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CAMPO MOURÃO
2009
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CAMPO MOURÃO
2009
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AGRADECIMENTOS
Aos nossos colegas de equipe; Ana Paula, Valéria e Marcos; pelos momentos de
aprendizagem constante e pela amizade solidificada, ao longo deste trabalho, que,
certamente se eternizará.
À todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram para que este trabalho
consiga atingir aos objetivos propostos.
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RESUMO
Este relatório científico, elaborado a partir de uma pesquisa empírica, tem como
objeto de estudo a observação participante feita em uma escola municipal localizada
em Campo Mourão - PR, abrangendo a 3ª série do ensino fundamental e alguns
elementos da instituição escolar no que se refere a sua estrutura física, a relação
escola-professor-aluno e as atividades dentro e fora da sala de aula. Realizamos
essa pesquisa social a partir de observações participantes, coletas de depoimentos,
entrevistas estruturadas e coletas de documentos. A partir dos dados coletados,
tecemos uma reflexão sobre os processos de ensino-aprendizagem, com o propósito
de explicar a atuação da escola e dos professores de hoje, que podem reproduzir
um sistema de formação ideológico que privilegia o mercado de trabalho,
concomitantemente contribuindo para a reprodução das relações de produção
capitalista. Utilizamos como pressupostos teóricos os apontamentos de Althusser
(1985); Meksenas (2002) e Jean Piaget ao olhar de Barros (1996). O estudo mostrou
que a instituição não esta somente reproduzindo ideologias, esta também buscando
meios para que seja possível uma educação transformadora.
RE Regimento Escolar
SUMÁRIO
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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.............................................................................................7
2 ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA INSTITUIÇÃO OBSERVADA.........................8
3 A PROPOSTA DE ENSINO NA INSTITUIÇÃO..............................................................9
3.1 A INFUÊNCIA DO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO NA INSTITUIÇÃO
ESCOLAR...........................................................................................................................11
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................................17
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................18
REFERÊNCIAS......................................................................................................................20
APÊNDICE..............................................................................................................................21
ÍNDICE DE AUTORES..........................................................................................................22
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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A partir dessa citação observamos que a instituição vem tentando fazer com
que os alunos interajam com o meio ambiente e tenha um conhecimento
progressivo, conscientizando-os a ter uma visão crítica de mundo através de aulas
expositivas e materiais didáticos que proporcionam reflexão. Estávamos
especificamente na semana da pátria e presenciamos a conscientização feita
através de discursos de professores e da diretora a cerca de assunto como, por
exemplo, respeitar a pátria e cantar o hino nacional brasileiro.
Porém existem também algumas imperfeições quando se diz ter como meta
trabalhar com a diversidade humana, respeitando as potencialidades, limitações e
especificidades de cada indivíduo, pois são a favor de uma sociedade sem exclusão
social.
Percebemos que muito se fala de inclusão social na instituição e em
contrapartida a sala em que fizemos a maior parte das observações se localiza no
segundo andar, e para se ter acesso existe somente uma escada. Como falar de
inclusão social se não existem rampas de acesso para a sala da 3ª série? Como irão
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matricular alguém que tenha alguma necessidade especial como, por exemplo,
deficiência física?
Quanto à metodologia de trabalho indicada no PPC (2007), consta uma
proposta de trabalho interdisciplinar e a observação das ações das crianças, na
intenção de problematizar suas intenções, intervindo para que reflitam sobre o
conhecimento.
Segundo Fazenda (1993,p.22) ”[...] a interdisciplinaridade pode ser
compreendida como sendo um ato de troca, de reciprocidade entre as [...] áreas do
conhecimento.”
E graças a essa reciprocidade entre as disciplinas é possível trazer
motivações para os alunos terem prazer em estudar, pois essa ligação entre as
disciplinas proporciona um conteúdo com maior consistência e mais próximo da
prática dos alunos. Não podemos considerar o ensino de forma fragmentada, já que
os fenômenos sociais nunca ocorrem de maneira isolada.
Ou seja, trabalhar de forma interdisciplinar é muito importante, porém na
instituição observamos que isso não ocorre na prática. Os professores passam os
seus conteúdos como se fosse algo especifico de sua matéria apenas, não fazendo
relação nenhuma com a interdisciplinaridade.
No que diz respeito à concepção de desenvolvimento humano, infância e
ensino-aprendizagem é citado que a aquisição de conhecimento, desenvolvimento e
aprendizagem são processos que se articulam na constituição do ser humano. E não
há uma concepção única de infância, a diversidade dessa concepção é diretamente
influenciada pela forma que a sociedade se relaciona com a criança, ou seja, a
ideologia transmitida pela sociedade é que forma a infância.
Após a leitura do PPC nos concentramos na leitura do RE, tivemos a
oportunidade de comparar o RE (2002) com o RE (2009) vigente, pois a pedagoga
nos forneceu os dois alertando que poderíamos observar o aumento da qualidade do
documento. E nessa comparação vimos que os direitos dos alunos tem aumentado
de forma desproporcional se comparado com os deveres. No atual RE (2009) são
colocados 12 direitos dos alunos, entre eles, ser respeitado por seus educadores e
ter acesso a escola pública e gratuita. Já os deveres são 7, e entre eles, executar as
tarefas escolares e estudar; cooperar na manutenção da higiene e na conservação
das instalações escolares e manter uma atitude ética na escola e na comunidade.
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Isso se mostra importante, pois repassam para os alunos alguns valores que
contribuam para uma boa convivência dentro da sociedade, promovendo de forma
implícita um inicio de conceito de cidadania que, segundo Dimenstein (1999), é uma
palavra que possui vários sentidos “[...] mas hoje, significa em essência, o direito de
viver decentemente.” (1999, p.29). Mas para isso é preciso respeitar o próximo,
considerando os direitos e deveres de cada um.
No que diz respeito a uma das 12 proibições aos alunos contidas no RE
(2009) vigora-se que é proibido “entrar e sair da sala de aula sem permissão do
professor” (p.67), porém há um aluno com hiperatividade, controlada pelo uso de
medicamento, que entra e sai da sala de aula sem a permissão do professor e não é
tomada nenhuma atitude em respeito a essa ação, ou seja, nem tudo o que esta
documentado é fácil de concretizar por meio da prática.
Quanto aos direitos e deveres dos pais é percebido que os pais tem alguns
direitos que nem eles mesmos sabem que possuem como, por exemplo, “contestar
os critérios avaliativos” (p.70). E nem todos os deveres são cumpridos, há um que
diz “comparecer a este estabelecimento quando solicitado.” (p.70). E foi afirmado
pela coordenação pedagógica que muitos pais não comparecem quando solicitados.
E é bem nessa ocasião que a escola joga a culpa de indisciplina dos alunos
nas costas dos pais, pois afirmam que quem tem que educar e dar exemplos de
valores morais é em primeiro lugar a família.
por dia, e por ser um período da vida do ser humano em que esta mais vulnerável
as aceitações transmitidas pela ideologia dominante, é facilmente coagido pela
instituição e todos os membros que estão dentro dela, incluindo os professores e os
amigos. Isso pode colaborar para que a educação seja alienante e meramente
reprodutiva para que se mantenham a hierarquização entre trabalho manual e
trabalho intelectual. Porém isso tudo não isenta que a ideologia seja repassada pela
classe dominante através também dos outros AIE.
Isso é uma das várias causas que permeiam a dicotomia entre trabalho
intelectual e manual, já que, a elite tem como prioridade manter a sua posição na
hierarquização existente na divisão das classes sociais.
Segundo Meksenas (2002), para conseguirmos superar essa dicotomia é
fundamental que o professor tenha em sua formação a prática da pesquisa social,
pois isso associado com o ensino irá permitir que se abram leques de oportunidades
para duvidar das causas dos atuais problemas educacionais e também para deixar
perder de vista a ênfase da sociedade em tratar a educação como uma mercadoria
que proporcionalmente aliena muitos educadores a ponto de se interessarem
somente pelo mercado de trabalho, assim a pesquisa contribuirá para a construção
de uma educação menos capitalista e mais transformadora.
Na citação abaixo Meksenas (2002) alega que é preciso lutar contra a
pedagogia única, podemos entender que se refere ao medo que educadores têm de
alterar o seu método pedagógico e o mesmo fracassar, por isso os mantém
cristalizados, não produzindo pensamentos críticos e apenas reproduzindo
conhecimentos inquestionáveis.
Meksenas (2002) diz:
escola, porque muitos pais por si só não dispõe de preparo para lidar com os filhos
em suas diversas fases de desenvolvimento.
A nossa observação procedeu de forma mais próxima com alunos
matriculados na terceira série do ensino fundamental, com idades entre 8 e 9 anos,
e de acordo com Barros (1996), Jean Piaget psicólogo suíço, que estudou o
desenvolvimento das habilidades cognitivas do ser humano, em especial das
crianças, ele esquematizou em quatro fases este processo de desenvolvimento,
sendo elas a sensório-motor que vai de 0 a 2 anos, é nesta fase que a criança
adquire controle motor e aprende sobre os objetos físicos que a rodeiam; pré-
operacional, dos 2 aos 7 anos, a criança nesta fase procura conseguir habilidade
verbal; operações concretas atinge dos 7 aos 12 anos, já nesta fase a criança
começa a lidar com alguns conceitos abstratos como os números e
relacionamentos, e por fim o estágio das operações formais, dos 12 anos em diante,
nesse estágio a criança dá inicio a uma transição para a maneira adulta de pensar,
sendo capaz de pensar sobre idéias abstratas. De acordo com Barros (1996), Piaget
chegou até estas fases depois de observar minuciosamente crianças, dentre essas,
estão seus filhos; as crianças observadas dentro da instituição escolar se encontram
no terceiro estágio, o das operações concretas; nesta idade:
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de Estado. 10. ed. Trad. de Valter José
Evangelista e Maria Laura Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Graal, 1985.
PARO, V. H. Qualidade do ensino: a contribuição dos pais. São Paulo: Xamã, 2000.
APÊNDICE
ÍNDICE DE AUTORES
Althusser, 11, 12
Barros, 14, 15
Dimenstein, 11
Fazenda, 10
LDBN-9394/96, 18
Meksenas, 12, 13
Paro, 14
Severino, 17
Soriano, 19