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ar martre CIETY Tinta ey Engenheiro, icenciado em 1961 em Engenharia Flectrotécnica pelo Instituto Superior Técnico, realizou 0 Curso de Extensao Universitaria sobre Tecnicas de Gestdo (/ST-1973) ¢ 0 mestrado em Gestao da Qualidade pela Universidade Aberta de Lisboa Realizou os cursos de Formagao de Formadores ‘em Tecnologia Industrial (COPRAL-1987), Formagao de Especialistas em Tecnologia {CIDEC-1988) ¢ Sistemas de Produgao (Ecole des Mines de Paris-1991). Exerceu fungdes no Grupo Phillips em Portugal de 1961 2 1983. Foi responsavel pela producso da Linha Audio, coordenador da actvidade de normalizagao do Grupo, Director Adjunto do Complexo industrial em Camande, responsavel pela Actividade Exportadora do Grupo Coordenadar Tecnico do Sector de lluminacéo. Desde 1983 actua como Profissional Liberal, monitorando cursos na rea da Gestao da Produgao e da Qualidade @ exercendo a actwidade de Consultor nas areas da Organizacao da Produsao, Produtmdace e Qualidade, E director de projectos do Centro de Competéncia do CIDEC, no sector da Cerdmica, do Calcado, do Vestuario e dos Téxteis, actuando nas reas de Gestao da Producao, Racionalizacao, Automacao € Informatizacao. E colaborador da Revista DIRIGIR Go IEFP na area da Organizagao da Produgao Alberto Augusto Peres Alves 3 Aosesaniaie de Many PARTE 1 - Estrategia de Producto. 9 tniodurso Conceto de Sera oe Produ Gest da Pride furgio Prodsa Poreamento Go Pod Connpstinacade e Prondaces ‘eis co Ose 51 Qualdae Compendia 162 Concvito de Quaidte Tord PARTE 2 -Concepgao do Sistema de Producso_37 inodugo rece a ieee 21 Aste ls eKoncmas de Ga 22 Rebrca tera por Committ 23 Gosia dado Keri dco do abo Capac eten Sioa ae Manutarago 6¥ts 62 Inplantacto PARTE 3-Funcionamento do ____Sistemna de Produgio Introducgto Geto dos Aprassinvimentos e das Exstencas nearenitoe Cortada Peaga0 21 OPansamento da Prediio 22 @ Pociama ieaer de Producao - POP 23 O Pansamerte das Necesidades Mates - MRP 244 A Texnolagia de Pnctagao Optra OFT 25 OSctena nstin Trea ‘Gero € Aral de Proestos, 4 Ssterace Garant de Quaidaie 41 Onredb AMEC 42 0 Contdo tates do Pocesa~ SRC 4.3 A Nlecessdie dos Procedimenton Cole ti0s 44 Os Cntos eo Cuatdate 45 A Gerticagbo pls Nona 60 8000, Sesto Energitna e Anbertal 51 Geado dh Exe 52 Gestdo Anbertal PARTE 4 - Producso e Competitividade 165. Introdugia mm de nlormagto 2 Contola de Gesan 3 Deagnasico nasil Glossavio__ 8 Bibliografia de Referéncia 185 Manual de Gestio Industrial + CIDEC 1999 INTRODUGAO 1 Introdugao ao Manual O presente Manual de Gestio Industrial, inserdo ra colecgao de gestao empresarial do CIDEC, constitu mass um contnibuto para a politica de apoio a formagao profissional e 8 diusdo do conhecimento sequida pela insttuigao. A fungi Gestdo Industrial deve ser considerada come uma ferramenta com um potencial paderoso por forma a serem atingidos os objectivos e as estrategias de urna empresa. ‘A par das outras funcées igualmente importantes numa organizagdo empresara ais como o Marketing, as Financas @ 0s Recursos Humianos, a fungao Produgao apresenta caractersticas de grande dinamismo, deven- do ser gerida com uma germanente adaptacao a envoivente da empresa por forma a privilegiar 3 sua competitvidade 2 Objectivos do Manual Os objectivos deste Manuel s80 0s de apresentar as ferramentas e as técnicas gare a solucéo de problemas relacionados com @ Gestao Industrial, enquadraddos num contexto de realizacSo dos ebjectivos € das metas globais da empresa, A filosofia subjacente 4 organizagao do Manual contempla, dla mesma forma, quer a imporiancia estrategica, quer as fertamentas utlizadas na Gestdo Industral Assim, partindo das decisdes de posicionamento estratégico da empresa passa-se as decisoes respeitantes a concepeao, as decisoes de operacionalizacao e, finsimenta, a0 controlo dos eventuais desvios ¢ a implemen- tacdo de medidas correctivas. 0 termas-chave de cada capitulo fazer parte de um glossario incorporado no final do Manual. No CD-Rom de apoio sero apresentados exercicios relacionados com as materias dos ca a aulo-avaliacac da compreensao das assuntos ‘ocadas, tulos, servindo para CIDEC 1999 » Manual Privco de Gestio Industrial INTRODUCAO 3 Apresentacao do Manual © Manual Pratico de Gestao Industrial abordara, numa primera parte, a5 deasbes a tomar pela funcao Producio para o posicionamento estcatégico da empresa, de manera a garantir a necessara competiivdade, focando os asvectos de planeamento do produto a obter, das prionidades competitivas e da gestao da quall- cade adequada Numa segunda parte, se180 apresentados os fundamentos para as decisbes respeitantes as diferentes alter- rrativas na cnacéo de um Sistema de Pradugdo que corresponda as necessidades da empresa, englooando nomeadamente a concepcao do processo pradutno, a escolha de recnologa, a medicao do trabalho, a deter minacao da capacidade produtiva, a organizacdo da manutencao, a localizacao e a implantagao dos mews de producao A compatibilzacao das decisdes imolicadias pelas actividades dhirias dos gestores da Producao com a estrate- gia global da empresa sera visada na tercerra parte do Manual, explorando topicos tas como 0 aprovisiona mento, a gestae das existéncias ¢ 0 olaneamento € controlo da producao. Finalmente, na quarta parte do Manual ser abordado 0 contriouto positva da Gestae Industrial para a competitivdade da empresa, a ser monitarado atraves de um eficaz Sistema de Controle de Gestao, com este a fungamentar as adequadas medidas correctvas, 8 + Manual Pritico de Gestio Industrial + CIDEC 1999 ESTRATEGIA DE PARTE PRODUCAO l ESTRATEGIA DE PRODUCAO rare 05 objectivos do Manual, nesta primeira parte, consistem na apresentagao de conceltos e de oraticas be {gestdo empresarial que dao resnosta as sequintes questées das diferentes areas: Estratégia Empresarial = Como se podem identificar a5 mucangas da envolvente da empresa por forrna a ser ‘ormulada a respectiva esteatégia? + Qual a relacéo entre a estratagia da empresa e a estratégia de produgao? + A gestao 56 deverd concentrarse em factores estratégicos? Planeamento.do Produto + Que gama de produtos devers ser oferecida? * Quando deve um produto entrar ov sair do mercado durante o seu ciclo de vide? + Quando se devern juntar ou retirar produtos de una detetminada gama? © Quais deverao ser os factores competitivos? » Deveremos orivilegiar prego, qualidade, prazo de entrega ou flexibilidade? *# Qual seré o melhor poscionamento estratégico & que influénca terd nas outras decisoes da area da producio? ** De que forma os chentes percebem a qualidade dos produtos? = Como se pode atingir 0s niveis da qualidade preconizados pelas estratégias formuladas? + 0 que se pode fazer para reduzir os custos da nao qualidade? ++ Como podem os empregados participar no proceso de melhoria da qualidade? ‘* Quais as fontes de problemas da qualidade no sistema produtivo? CIDEC 1999 + Manual Pritico de Gestéo Industrial « IT ESTRATEGIA DE PRODUCAO 1 Conceito de Sistema de Produgéo A Gestao da Producao devera possitilltar um eficiemte e eficaz funcionamento de um sistema de producac de bens e servicos, ou seja, um sistema de transformagao com entradas de recursos e saida de produtos. SISTEMA DE PRODUGAO PRODUTIVIDADE SISTEMA DE PRODUGAO ence) Figura 1 Este processo de transfornacao converte, partanto, os recursos de entrada em produtos, mediante a utiliza- «80 eficiente cesses recursos No ambiente actual cada vez mais compettivo, a utilizaao eficiente e eficaz dos recursos faz a distincao entre 5 empresas de sucesso e as outas. Como recursos de entiada num sistema de produsao incluern-se os recursos humanos, o capttal, na forma de equipamento e de instalagues, 0s materials, o terreno, a energia e a informacao. 2 Gestio da Produtividade ‘A produtividade tem um papel ‘undamental na gastao da produgao, dependendo da major ou menor ef ciencia na utilizagao dos recursos. Correntemente, a procutividade esta associada a expressoas como “fazer as coisas mais depressa”, “fazer mais coisas com 0 mesmo esforgo”, “produzir mais gastando menos” ou “produzir mais barato” 12+ Manual Patico de Gestdo Industrial * CIDEC 1999 ESTRATEGIA DE PRODUCAO A medicao da produtividade @ traduzica por: Produgao Produtvidade Recursos Utilizados A produtividade global implica 0 célculo da produtividade englobando todos os recursos utlizados, padendo ser calculada a produtividade parcial no que diz respeito a cada um dos recursos como, por exemplo, 3 produtvidade da mao-de-obra © aumento da produtividade é possivel em cinco situacées, a saber 1. Acrescimo da produsgo maior do que o acréscimo dos recursos, 2, Recursos constantes e acréscimo da produgao; 3. Redugao dos recursos maior do que a reducao da producac; 4, Produgao constante e redugao de recursos; 5. acrescimo da producao e reducdo dos recursos. Em geral, a produtividade tem um impacto directo no nivel de vida da sociedade, dado que implica um maior ou menor nivel de vida 8 escala nacional A produtividade numa empresa pode ser influenciada directamente, como nas areas do planeamento ¢ de metodos e tempos, ou indirectamente, através do seu sistema de organizagao, como se apresenta na figura seguinte. CIDEC 1999 + Manual Pritico de Geto Industral + 13 ESTRATEGIA DE PRODUCAO NATUREZA DA PRODUTIVIDADE PRODUTIVIDADE NA EMPRESA PRODUTIVIDADE DIRECTA PRODUTIVIDADE INDIRECTA PunenmenTo | [woe ‘Como? = [ssteMA De oncaMza¢Ao | Quem? Onde? Quando? [beste Coordenagao Estrutura hierérquica optimized dos recursos ‘Optimizacéo dos inodos operatorios reinimizando Custos + Ansise do trabalho + Medigio do trabalho * Estudo dos postos de trabalho: + Estudo dos rotetas de fabrico e das implantacoes * Preparacso do. trabalho Minienizago Be esperas, de evsténcias, de produtos em curso e de atrasos Maximizacao da dos meios de produgéo Maximizagio da eficiéncia de cada posto de trabalho Fficiéncia individual Eficiéncia do conjunto Figura 2 Industrial = CIDEC 1999 (ae? ‘Sistema de informagao ESTRATEGIA DE PRODUGAO 3 Fungo Produgao ‘A Producao constitui uma das fungoes de uma organzacao industria, a par das outras fungoes, como a fungao Recursos Humanos que gere 0 pessoal, a fungao Engenharia que envolve a concencao de produtos @ de metodos de producao, a fungeo Finangas que gere os meios financeiros, a funsao Marketing que identi €@ a procura dos produtos, a funcao Logistica que gere 05 aprovisionamentos e transporte de produtos e a fungao Financeira que ¢ responsavel pela informacao dos resultados econdmico-financeios. Os gestores da funcdo Praducao lidam com multas disciplinas e técnicas, desde anaiises quantitativas, que resultam em madelos de técnicas destinadas 2 solucso de problemas da produgéo, aos sistemas informaticos para o tratamento de vastas quantidades de informacao, passando pelos conceitos de comportamento orga- nizacional que servem para a gestéo do pessoa’ Ainda, 05 estudos sobre & globalizagdo dos negécios podem dar indicacdes Uteis aos gestores da Produgao sobre a eventual deslocalizacao das actividades pradutivas. Uma particularidade dos gestores da Producao tem a ver cam a tipologia de decisdes, a titulo inaividual ov colectivo, @ que estao apresentadas no quadio seguinte com as respectivas questdes tipicas, divididas por dacisdes de posicionamento estratégico, de concepgdo do sistema produtivo e de funcionamento das infra esteuturas produtivas. As alternatvas para as fepostas as questoes tipicas acima apresemtadas, no sentido de facilzar as decisoes 2 tomar, serao dadas nos diferentes capitulos deste Manual E evidente que cada tino de decisao a tomar tem, noralmente, um curio horizonte temporal € mais de natureza vactica, mas tem um importante efeito cumulative no desempenho do sstema de producao. CIDEC 1999 + Manual Pritico de Gestio Industrial * 15 ESTRATEGIA DE PRODUCAO TIPOLOGIA DE DECISOES eee Dedisbes de Estrategia * Planeamento do Praduto » Priaridades Competitivas * Fosicionamento '* Gestdo da Qualidade QUESTOES TIPICAS * Que tipo e gama de produtos devemas apresentar? * Apostar no custo, qualidade ou flexibitdade? * Organizar recursos para produtos ou processos? * Objectivo de mécia ou alta qualidade? Decisées de Concepcao '* Processo Produtivo * Gestao de Pessoal *# Tipo de proceso produtiva? * Treinar @ motivar pessoal proprio OB subcontratado? + Tecnologis * Automatizar processos de fabrico? + Capacilade de Producao * Que dimenstonamento para as instalacbes fabris? Z ‘ Manuteng3o * Custos de manutengao do equipamento e das instalagdes? * Localizacdo e implantacto * Local e disposicbo fisica Gos meios de p-oduy50? Decisées de Operacionatizagso © Gestdo das Enisténcios © Que fornecedores, nivel de exiténcias € seu controlo? » Planeamerne da Producio * Produzir pot encomenda ou para atmazenar? * Gestdo de Projectos, * Que projectas s8o priortérios? * Contidio da Qualidade ® Como atingit 08 objectives da qualidade? ~ *» Gest Ambiental = Como reduzir 0 impacto ambiental? + Logitica = Que organizacao para as movimentagbes? Quadro 1 Inserida no planeamento de longo prazo, a definicao de estratégia da empresa é 0 resultado de um process conjumo de determinagao da missao da organizacdo, de monitoria e de ajuste 4s mudancas da envolvente € 2 identiticagao das competencias diferenciadas da empresa Em relacao a missio, esta devera provir das espasias as seguintes questoes +# Qual € 0 nosso negocio? Onde nos situaremos dentro de dez anos? + Quem sao 05 nossos clientes? # Quais sa0 0s nossos conceitos e valores hasicos? + Quais s80 05 odjectivos-chave de desemmpenho, 1ais como crescimento cu lucto, pelos quais se mede 0 nosso sucesso? 16 + Manual Priico de Gestdo Industial + CIDEC 1999 ESTRATEGIA DE PRODUCAO Quanto & envolvente externa & empresa, 0 processo de monitoria devera detectar potenciais oportunidades ‘ou ameagas, tendo em vista o factor Planeamento Tactico- Horizonte de longo prazo ‘Morzonte de-cuto prazo Menosicerteza ‘Mas ceneza ‘Meno esiruturado "Mss estraturado Mais orientado pars 0s fins ‘Mais orentatio para os meios NNecessidades de inforragao ral definides _Necessidades de informac6es bern definidas Tendéncia para impacto ireversivel Tendéncia para impacto reversivel ~ Focagern no todo Focagem no —— aa = Figura 3 Dado a Producao ser uma arma competitive fundamental, 0 sucesso da empresa deverd pois resultar, funda- mentalmente, dos actos de gestéo fundamentados, de fora campiementar, quer nas escolhas acertadas de natureza estratégica, quer nas decis6es tacticas baseadas nas andlises rigorosas das alternativas especiticas. CHDEC 1999 + Hanual Prati de Gestio Industral © 17 ESTRATEGIA DE PRODUCAO 4 Planeamento do Produto © planeamento do produto engloba as actividades relacionadas cam a introdugao, modificagao, ou retirada dos produtos, senda um processo continuada com un)a tarefa que nunca esta completada A estrategia da empresa serve de orientacao, dado que 0 planeamento do praduto deverd estar em con- sonancia com os objectivos globais da empresa. Contudo, aintensa concorréncia, a expiracao da validade das patentes e as rapidas inovacoes tecnologicas sao factores que desafiam a aptidao da organizagao para produzir urn produto de qualidade, que se ajuste a pracura pelo mercado, ¢ fornecido atempadamente, De seguida, serdo abordados 0 ciclo de vida, as estrategias de langamento ou de retirada, e as fases de planea mento do produto. © ciclo de vida de um produto abarca cinco estadis, os quais so 0 planeamento do produto, 0 lancamento, © crescimento, 2 maturidade, © 0 declinio, como esté representado na figura 4 CICLO DE VIDA DO PRODUTO lanuais \Crescimento Figura 4 18 + Manual Prati de Gestdo Industral * CIDEC 1999 ESTRATEGIA DE PRODUCAO Os ciclos de vida variam mutto de produto para produto, com as indiistrias de alta tecnologia, por exemplo a de comoutadiores e 2 de microprocessadores, a terem produtos obsoletos no prazo de poucos meses, As estratégias de lancamento e de setirada de um produto 10 mercado tém importantes implicacdes na ‘ungao Producdo, podendo considerar-se as trés estratégias basicas do quadro sequinte: ESTRATEGIA DE PRODUTO E TIPO DE PRODUAO eri) aie Entrada ¢edo Transiga0 de baixo wolume & flesibilidade para Saida tarde Langamento ‘alto volume e baa custo Entrada cedo | Na tase de Natase de | Baixo volume e Hlexibiidade seaces | teres | vets | Entrada tarde | Na fase de ‘Alto volume © Baixo Cust ‘Saida tarde ‘Crescimento, Quadro 2 © primeito tipo de estratégia tem como consequéncia uma mudanga total no sistema produtwo, © segund tipo mantem um sistema produtivo com baixo volume e flexivel, caracteristico das pequenas empresas, enguanto que © terceiro tipo fequer um sistema produtivo automatizado ¢ eficiente para altos volumes e baixos custos, CO planeamento do produto ¢ mais activo durante o primeiro estadio do seu ciclo de vida e pode ser dividido em quatro passos, Como se mostra na figura sequinte PLANEAMENTO DO PRODUTO Passo 1: Gereeao de Ideias ‘Passo 2: Selocco de Wieias Passo 3: Desenvolvimento @ Ensaio Figura 5 CIDEC 1999 * Manual Pritco de Gestio Indus « 19 ESTRATEGIA DE PRODUCAO ‘A tomada de decisoes envolve naturalmente riscos quanto as previsoes de sucesso dos produtos a introduzir to mercado e as suas consequencias financeiras, podendo utilzarse a analise do ponte de equilibria (break-even) que determina a volume de producao Q onde as proveites totais igualam 0s custos totais da ‘empresa, . ANALISE DO PONTO DE EQUILIBRIO (BREAK ~ EVEN) custos Proveitos totais anuais Quantidade break-even Custos totais anuais Custos fixos Q ‘quantidades Figura 6 Esta anilise baseia-se, portanto, em pressupostos de custos € de volumes de vendas, permitindo fazer uma avaliacae do potencial de um novo produto, 20 assumir que todos os custos relacionados com um dado oro~ duro poder ser sivididos em custas fixos e custos variaveis. Desta forma, se for p 0 prego de cada unidade vendida, ¢ 0 custo variével de cada unidade produzida, F os Custos fixos anuais, ¢ Q a quantidade de unidades produzicas e vendidas por ano, o ponto de equilibrio sera atingido quando 2s receitas totais anuais pQ iguelarem 05 Custos totais F + €Q F ou seja, PQ=FseQ donde @ pre Q sera pois a quantidade correspondente ao ponto de equilibrio, a qual tambem pode ser encontvada grat camente segundo a figura 6. Aplicagao pratica Considere-se que uma dada empresa decide vender um produto a 3 000 escudos por unidade, tendo custos fixos anuais de 15 000 000 escudos e custos totais varies de 1 500 escudos por unidade Qual éa quanti- dade @ correspandente a0 gonto de equlibro? 20 + Manual Pritico de Gestio Industral * CIDEC 1999 ESTRATEGIA DE PRODUCAO Aplicando a formula acima, teremos que essa quantidade devera ser igual aos custos fixos anuais F divididos pela margem de lucto unitaria p ~ ¢: 15.000 000 15.000 000 Qs. = = 10 000 unidades 3000-1500 1500 5 Competitividade e Prioridades Na selecg4o dos produtos a langar no mercado é importante fazer realgar as prioridedes na sua producao, tendo em vista os factores competitivas seguintes: * custo Baixo preco * Qualidade Concencao de alto desempenho Qualidace consistente + Prazo de entiega Entrega rapida Entrega atempada * Flexibiidade Flexibilidade de produto Flexibilidade de volume Custo Um prego baixo pode resultar de uma minimizacao de mao-de-obra, rateriais, desperdicios e custos supie- mentares, mas esse prege mats baixo requer muitay vezes investimento adicional para instalagdes e equipa- mento mals automatizado. Habitualmente, a baixa de preco sem. sacificio da qualidade ocorre em produtos indiferenciados no estado de maturidade dos seus ciclos de vida, tendendo para altos volumes de producao, a serem executados em equipamento dedicada onde se atinge uma grande eficiencia CIDEC 1999 * Manual Pritico de Gestio Industrial + 21 ESTRATEGIA DE PRODUCAO. Qualidade Em relagao 2 qualidade, um factor de competitwidade deriva de uma concepcao do produto para um alto Gesempenho, 0 que significa prestacées superiors, toleréncias mais baxxas @ maior durabilidade. Neste caso, deverd conta-se com 0 apoio ¢ a aptidao da mao-de obra, dos vendedores e da assistenca técica, sendo importante que nas especiticacoes do produto possam estar incluidos o servico pos-venda e o finan ciamento. - outro factor de competitividade refere-se & consisténcia da qualidade do produto, ou seja a consecucdo das especificacdes de concepcao desse produto. Prazo de Entrega - A rapidee da enteega de uma encomenda depende, naralmente, do sector de actividade e da organizay do respectivo sistema de produGeo, 0 qual pode ser concebido por forma a privegiar este aspecto, con tribuindo desta forma pare o almejado factor competitive de rapida entrega. A variablidade dos prazos de entrega reais face aus prazos prometidos & um outro aspecto que devera ser minimizado para ser alcangado 0 outro factor competitiva de garantia de entrega atempaca Hlexibilidade A flexibilidacle de produto esta relacionada com a aptidao de uma empresa poder adaptar-se a uma mudanca nna concepcao do produto € fazer rapidamente © lancamento do novo produto, ou especializar-se em produ tos altamente personalizados com baixas quantidades de encomenda, senao mesmo um unico produto. A flexibilidace de volume de produggo tem a ver com a facildade da empresa poder dar uma rapida respos 1a 8s grandes flutuagoes da procura, acelerando ou desacelerando 0 ritmo de produgao consoante 0 caso. Diversas solucoes de compromisso S40 gossivels para os tactores de comoetitividade apresentados, podendo: -se melharar, em simultaneo, 0 custo, 2 qualidade e a flexibildade, dependendo da situacao concrela, Por exernoio, a melhoria da qualidade reduz as rejexoes © reparacoes de pradutos, donde a empresa poder reduzir bastante 05 custos e me'horar a produtividade, A partir do planeamenta do produto € da definicao dos factores de competitividade da empresa, o gestor da producao tera de decidir da organizacao do sistema produtivo, ou seja de que forma sero agrupados os recursos produtives TL + Manual Pratco de Gestio Industrial » CIDEC 1999 ESTRATEGIA DE PRODUCAO No caso de uma estratégia com o enfoque no processo, 0 equipamento e a forca de trabalho estarao orga niizados por forma a que as diferentes operacdes dos diversos produtos sejam executadas sempre nas mesmas reas de especializacao de tarefas. Em contrapartida, numa estratégia centrada no produto, a organizacdo privegiard a lineariedade na sequén- Ga de operacdes dos diversos produtos, ainda que possa haver mais areas com idéntica especializacao de tare- fas, como se ilustra a seguir ESTRATEGIA DE PRODUCAO ORIENTADA PARA O PROCESSO Produto 1 f Produto 2 “He ee Produto 3 Figura 7 ESTRATEGIA DE PRODUCAO ORIENTADA PARA © PRODUTO Produto 1 Bo | o Produto 1 Produto 2 Produto 2 + wane ee---- Produto 3 --- + ~ Figura 8 “CDEC T999°* Manual Pritco de Gestéo Industrial * 23 ESTRATEGIA DE PRODUCAO A estrategia de entoque no processo @ adequada para as empresas com encomendas de produtos especiti cos, muitas vezes nicos, com @ fluxo de operacoes a variat muito de produto para produto, donde haver - necessidade de grande flexibilidade dos recursos produtivos. Em contrapartida, a organizacao do sistema de producae centrado no produto possibilita altos volumes de producao de uma pequena gama de produtos normalizados, com flux0s jineares de produgaa em instalagoes fabs nommatmente muito automatzadas Em resuma, a integracéo da estratégia da empresa, do planeamento do produto e dos factores competitivos condiciona © poscionamento estratégico, 0 qual leva os gestores da produsac & tomada de decisées finda mentadas € adaptadas, quer no ambito da concepgde do sistema produtivo, quer no seu funcionamento, como se apresenta na figura seguinte 14 + Manual Pratico de Gestio Industial + CIDEC 1999 ESTRATEGIA DE PRODUCAO INTEGRAGAO ESTRATEGICA E TOMADA DE DECISOES ESTRATESIADA EMPRESA S Miss80 12 envolvente * Competéncias diferenciadoras Planeamento | Controle da da produgso | qualidade Medigodo Capacidade —Localizagao-—Gestio das «= Gestdo de. ‘trabalho de producao-—implantago—existencias——projectos — $a Decisdes de Concepgio Decisdes de Funcionamento Figura 9 CIDEC 1999 + Manual Pritico de Gestio Industial + 25 ESTRATEGIA DE PRODUCAO. 6 Gestdo da Qualidade 6.1 Qualidade e Competitividade A Qualidade, constituindo um factor vital para a competitividade das empresas, apresenta-se camo um con: celto dinamico que envcive varias vertentes da actividade empresarial, tendo o consumidor coma juiz final As grandes linhas definidoras do caminho d& Qualidade sa0, pois, produtor € do consumidor. a exigéncia, a satistagao e seguranga do ‘Ao longo dos ultimos anos a Qualidade tem vindo a assumir um papel cada vez mais preponderante na sociedade, integrando-se com a inovagao no conjunte dos factores dinamicos de competitividade e revelando- se como um dos elementos fundamentais para o sucesso das organizacdes. No amnbito da Qualidade, ou seja em todas as éreas onde a organizacso deoara com as necessidades e expec- tativas dos clientes, dos colaboradores, dos parceiros financeiros e da sotiedade em geval, houve lugar a0 desenvolumento de programas para @ optimizacao da gestao empresarial pela aplicagso da denominada Gestéo pela Qualidade Total Através destas ferramentas de gestao tem sido possivel demonstrar 0s objectivos propostos, ou seja, a satis: facdo dos clientes & dos colaboradiores, 0 aumento da produtividade, 2 reducao de cusios, maiores luctos, desenvolvimento sustentado da organizacac e colanoracao no desenvolvimento sustentavel da sociedad 6.2 Conceito de Qualidade Total 6.2.1 Abordagem Historica da Qualidade ‘A nog40 de Qualidade esta presente ha longo tempo na actividade humana, desde os artesaos, aos apren dizes € aos mestres que evidentemente a n2o ignoraveim. No entanto, as abordagens formats da Quelidade stuam-se na epoca do surgimento das indistrias e das producdes em série, podendo-se considerar como - grandes etapas da Qualidade as constantes no quacro seguinte 26 + Manual Pratico de Gestdo Industrial + CIDEC 1999 ESTRATEGIA DE PRODUCAO AS GRANDES ETAPAS DA QUALIDADE rors Cc alee ey TTC excanas Eres TOTAL Dominio da qualidade do produto final interédia e final Anos 30 ‘Anos 50 Nivel da qualidade | Fiabifidede acitivel lente Regulagao Prevercao Estatisicas, Procedimentos || robabiidades, | orgarizacionais amostreger® tecnicos rmetioloaia Actores Engenheiosda | Cada um en todas ‘Qualidade as elapas do ligados proceso de febrico Autores ou Shewart Juran Empresas Dotige e Romig | Feigenbaum pioneiras no Deming Martin Company processo Bel-Telephone Quadro 3 CIDEC 1999 » Manual Pritico de Gestao Indusvial » 27 ESTRATEGIA DE PRODUCAO. 6.2.2 Facetas Funcionais da Qualidade © desenvaivimento tematico do conceito de Qualidade na empresa levou a0 aparecimento de diversas correntes que se sucederam no tempo, cada uma delas mais abrangente e mais completa que a precedente. Temos assim, sucessivamente * Qualidade Estatistica = + Qualidade Comercial * Qualidade Economica * Qualidade Sécio-Organizacional * Qualidade Estrategica ‘85 quais podem ser representadas, esquematicamente, da forma seguinte: FACETAS DA QUALIDADE ESTRATEGIA Factores-chave de sucesso ESTATISTICA Controto da Qualidade FACETAS DA DU ‘Economic ‘Custos indo evitaveis, custos evitaveis e desempenhos Figura 10 28 + Manual Pratico de Gestdo Industrial + CIDEC 1999 ESTRATEGIA DE PRODUCAO 6.2.3 Tipologia dos Processos de Melhoria da Qualidade Face & problematica da Qualidade ¢ possivel distinguir algurnas categonias de comportamento das organiza- Ges, a saber. * Melhoria da Qualidade do produto pelo desenvolvimento de técnicas tradicionais de prevengao e de con. trolo através de uma abordagem instrumental-técnica * Estudo dos problemas da Qualidade por intermedio de grupos da quatidade, ou seja uma abordagem instru: mental s6cio-organizacional * Aplicacao dos principios da Qualidade Total com uma abordagem pelos valores * integracdo dos principios de Qualidade Total e do contributo dos Grupos da Qualidade numa abordagem global instrumental, de valores e de gestao Podemos representar esquematicamente a tipolagia dos processes de melhoria da qualidade da forma seguinte PROCESSO DE MELHORIA DA QUALIDADE INSTRUMENTAL Técnica Socio-Organizacional_ —_Qualidade Total Estrategia Mielodos de Grupos da Qualidade ‘Melhoria do funcionamento, prevencao pelos instrumentos, de controlo valores @ gestao Figura 11 CIDEC 1999 * Manual Pritco de Gestio Industrial + 29 ESTRATEGIA DE PRODUCAO ‘A pratica da Qualidadle Total tem como finaldade a procura da exceléncia, através da redueao de todos 0s dis funcionamentos da organizagao, numa luta anti-desperdicios de tempo, de produtes, de material, de energia «de recursos financeitos. A necessidade de melhoria da Qualidade assenta nas quatro realidades seguintes ‘+ maiores exigencias de Qualidade por parte dos clientes + mundializagao da concorréncia vrada pare a Queldade * custos da ndo-Qualidade representando 15 a 30% da volume de negécias * 05 empregados rejeitam a ndo-Qualidade na empresa pos © padrao deverd ser Unico para a vida protissional e para a vida privada um consenso sobre a necessidade dessa melhoria, partilnade por todos os intervenientes, desde empresarios, empregados, clientes e fornecedores, No entanto, & preciso denunciar algumas falsas ideias sobre a Qualidade, tais como: + a Qualidade ¢ uma ‘arefa para especialistas - 0s nac-especializados partilharn desta opiniao, mas os homens da Qualidade entendem que a sua tarefa seria mais eficaz se todos levassem a Qualidade a sério, € cs empresas escieecidos acham que a Qualidade ¢ demasiado importante para ser confiada a especialistas + a ndo-Qualidade provém da fabricagao - 05 “gurus” Crosby # Juran sustentam que somente 20% dos problemas so onundos da area da fobricacao; + a Qualidade diz respeito sobretudo aos operadores - um proverbin chin8s diz que “quando chove, a agua cai do tecto", oui seya 0s operadores com 0 seu envolvimento poderdo reselver 20% dos prodlemas, serdo 0 resto tarefa da gesiao da organizaczo. 6.2.4 Modelo de Gestao pela Qualidade Total 0s principios em que assenta o modelo de gestao pela Qualidade Total s3o: + 8. Qualidade um factor estratégico essencial para o sucesso, logo constitui uma tarefa da empresa. E dever de cada um e nao 6 de especialistas. Cada responsive! devera praticar € responder pola Qualidade Total. Cada um é responsével pela Qualidade do seu trabalho, 05 defeitos dos outros, quando detectados, deverdo ser eliminados, 30 + Manual Pratico de Gestéo Industrial » CIDEC 1999 ESTRATEGIA DE PRODUCAO + A Qualidade ¢ tida em conta do ponto de vista do cliente. O cliente determina os crterios da Qualidade A Qualidade vista pelo dente compreende factores objectivos @ subjectvos, sendo estes emocionais @ de percepgéo sensoral + A Qualidade posiciona-se relativamente & concorréncia, as expectativas e a experiéncia. A mesma Qualidade técnica pode parecer excelente num mercado fraca e insuficiente num mercada forte. Os julzos sobre a Qualidade sdo dinémicos, pois © que era excelente no passado poderd tornarse razodvel hoje e insuficiente amanha + A Gestao da Qualidade tenta cada vez mais prevenir 0 aparecimento de defeitos. 4 autamatizagao dos procedimentos substitu’ 0 contralo feito por inspeccao. 4 optimizacao © 0 estudo da fiabilidade dos procedimentos substituem os procedimentos tradicionais. Os estudos da Quaiidade detectam e eliminam 3 nartida as causas eventuats dos defeitos 4 fangao Qualidade transforma as exigéncias dos clientes em caractersticas técnicas. + Nao existem Custos da Qualidade, mas sim custos dos defeitos. Os custos visivels dos defeitos de fabrico sd0 a garantia, as verifcacdes, as rejeicbes @ as methorias. Os custas invisveis dos defeitos so um fabrico mais oneroso e pouco fiexivel, maiores existéncias, tarefas administrativas indteis e uma menor fidelizacdo dos clientes. Exstern quatro grandes categorias de custes da qualidade, relacionadas com os diferentes tipos de actividades produtivas, e que sdo apresentados no quadra seguinte, CUSTOS DA QUALIDADE foro idade PrevencSo. Concepcio do proceso e do produto @ formacbo do pessoal Aualiacdo lnspeccdo dos produtos em curso de fabrico & coritoto final de qualidade Defeitos internos ‘Trabalhos de reparaqdes 0 Fabrica incluindo substtwicso de pecas: Defeitos Externos Raparagdes no periodo de garantia do produto © penalizagoes legais Quadro 4 CIDEC 1999 » Manual Pritico de Gestio industrial » 31 ESTRATEGIA DE PRODUGAO A titulo de exemplo ciga-se que as berdas devidas aos matenas - apesar de importantes sa0 apenas uma parte dos custos totais - podem ser abordadas de forma a ser determinado 0 excesso de produco para fazer face 205 detettos Desta forma, se um processo produtivo tiver m oneragdes, cada uma com dj defeitos na operagao i, serao nacessarias T unidades no inicio do proceso para serem obtidas F unidades sem defe'tos do produto final A expressao de calculo sera dada por: T= Ag) (1 = dp) sore (1= Oi =F F donde Tr (1 = dp) (1 = 3) sore =) Para valores de defeitos da ordem dos 2 aS % nas operagdes parcais e, dependente do numero destas, facil mente se atinge uma necessidade de produgao extra Tde mais de 10 % sobre a quantidace final F a obter. ~ Logo, existe a necessidade de, em todos os estdios da producao, ser feita uma aposta na prevencaa de possiveis defeitos, visto uma maior quantidade de produtos a serem fabricados trazerem custos acrescidos, nao sé do material utiizadio, coma de todos 0s otros recursos, constituindo mais uma razéo para a utliza- ao de win Sistema de Gestao pela Qualidade Total Se quisermos definir um mend da estratégia de Gestao da Qualidade Total podemos fazer um divisio em quatro grandes areas: ‘A. Definir a Qualidade: objectivos e estudos ‘AI - Exigencias dos clientes: QFO + A2 ~ Avaliacao da concorrencia: Benchmarking +43 - Analise dos deteitos: AMFEC # Ad - Seleccao de fornecedores: Auditorias B - Produzir a Qualidade +81 - Concepcao do processo: Modelizagao de sarametros + B2 - Controlo do processo: SPC #83 - Detecgao de ertos: Poka Yoke 32 + Manual Pritco de Gestio Indusil + CIDEC 1999 PARTE ESTRATEGIA DE PRODUCAO € - Controlar a Qualidade + C1 = Avallagao de ertas: Inspeccao # C2 - Resultados e fiabilidade: Auditoria dos arodutos * C3 - Conformidade das instrugdes; Auditoria dos sistemas D - Avaliago da Qualidade: detectar defeitos e determinar as causas + 01 - Problemas no cliente: Inquéritos pos-venda +02 - Causas complexas: Analise da arvore de defeitos +03 - Estudo da fiabilidade, Andise de Weibull + Da - Critica das fungbes: Desenho de experiéncias + D5 - Deteitos enticos: Concepeao e procedimentos AMFEC A gestao da empresa para impor uma dinamica de mudanca deverd ter como base uma visdo estratégica & uma comunicagso motwadora QUALIDADE TOTAL E MODELO DE GESTAO Goer ENON Lore 1. Direcg50 centvalzadora Focagem no cient 2. Obediénda do empregado Empregado como dlente interno motivado para os zero defeit 3. Gestdo centrada nos resultados ‘Gestéo centrada na prevenkdo e nas causas dos defeitos [4 Hierarquia dassica e cornpartimentagao ‘Organigrama inwertido 5. Responsabilzacso verticalizada ‘Co-responsebilzacho ern rede pela cadeia dienterlomecedor através da vade'a hierdrquica 6. Resutados econdmicos de base contabilstica | Resultados combinads: custos, prazos e indicadores socials Quadro 5 6.2.5 Processo de Mudanca para a Qualidade Total Numa empresa, a mudanga para a Qualidade Total implica uma mutacao profunda e fundamental, com os fornecedares a tornarem-se uns verdadeiros parcelros, 05 operadores da empresa a implicarem-se totalmente na meihoria da Qualidade © © controlo dos processos a tomar © lugar do controlo dos produtos, sendo a Qualicade do produto assequrada a montante da fabricaggo, logo tornando supértluos os controlos a jusante. CDEC 1999 + Manual Pritco de Gestio Industrial = 33 ESTRATEGIA DE PRODUCAO A moderna gestéo da Qualidade obriga a mudangas fundamenta’s na organizagao do trabalho, nos sistemas de informagao, nas relagoes com os chentes @ com os fornecedores, e nas relagdes intemas entre os servigos da empresa, exigindo também um importante estorga de formagao de todos os actores da empresa. 0s 18s estadios da evolucao para a Qualidade Total séo: = Controlo da Qualidade ~ Garantia da Qualidade na producao ~ Garantia da Qualidade em todas as fungoes da empresa Por outro lado, 0 tipo de gestao empresarial num processo de mudanca para a Qualidade Total, deve oassar de uma gesta0 do tipo directiva para uma gestao participativa através de estados intermédios, ditos humanizados PROCESSO DE MUDANCA PARA A QUALIDADE TOTAL GESTAO, A CAMINHO DA Participativa QUALIDADE TOTAL Humanizada Directiva Controloda —_Garantia da Garantia da QUALIDADE Qualidade Qualidade na Qualidade em producio todas as fungoes Figura 12 34 + Manual Pritico de Gestdo Industrial * GHDEC 1999 ESTRATEGIA DE PRODUCAO 6.2.6. Estratégia de Implementacao da Qualidade Total ‘Sao exigidas as seguintes condicoes para uma implernentagao com sucesso da Qualidade Total numa empresa: [- Emperhamento total da Diteccao; |i - Cacao dos meios necessarios, -Linguagem da Qualidade comum na empresa, dos empregados comerciais 30s da producao, investigadores e administrativos; IV - Formagao integrada para todos na empresa, directamente ligada a accao; V- Ferramentas de redicao das nao-conformidades, onde quer que se cnem, seja no fabrico, nos escrtérios 0u 05 laboratorios; VI- Sistema de acgdes correctivas das ndo-conformidades a ser levado a cabo por pequenas grupos de trabalho, VIL Informagao permanente em todos os canais para fazer circular a informagao relacionada com a Qualidade; Vill - Responsabilizaca a todos os niveis, sentindo-se 0 operador responsavel pela sua maquina ¢ pela Qualidade do seu trabalho; IX - Importancia do cliente prolongada, para além das forcas de venda, ao fabrico € aos servigos adminstrativos; Processo de melhoria da Qualidade a ser tido em consideracao, em vez de programa delimitado no tempo, visto tratarse de um processo continuo comparavel a uma viagem e nao 3 um destino. A Gestao pela Qualidade Total, baseada nas ditectrizes das normas 150 9000, apresenta cinco vertentes fundamentais: ‘+ foco no cliente, com 0 objective de apresentar produtos e serwgos que satistacam @ ullrapassemn as engencias dos clentes; + envolvimento de todas as nessoas da organizagao para o atingimento da Qualdade desejada 1 medicdo para detecc3a de destios e avaliaca0 da evolucéo do processo de melhoria da Qualdace; + apoio de toda 2 organizacao para 0 esforco de melhona da Qualidade. + methoria continua numa permanente actuaco na procura de melhores desempenhos Todas as acqoes a desenvolver deverao ser coordenadas, dado constituirem uma sénie de processos a serem melhorados de forma gradual com base no trabalho de equipa IDE 1999°* Manual Pritco de Gestio industrial » 35 ESTRATEGIA DE PRODUCAO 6.2.7. Qualidade Total, Reestruturacao e Reengenha A necessidade de encurtar 0 tempo de langamento dos produtos no mercado, levou as maiores empresas a fazerem ceestruturagues, reduzindo niveis hierérauicos e diminuindo postos de trabalho na tentatva de reducao de custos operacionais, Mas, desta forma, ¢ afectada a motivagao dos empregados, o que torna bastante mais dificil a implementagao, de Sistemas de Gestao pela Qualidade Total Este problerna pode ser ultrapassacio, mesmo nas empresas de esCassos recursos, reforgando-se as responsaoilidades individuals dos trabalhadores em materia de Qualidade, num proceso de alargamento das tarefas, 30 concentraren-se abjectivamente nas necessidades dos clientes Por outro lado, em empresas onde coexstam estrateg.as de Qualidade Total © de Reengenharia, a situacio. sera complexa pela diferente velocidade de cada uma dessas estratégias, com a Qualidade Total apoiada num processo de imovagao incremental e a Reengenharia assente num processo de inavacéo radical Ainda, muitas empresas para se manterem competitivas, no curto prazo, apostam na simplificagao do seu processo pradutivo, mantendo os niveis de qualidade, ¢ enfrentando as reducdes do tempo de lancamento, dos produtos e as reducaes dos precos dos produtos concorrentes. A aposta das empresas na reducdo dos custos operacionais, a longo prazo, com a finalidade de se manterem competitivas, d2verd passar pela continuada aplicacao da Gestao pela Qualidade Total, numa canstante orocura das causas dos problemas e da sua resolugao. 36 * Manual Pritico de Gestio Industrial + CIDEC 1999 CONCEPCAO DO PARTE SISTEMA DE PRODUCAO CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUCAO oes Nesta parte de Manual serao abortadas materias relacionadas cam a criagao do sistema produto, as quais deverao proporcionar resposta as questdes seauintes: Processo Produtivo * Que tipo de processo produtive devera ser implementado? * Que grau de capital intensvo deverao ter as operacoes produtivas? # Sera necessario equipamento genérico Ou especifico? + Que flexibilidade devera ter a méo-de-obra? * Qual devera sera taxa de mtegragao vertical? + Qual devera ser 0 envolvimento dos clientes no processo produtivo? + Como integrar 0 elemento hurmane na concepgao do proceso produtivo? © As tarefas deverao ser genéricas @ abrangentes, ou especializadas? Tecnologia + Que novas tecnologias poderao melhorar a produtividade? + A automacaa de baixo custo, a tecnologia de grupo e a fabricagao flexivel poderao trazer beneficios? + As economias de gama podetdo aumentar a competitvidade? * Que forma de integracio infoimstica devera ser uiiizada para a concencdo do produto, lagistica e fabricacdo? *# Como se poderao justificar @ implementar novos proyectos de avtomacao? Medigéo do Trabalho * Como se pode estimar oS tempos das operacoes produtwas necessarias paia um = Que método de medicao de trabalho pode ser utilizado eficazmente? + Que total de unidades a produzir sera necessario para ter umn prego competitive? = Como deverao muda’ 08 métodos de medigao do trabalho se for introduzida mays automatizagao nos processos de producao? vo produto? Capacidade Produtiva e Manutencao + Corno poderemos determinar a capacidade de producao’ * Qual sera a maxima dimmensao razoavel para as instalacoes? * Devera ser sequida uma estrategia de expansao ou de contencao? + Como davera ser igada a capacidade aos factores competitwos @ a outras areas de decisao? * Quel devera ser a organizecao da manutencao do sistema produtivo e das instalacoes? CIDECTT999 + Hana Pritico de Gestéo Industrial + 39 CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUCAO Localizagao e Implantagio A localzacéo deverd ser proxima dos tornecedores, dos empregados, ou dos clientes? + A qualidade de vida devera ser tida em canta na decisao de localizacao? * Deverao exstir unidades por linha de praduto, aea de mercado, ou processo, & com que flexibilidade? *# Devera existir uma implamtagao por processo, por produto, hibrida ou fixa? © 0 que devera ser feito para humanizar as molantagoes por produto? 1 Processo Produtivo As decisces de concengao do processo produlwo so estrategicamente importantes, pois influem na competitvidade a longo prazo, atectando ainda a produtividade, porque @ natureza € a utilizagao dos recursos dependem, dessa concepxto. Contudo, estas decsoes de concepcao nao sao tomadas uma Unica vez, sendo uma actividade constante na procura da oplimizacao do processo praduti Podem considerar-se quat’o pardmetros na concencac do processo produtivo * Grau de capital intensivo, oui sej3, 0 peso do equipamento em relageo 30s recursos humanos, * Flexibilidade de recursos para possibiltar lidar cont grande variedade de produtos e niveis de producao, + Integragao vertical, ou seja, a percentagom de operacses de producao executadas pela propria empresa a objengaa do produto final, * Envolvimento do cliente que reflecte a forma como 0 cliente se torna parte do processa produtivo [As solugdes de concepcao podem ir das operacoes com necessidade de pouca automatizagao as de equipa- mentos @ desempenharem tarefas especificas com muito pouca intervengao humana, devendo haver uma compatiblizagio dos factores competitos da esnpresa com as caractersticas do. processo produtivo seleccionaci. Foram considerados como factores de compettividade a flexbidade do precuto e do volume de producéo, 105 quais sdo naturalmente afectados pela concepgao do processo produtivo. 40.» Manual Pratico de Gestdo Industrial » CDEC 199 CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUCAO Se 0 produto em causa tiver um curto ciclo de vida, OU: Seja, se existir uma alta flexibilidade do produto, 0 equipamento a considerar devera ser de utiizacao genérica, lago de baixo custo, mas 0s operadores terao de desempenhar ume gama de tarefas muito abrangentes. A relagdo entre o grau de capital intensivo de um proceso produtivo € 0 volume de producao pode ser analisada na comparacao de dois processos produtivos pelo método do ponto de equilib. © processo | exige um equipamento de baixo custo com utizacao generalizada e de eficiéncia nao muito alta, sendo 0 custo fixo Fy relativamente baix0, mas o custo varidvel de cada unidade produzida é allo, 0 que se traduz pela inclinacéo da respective curva de custos totais da figura apresentada a seguit © pracesso 2 € de capital ntensivo, de cust fxo Fp, com muito maior eficlnca e portanto urn menor custo unitario, mas com a contrariedade de a empresa so poder utilizar este equipamento especifico para uma pequena gama de produtos RELAGAO ENTRE CAPITAL INTENSIVO E VOLUME DE PRODUGAO Custo total Processo 1 Ponto de equilibrio, a — Processo 2 Q Quantidade Figura 1 Ao ponto de equilibrio determinado graficamente corresponde a alta quantidade @ de producao, 0 que sig- nifica que se os volumes de producao néo forem suficientemente altos, 0 que sarece dificil com uma grande {lexibilidade do produto, 0 custo do produto obtide com o processo 2 nao devera ser competitivo. Por outro lado, a flexiblidade dos operadores exige maiores aptidoes provenientes de uma maior qualificagdo, ou atiquiridas atraves de formacao profissional CIDEC 1999 * Manual Pritico de Gestdo Industrial « 4) CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUCAO Também se a cadeia de fabrico, desde 0 aprovisionamento de materiais e componentes até ao fornecimento do produto acabado, apresentar um grande niimero de operagoes controladas pela empresa, como ¢ tipico No caso de alto$ volumes de produc3o com especializagao de tarefas e alta taxa de repeticac, estamos perante um caso de alta integiaqao vertical Se esta integraca0 vai no sentido das fontes de abastecimento de materiais e componentes diz-se haver inte gracao para montante, o que se verifica geralmente nas empresas cam grandes valumes de producéo, Pelo contrario, a integracao para jusante significa Que a empresa tem, por exemiplo, os sews OrOprios canis de distribuicao, inclindo armazéns ou lojas de venda a retalho. O estudo da situacao de possivel integracdo de materiais e componentes conduz & decisao da empresa produzir ou comprar, consttuindo a andlise do Ponto de equiliario uma ajuda para solucionar 0 problema Neste caso, sera encontrada a quantidade @. para @ qual os custos totals das duas alternativas se iqualam, ou s@2 0 custo total da opcaa de produzir ser igual a0 da opcao de comprar, com as exoressOes de Custos a serem 2 soma dos custas fixos Fe dos variéveis €@, sendo 0 custo varidvel unitari. aplisagao pratica Se uma dada peca para ser produzida tivercustos fixos de 2 500 000 escudos € custos vardveis por unidade de 300 escudos, e 4 opgaa de compra implicar custos unitarios de 400 escudos e custos fixos de 500 000 escudes, teremos 500 000 +400 @ = 2600000+300Q — donde 100 = 2000000 e @ = 70000 Desta forma, ate 20.000 pecas sera preferivel a opgaa de comprar, enquanto que, para quantidades superores, a empresa devera ler produgae grépna, visto nesta opcao os respectivos Custos tota’s serem menores. CO emolvimento do cliente pode fazer-se no sentido de ele proprio participar, fazendo, por exemplo, a mon- tagem final do produto fornecido em pecas separadas, ou participando, numa fase inical, na concepgao do produto tornecenda as oroprias especiticacoes. Entre 05 quatro parametros anteriormente expostos para a concepcéo do proceso produtivo, tomande coma patametro comum © capital intensive, podemos estabelecer trés celacionamentos fundamentais, como se apresenta a segur. 42 + Manual Pritico de GestGo Industrial + CIDEC 1999 CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUCAO RELACIONAMENTOS NA CONCEPCAO DO PROCESSO PRODUTIVO Alta Alto Cc Capital intensivo Alto Capital intensivo Alto Tecnologia emergente Tecnologia tradicional Flexibilidade Integracao Figura 2 Assim, © capital intensivo e a integragao vertical esto directamente relacionados, mas 0 capital intenswvo € envolvimento do cliente estao inversamente relacionados, donde se poder concluir que a integracao vertical e © envolvimento do ciente tambem estarem inversamente relacionados entre si, dado 0 estarem face a0 parametro comum que é 2 capital intensivo. Estes reiacionamentos nao estao baseadas em varidvers do tipo causa e efeito, mas sim na variével repeticao, originada por grandes volumes de producao, normalizacdo de componentes, tarefas especializadas e baixo envolvimento dos clientes. Um aumento da variével repetigao tern como consequencias: *# mais automatizagao, logo mais capital intensivo; *# menos necessidade de flexibilidade; ‘© mais oportunidades para a integracao vertical As decisoes em materia de concep¢a0 do processo produtive exigen, muitas vezes, investimentos em novas nistalacoes e equipamentos, devendo cada gestor fazer uma andlise do tipo custo/beneficio para cada layestimento proposto, CIDEC 1999°* Manual Pritico de Gestio Indusval + 43, ‘CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUGAO Se os quatro parametros atras apresentados representam © lado estratégico da concepgao do proceso pro- dutivo, existe o lado tactico atraves da detalhada analise de cada processo, isto &, 0 estudo sistematizado das actividades e fluxos de cada processo com 0 objectivo de melhoria Enstem trés tecnicas de anaiise das activdades @ fluxos de um processo produto, que sdo 0s mapas do process, 05 mapas de actividades multipias e os diagramas de fluxo. Estas ferramentas de andlise poderao serv quer para a concengas de novos processos produtvos, quer para 0 estudo dos jé exstentes, nomeadamente em situacoes com as caractersticas seguintes: + 0 proceso tem umn estrangulamento, com o trabalho a acumularse sem flu, enquanto que as pessoas @ as méquinas estao paradas esperando por aque fluxo de produgao; + 0 proceso cansome muito tempo de trabalho; + 0 proceso tem come resultado grande quantidade de despercicios de materia; * 0 processo implica condiges de trabalho desagradavers ou perigosas; + 0 processo exge grandes movimentacées. Todas as analises 330 baseads no estudo detalhado das componentes do processo produtivo, procurando responder as questoes sequintes: + O que esta a ser executado? *# Quando esta a ser executado? * Quem esta a executae? ‘© Onde esta a ser executado? * Quanto tempo demora a execugaa? *# Como esta a ser executado? Todas estas questdes deverdo ter uma expiicagdo fundamentada que responda para cada uma Gelas a Porque? Um_mapa de processo é uma forma organizada de registar todas as actividades que séo desenvolvidas pelas ‘pessoas, pelas maquinas, nas estacoes de trabalho e nos materais Essas actividades estao agrupadas em cinco categorias, que so: operacdo, transporte, inspeccdo, espera & armazenagem, © analsta faz a identticacao de cada actividade do processo, clasifica.a ¢ regista a sua sequéncia, com a ‘anotag30 tas clstancias envolvidas entre as actividades, ¢ os tempos de cada uma das actividades. 44» Manual Pritico de Gestio Industrial * CDEC 1999 PARTE CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUCAO Por exemple, pare aumentar a eficiéncia de um dado processo produtivo o analiste. deveré por em causa cada situacao de espera e analisar as actividades, sejam elas do tipo operacao, transporte, inspeccao ou atmazenagem, com a finalidade de poderem ser combinadas, ceorganizadas, cu eliminadas, por forma a proporcionar melhorias de produtividade Enquanto que um mapa ue pracesso se dedica a uma Unica area de trabalho, um mapa de actividades milltiplas reqsta as actividades desenvolvidas em varias areas de trabalha em simultane num determinedo perioda de tempo. Este registo individualzado permite o estude da minimizacao do tempo de esnera por cada pessoa, estacao de trabalho, ou maquina, optimizando o tempo global de determinade tarefa Uma outra ferramenta de analse 0 diagrama de fluxe da producdo, quando existem importantes, movimentacoes de maieriais ou de pessoas, sendo registados sobre o desenho da area de producac todos os movimentos efectuados no processo, e estudadas graficamente as potenciais soluques de optmizagae, como a reducao de tempos de espera ou a raceanalizacao de cnovirnentagbes. Evidentemente que a concepcao do processo produtive afecta @ qualidade de vida na trabalho € 0 nivel de satistacao dos empregados, polo que a concepcae de tarefas é importante no sentido em que 6 feita a espe ficaga do contetido das tarefas ¢ a determinacac das aptidoes e das necessidades de formagdo que um empregade necesita para 0 desempenho de determinada tareta A abordagem tradicional da concepgéo de tarefas deveu-se a Frederick Taylor, com a gestdo cientiica do tra- batho, o ue implica que cada operacao pode ser melhorada se for estudada nas suas partes componentes, medidos os conteudos de trabalho de cada um dessas componentes e procurando formas de melhor dos metados de trabalho Uma das mass difices quest6es da concepcao de tarefas reside na definicao da sua abrangéncia, com a espe- coalizagéo a ter as vantagens & as desvantagens expressas no quadro sequinte. CIDEC 1999 + Manual Prisico de Gestdo Industrial » 45 CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUCAO ESPECIALIZAGAO DE TAREFAS Weenies © Os empregados necessitam te rnengs tempo para apreenderem métodos € procedimentas altamente especializados '* Execugo de maior volume de trabalho em menor tempo Pens ‘= Alguns empregados tam tempe nao ocupado por ‘ser dificil » perfeita divisso de tarefas * Aurmenta a necessidade de coordenagso e de movimentagao de materiais # Menor qualificacao dos empregados com page- mento de saivios mais baixos * Trabalho altamente repetitive pode ter consequén- cias comportamentais adversas, com maior ratagSo. de pessoal, bainas produgdes € fraca qualidade Quadro 1 © alargamento de tarefas, 20 atribuir uma maior variedade de tarefas 30 empregado ¢ inciuindo auto-controlo, contribui para evitar as desvantagens da especializagto. O alargamento pode ser dito herizantal, se um dado empregado passar da atribuicao da execugéo de uma ou duas taretas para oito ou dez, ov vertical, quando exista um maior envolvimento do emoregado em planeamento, aperacdes de manutencao ou inspeccao do proprio trabalho. © alargamento de tarefas esta directamente relaconado com a tlexibilidade do operador, mas a criagao de ‘grupas de trabalho possibiita também abjectivo de maior abrangéncia das taretas. A abordagem socio-técnica na concepcao de tare‘as considera as necessidades tecnicas @ sociais para 0 empregado, pruilagiando a grupo de trabalho em ver do trabalhador individual Isto resulta do facto de existirem duas dimensoes em qualquer sistema de produgao, o sub-sistema técrico & © subsistems social, os auais deverdo coexistir harmoniosamente sem aualquer deles ter preponderancia pars a minimizacao de ineficiéncias. AS organizagoes de trabalho s80 consideradas como sistemas socio-récnicos nos quais as pessoas utilizam a Tecnologia para executarem tarefas relacionadas com uma finalidade determinada 46 + Manual Pritco de Gestio Industral + CDEC 1999 CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUCAO Desta forma, o sistema de trabalho conjunto, mais do que as suas tarefas indivduais, torna-se a unidade besica para analise e, similarmente, 0 grugo de trabalho sera mais importante que o individual 2 Tecnologia A tecoloaia pode ser definida como todo 0 proceso manual, mecanizado, automatizado ou mental, que & utilizado na transformagao de recursos em produtos, A automatizagao de um processo, seja por mecanizacao, electriticagao, ou outra forma, diz respeito a uma auto-actuagao, enquanto que se anlica a nova expressao autamagde quando o sisterna, © processo ou urna parte de um equipamento, além de ter auto-actuacdo também tem auto-regulacio, Dado que a tecnologia muda muito rapidammente, a concepgdo de um sistema produtivo deverd ter em conta as oportunidades criadas pela mudanca tecnoiogica, centrada nos avangos informaticos, logo na automagao. As decisdes em matéria de automacao de um sistema produtivo, a0 afectarem os aspectos humans e tecni- cos, terao de ser cuidadosamente estudadas e aplicadas, visando a satisfacao de todos aqueles implicados, nessa mudanca tecnolegica Estes avancos tecnologicos deverao ser abjecto de constante atengio por parte dos gestores da producao, pois constituiern um dos mais importantes contributos para uma melhor qualidade # uma maior produtividade de um sisterna de produc3o A automacao requer, gevalmente, instalagoes adaptadas para os equipamentos, com o consequente aumento dos custos fix0s, por vezes tambem com maiores custos de manutengao € uma diminuicao da {lzxibiidade, podendo ‘nae ser 3 melhor solugao na escolha da tecnolegia mais adaptada ao processo produtivo em questao, Por outro lado, se existem operacbes de alta taxa de repeticao, os beneficios da automagao certamente com- pensarao as possiveis desvantagens, De facto, do lado das vantagens da automscao teremos maior produtividade do trabalho, mais alta ¢ cansistente ‘qualidade dos produtos, cictos de fabrica mals Curtos, maior capacidade de fabrico, mais bankas ensténcias, maiores vendas e a amortizacao dos custos fixos sobre um maior volume de producao. ‘Com uma linha de produgae dedicada a um unico produto, o flux linear das operades produtivas torna mais simples a movimentagao dos materiais e cos predutos em curso de fabrico, $30 eliminadas as mudangas de maquinas e dirminuen 0s custos da mao-de-obra, CHDEC 1999 * Manual Price de Gestio Industrial » 47 CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUCAO No entanto, 0s volumes de produgao nem sempre sao sufitientemente altos para justificar um linha de pro- dugao dedicada @ urn nico produto, podendo aqui serem encontradas solugoes onde os beneficios da alta taxa de repeticao das operagoes se encontrem materiaizados numa automacao de baixo custo, na tecnologia te grupo ou na automacao flexivel Se 0s volumes de produgao a0 sa0 suficientes para ocupar varios operadores numa linha de producao, podera ser implementado ur pracesso em que um nico aperador comande diferentes maquinas em simulta: neo, num fluxo de produsao do tipo finear Desta forma cada maquina funciona na correspondente parcela do ciclo de producao, com 0 operador fazen- do a necessaria assistencia, havendo lugar 8 reducao das existencies ¢ das nacessidades de mBo-de-obra. © agrupamento de diversos equipamentos com autamatizacao de baixo custo pode maximizar o numero de maquinas da estacao de trabalho anterior, sendo exemplos os equipamentos automaticos para a mudanca de erramentas, para alimentacao © descarga, para arianque © paragem e para a deteccao de defeitos. Uma segunda opcao para operacoes repetidas, com processos de baixo volume de producao, a tecnologia de grupo, a qual classifica por familias as pecas, ou 0s produtos, com caracteristicas analogas e agrupa em separado as maquinas para a sua producao. Essas farllas podem ser bascadas na dimensao, formato, necessidades de fabricacao ou de movimentacao ou na procura, com 0 objectivo de ser constituide um grupo de produtos com requisitos de tabrico similares fe minmizar as mudangas @ as afinagoes das maquina. © passo seguinte serd organ zar as maquinas eas ferramentas necessarias para a execucao das operacées, em locais bem determinados, constituindo-se as chamadas células de produgso. Mais do que agrupar maquinas semelhantes, a pioducao dispoe as maqunas por inhas de fluxo, necessitan: do as maquinas de cada céivla apenas de pequenos ajustes para produzir cada lote da mesma fami sumplificando grandemente as mudangas de produtos, ‘Ao simplificar, também, as movimentagoes dos produtos, as células da tecnologia de grupo reduzem o cicior de produgao, por encurtar ou eliminar as esperas dos produtos em curso de fabrico. Frequentemente, a movimentagao nas células esta automatizada, pelo que depois da alimentagao dos mate fiais na célula, 0 operador nao movimenta as pecas maquinadas até 0 produto estar completado. 48 + Manual Pritco de Gestio Industrial * CIDEC 1999" CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUCAO Em suma, as culas da tecnologia de grupe tein as seguintes vantagens: * Menor tempo de mudanca de maquina + Menos produtes em curso de fabvico * Menor movimestagao de materiais * Mais reduaido ciclo de fabrico + Mais oportunidades para a automagao *# Menos necessidade de supervisaa FLUXO DE PRODUGAO POR FUNGAO_ Engenhos de Furar Figura 3 CIDEC 1999 + Manual Pritico de Gestio Industrial © 49 PARTE CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUCAO yh PRODUGAO EM CELULAS COM TECNOLOGIA DE GRUPO t THOT oe Figura 4 ‘As duas figuras acima apresemtadas comparam fluxos de produce antes e depois da criacdo de células corn tecnologia de grupo Na primeira, as maquinas estao agrupadas por tipo de fungao, sendo as movimentagées entre as maquirias feitas com muita complexidade, enquanto que na sequnda foram identificadas trés familias de produtos que, com a criagao das células, tém fluxos lineares com movimentagoes muito mais simplificadas, 2.1 Automacao Flexivel e Economias de Gama Existem dois tipos de automacao, a rigida e a flexivel, com a primeira a ser um processo que configura linhas de produgao cara uma 56 peca ou produto, Com o exjuipamento a executar operacbes simples € com uma sequéncia fixa. “SO * Manual Privo de Gestio Industrial + CIDEC 1999 CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUCAO Esta eutomacao dita rigida. que ainda se utiliza na indiistria automovel, @ tambem aplicada nas empresas produtoras de produtos quiticos @ em refinaras de perrdleo A o0c80 pela automagao sigida & justifcada quando os volumes de producao s20 altos, a concepyao dos pro- dutos ¢ estavel eos ciclos de vida do produto s20 longos, oaue compensa as principals desvantagens, as quais 530 0 grande investimento nical e a relativa baixa flexbilidace C investimento é particularmente alte quando uma Unica maquina, algo complexa, pode ser capaz de execu: tar multas operacbes, donde se o sistema for concebido para um produto especifico, as necessaries mudancas para outros produtos sao dificars & caras. A vantagem neste caso ¢ que a automagio rigida maximiza a elicéncia € torna possivel um custo varidvel unitario extremamente baxo. © outro tipo de automageo, denominada flexivel ou programavel, é mais uma opcao quando se pretende exe- cutar operacoes repetidas, mas com baixos volumes de producao, sendo um pracesso automatico que pode ser reprogramado para produzir diversos produtos. A possibildade de rearogramar as instrucdes das méquinas é util quer para as operacoes centradas No pro- duto, quer para as aperacdes centradas no processo. For exemplo, uma maquina especitica para um dado produto, o qual atinge o final do seu ciclo de vida, poce ser reprogramada com uma nova sequéncia de operagdes para um novo produto. Se a maquina fizer uma variedade de produtos em pequenos lotes, ou: seja uma producao com enfoque no processo, as mudancas s40 faceis, pois existe um programa para cada produto, ¢ 0 operador simplesmente introduz as instrugbes apropriadas para mosificar 0 processo. A automacao programavel vai contra o tradicional relacioramento inverso entre 3 flexiolidade dos recursos de producao e 0 capital intensivo, dado ambos poderem coexistir com a aplicagao da automacac programavel Como resultado, aparecem as denominadas economias de gama, que € a possibilidade de serem produzidos com menor custo multiplos produtos combinados, do que praduzidos separadamente. Nesta situacao, os do's factores competitivos nao concordanites, ou seja a grande flexibilidade do produto © 0 baixo prego, tornamn-se mais comoativess, DEC 1999 + Manual Pritico de Gestio Industial « $1 CONCEPCAO DO SISTEMA DE PRODUCAO No entanto, as oportunidades para as economias de gama sae limitadas, devendo ser identificada uma familia de pecas, ou de produtos com suficiente volume conjunto para uma ocupacao completa do equipamento, muitas vezes ern varios turnos horérios de produao A adigao de um produto 2 familia requer mais custes de programacao adicional e, algumas vezes, mais custes pare novas ferramentas que, por exemplo, suportam firmemente o produto na posigao requerida, lenquanto esto a Ser processadas as respectivas operacoes de producao, 2.2 CIM ~ FABRICO INTEGRADO POR COMPUTADOR © termo CIM ~ Computer-integrated Manufacturing, ou seja a fabricacao itegrada por computador, repre- senta a integracao total da concepcéo e engenharia do produto, 0 planeamento do proceso produtive e 2 fabricacao, tudo através de complexos sistemas informaticos. Mustas vezes também sao considerados como fazendo parte do CIM o planeamento da produgae @ 0 controlo das existéncias, mas 0 objective ultimo do CIM ¢ a integragao informatizada de todas as fases da fabricagao, eesde a encomenda inicial do cliente até a expedigac do produto. Existem diversas tecnologias que compdem 0 CIM, a saber, 0 fabrico assistide por computador, a concepcae assisida por computador, as maquinas com controlo numérico, 05 robots, a movimentagdo automatizada de materials & 05 sistemas de fabnico flexiveis, todas elas utlizadas com a finalidade do umenta da produtivi- dade, da melnora da qualidade e para oterecer mais flexibilidade + CAM ~ Fabricacao Assistida por Computador A componente do CIM que diz respeito directamente as operacdes de fabricacao & © CAM ~ Comput Aided Manufacturing, isto € fabrico assistido por computador, onde a informatica é utiizada pata conceber processos produtivos e para controlar as maquinas-ferramentas € 0 fluxo de materials, + CAD ~ Concepgdo Assistida por Computador (© CAD ~ Computer-Aided Design, a concepcao assistida por computador, ¢ um processo de concepcao lormatizado para a criagao de novas pegas ou produtos ou para alterar 0s exstentes, Com um programa informatico de gratices suo criadas formas geometricas, as quats podem mostrar iversas vistas do objecto, de acordo com as dimensbes especticadas. 52 + Manual Pritico de Gestdo Industrial + CIDEC 1999

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