Vânia Braguez, nº 28 Introdução Liberdade é algo que não pode existir por completo. Esta sempre teve que ser limitada, seja por controle ou por protecção. Ao haver lei, ao haver polícia, há uma limitação da liberdade que supostamente teríamos. Pensamos que um país livre é um país em que, ao haver lei e segurança, há o máximo de liberdade possível e igual para todos. No período anterior à revolução de Abril a tão prezada liberdade era quase inexistente. O regime fascista
De 1933 a 1974, durante 41 anos, os
portugueses viveram sob um regime político autoritário e corporativista. Uma ditadura. Foi iniciado pela Constituição de 1933, com que Salazar criou o seu modelo político. O regime era caracterizado pelo corporativismo, pelo nacionalismo e pelo patriotismo. Este regime ficou conhecido por salazarismo mas principalmente por Estado Novo. Salazar António de Oliveira Salazar foi o instituidor do Estado Novo e da União Nacional. Portugal já vivia sob um a ditadura quando Salazar foi nomeado por Óscar Carmona para ministro das Finanças. Salazar começou logo por praticar uma política de austeridade. Reorganizou as finanças do país e conseguiu equilibrar o orçamento em apenas um ano (o que lhe deu o título de Salvador da Pátria). Devido à sua popularidade foi nomeado Chefe do Governo em 1932 e em 1933 fez com que, por votos dos cidadãos, fosse aprovada uma nova Constituição. Ditou durante mais de 40 anos. Apenas deixou o poder devido a uma queda de uma cadeira que o fez entrar em coma. Morreu em 1970 com 81 anos. Marcello Caetano, o sucessor de Salazar no poder. Ditou durante 6 anos. Antes do 25 de Abril
Durante a ditadura, Salazar criou medidas para
controlar a população, para moldar os portugueses à sua medida, para reprimir os opositores e para controlar a formação ideológica da opinião púbica dos jovens. Criou a Censura, a PIDE, criou lemas, criou um partido único e formou organizações paramilitares. Portugal estava também envolvido na Guerra Colonial Censura A imprensa, a televisão, a música, o teatro, a rádio, o cinema e todas as formas de cultura e de entretenimento sofreram com a Censura. Todas necessitavam de aprovação. Aquelas que eram consideradas contra ou estado ou que poderiam suscitar pensamentos do tipo eram cortadas. Até revistas e jornais eram cancelados. A Censura impedia a divulgação de ideias e actividades contra o governo. Com a censura acabou a liberdade de expressão. Os textos censurados eram marcados com lápis azul PIDE PIDE são as siglas de polícia internacional de defesa do estado. Esta foi criada para substituir a PVDE de forma a reprimir, perseguir e condenar aqueles que não concordavam inteiramente com o regime. Os agentes da PIDE andavam à paisana. Na maioria das vezes faziam-se passar por pessoas de confiança. Desta forma os suspeitos acabariam por revelar ideais de oposição. Milhares foram presos, incluindo políticos e jovens. As actividades da PIDE eram justificadas como combate ao internacionalismo proletário e comunismo internacional É considerada por muitos historiadores como uma das polícias mais eficientes de sempre. O Campo do Tarrafal, em Cabo Verde onde estiveram presos centenas de opositores ao regime e onde morreram 27 presos políticos. Os presos eram torturados até confessarem. União Nacional Constituída para apoiar a criação e a manutenção do Estado Novo, era o único partido legalmente constituído. Salazar argumentava que o seu nome se destinava a unir todos os portugueses. A sua organização era centrada e intimamente ligada ao governo. Foi sempre dirigida pelo Chefe de Governo. Mais tarde foi substituída pela Acção Nacional Popular. Organizações paramilitares A mocidade portuguesa e a Legião Portuguesa são duas organizações paramilitares criadas para defender o regime e para evitar o aparecimento de ideias antifascistas. Estas eram inspiradas nas organizações fascistas e nazis. Todos os jovens dos 7 aos 14 anos deveriam pertencer à Mocidade Portuguesa, esta infiltrava ideias nacionalistas e valores de obediência a essas ideias. A Legião Portuguesa defendia o salazarismo e combatia a anarquia e o comunismo. Nesta altura a escola era apenas obrigatória até à quarta classe e os professores podiam dar severos castigos. Lemas Foram criados lemas como forma de publicidade dos ideias do regime: “Deus, Pátria, Família” “Tudo pela Nação, nada contra a Nação” “Persistentemente, Teimosamente não somos demais para continuar Portugal” “Enquanto houver um Português sem trabalho e sem pão a Revolução continua” “Temos uma Doutrina. Somos uma força” “Orgulhosamente sós” 25 de Abril A Revolução foi iniciada com o passar da música “Grândola, Vila Morena” (de José Afonso) na rádio. Esta foi organizada pelo Movimento das Forças Armadas. O MFA foi movido pela oposição ao regime e pelo descontentamento da política seguida em relação à Guerra Colonial. Centenas de militares, comandados por Salgueiro Maia, dirigiram-se para o Terreiro do Paço. Após várias negociações, Marcelo Caetano acaba por ser retirado do poder. Deu-se assim o golpe de estado. Foi realizado com o mínimo de violência possível e foi festejado nas ruas pelos populares. Portugal saiu assim da ditadura. Actualmente o 25 de Abril é comemorado todos os anos e este dia é feriado nacional. O 25 de Abril de 1974 foi um dia marcante na História de Portugal e decisivo na política e na sociedade. Revolução dos Cravos Os cravos vermelhos são o símbolo do 25 de Abril, daí o nome “Revolução dos Cravos”. Isto porque uma florista, que levava cravos para um hotel, deu a um soldado um dos cravos e este colocou- o no cano da espingarda. Os restantes soldados e os populares que se encontravam nas ruas naquela manhã imitaram o acto do soldado enfiando os cravos nos canos das espingardas. Os cravos significavam o renascer da vida e mudança. A ponte construída durante o regime com o nome de “Ponte Salazar” depois do 25 de Abril o seu nome foi mudado para “Ponte 25 de Abril” Conclusão Sentimo-nos gratas pelos portugueses que lutaram contra o regime, que não resistiram por mais difícil que fosse. E é essa gratidão que é demonstrada quando todos os anos o povo festeja o 25 de Abril. A pessoas como nós que não vivemos o regime nem nada parecido dá-nos uma espécie de lição. Dá-nos ânsia de aproveitar a liberdade ao máximo. Viva o 25 de Abril. Viva a liberdade. 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Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições