamado, Io Espirito Santo que toni ainiclativa tanto de chamar como de separar os obreiros, Portanto, se os iemios representitivos de uma assembléia separam homens pan o servico do Senhor, devem pergunta Kazemos isso por iniciativa propria ou como pirito de Deus? Se eles se movem sem plena certezat de agir no interesse do Espirito Santo, a separagio de um obreiro no (era valor espiritual, Bles deve poder dizer arespeito- de todos os obreiros que envi representantes do Eis run: Ele foi enviado pelo Espirito Santo, nio por homens, Nenhuma separagio de obreiros deveria ser fei precipitada ou levianamente, Por essa raziio o jejum oat oragio precederam o envio de Barnabé ¢ Saulo, Quando Barnabé ¢ Saulo foram separados pi oragio ¢ jejum © a imposi¢ Vii aobra, houve do de mios. A oragio ¢ jejum nio savin meramente a necessidade imediata de discernimento claro da vontade de Deus, mas a nec apdstolos idade vindoura, quando os sm de fato, Ha imposigio de mics nio se deu como io, pois Barnabé ¢ Saulo ja haviam sido ordenados pelo Espirito Santo," antoaquicomo no Antigo Testamento, impo: e_maos era expressio de perfeita unidade entre dois grupos ordena representados, Era como se os (rés que enviavam os dois cissessem: “Quando voets dois, membros do Corpo de Cristo, ®Soulras membros iro com voces. Sui a obra é nossa obra”, A imposig’o de maos era um testemunho da irem, locos: icla é nossa sai , esta Unidade do Corpo de Cristo, Ela significaya que os que fics run Pita tris eram um com os que foram enviados, ¢ em plena ca A Vida Crist Normal da Feria harmonia com eles; e que, quando eles sairam, os que estayam na base comprometiam-se a acompanhé-los continuamente com interesse por meio de oragGes e terna solidariedade. Quanto a todos os que foram enviados, estes devem presta, atencao a esses dois aspectos em sua separagao para o Servico de Deus. Por um lado, deve haver chamamento direto de Deus reconhecimento pessoal desse chamamento. Por outro, deye haver confirmagaéo desse chamamento pelos membros representativos do Corpo de Cristo. E quanto a todos que sip responsaveis pelo envio de outros, devem, por um lado, estar em posicao de receber a revelagao do Espirito e a discernir a mente do Senhor; por outro, devem ser capazes de solidariamente entrar na experiéncia dos que eles, como membros representativos do Corpo de Cristo, enviam em nome do Senhor. O principio que governou 0 envio dos primeiros apéstolos ainda governa o envio de todos os apdstolos que de fato sao designadas pelo Espirito para a obra de Deus. A EXPRESSAO DO CORPO Sobre que base esses profetas e mestres separaram determinados homens como apéstolos, e a quem representayam esses profetas e mestres? Por que eles, e nado toda a igreja, separavam obreiros? Qual € o significado de tal separagao, © qual é€aqualificagdo necessdria para os queassumemaresponsabilidade nessa questéo? A primeira coisa que devemos compreender € que Deus incorporou todos os Seus filhos em um Corpo. Ele nao reconhecé nenhuma divisdo do Seu povo em varias “igrejas” e missoes- ous intencao é que todos os Seus vivam uma vida corporativa, avide de um corpo cujos muitos membros tém consideragao, amor entendimento mituos. E Ele propés que nao somente 4 vida, m# o ¢ os Movimentos dos Apéstolos 53 também o ministério dos Seus filhos estivesse no principio do corpo, para que fosse uma questao de ajuda, edificagao e servico miituos: @ atividade dos muitos membros de um s6 corpo. Ha dois aspectos do Corpo de Cristo: vida e ministério. A primeira metade de Efésios 4 fala do Corpo em relacao A sua vida. “De quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxilio de toda junta, segundo a justa cooperagao de cada parte, efetua o seu proprio aumento para a edificacao de si mesmo em amor” (v. 16). Agui, o que esta em questo é a obra. Mas no versiculo 25 a questo é claramente a vida: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu proximo, porque somos membros uns dos outros”. Em Romanos 12 vemos como os membros devem cuidar uns dos outros, de maneira que a idéia ali é novamente a manifestacdo da tinica vida. Mas em 1 Corintios 12 vemos como os membros devem servir uns aos outros, sendo a idéia daquela passagem a manifestagao do tinico ministério. Quando falamos do tinico Corpo, enfatizamos a unidade da vida de todos os filhos de Deus. Quando falamos de seus muitos membros, enfatizamos a diversidade de fungdes naquela unidade. Acaracteristica do Corpo éa vida; a dos membros é a obra. Num> corpo fisico, os membros diferem uns dos outros; contudo { funcionam como um, pois compartilham a mesma vida e tém) como tinico alvo a edificagaio de todo o corpo. : Pelo fato de o Corpo de Cristo ter dois aspectos diferentes — Vida eministério—ele, conseqiientemente, tem duasmanifestages. ‘igteja em uma localidade é usada para expressar a vida do Corpo, e os dons na Igreja sao usados para expressar 0 ministério © seus membros. Em outras palavras, cada igreja local deve } Sout nabase do Corpo, considerando-se expressdo da unidade da ( Vida do Corpo, e nao deve, de maneira alguma, admitir divisao, / uma vez que ela existe como a manifestagdo de uma vida \ ‘ndivisivel, Qs diversos ministros da igreja devem, igualmente, f A Vida Crista Normal da ter | estar sobre a base do Corpo, considerando-se expressiig dy unidade de seus diversos ministérios. Comunhio € cooperaciy erfeitas devem caracterizar todas as suas atividades, pois aind, que suas fungées sejam diversas, 0 ministério deles éna verdade um s6, Nenhuma igreja local deveria ser dividida em diversas faccdesnem associar-se com outras igrejas sobuma denominagio, saindo, assim, da base do Corpo; e nenhum grupo de ministroy deveria unir-se para formar umaunidade separada, posicionando. se em outra base que nao a do Corpo. Toda a sua obra deve ser feita como membros do Corpo, e nao como membros de uma , organizacdo que existe parte dele. Um obreiro pode empregar seus dons na qualidade de oficial de uma organizagao, mas ao fazé-lo ele sai da base do Corpo. Uma leitura desatenta de Efésios 4:11-12 pode levar-nos a concluir que os apéstolos, profetas, evangelistas e pastores e mestres funcionavam fora do Corpo, porque foram dados pelo Senhor a Sua Igreja, para sua edificagao (v. 12). Mas o versiculo 16 deixa claro que eles nao estaéo fora do Corpo para edifica-lo; buscam edificd-lo do lado de dentro. Eles préprios sao parte do Corpo, e somente quando tomam seu lugar correto nele, como membros que ministram, é que todo o Corpo é edificado. E inquestionavel que as igrejas so a expressao local do Corpo de Cristo, portanto nao precisamos entrar nesse assunto aqui; mas € necessaria alguma explicagdo quanto aos ministros dotados que Deus estabeleceu na Igreja como a expresso do ministério do Corpo. Em | Corintios 12, Paulo lida claramenté com a questdo do servico cristdo. Ele assemelha os obreiros 4 diversos membros de um corpo, e mostra que cada membro tem um uso especifico, e que todos servem ao corpo pertencendo a alt €nao separados dele. No versiculo 27 ele escreve: “Ora, vOs 50° corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo”; ¢"° versiculo seguinte ele diz: “A uns estabeleceu Deus na ist ej A Separagite ¢ os Afovimentos dos A dstolos primeiramente, apdstolos; em segunda lugar, prof jugar, mesires; depois, operadores de mil mterceiro Agres, depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de linguas”. Um estudo desses dois versiculos deixa claro que os ministros dotados do yersiculo 28 sio os membros do versiculo 27, e que a Tereja do versiculo 28 & 0 Corpo do versiculo 27; portanto, © que os ministros sio para a Igreja, os membros sio para o Corpo. Eles mantém sua posigio no Corpo por eausa de suas fanges (a *audigiio” e o “olfato” do versiculo 17), Os membros dotados siio membros funcionantes do Corpo, e toda a sua operacio se da como membros. Eles siio para a Igreja o que as miios, pés, boca ecabega so para o corpo fisico. Os servos de Deus nio ministram a Igreja como se estivessem separados dela, mas como seus membros. Eles estiio no Corpo, servindo-o pelo uso das faculdades que eles, como membros, possuem. Uma igreja em qualquer ) localidade € uma expresso da tinica vida do Corpo, enquanto seus ministros sao a expresso da diferenga e, a0 mesmo tempo, ) unidade de seu ministério. Primeira Corintios 12 trata do Corpo de Cristo, nio no aspecto da vida, mas da obra. Todo o capitulo é tomado com a questio do ministério, e esse ministério é apresentado como o funcionar dos diversos membros, 0 que torna evidente que no entender de Deus todos os ministérios estiio sobre a base do Corpo, OQ ministério 6 a expressiio pritica do Corpo, uma €xpressio da diversidade na unidade de seus diversos membros. Portanto, vemos que quando o aspecto de vida do Corpo de Cristo & expresso, ali vocé tem uma igreja local; e quando 0 aspecto da obra 6 expresso, ali vocé tem uma manifestagdo dos dons que Deus deu 4 Sua Igreja. Ao ler 1 Corintios 12:28 nao se pode evitar a impressio Susada pela impressionante diferenga entre a descrigao dos Primeiros trés dons e os cinco restantes. Paulo, sob a inspiragao do Espirito, tem um cuidado especial ao enumera-Igs. “Primeiramente apéstolos; em segundo lugar, profetas; em terceitg lugar, mestres”. Os trés primeiros sao especificamente enumerados, mas nao os demais; e eles sao bem diferentes em natureza assim como em numeracao. Eles sao homens; os demais sio coisas. Os trés dons do Senhor para Sua Igreja primeiramente nomeados (apéstolos, profetas e mestres) estéo separados dos demais. Eles sao ministros da Palavra de Deus, e sua funcio, edificar o Corpo de Cristo, é a mais importante na Igreja. Eles sao os representantes do ministério do Corpo. ' O tinico registro biblico do envio de apéstolos é encontrado em Atos 13, e ali vemos que sdo os profetas e mestres que os separam para o ministério. A Biblia nao da precedente algum para a separagao e envio de homens por um ou mais individuos, ou por alguma missdo ou organizagao; até mesmo o envio de obreiros por uma igreja local é desconhecido na Palavra de Deus. O tinico exemplo dado a nés é a separagio e 0 envio feito pelos profetas e mestres. Qual 6 o significado disso? Em Antioquia os profetas e mestres foram escolhidos de Deus para separar Barnabé e Saulo para o Seu servigo, porque eram os membros ministradores da igreja, e essa separacao dos apéstolos era uma questao de ministério endo de vida, Se estivesse relacionada com a vida, e nao especificamente com 0 servic, teria sido alvo de preocupagao de toda a igreja local, e nado meramente de seus membros ministradores. Mas note-se que, embora Barnabé e Saulo n@0 tenham sido separados para a obra por toda a igreja, eles foram enviados nao como representantes de uns poucos membros selecionados, mas de todo o Corpo. O fato deterem sido separados pelos profetas e mestres implicava que nao safram em linhas individualistas ou com base em alguma organizagio, mas com# base do ministério do Corpo. A énfase, como vimos, estav# ™? A Separacdo _¢ os Movimentos dos Apéstolos 57 ministério, endo na vida, mas era um ministério que representava toda a igreja, e nao parte dela, Isso esta claramente expresso pela imposigao de mios. Como vimos, a imposigao de mios fala da unidade (Ly 1:4), eatinica unidade entre os filhos de Deus é a unidade do Corpo de Cristo; portanto, ao impor as mios sobre os apéstolos, os profetas emestres definitivamente estavam sobre a base do Corpo, agindo como seus membros representantes. Sua aco identificou toda a igreja com os apéstolos e identificou os apdstolos com a igreja. Esses profetas e mestres nao estayam sobre uma base individual ao enviar os apéstolos como seus representantes pessoais, nem estavam sobre a base de algum grupo seleto a envid-los como representantes desse grupo; mas estavam sobre a base do Corpo, como seus membros ministradores, e separaram os dois para a obra do evangelho. Por sua vez, os dois, tendo sido separados dessa maneira, sairam, nao para representar algum individuo em particular ou determinada organizacao, mas apenas e ta0-somente o Corpo de Cristo. Toda obra que é verdadeiramente biblica e espiritual deve proceder do Corpo e ministrar para o Corpo. O Corpo deve ser a base sobre a qual o obreiro se posiciona, e a unica esfera na qual ele trabalha. Em duas ocasides Paulo recebeu a imposicao de mos; a primeira foi quando creu no Senhor (At 9:17), e a segunda na Ocasiao que estamos vendo, quando foi enviado de Antioquia. A Primeira expressou sua identificagéio com a vida do Corpo; a segunda, sua identificagdo com o ministério do Corpo. A primeira © declarou membro do Corpo por receber vida da Cabeca; a Segunda, o declarou membro ministrador, nao trabalhando como individuo isolado, mas relacionado com os demais membros, ‘omo parte do grande todo. Ao enviar Barnabé e Saulo de Antioquia, os profetas e ™estres nao se posicionaram por nenhuma “igreja” ou missio; eles representavam o ministério do Corpo. Nao eram toda g igreja; eram apenas um grupo de servos de Deus. Nao tinham nenhum nome especial, nao estavam vinculados a nenhuma organizacaio articular e ndo estavam sujeitos a nenhuma Tegra fixa. Eles simplesmente submeteram-se ao controle do Espirito ¢ separaram os que ile separara para a obra a que os chamara, Eles ndo eram o Corpo, mas estavam sobre a base do Corpo, sob a autoridade da Cabega. Sob tal autoridade, e sobre essa base, eles separaram homens para ser apéstolos; e sob a mesma autoridade, e sobre a mesma base, outros podem fazer o mesmo. A separagdo de apéstolos sob esse principio significara que os homens enviados podem ser diferentes, os que enviam podem ser diferentes ¢ o tempo e local do envio podem também ser diferentes; mas, como tudo esta sob a diregéo da Cabeca e sobre a base do tinico Corpo, nao havera divisao. Se Antioquia envia homens com base no Corpo e Jerusalém envia homens_ com base no Corpo, ainda haverd unidade interna, a despeito da diversidade 1a, Que grandioso seria se nao houvesse representantes de diversos corpos terrenos, mas somente representantes do Corpo, o Corpo de Cristo. Se milhares de igrejas locais, com milhares de profetas e mestres, enviassem milhares de obreiros, haveria imensa diversidade exterior, mas ainda poderia existir perfeita unidade interior, se todos tivessem sido enviados sob a diregao da unica Cabeca e sobre a base do unico Corpo. O fato de Cristo ser a Cabeca da Igreja é reconhecido, mas precisa ser enfatizado no que se refere ao ministério e 4 vida da igreja. Q ministério cristio é o ministério de toda a Igreja, em meramente parte dela. Devemos ver que nossa obra nao esta as } nenhuma base menor do que o Corpo de Cristo. Caso contrarios perdemos o encabecamento de Cristo, pois Cristo nao é aCabes| de nenhum sistema, missio ou organizacio: Ele é a Cabega da} A Separacio ¢ os Movimentos dos Apéstolos 53 Se pertencemos a Igr ug alguma organizagio humana, o encabegamento divino deix a de ser expresso em nossa obra. Na Biblia nao encontramos qualquer Vesligio de organizagdes criadas pelo homem enviando homens para pregar o evangelho. Somente encontramos representantes do ministério da Igreja, sob aorientagao do Espirito ¢ sobre a base do Corpo, enviando os que o Espirito ji separou para a obra. Se os responsaveis pelo envio de obreiros os enviam nao como representantes de si mesmos ou de alguma organizagao, mas apenas do Corpo de Cristo, e se os enviados nao se posicionam sobre a base de uma “igreja” ou missao em particular, mas sobre a base da Igreja apenas, entiio, no importando de que lugar tenham vindo os obreiros ou para que lugar tenham ido, sempre sera possivel haver cooperacaoe unidade, e muita confusao na obra ser evitada. SUAS ACOES Depois que os apdéstolos foram chamados pelo Espirito e separados paraa obra pelos representantes do Corpo, que fizeram? Precisamos Jembrar que os que os separaram apenas expressaram identificagao e harmonia pela imposigao de mios; eles naotinham autoridade para controlar os apéstolos. Os profetas e mestres na base nao assumiram nenhuma responsabilidade oficial por suas agdes, métodos de trabalho ou proviso das necessidades financeiras. Nao se pode achar em nenhum lugar da Biblia os apéstolos sob o controle de algum individuo ou de algum grupo organizado. Eles nfo tinham regulamento algum para aceitar Rem superiores para obedecer. O Espirito Santo os chamou e eles seguiram Seu guiar ¢ orientagao; Somente Ele era o Diretor deles. Em Atos 13 e 14 encontramos o primeiro registro biblico das 4¢6es missiondrias. Embora hoje os lugares que visitamos e as ®ondi¢des que encontramos sejam grandemente diferentes dos que @ Biblia registra, contudo, em principio, a experiéncia dos primeiros apéstolos pode muito bem servir de exemplo para ngs. Vejamos rapidamente esses dois capitulos. “Enviados, pois, pelo Espirito Santo, desceram a Seléucia ¢ dali navegaram para Chipre. Chegados a Salamina, anunciayam a palavra de Deus nas sinagogas judaicas; tinham também Jojo como auxiliar. Havendo atravessado toda a ilha até Pafos, encontraram certo judeu, magico” (13:4-6). Desde o comeco, um movimento constante caracterizava os enviados. Um verdadeiro apéstolo é viajante, e nao alguém que se fixa. “F, navegando de Pafos, Paulo e seus companheiros dirigiram- se a Perge da Panfilia. Jodo, porém, apartando-se deles, voltou para Jerusalém. Mas eles, atravessando de Perge para a Antioquia da Pisidia, indo num sabado a sinagoga, assentaram-se” (13:13- 14). (A Antioquia mencionada aqui nao é a mesma da qual Barnabé e Saulo sairam para sua viagem missionaria.) Os ap6stolos moviam-se constantemente, proclamando a Palavra de Deus aonde quer que fossem, mas enquanto nado chegaram @ Antioquia da Pisidia nada nos é falado do resultado de seu labor. A partir desse ponto, ha um desenvolvimento definido na obra. “Despedida a sinagoga, muitos dos judeus e dos prosélitos piedosos seguiram Paulo e Barnabé, e estes, falando-lhes, 08 persuadiram a perseverar na graga de Deus” (13:43). Bis aqui © resultado de curto periodo de testemunho em Antioquia as Pisidia: muitos judeus e prosélitos piedosos creram. Uma seman? depois, quase toda a cidade se reunia para ouvir a Palavra (v.44) mas essa reagao entusidstica por parte do povo provocou citimes nosjudeus, que se opuseram aos apéstolos (v. 45). Nesse momento os apéstolos voltaram-se para os gentios (v. 46), “e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (v. 48). Ne sébado anterior, diversos judeus receberam a Palavra da vid. Nesse sabado, diversos gentios creram no Senhor. Assim, pou? A Separagdo ¢ os Movimentos dos Apdstalos of A Separacio per n LIELT depois da chegada dos apdéstolos a Antioquia da Pisidia, encontramos ali uma. igreja, Mas os apéstolos nao clis ram: “Agora lemos um grupo de crentes aqui. Devemos permancecr um peuco ¢ pastoreé-loy”, Files fundaram uma igreja local em Antioquia da Pisidia, mas nfo ficaram para cdificé-la, Prosseguiram divulgando a Palavra do Senhor “por toda aquela regio” (v, 49), Seu objetivo niio cra uma cidade, mas “toda aquela regio”. O costume moderno de estabelecer-se em um lugar para pastorear delerminado rebanho nao lem precedente na Biblia, Depois disso, veio a perseguicao (v. 50). Os opositores da mensagem do evangelho expulsaram os apdstolos do seu erritério, os quais reagiram sacudindo 0 pé dos pés (v. 51), Muitos missionarios de hoje em dia nao tém pé nos pés para sacudir! Mas os que nao tém po nos pés perdem a caracteristica de apéstolo. Os primeiros apdstolos nunca se estabeleceram em casas confortéveis, nem pararam por longo tempo para pastorear as igrejas que fundaram. Eles viajavam constantemente. Ser apéstolo significa ser enviado, ou seja, ir sempre. Um apdstolo estaciondrio € contradigao de palavras. Um verdadeiro apdstolo 0 que, em momentos de perseguigio, sempre tera po para sacudir dos pés. Que efeito produziu na jovem igreja essa primeira saida dos apéstolos? Aqui havia um grupo de novos crentes, verdadeiros bebés em Cristo, e seus pais na fé os abandonaram na infancia. Sera que eles disseram: “Por que os apéstolos deveriam temer *perseguicao e nos deixar para enfrentar sozinhos a oposigiio?” Serd que suplicaram aos apéstolos que permanecessem e Cuidassom de sua luta espiritual? Sera que disseram: “Se vocés Nos deixarem agora ficaremos como ovelhas sem pustor. Se os dois nao podem ficar, certamente um de vocés pode ficar ¢ Suidar de nds, A perseguigio esta tfo forte, jamais venceremos a A Vida Crista Normal da Tereja sem sua ajuda”? Quio surpreendente é 0 registro da Biblia: “Qs discipulos, porém, transbordavam de alegria e do Espitito Santo” (v. 52). Nao houve murmuracdo entre os discipulos quando 9, apéstolos se foram, mas grande alegria. Os discipulos estayam alegres, pois conheciam o Senhor; podiam muito bem regozijar- se, porque a partida dos apéstolos significava uma oportunidade para outros ouvirem o evangelho, O que era perda para eles era ganho para Icénio. Aqueles crentes nao eram como os de hoje em dia, que esperam que um pastor os ensine, resolva seus problemas e os proteja de problemas. E aqueles apéstolos nao eram como os de hoje em dia; eram desbravadores e nao pessoas que se fixavam. Nao esperavam até que os crentes amadurecessem para que se fossem. Eles ousavam deixé-los na infancia, pois criam no poder da vida de Deus que estava neles. Mas aqueles discipulos nao apenas transbordavam de alegria; eles estavam cheios do Espirito Santo. Os apdstolos podiam ir embora, mas o Espirito permanecia. Se os apdstolos tivessem ficado para pastored-los, pouco importaria se eles estivessem ou nao cheios do Espirito. Se tivessem um pastor para levar luzatodos os seus problemas, eles teriam sentido pouca necessidade da instrugdo do Espirito; e teriam sentido pouca necessidade do Seu poder se tivessem no seu meio alguém que assumisse toda a responsabilidade pelo lado espiritual da obra, enquanto eles s¢ importavam com as coisas seculares, Na Biblia nao ha o menor vestigio de que os apéstolos devem estabelecer-se para pastoreat 05 que eles levaram para o Senhor. Ha pastores na Biblia, mas <0 simplesmente irmados levantados por Deus entre os santos locals para cuidar de seus companheiros crentes, Uma das razoes de muitos convertidos de hoje em dia nao serem enchidos do Espirit éque 0s apdstolos se estabelecem para pastored-los, e tomam sobre sa responsabilidade que pertence ao Espirito Santo. A Separagdo_¢ os Movimentos dos Apéstolos 63 A Separasts 6 OS ee aes Apéstolos Louvado seja Deus porque os apéstolos foram para Icénio, porque “veio a crer grande multiddéo” (14:1), Pouco depois, “dividiu-se o povo da cidade: uns eram pelos judeus; outros, pelos apéstolos” (v. 4). Ossalvos obviamente eramumagrande multidao, uma vez que sua saida do meio dos nao salvos afetou tao fortemente o lugar, a ponto de causar divisiio na cidade. Apenas pouco tempo depois de os apdstolos terem deixado Antioquia da Pisidia, havia uma igreja estabelecida em Ic6nio; e ali, como no lugar anterior, a oposi¢ao foi intensa. Os apéstolos poderiam muito bem ter argumentado que deixar uma grande multidao de bebés em Cristo exposta a feroz perseguicao seria algo covarde e,além disso, uma ma politica. Mas os apéstolos eram verdadeiros para com seu chamamento apostolico e partiram para “Listra e Derbe, cidades da Lica6nia e circunvizinhanga” (v. 6). E que fizeram quando chegaram a Listra? Como nos demais lugares, “anunciaram o evangelho” (v. 7), e, como nos demais lugares, ali também houve oposigio e perseguigiio (v. 19). E dificil estimar o numero de crentes em Listra, masa julgar pelo comentario de que os discfpulos rodearam a Paulo (v. 20), eles deveriam ser pelo menos meia diizia, e podem ter sido diizias ou centenas. Desse modo, a partir de entao, passou a haver uma igreja em Listra! Sera que Paulo fica para pastore4-los por um pouco, ou pelo menos cuidar deles até que diminuaa ferocidade da persegui¢ao? Nao! “No dia seguinte, partiu, com Barnabé, para Derbe” (v. 20). Ali, novamente, as boas novas sao proclamadas e muitos discipulos sio feitos (v. 21). Assim, outra igreja é formada! E Com a fundagao da igreja em Derbe, termina a primeira viagem Missionaria dos apéstolos. Olhando novamente para esses dois capitulos, notamos que um principio fundamental governa as agoes dos apéstolos. He viajam de um lugar para outro, segundo a orientagao do Espirito, Pregando o evangelho e fundando igrejas. Nao os encontramos A Vida Crista Normal em lugar algum fixando residéncia para pastorear e in convertidos, ou para assumir a responsabilidade local nas j que fundaram. Nos dias de paz os apdstolos moviam-se como nos dias de perseguicao. “Ide!” foi a palavra do Sen “Ide!” era o lema dos apéstolos. A caracteristica relevant enviado é sempre movimentar-se. NA VOLTA Mas surge a pergunta: Como esses recém-convertidos apascentados ¢ instruidos? Como as igrejas recém foram estabelecidas? Ao estudar a Palavra, vemos que missiondria dos apéstolos consistiu em uma jornada um retorno. Em sua viagem publica, a preocupagao fundar igrejas. Em sua viagem de volta, seu pee e edifica-los. “E, tendo anunciado 0 evangelho naquela cidade: discipulos, voltaram para Listra, e Icénio, e Antioquia a alma dos discipulos, exortando-os a perman mostrando que, através de muitas tribulagé: A Separacdo ¢ os Movimentos dos Apdstolos 65 em sua obra inicial de pregagao do evangelho, nem em sua obra subseqiiente de estabelecer as igrejas, os apdstolos fixaram residéncia num lugar. Antes de deixar um lugar onde fora fundadaumaigrejae uma obra de edificagao fora feita, cles designavam presbiteros para assumir a responsabilidade ali (v. 23). Essa é uma das partes mais importantes da obra de um apéstolo. (Esse assunto sera tratado com mais profundidade em capitulo posterior). Assim, os primeiros apéstolos trabalharam, ea béngdo do Senhor era com o seu labor. Faremos bem se seguirmos seus passos, mas devemos perceber claramente que, mesmo que adotemos métodos apostélicos, se nao tivermos consagracao, fé e poder apostdlicos, ainda nao conseguiremos alcancar resultados apostdlicos. Nao ousamos subestimar o valor dos métodos apostédlicos — eles sio absolutamente essenciais se quisermos ter frutos apostélicos — mas nfo devemos ignorar a necessidade de espiritualidade apostdlica, e ndo devemos temer a perseguicdo apostélica. DE VOLTA PARA ANTIOQUIA “E dali navegaram para Antioquia, onde tinham sido tecomendados a graga de Deus para a obra que ja haviam cumprido. Ali chegados, reunida a igreja, relataram quantas coisas fizera Deus com eles e como abrira aos gentios a porta da fe” (vs. 26-27). Em sua volta para Antioquia, os apéstolos “relataram 88 Coisas que Deus fizera com eles”. Foi de Antioquia que Paulo € Bamabé sairam, assim era de se esperar que, em seu retorno, éles prestassem conta aqueles de onde haviam saido do que Deus fizera com eles. Fazer relatério da obra para os que verdadeiramente estio levando o encargo conosco, é confirmado Pela Palavra de Deus. Nao é apenas permissivel, mas necessario, be A Vida Crista Normal da Irreja que os filhos de Deus na base sejam informados do Seu agir no campo; mas fazemos bem em deixar claro que nossos relatérigg nao sao feitos como propaganda, Quanto ao relatério, devemos, por um lado, evitar toda discrigéo nao natural e todo isolamento da alma; por outro, devemos guardar-nos cuidadosamente da intrusao de qualquer interesse pessoal. Em todos os relat6rios da obra, nosso alvo deve ser glorificar a Deus e trazer enriquecimento espiritual aos que compartilham. Utilizar relatérios como meios de propaganda, com retorno material em vista, é extremamente vil e indigno de qualquer cristao. Quando o motivo é glorificar a Deus e beneficiar Seus filhos, mas ao mesmo tempo tornar conhecidas as necessidades da obra com vistas a receber ajuda material, ainda estd longe de ser aceitavel ao Senhor e é indigno de Seus servos. Nosso alvo deve ser apenas este: que Deus seja glorificado e Seus filhos abengoados. Se houvesse essa pureza de motivo perfeita em nossosrelatérios, quao diferentemente muitos deles seriam escritos! Cada vez que escrevemos ou falamos da nossa obra, fagamos trés perguntas a nds mesmos: 1) faco isso a fim de ganhar publicidade para mim € para minha obra? 2) faco isso com a intengao dupla de glorificar o Senhor ede fazer propaganda da obra? 3) fago isso apenas com o objetivo de que Deus sej@ glorificado e Seus filhos abengoados? Que o Senhor nos dé graga para fazer relat6rios com motivagdo sem mistura © perfeita pureza de coragao! Capitulo Trés OS PRESBITEROS DESIGNADOS PELOS APOSTOLOS O termo ancido' é uma designagdo que tem origem no Antigo Testamento. Encontramos ali referéncia aos ancidios de Israel e também aos anciaos de varias cidades. Nos Evangelhos vemos esse termo novamente, mas ainda em relacdo aos israelitas. Mesmo os anciaos mencionados na primeira parte de Atos sao da ordem do Antigo Testamento (4:5, 8, 23; 6:12). Quando é que foram os presbiteros instituidos pela primeira vez na igreja? Atos 11:30 refere-se a eles em conexdo com a igreja em Jerusalém, e essa é a primeira mengio de presbiteros no que ‘ange aumaigreja; mas emboraa existéncia delesseja mencionada, nada é dito acerca da sua origem. Apenas em Atos 14:23, quando lemos que Paulo e Barnabé voltavam de sua primeira viagem missiondria, é que descobrimos quem eram eles, como foram designados e por quem. “E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleigdo de presbiteros, depois de orar com jejuns, os ‘ncomendaram ao Senhor em quem haviam crido”. —_—_———— Em Portugués os termos ancido e preshitera sio sindnimos; em grego, ¢ usado um 56 Yocibulo tanto para um como para 0 outro; contudo algumas versbes da Biblia preferem Be énaide para designar os anciiios do povo de Israel, tanto no Antigo como no Novo stamento, ¢ Presbitero para designar os lideres das igrejas neotestamentarias. Ha, porém, “<80es que usam 0 terma ancide para os dois. Visto que adotamos a Versio Atualizada deAlmeida, que faz disting’io entre os termos, nds também o faremos em nosso texto. (N.T.) ida Crista a A Vida Cristé Normal dq Iereia A DESIGNACAg Vimos que os préprios apéstolos néo podem ficar com cS recém-convertidos para apascenté-los e assumira Tesponsabilidade da obra localmente. Como, entao, os novos convertidos recebiam cuidado, e como era a obra levada a cabo? Os apéstolos nao exigiam que se enviassem pessoas de Antioquia para apascentar os rebanhos, e nenhum deles ficou para tras a fim de assumir 9 encargo das igrejas locais. O que faziam era simplesmente isto: “R, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleigao de presbiteros, depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido” (v. 23). Onde quer que uma igreja fosse fundada na viagem de ida deles, eles designavam’ presbiteros na viagem de volta. Nao esperavam até que certo padrao arbitrario fosse atingido para designar presbiteros numa igreja, mas “em cada igreja” escolhiam alguns dos membros mais maduros para cuidar dos demais irmaos. O procedimento apostélico era bem simples. Os apéstolos visitavam um lugar, fundavam uma igreja, deixavam a igreja pot algum tempo, depois voltavam para estabelecé-la, ou confirméta. Nesse interim, naturalmente ocorriam certos desenvolvimentos. Quando os apéstolos partiam, alguns dos que professavam ser cristos salam também. Outros continuavam a freqiientar @ reunides, e provavam ser de fato do Senhor, mas nao tinham © progresso desejado. Outros avangavam com avidez 1° conhecimento do Senhor e mostravam verdadeira preocupasa0 pelos Seus interesses. Os que tinham mais vida espiritual do que® demais espontaneamente ficavam frente e assumiam ? responsabilidade pelos irmaos mais fracos. Era pelo fato de tee™ —_——_______. 5, *Embora 0s termos ¢legere eleigdo, usados pela maioria das versdes biblicas em pir jot sugiram escolka ou designacdo por meio de voto, o que ocorria era que OS P° fe i ‘a cn © assim designavam os homens que deveriam ser presbiteros de um igs NT} Os Preshiteros Designadas pelos Apdstolos 69 Os Presbiteros Designados pelos Ap provado que eram presbiteros que os apdstolos os designavam pe ooficio de presbiteros, ¢ era ty demi Nio houve lugar em que os apdstolos se estabelecessem ¢ assumissem a responsabilidade da igreja local, mas em cada refi deles pastorear e instruir os 9s, ¢ superintender ¢ controlar os assuntos da igreja. igreja que fundavam eles escolhiam entre os irmaos locais os que eran fiis, sobre os quais colocava:se tal responsabilidade, Quando escolhiam os presbiteros em cada igreja, com oragio ¢ jejuns cles os entregavam ao Senhor, assim como, com oracio e jejum, cles mesmos foram entregues ao Senhor pelos profetas ¢ mestres quando estavam para partir no seu ministério apostélico, Se essa entrega dos presbiteros ao Senhor deve ter algum valor espiritual, e nao mera ceriménia oficial, requer-se dos apdstoles um conhecimento vital do Senhor. E ficil alguém ficar tio ocupado com os problemas e necessidades da situagéio, que instintivamente toma a responsabilidade para si, mesmo admitindo a verdade de que o Senhor é responsivel pela Sua Igreja. Precisamos conhecer Cristo como Cabega da Sua Igreja, nao apenas de modo intelectual, se vamos permitir que toda a administragdo passe de nossas mios logo no inicio, Somente uma total desconfianga de si mesmos e uma confianga viva em Deus é que puderam capacitar os primeiros apéstolos a entregar os assuntos de cada igreja local As maos dos homens locais que acabaram de conhecer o Senhor. Todos os que se engajam na obra apostdlica, e buscam seguir o exemplo dos primeiros apéstolos em deixar as igrejas aos cuidados dos Presbiteros locais, devem estar espiritualmente equipados para essa tarefa; pois se as coisas passam das mios humanas e nio sio comissionadas em fé As mios divinas, o resultado sera um desastre. Oh! Como precisamos ter [é viva e conhecimento vivo do Deus vivo! A Palayra de Deus deixa claro que a supervisio de uma igreja nio € obra dos apdstolos, mas dos presbiteros, Embora Paulo se A Vida Crista Normal dq Iereja permanecesse em Corinto mais de ano, em Roma por dois anos e em Efeso por trés anos, em nenhum desses lugares ele assumiy responsabilidade pela obra da igreja local. Nas Escrituras lemos dos presbiteros de Efeso, mas nunca dos apéstolos de Efeso, Nap encontramos mengao dos apéstolos de Filipos, mas encontramos referéncia aos bispos de Filipos. Os apéstolos sao responsaveis pelo préprio ministério particular, mas nao pelas igrejas que sin fruto do seu ministério. Todo o fruto da obra dos apéstolos tinha de ser entregue aos cuidados dos presbiteros locais. Em Seu plano, Deus fez provisGes para a edificacdo das igrejas locais, e nesse plano pastores foram estabelecidos, mas jamais foi a idéia divina que os apdstolos assumissem o papel de pastores. O propdésito de Deus é que os apéstolos fossem tesponsaveis pela obra em vdrios lugares, ao passo que os presbiteros sao responsaveis num sé lugar. A caracteristica de um apéstolo é ir, a de um presbitero é ficar. Nao é necessario que os presbiteros deixem as profissdes seculares e devotem-se exclusivamente aos deveres ligados a igreja. Eles sao simplesmente homens Jocais, que seguem suas atividades comuns e ao mesmo tempo assumem responsabilidades especiais na igreja. Se 0s afazeres locais aumentarem, talvez devotem-se totalmente 4 obra espiritual, mas a caracteristica de um presbitero nao é ser um “obreiro cristao em tempo integral”, E apenas que, como irmao local, ele assume a responsabilidade na igreja local. A localidade determina o limite da igreja, e é por essa razao que os presbiteros sao sempre escolhidos entre os irmaios mais maduros num luga!, € nao transferidos de outros lugares. Assim, preserva-se o caralet local das igrejas de Deus, e conseqiientemente também 0 s¢¥ governo independente e unidade espiritual. Segundo o conceito comum das coisas, poder-se-ia pensat que € necessdrio passar muito tempo entre a fundagao de u™? ‘ereja ¢ a designacao de presbiteros, mas isso nao € segund? ° Os Presbiteros Designados pelos Apéstolos 7 padrao de Deus. A primeira viagem missiondria dos apéstolos durou menos de dois anos, e nesse periodo eles pregaram 0 evangelho, conduziram pecadores ao Senhor, formaram igrejas e designaram presbiteros em cada lugar em que uma igreja foi formada. Os presbiteros foram escolhidos na viagem de volta dos apéstolos, e ndo na primeira visita a um lugar. Contudo o intervalo entre essas duas visitas nunca era muito grande; era no maximo questéo de meses. Na viagem de volta, os apdstolos naturalmente descobriam que alguns lugares progrediram mais favoravelmente do que outros, mas ndo arrazoavam que, por causa do baixo estado de uma igreja, eles abririam uma excecdo e no designariam presbiteros. Eles designavam presbiteros em cada igreja. Alguns podem perguntar: se todos os membros de uma igreja estio em baixa condigao espiritual, como é possivel designar presbiteros entre eles? Talvez resolva o problema de muitos se apenas considerarem a implicagdo do termo presbitero, A existéncia de um presbitero implica a existéncia de alguém mais jovem’. O vocabulo fpresbitero é relativo, e nao absoluto. Entre um grupo de homens de setenta e nove anos, é preciso haver alguém de oitenta para ser o presbitero deles; mas basta um menino de apenas oito anos para ser “presbitero”, de um grupo de criangas de sete anos, Mesmo entre os espiritualmente imaturos ha os que, comparativamente, sio mais maduros e tém possibilidades espirituais, que é todaa qualificagao de que precisam para ser presbiteros, Umaigreja pode estar bem longe do ideal, masnao podemos, por causa disso, priva-lado status de igreja. Nossaresponsabilidade €servir-lhe e assim buscar conduzi-la para mais préximo do ideal. Da mesma forma, mesmo os comparativamente mais avangados —_—_— ____ *O terma presbitera, do grego prestyterds, quer dizer mais velhe, esse mesmo sentido tem © voedbulo ancide, (N-T) s A Vida Cristé Normal da Lerejg = aS nd ae Re aes Ol an ee numa localidade talveznio atinjam oideal paraserem Presbitergs mas nao podemos, por essa razio, Priva-los do: status de presbiteros. Em comparagio aos presbiteros de outros lugares eles parecem ser bem imaturos; se, porém, sfio mais avancados do que os outros irmaos da mesma localidade, ent&o na igreja deles, eles sao presbiteros. Temos de nos lembrar que 0 oficio de presbitero segundo as Escrituras é limitado a uma localidade. Ser presbitero em Nanking nao qualifica ninguém a ser presbitero em Xangai; mas mesmo se seu estado espiritual estiver longe do que deveria ser, desde que seja mais avangado do que os demais irmaosna mesmaigreja, ele esta, entao, qualificadoaser presbitero ali: 56 pode haver presbiteros-modelo, onde ha uma igreja- modelo. Onde a igreja é imatura, os presbiteros sao naturalmente imaturos; onde a igreja 6 madura, os presbiteros também 0 sio. Os presbiteros-modelo de 1 Timéteo.3 e-Tito 1 devem ser encontrados em igrejas-modelo. i A designagao de irmaos comparativamente espirituais para presbiteros é um principio estabelecido na Palavra de Deus, embora va contra o conceito moderno das coisas. Todavia, mesmo reconhecendo esse principio, n‘fio podemos tentar aplicé- lo de modo legalista. Isso espalharia morte. Nio podemos forgat nada, mas estar continuamente receptivos a orientagiio do Espirito. Ele indicaré o momento certo de’ designar presbiteros num@ -igreja. Sendo houver diregiio do Espirito Santo, e as circunstancias nao permitirem a designacio imediata de presbiteros na segunda visita dos apéstolos, entdo um “Tito” deve ser deixado para ae para cuidar da designagao deles mais tarde. Esse é o primeir? assunto do qual trata o livro de Tito, e é importantissimo. Paulo daa Tito prescrigdes para estabelecer presbiteros em cada cidade de Creta (Tt 1:5). ‘ aot t Na designagio dos presbiteros, os apdstolos nao seguira” suas preferéncias naturais; apenas designaram os que Deus J Os Presbiteros Designados pelos Apéstolos 3 escolhera. E por isso que Paulo podia dizer aos presbiteros de Efeso: “O Espirito Santo vos constituiu bispos” (At 20:28). Os apéstolos nao tomavam a iniciativa nessa questao. Apenas estabeleciam como presbiteros os que o Espirito Santo jd tornara bispos, isto é, supervisores da igreja. Na organizagao feita pelo homem, a designagao de alguém para um oficio daa ele o direito de ocupar o cargo; mas nao é assim na Igreja de Deus. Tudo ali est numa base espiritual, e € apenas a designacdo divina que qualifica alguém para um oficio. Se o Espirito Santo nao faz deles bispos, ou supervisores, nenhuma designagao apostélica jamais sera util para fazé-lo. Na Igreja de Deus tudo esta sob a soberania do Espirito; o homem esta fora, Presbiteros nao sao homens que se acham capazes de controlar os assuntos da igreja, ou homens que os apéstolos consideram adequados, e, sim, homens que 0 Espirito Santojé estabeleceu como supervisores na Igreja. Aqueles a quem o Espirito escolhe para ser pastores do rebanho, a esses Ele também concede graga e dons para qualifica-los para a lideranga espiritual. & o chamamento espiritual e a qualificagao espiritual deles, e nao a designacio oficial, que os constitui presbiteros. No sentido espiritual, eles j4 sao presbiteros antes de assumir a posigao oficialmente, e é porque sdo de fato presbiteros que so publicamente designados como tais. Na Igreja primitiva era o Espirito Santo que primeiro assinalava a Sua escolha de presbiteros; depois os apéstolos a confirmavam designando-os para 0 officio. APOSTOLOS E PRESBITEROS Os presbiteros eram homens locais designados para supervisionar os assuntos na igreja local. O ambito do oficio deles era limitado pela localidade. Um presbitero em Efeso nio era presbitero em Esmima, e um presbitero em Esmirna nao o era 76 A Vida Crista Normal da lereja em Efeso. Nas Escrituras néo ha apéstolos locais, nem hg presbiteros extralocais; todos os presbileros siio locais e todas og apéstolos so extralocais, A Palavra de Deus nao fala em nenhum lugar de apéstolos administrando os assuntos da igreja local, nem fala de presbiteros administrando os assuntos de varias igrejas locais. Os apédstolos eram 0s ministros para todas as igrejas, mas nao tinham controle de nenhuma delas. Os presbiteros eram confinados a uma s6 igreja e apenas controlavam os assuntos dela, A responsabilidade dos apéstolos era fundar igrejas. Uma vez estabelecida uma igreja, toda a responsabilidade era passada aos presbiteros locais e a partir dai os apéstolos nao exerciam controle sobre os assuntos dela. Toda a administracio estava nj maos dos presbiteros, e se eles julgassem correto, podiam até recusar 0 ingresso de um apéstolo em sua igreja. Se tal coisa * ocorresse, 0 apéstolo nao teria autoridade nenhuma para insistir / em ser recebido, visto que toda a autoridade local ja fora passada de suas maos para as dos presbiteros. ‘ Como foi que Paulo lidou com o irmio adiltero em Corinto? Ele nao notificoua igreja que ele simplesmente havia excomungado o homem. O maximo que péde fazer foi instruir os seus membros acerca da seriedade da situag&o ¢ buscar admoesté-los a tirar 0 iniquo do meio deles (1 Co 5:13 - VRC). Se a igreja fosse correta espiritualmente, ela daria atengao a Paulo, masse desconsiderassem as exortagées dele, embora estivessem errados espiritualmente, nao estariam errados legalmente. No caso de a igreja desprezat © conselho dele, Paulo s6 podia usar sua autoridade espiritual para suportar a situagao. No nome do Senhor Jesus ele podia “entregar aSatands para a destruigao da carne” (v, 5). Elenao tinha autoridade oficial para disciplina-lo, mas tinha autoridade espiritual para lidar com o caso. Ele tinha sua “vara” espiritual (1 Co 4:2 1). Os assuntos da igreja local so inteiramente independentes dos apéstolos. Uma vez que os presbiteros foram designad®® Os Presbiteros Designados pelos Apéstolos 75 todoo controle passa as maos deles e, mesmo que depois disso o apéstolo pide apaanee tente persuadir, ele jamais pode interferir. Todavia isso nfo impediu Paulo de falar com autoridade aos corintios. Mesmo um leitor desatento notara quanta autoridade tiveram as frases dele nas duas Epistolas. Estava em sua alcada emitir seu juizo quanto a questées doutrinarias e morais, e quando o fazia, ele era extremamente enfatico; mas o real cumprimento de tais juizos estava fora de sua alcada e€ era uma questdo totalmente pertinente a igreja local, Um apéstolo pode lidar com as desordens de uma igreja sempre que seu conselho e adverténcia sao solicitados, como foi o caso de Paulo e a igreja em Corinto. Foi porque eles lhe perguntaram que ele péde dizer-Ihes: “Quanto 4s demais coisas, euas ordenarei quando for ter convosco” (1 Co 11:34). Mas deve- se notar aqui que as demais coisas que Paulo queria por em ordem quando fosse a Corinto deveriam ser atendidas do mesmo modo que aquelas com que ele lidara em sua Epistola, e ele lidou com elas doutrinariamente. Do mesmo modo que os instruiu acerca de certos assuntos ali, assim também iria instrui-los acerca das questées restantes quando fosse ter com eles; mas os proprios corintios, e no Paulo, é que teriam de lidar com a situagao. Visto que Pedro e Joo eram apéstolos, como ocorreu de serem presbiteros da igreja em Jerusalém (1 Pe 5:1; 2Jo 1; 3Jo 1)? Eles eram presbiteros bem como apéstolos pois nao apenas eram tesponsdveis pela obra em varios lugares mas também pela igreja na prdpriacidade onde estavam. Quando safam, ministravam como ap6stolos, com a responsabilidade pela obra em outras partes, Quando voltavam para casa, realizavam as tarefas de presbiteros, com a responsabilidade pela igreja local (somente tais apéstolos que nao viajam muito podem ser presbiteros da igreja em sua localidade). Quando Pedro e Joao estavam longe de sua igreja, eles eram apdstolos; quando yoltavam, eram presbiteros, Nao era 0 S A Vida Crista Normat da Terejq apostolado deles que Ihes dava base para ser presbiteros en Jerusalém; eles eram presbiteros ali porque eram homens locais com mais maturidade espiritual do que seus irmaos. Nao ha precedentes nas Escrituras para um apéstolo visitante estabelecer-se como presbitero na igreja que visita; mas, uma vez que as circunstancias permitam-lhe estar em casa com freqiiéncia, ele pode ser presbitero em sua localidade, visto que é um irmao local. Se a caracteristica local das igrejas de Deus deve ser preservada, ent&o o carater extralocal dos apéstolos também deve sé-lo. Paulo foi enviado de Antioquia, e fundou uma igreja em Efeso. Sabemos que ele nao teve oficio de presbitero em nenhuma igreja, mas poderia ter sido presbitero em Antioquia, e néo em Efeso. Ele ficou trés anos em Efeso, mas trabalhou ali como apéstolo, e nao como presbitero; ou seja, nao assumiu responsabilidade nenhuma e nao exerceu autoridade alguma nos assuntos locais, e, sim, apenas devotou-se ao seu ministério apostélico. Notemos bem que ndo hd presbiteros na Igreja universal e ndo hd apéstolos na igreja local. AS RESPONSABILIDADES DELES E responsabilidade de cada pessoa salva servir ao Senhor segundo a sua capacidade e no seu dmbito. Deus nao designow presbiteros para fazer a obra no lugar de seus irmaos. Apds designar os presbiteros, como antes, é ainda tarefa e privilégio dos irmaos servir ao Senhor. Os presbiteros também sao chamados de bispos (At 20:28; Tt 1:5, 7). O termo presbitero relaciona-se # pessoa; o termo dispo, aobra.O termo bispo quer dizer supervisot's it ‘Em portugués © termo bijpo provém do grego episkopos, em que epi quer dizer #8 ¢ skopds quer dizer o gue observa, logo, 0 que observa de cima, o que supervision» eS superintende. (N, T.) Os Presbiteros Designados pelos Apdstotos ¢ um supervisor nao é 6 que trabalha ne lugar dos outros, mas alguém que supervisiona, superintende, ox outros enquanto trabalham. Deus queria que cada eristio fowie flim “dbreleo cristio”, ¢ designou alguns para supervisionar a obra de modo que ela fosse realizada eficientemente. Jan #foi Suaintengaio que a maioria dos cristdos se devotasse execlusivamente aos agsuntos seas questoes da igreja a um grupo_de especialistas espirituais. Jamais podemos deixar de ressaltar isso, Os presbiteros nao sao homens contratados para fazer a obra da’ seculares e dei igreja no lugar dos seus membros; siio apenas os que | superintendem os assuntos, Compete-thes encorajar os que ficam para tras ¢ restringir os precipilados, jamais fazendo a obra no) lugar deles, mas simplesmente dirigindo-os na execugio, A responsabilidade de um presbilero relaciona-se a questées temporais ¢ espirituais, Sao designados para “presidir”, “ensinar” e“pastorear”. “Devem ser considerados merecedores de dobrados honorarios os presbiteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavrae no ensino” (L'Tm 5:17). “Pastoreai o rebanho de Deus que ha entre vés, nfo por const ngimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sérdida ganancia, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho” (1 Pe 5:2-3). A Palavra de Deus usa o termo “presidir” cm rel gio a responsabilidade de um presbitero. A ordenagiio do governo da igreja, a administragio dos assuntos ¢ o cuidado das coisas materiais estdo sob o controle deles. Mas temos de nos lembrar que uma igreja biblica nio consiste em um grupo alivo ¢ outro Passivo de irmaos, um que controla ¢ oulro que simplesmente submete-se ao controle, ou um que assume todo o encargo ao Passo que outro acomoda-se calmamente paradesfrutar o beneficio do labor de outros. “Cooperem os membros (...) em favor uns dos le 3 A Vida Crista Normal da dereja outros” 6 o propésito de Deus para a Igreja (1 Co 12:25), Cada igreja segundo o coragao de Deus tem a estampa de “uns ag, outros” em toda a sua vida e atividade. A mutualidade é a sua caracteristica principal. Se os presbiteros perderem isso de vista, a sua lideranga na igreja logo sera mudada em assenhoreamente, Mesmo enquanto exercem controle nos assuntos da igreja, os presbiteros devem lembrar-se de que sao apenas membros juntamente com os demais; somente Cristo é a Cabeca. Eles nio foram designados senhores dos irmaos, mas modelos. Que é um modelo? E um exemplo para os outros seguirem. Visto que deviam ser modelo dos irmaos, obviamente a idéia de Deus nao era que eles fizessem toda a obra e os demais nada fizessem, nem que os irmaos fizessem a obra enquanto eles simplesmente ficassem parados a dar ordens, Para os presbiteros, ser modelos dos irm&os implicava que os irmaos trabalhavam, e eles também trabalhavam. Também implicava que eles trabalhavam com diligéncia e cuidado especiais, para que os irmaos tivessem bom exemplo a seguir. Eles eram supervisores, mas nao senhores dos irmaos, ficando de fora e dando ordens; ¢ eles dirigiam a obra, mas faziam isso mais por meio de exemplo do que por meio de ordens. Tal é 0 conceito biblico da lideranga dos presbiteros. Entretanto, a responsabilidade deles nao se relaciona apen’ com o lado material dos assuntos da igreja. Se Deus os equip com dons espirituais, entéo eles também devem assumt responsabilidade espiritual. Paulo escreveu a Timéteo: “Deve™ ser considerados merecedores de dobrados honordrios © presbiteros que presidem bem, com especialidade os que fe afadigam na palavra eno ensino” (1 Tm 5:17). Eresponsabilidat® de todos os presbiteros controlar os assuntos da igreja, mas °° . tém dons especiais (como profetizar ou ensinar) estao livres e exercé-los com vistas A edificagao espiritual da igreja- Pa escreveu a Tito que um presbitero devia ter “poder tanto P Os Presbtteros Designados pelos Apéstolos a eKOMaE pele: reto ensino como para convencer Os que o contradizem ee A pregacio eo ensino na igreja local nao é dever dos epee mas dos irmios locais que estao no ministério, especialmente se sio presbiteros, Como ja vimos, a administragao de uma igreja é de responsabilidade local; assim também 0 sao 0 ensino e a pregacao. Do lado espiritual da obra, os presbiteros ajudam a edificar a igreja nao apenas ensinando e pregando, mas também pela obra pastoral. Pastorear o rebanho é€ particularmente a obra dos presbiteros. Paulo disse aos presbiteros de Efeso: “Atendei por vés e por todo o rebanho sobre o qual o Espirito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus” (At 20:28). E Pedro escreveu com a mesma énfase aos presbiteros entre os santos da Dispersao: “Pastoreai o rebanho de Deus que ha entre vés” (1 Pe 5:2). O conceito quese tem hoje em dia de pastores esta. muito distante da idéia de Deus. A idéia de Deus era que os homens escolhidos entre os irmdos locais fossem pastores do tebanho, e nao que homens viessem de outras partes pregar 0 evangelho, fundassem igrejas e se estabelecessem a fim de cuidar dessas igrejas. Um claro entendimento das respectivas responsabilidades dos apéstolos e dos presbiteros deve clarificar muitas dificuldades existentes na igreja hoje. A PLURALIDADE DOS PRESBITEROS Essa obra de presidir, ensinar e pastorear o rebanho, que vimos ser a tarefa especial dos presbiteros, nao recai sobre um s6 homem num lugar. Ter pastores na igreja é biblico, mas o sistema pastoral de hoje em dia é bem contrario 4 Biblia; é invencao do homem. Nas Escrituras vemos que sempre ha mais de um presbitero ou bispo numa igreja local. Nao é a vontade de Deus que apenas eee a A Vida Crista Normal da Iraj um cristo seja eleito dentre seus irmaos para ocupar lugar de proeminéncia especial, ao passo que os demais sujeitem.se passivamente a vontade dele. Se aadministracao de toda aigreja repousa sobre um s6 homem, é muito facil ele se tornar presungoso, estimando-se acima da medida e suprimindo os demais irmaos (3 Jo). Deus ordenou que varios presbiteros compartilhem a obra daigreja, para que ninguém individualmente possa gerir as coisas a seu bel-prazer, tratando a igreja como propriedade particular e deixando na vida e obra dela a marca da sua personalidade. Pér a responsabilidade nas maos de varios irmaos, em vez de nas maos de um s6, é a maneira divina de salvaguardar a igreja contra os males resultantes da dominacao de uma personalidade forte. Deus propés que varios irmaos assumam em conjunto a responsabilidade na igreja, para que, mesmo ao controlar os assuntos dela, eles tenham de depender uns dos outros e submeter-se uns aos outros. Assim, de modo pratico, eles descobrem o significado de tomar a cruz e tema oportunidade de dar expressao pratica & verdade do Corpo de Cristo. Enquanto honram uns aos outros e confiam uns aos outros a direciio do Espirito, nao tomando ninguém o lugar da Cabega, porém cada um considerando os outroscomo membros, o elemento da mutualidade, que é o fator de distingdo da igreja, sera preservado. Capitulo Quatro Oe ee AS IGREJAS FUNDADAS PELOS APOSTOLOS A IGREJA E AS IGREJAS A Palavra de Deus nos ensina que a Igreja é uma sé. Por que, entao, os apéstolos fundaram igrejas em cada lugar que visitaram? Se a Jgrejaé 0 Corpo de Cristo, ela sé pode ser uma. Assim, como podemos falar de igrejas? © vocdbulo igreja quer dizer os chamados para fora. Esse termo é usado duas vezes nos Evangelhos: uma vez em Mateus 16:18 e outra em 18:17, Além disso, achamos esse vocabulo freqiientemente em Atos e nas Epistolas. Nos Evangelhos o termo € usado pelo Senhor nas duas ocasides, mas é empregado em sentido diferente em cada vez. “Também Eu te digo que tu és Pedro, ¢ sobre essa rocha edificarei a Minha igreja, ¢ as portas do Hades nao prevalecerao contra ela” (Mt 16:18). Que igreja é essa? Pedro confessara que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo, ¢_o nosso Senhor declarou que edificaria_ Sta Tareja sobre cosa confissio, a de que, quanto 4 Sua Pessoa, Eleéo Filho de Deus, e,.quanto obra, Ele é 0 Cristo de Deus. Essa Tereja- compreende todos.os_ salvos, sem referencia atempo.oua fespacd, asaber, todos os. que 'sio redimidos no propésito de Deus por meio do sangue derramado do Senhor Jesus, ¢ nasceram de novo mediante a e A Vida Crista Normal da Tercia operagio do Seu Espirito. Essa é aligreja universdh 2 Tereja de: Deus, o\Corpo de Cristo, __-4“E, se ele recusar ouvi-los, dize-o a igreja” (Mt_18:17), 9 vocabulo igreja é usado aqui num sentido bem diferente do de 16:18. Aecsfera da igreja a que se refere o termo aqui claramente nao é tio abrangente como a esfera da Igreja mencionada na passagem anterior, Em 16:18, Igreja é a Igreja que nao conhece’ _tempo ou espago, mas a igreja em 18:17 é obviamente limitada tanto ao tempo como ao espaco, pois pode-se falar a ela. A Igreja_ mencionada no capitulo dezesseis inclui todos os filhos de Deus em todas as localidades, ao passo_que a igreja mencionada no, capitulo dezoito inclui somente os filhos de Deus que vivem em _ uma localidade:e € por ser limitada a um s6 lugar que é possivel dizer aos crentes que a compéem quais s40 as nossas dificuldades, E dbvio que a igreja aqui é local, ¢ nao universal, pois ninguém consegue falar de uma s6 vez a todos os filhos de Deus em todo © universo, S6 é possivel falar de uma s6 vez aos crentes que vivem num s6 lugar. Temos claramente perante nés dois aspectos da Igreja: a Igreja e as igrejas, ou seja, a Igreja universal e as igrejas locais. A Igreja € invisivel; as igrejas sao visiveis, A Igreja nao_tem. organizacao; as igrejas sAo_organizadas, A Igreja é espiritual; as- igrejas sao espirituais, contudo fisicas) A Igreja é puramente um organismo; as igrejas sio um organismo, contudo séo ao mesmo tempo organizadas, fato esse comprovado por haver nela presbiteros e didconos, Todas as dificuldades da Igreja surgem em conexao com as igrejas locais, e nao com a Igreja universal, Esta é invisivel ¢ espiritual; logo, ultrapassa o limite humano, ao passo que aquelas Sio visiveis e organizadas; logo, sao passiveis de ser tocadas Pe mAos humanas. A Igreja celestial 6 tao distante do mundo ques possivel nao ser afetada por ele, mas as igrejas terrenas sao (0 As Ierejas Fundadas pelos Apéstolos 83 préximas a nés que, se surgem problemas nelas, nés os sentimos vividamente. A Igreja invisivel nao poe 4 provaanossa obediéncia a Deus, mas as igrejas visiveis nos provam severamente, pondo- nos frente a frente com quest6es no plano intensamente pratico da vida terrena, A BASE DAS IGREJAS Na Palavra de Deus encontramos 0 termo igreja de Deus no singular (1 Co 10:32), mas também temos a mesma expressao no plural: as igrejas de Deus (1 Ts 2:14). Como essa unidade tornou- se pluralidade? Como a Igreja que é essencialmente uma tornou- se muitas? A Igreja de Deus foi dividida’ em igrejasde Deusna _ basé tinica a diferenga de localidade, A localidade & tinica base) biblica para a divisao da Igreja em igrejas. ~~ Asseteigrejas da Asia, citadas em Apocalipse, compreendiam a igreja em Efeso, a igreja em Esmirna, a igreja em Pérgamo, a igreja em Tiatira, a igreja em Sardes, a igreja em Filadélfia ea igreja em Laodicéia. Eram sete igrejas, ¢ nao uma. Cada uma era distinta das demais com base na diferenga de localidade. Os santos s6 nao pertenciam 4 mesma igreja porque nao residiam no mesmo lugar. Havia sete igrejas simplesmente porque os crentes viviam em sete lugares. Efeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia sao claramente topénimos, isto €, nomes proprios de lugar. Nao apenas as sete igrejas da Asia foram fundadas na base da localidade, mas todas as igrejas mencionadas nas Escrituras também foram fundadas na mesma base. Em toda aPalavrade Deus nao podemos encontrarnenhum nome atrelado a.uma igreja, exceto o nome préprio.de um lugar, por exemplo, a igreja em Jerusalém, a igreja em Listra, a igreja em Derbe, a 'O vocdbulo dividida aqui & usado no seu sentido mais puro. if A Vida Crista Normal da Igreja igreja em Colossos, a igreja em Tréade, a igreja em Tessalénica, a igreja em Antioquia. Nunca é demais dizer que nas Escrituras nenhum nome, exceto o nome de uma localidade, jamais fai atrelado uma igraja, ¢ a divisto da igreja em ignejas tem por base 7 tinica a “diferenca de localidade. gi a Espiritualmente a Igreja de Deus é uma s6; portanto, nao pode ser dividida; fisicamente, porém, seus membros espalham- se por toda a terra; logo, ndo conseguem viver num s6 lugar? Entretanto é essencial que haja um ajuntamento fisico dos cristaos, Nao basta que estejam presentes “em espirito”; também precisam estar presentes “na carne”. Ora, uma igreja.compde-se de todos os chamados para fora_reunidos em_um_sé_lugar_para adoracio, oragdo, comunhao e ministério. Essa assembléia é absolutamente essencial para a vida da igreja. Sem ela, talvez haja cristaos espalhados por toda a regiao, mas nao ha, de fato, uma igreja. A Jgreja existe por causa da existéncia dos membros, ¢ isso nao requer que eles se retinam fisicamente; mas para a existéncia de uma igreja € essencial que seus membros se revinam fisicamente. E nesse ultimo sentido que o termo igreja é usado em | Corintios 14. As expressoes na igreja (vs. 19, 28) e a igreja (v. 23) implicam as reuntoes da igreja, Uma igreja € uma igreja reunida. Esses crist4os nao esto separados de outros em nenhum aspecto exceto o lugar onde moram. Enquanto continuarem Na carne, estarao limitados pelo espago, e essa limitagao fisica, que em natureza torna impossivel que o povo de Deus se retina no mesmo lugat, & atinica base\permitida por Deus para formar igrejas separadss Os cristaos pertencem a igrejas distintas somente pela razio d¢ que vivem em lugares distintos. Essa divisio é meramente externa. Em realidade, a igreja como Corpo de Cristo nao pode ser dividida; portanto, mesmo quando a Palavra de Deus refer _ p 3 ado 20 ‘© ressentimento de alguns autores em relacio ao uso do vocdbulo membro ligad? voctibulo igreja limita-se aos termos, ¢ nfo aos fatos. As Ierejas Fundaitas pelos Apéstolos BSE se a viirias congregacgdes do Seu povo, os lugares mencionados variam, mas ainda 6 @ igreja em cada um desses lugares, como a “igreja em Efeso”, ca igreja em Esmirna”, “a igreja em Pérgamo”. pm No Moves Testamento 56 hé um método, ¢ somente um, de \ | ividir a Igreja em igrejas, e esse método ordenado por Deus tem } por base a localidade. Todo e qualquer outro método é \ \\ Manufaturado pelo homem, endo dado por Deus. Que o Espirito / \ de Deus inscreva essa’ yverdade profundamente em nosso coragao, / asaber, que a tinica razio para a divisao dos filhos de Deus em/ varias igrejas é a diferenga dos lugares nos quais.vivem, ‘Que é uma igreja neotestamentria? Nao é um edificio, nem um saldo de evangelizagao, um centro de pregagao, uma missao, uma obra, uma organizacaéo, um sistema, uma denominagao ou uma facgao. Talvez se aplique o termo igreja a qualquer um dos casos acima; nao obstante, eles nao sao igrejas. Uma igreja neotestamentaria € _reuniao para adoracao, oracéo, comunhao e, aperfeicoamentomiituo, detodoopove deDeusemcertalocalidade,, tendo por base.o fato de que so cristéos na. mesma localidade. A Igreja é o Corpo de Cristo; uma igreja é uma miniatura do Corpo de Cristo. Todos os cristZos numa localidade formam aigreja nessa localidade, e de algum modo, ainda que pequeno, eles tém de manifestar o que a igreja deve manifestar. Eles sio o Corpo de Cristo nessa localidade, portanto tem de aprender a submeter-se ao encabecamento do Senhor ea manifestar a unidade entre todos os pe contra, cismay € divisio. O LIMITE DE UMA LOCALIDADE Vimos que todas as igrejas nas Escrituras stio locais, mas surge naturalmente a pergunta: Que é uma localidade, segundo a Biblia? *Cisma: separacio do corpo e da comunhao de uma religido (Dic. Aurélio). (NT) A Vida Crista Normal da Jereja es mencionados na Palavra de Deus em Se notarmos quais os lugy relagdio & fundagdo ce ign a extensio de um lugar que justifique que ele seja considerado a unidade de formagio da igreja. Nas Eserituras o que determina o limite da igreja ndo sao pates, provtncias ou distritos. Em nenhum lugar lemos sobre uma igreja nacional, ow igreja provincial ou igreja distrital. Lemos sobre a igreja em Efeso, a igreja em Roma, a igreja em Jerusalém, a igreja em Corinto, a igreja em Filipos e a igreja em Icénio, Ora, que tipo de lugares sio Efeso, Roma, Jerusalém, Corinto, Filipos ¢ Icénio? Nao sao paises, nem provincias, nem distritos, mas simplesmente lugares de tamanho conyeniente para se viver em certa medida de seguranga e sociabilidade. Em linguagem moderna, nés os chamamos de cidades. E evidente que as cidades eram os limites das igrejas nos dias dos apéstolos pois, por um lado, Paulo eBarnabépromoviam, “em cadaigreja, aeleigao de presbiteros” (At 14:23), ¢, por outro, Paulo instruiu a Tito a constituir presbiteros “em cada cidadé” (Tt 1:5). Na Palavra de Deus nao vemos igreja que exceda os limites de uma cidade, nem encontramos igreja alguma que nao cubra toda a drea da cidade. Uma cidade é a unidade biblica de localidade. Desde Génesis e Josué vemos que as cidades na antigiiidade eram o lugar onde as pessoas se agrupavam para viver; eram também a menor unidade de administragao civil, ¢ cada uma tinha nome independente. Todo e qualquer lugar em que as pessoas se agrupam para viver, com nome independente, € que seja a menor unidade politica, esté qualificado a ser @ unidade para a fundacado de uma igreja. Tal lugar é uma cidade biblica e é o limite de uma igreja local, Cidades grandes como Roma e Jerusalém sao apenas unidades, ao passo que cidades pequenas como Icénio ¢ Tréade sao igualmente unidades. Excet tais lugares onde se vive a vida comunitéria, nao ha outra unidade biblica das igrejas de Deus. »oderemos ceterminar qual deve ser As Igrejas Fundadas pelos Apéstolos SENET Naturalmente surgirfio perguntas sobre grandes metropoles como Londres. Sao consideradas uma s6 localidade unitaria ou mais de uma? Londres claramente nao é uma sé cidade no sentido biblico do termo, e nao pode, portanto, ser considerada uma unidade, Até mesmo os moradores de Londres falam de “ir 4 cidade”, ou “ir ao centro”, o que revela que, no modo de pensar deles, Londres e “a cidade” nao sao sindnimos'. As autoridades politicas e postais, bem como o cidadao comum, consideram Londres mais de uma unidade. Eles a dividem em burgos’ e distritos postais. O que eles consideram unidade administrativa, bem podemos considerar unidade eclesiastica. Quanto aos povoadosrurais, que nao podem ser tecnicamente chamados de cidade, talvez também sejam considerados “localidades unitarias”. Diz-se que o nosso Senhor, enquanto estava na terra, passava pelas “cidades e aldeias” (Le 13:22), donde vemos que povoados rurais, bem como vilarejos, sao considerados unidades distintas_. Essa divisio de igrejas segundo a localidade € uma demonstragao da maravilhosa sabedoria de Deus. Se Ele tivesse ordenado que a Igreja fosse dividida em igrejas tendo o pais por limite, entio, se um pais fosse aniquilado ou absorvido por outro, a igreja teria de mudar de esfera. Se uma provincia marcasse 0 limite de uma igreja, a esfera das igrejas iria alterar- se sempre, com a freqiiente mudan¢a dos limites provinciais. oO mesmo se aplica ao distrito. A mais estivel de todas as unidades politicas é a vila, lugarejo ou cidade. Governos, dinastias e paises podem mudar, mas as cidades raramente sao afetadas ‘1, realmente, uma area dentro de Londres conhecida como The City (A Cidade}, que alguns também chamam de Square Mile (Milha Quadrada), que eamedidadasun superficie (equivalente a 2.590 km’),’Tem sua prépria forga policial bem como outros servigos; €ums cidade aut6noma dentro de Londres. ‘Na Inglaterra, cidade ou vila que tem direito a eleger um ou mais representantes no Parlamento (Die. Aurélio). (N. T.) a A Vida Crista Normal da lereja pelas mudangas politicas. Ha cidades que ja passaram de um pais para outro e ainda mantém o nome original, e ha cidades hoje que preservam 0 mesmo nome de séculos atras. Portanto vemos a sabedoria divina ao decretar que a localidade deve fixar o limite de uma igreja. Visto que os limites de uma localidade marcam os limites de uma igreja, nenhuma igreja, portanto, deve ser menor do que uma localidade, nem maior. A Palavra_de Deus reconhece somente duas igrejas: a Igreja universal e as igrejas locais; nao ha ima terceira cuja esfera seja menor do que a local, ou mais ampla do que a local, contudo menor do que a Igreja universal, Uma_ igreja local Hao admite divisao, tampouco admite extensaa. Nao se pode estreitar o seu ambito dividindo-a em varias igrejas menores, nem se pode ampliar o seu ambito unindo varias igrejas locais. Toda e qualquer igreja menor do que a igreja local nfo é biblica, e toda e qualquer igreja maior do que uma igreja local, contudo menor do que ( Igreja univers } ‘tampouco é biblica. Nuys NAO E MAIS ESTREITA DO QUE UMA LOCALIDADE Lemos em 1 Corintios 1:2 acerca da “igreja de Deus que est em Corinto”. Corinto era uma localidade unitaria, ¢ a igreja em Corinto, uma igreja unitaria. Quando a discérdia se entremetel € seus membros estavam a ponto de dividir a igreja em que? facgdes, Paulo escreveu, repreendendo-os: “Cada um de vos dit Eu sou de Paulo, ¢ eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo (-} Porventura, nao sois carnais?” (1 Co 1:12; 3:4 - VRC). Se pessoas tivessem formado quatro grupos, teriam sido facgO® c nao igrejas, pois Corinto erauma cidade, e essa é amenor unidade que garante a formacdo de uma igreja. A igreja de Deus on Corinto nao podia cobrir area menor do que a cidade inteira, nem As derejas Fundadas pelos Apéstalos = podia compreender menor mimero de cristdos do que os que viviam ali. Essa é a definigio de Paulo da igreja em Corinto: “Os santificados em Cristo Jesus, chamados santos” (1:2 - VRC). Formar uma igreja em drea menor do que uma localidade unitaria € forma-la numa base menor do que a unidade biblica; por conseguinte, ela nao pode ser uma igreja biblica. Todo e qualquer grupo de crist’ios menor do que todos os cristaos num lugar nado esti qualificado a ser uma igreja distinta. A unidade da igreja deve corresponder 4 unidade da localidade. Uma igreja tem de cobrir @ mesma drea da localidade na qual é fundada. Se uma igreja é menor do que uma localidade, ela nao é biblica; é uma faccdo. Dizer: “Eusou de Paulo”, ou: “Eu sou de Cefas”, éobviamente faccioso; mas dizer: “Eu sou de Cristo” também o 6, embora seja menos dbyio. A confissio: “Eu sou de Cristo” é boa como confissio, mas nao é base adequada para formar uma i distinta, visto que exclui alguns filhos de Deus em certa localidade ao incluir apenas os que dizem: “Eu sou de Cristo”. E um fato que todos os que créem pertencem a Cristo, quer esse fato seja_ declarado ou nao; e fazer diferenca entre os que proclamam isso g os que nao o proclamam é condenado por Deus como algo carnal. E o fato que importa, e nao a declaraciio do fato. A esfera da igreja em qualquer lugar nao somente inclui os que nesse lugar dizem: “Eu sou de Cristo”, mas também todos os que sda de Cristo nesse lugar. Ela se estende por toda a area da localidade, e inclui o numero total dos cristios na localidade. Declarar-se de Cristo por si sé é perfeitamente correto, mas fazer divisao entre cristos que tomam essa posicao e os que naoa tomam é totalmente errado. Estigmatizar como facciosos os que dizem: “Eu sou de Paulo”, ou: “Bu sou de Cefas”, e sentir-nos espiritualmente superiores quando nos separamos deles _¢ ter comunhao somente com os que dizem “Eu sou de Cristo”, faz-nos culpados do mesmo pecado que condenamos nos outros. Se : A Vida Crista Normal da Tereja fazemos do nio-sectarismo a base da nossa comunhao, dividimos aigreja em outra base que nao aque foi ordenada por Deus, e assim formamos outra facgiio. A base biblica para uma igreja é ving localidade e nao a auséncia de sectarismo. Toda e qualquer comunhio que nio seja tio ampla quanto a localidade é facciosa. Todos os cristios que vivem no mesmo lugar em que eu vivo estao na mesma igreja em que eu estou, e eu nao ouso excluir ninguém, Eu reconheco como meu irmao e como membro da minha igreja, todo qualquer filho de Deus que vive em minha localidade. Havia muitissimos cristios em Jerusalém. Lemos de uma multidao que se voltou ao Senhor; contudo, todos eram citados como a igreja em Jerusalém, e nao as igrejas em Jerusalém. Jerusalém era um sé lugar, portanto, s6 podia ser contada como uma s6 unidade com vistas 4 formagiio de uma sé igreja. Vocé nao pode dividir a igrejaa menos que possa dividir o lugar. Se ha apenas uma localidade, s6 pode haver uma igreja. Em Corinto havia somente aigreja em Corinto; em Hankow ha somente a igreja em Hankow. Nao lemos sobre as igrejas em Jerusalém, ou as igrejas em Efeso, ou as igrejas em Corinto, Cada um deles era considerado um s6 lugar; portanto, sé se permitia haver uma igreja em cada luge. Enquanto Jerusalém, Efeso e Corinto forem localidades unitérias, nelas s6 pode haver uma igreja unitaria, Se uma localidade € indivisivel, a igreja nela formada é indivisivel também. [ Re NAO £ MAIS AMPLA DO QUE UMA LOCALIDADE Acabamos de ver que o limite da igreja nfo pode ser menor do que a localidade a qual ela pertence. Por outro lado, seu limite nao pode ser mais amplo do que alocalidade, Na Palavra de Deis jamais lemos expressdes como “a igreja na Macedénia”, * : igreja na Galacia”, ou “a igreja na Judéia”, ou “a igre)" S Galiléia”. Por qué? Porque a Macedonia e a Galiléia er" As Igrejas Fundadas pelos Apéstolos jt provincias, e a Judéia e a Galacia eram distritos. A provincia nao é a unidade biblica da localidade; nem 0 distrito o é, Tanto uma como o outro incluem varias cidades; portanto, podem conter varias igrejas distintas, e ndo uma so. Uma igreja provincial ou distrital nao é biblica, uma vez que nao esta na base da localidade, mas retine varias localidades. Todas as igrejas biblicas so locais; é por isso que nao ha mencio de igrejas estatais, provinciais ou distritais na Palavra de Deus. “Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria tinham paz” (At 9:31 - VRC). O Espirito Santo nao mencionou aqui a igreja, e, sim, as igrejas. Visto que havia varias localidades, havia também varias igrejas. Nao era o plano de Deus unir as igrejas de varios lugares numa igreja s6, mas ter uma igreja em cada lugar. Havia tantas igrejas quanto havia lugares. “E passou pela Siria e Cilicia, confirmando as igrejas” (At 15:41). Novamente a referéncia nao é a uma sé igreja, pois a Siria ea Cilicia eram vastos distritos, cada um compreendendo varios lugares. E admissivel em circulos politicos unir varios lugares num sé distrito e chamé-lo Siria ou Cilicia, mas Deus nao uniu os cristZos de varios lugares e os chamou de a igreja na Siria ou a igrejana Cilicia. Pode haver uniGes ou fusdesno mundo comercial ou politico, mas Deus nao aprova agrupamentos de igrejas. Cada lugar deve ter uma sé igreja. “Todas as igrejas dos gentios” (Rm 16:4). As igrejas de Deus nao foram formadas em fronteiras nacionais, mas em fronteiras locais; portanto, nado se menciona a@ igreja dos gentios, mas as igrejas dos gentios. “As igrejas da Asia vos satidam” (1 Co 16:19). “As igrejas da Macedénia” (2 Co 8:1). “As igrejas da Galdcia” (GI 1:2). “E nao era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo” (Gl 1:22). A Asia, a Macedénia, a Galicia e a Judéia fram dreas que compreendiam mais do que uma localidade

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