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Frente: 01 Aula: 04

PROFº: RAMIRO EXPANSÃO MARÍTIMA (II)


A Certeza de Vencer

3. EXPANSÃO PORTUGUESA: até depois da morte de D. Henrique, uma vez que sua
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mulher havia refreado os ânimos pela emancipação dos


portucalenses, foi apenas quando Afonso Henriques, filho
do fidalgo francês, se tornou rei que o movimento pela
liberdade recobrou suas forças, armando uma guerra
contra a mãe, o avô e os mouros, o novo soberano
conseguiria a admissão por parte de Leão e da Igreja
para a sua condição de Rei de uma nova nação.

3.2 O PROJETO ULTRAMAR:

a) Razões do Pioneirismo Português: Os lusitanos


foram os primeiros cristãos a se lançarem no projeto de
expansão marítima e comercial. Já em 1415, chegavam a
região de Celta no norte do continente africano,
inaugurando para muitos o ciclo das navegações.
Observe que Portugal se antecipou em quase um século
Na imagem acima, o grande poeta português, Luís de aos demais países envolvidos no projeto, a que se deve
Camões. este pioneirismo? Vejamos alguma das possíveis
respostas:
“As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia lusitana. • Precoce centralização Política - A formação dos
Por mares nunca dantes navegados, Estados nacionais só chegou para a maioria dos países
Passaram ainda além da Taprobana, da Europa durante o final do século XV e no XVI, Portugal
E em perigos e guerras esforçados foi a grande exceção a esta regra.
Mais do que prometia a força humana, Embora a dinastia de Borgonha tenha fundado o Reino de
E entre gente remota edificaram Portugal, foi somente com os reis de Avis que o território
Novo reino, que tanto sublimaram," se tornou efetivamente governado por um só senhor, tal
Luís de Camões. I canto de "Os Lusíadas". fato se deu com a chamada "Revolução de Avis" (1383-
1385) que levou o Mestre D. João I ao poder. Nos séculos
O fragmento de texto acima é a consagrada seguintes, enquanto os demais países ocupavam-se de
abertura dos "Lusíadas" do poeta português Luís de lutas internas e externas pela centralização
Camões, a obra é uma exaltação à bravura e aos feitos administrativa, Portugal já concentrava os seus esforços
marítimos e militares dos lusitanos, que vivenciaram neste na elaboração de suas navegações
tempo o maior momento de toda a sua história. Vamos
conhecer o surgimento precoce desta nação e a .
elaboração de seu projeto rumo ao além'ar.

3.1. A FORMAÇÃO DO ESTADO PORTUGUÊS

Por volta do século XI, a península Ibérica


apresentava uma configuração bem diferente daquela que
observamos nos mapas contemporâneos. Ao norte
observávamos a existência de três reinos católicos: Leão,
Aragão e Castela, enquanto que na parte sul havia a
presença moura (muçulmanos fixados na região desde o
século VIU).
Com o advento das cruzadas, os reis católicos
coordenaram uma campanha militar pela expulsão dos Na imagem acima, Lisboa no século XVI. A cidade era
islâmicos da península, numa empreitada que ficou um importante entreposto comercial para as
conhecida como a "Guerra de Reconquista". transações das cidades itálicas com o norte da
Um nobre católico francês chamado Dom Henrique de Europa,
Borgonha teria uma importante participação na luta contra
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os mouros, recebendo de D. Afonso VI, Rei de Leão, a • A Rica Burguesia Lisboeta - Portugal contava ainda
mão de sua filha Dona Teresa e o controle sobre o com financiadores adequados para a magnitude de seu
Condado Portucalense. Entre sogro e genro logo projeto, trata-se da burguesia de Lisboa, bastante
surgiriam grandes problemas, uma vez que este último enriquecida por sua condição de entreposto comercial
não aceitava permanecer vassalo e reclamava a para as transações das cidades itálicas com o norte da
independência de suas terras. A disputa se prolongaria Europa.

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• A Primazia nas Ciências Náuticas - Ao longo do c) Etapas da Expansão Portuguesa: O objetivo máximo
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século XIV, Portugal se tornaria a grande referência no dos portugueses era chegar às Índias, desejo comum a
que diz respeito a tecnologia nas navegações. O maior todos os comerciantes do período, para tanto iniciaram
símbolo desta condição seria a discutida Escola de um processo conhecido como "périplo africano", consistia
Sagres, dirigida pelo infante D. Henrique, segundo os no costeamento da África para alcançar às Índias. A
relatos, esta seria um centro de desenvolvimento técnico seguir destacamos os dois momentos mais importantes
e um ponto de encontro para navegantes de toda a da expansão portuguesa.
Europa compartilharem de sua experiência. • A Viagem de Vasco da Gama - No ano de 1498, a
b) O Mar Tenebroso esquadra deste navegador finalmente chegaria às Índias.
“O monstrengo que. está no fim do mar A partir deste momento, os portugueses desbancariam os
Na noite de breu ergueu-se a voar; italianos da condição de senhores do comércio com as
À roda da nau voou três vezes, Índias, somente na primeira viagem os lusitanos teriam
Voou três vezes a chiar, um lucro estimado de 6000%.
E disse: "Quem é que. ousou entrar • A América Portuguesa — Em 1494, portugueses e
Nas minhas cavernas que não desvendo, espanhóis assinaram um acordo conhecido como Tratado
Meus tetos negros do fim do mundo?" de Tordesilhas, onde grande parte do globo terrestre seria
E o homem do leme disse, tremendo: dividida entre os países ibéricos.
"EI-Rei D. João Segundo!" As expedições para a averiguação da existência de terras
(...) americanas (o novo continente havia sido conquistado em
PESSOA, Fernando. Mensagem. 13.ed. Lisboa: Ática, 1986. p.62. 1492 por Cristóvão Colombo) no lado português
começariam pouco tempo depois, alguns historiadores
Um dos fatores que dificultaria bastante as navegações portugueses defendem que já em 1498, uma viagem
seriam as antigas superstições acerca do Oceano secreta comandada pelo grande Duarte Pacheco teria
Atlântico (chamado naquele tempo de Mar Oceano ou chegado ao Noite do território onde hoje fica o Brasil, o
Mar Tenebroso). Os homens medievais acreditavam que relatório desta expedição é conhecido como "Esmeraldo
esta era uma área empestada de monstros marinhos de de Situ Orbis". Dois anos depois, uma esquadra
todas as espécies, com abismos infinitos e todo o tipo de gigantesca comandada por Pedro Álvares Cabral faria o
perigos, estas crenças dificultariam bastante o primeiro contato oficial de europeus com o solo brasileiro.
recrutamento dos primeiros tripulantes, forçando o rei a
lançar mão dos degredados (prisioneiros da justiça) como EXERCÍCIO
forma de viabilizar a expansão.
01. (Unicamp) Leia o poema abaixo:
"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu
Mas nele é que espelhou o céu."
O mar atemorizava não apenas os portugueses, (Fernando Pessoa, MENSAGENS)
mas de uma forma geral os europeus dos séculos XV e
XVI, pois viajar por ele significava enfrentar tempestades, a) Qual o período da história de Portugal que está sendo
doenças, fome e aproximar-se da morte. Em 1600 é recuperado pelo poeta Fernando Pessoa?
publicado em Rouen, na França, História de muitas ______________________________________________
viagens de aventura, que confirma a apreensão das ______________________________________________
pessoas diante da necessidade de enfrentar o mar.
“(...)Todo homem de bom juízo depois que tiver realizado b) Porque as aventuras marítimas, nesse período, eram
a sua viagem, reconhecerá que é um milagre manifesto empreendimentos tão arriscados?
ter podido escapar de todos os perigos que se ______________________________________________
apresentaram em sua peregrinação; tanto mais que além
do que diziam os antigos sobre aqueles que vão para o ______________________________________________
mar não terem entre a vida e a morte senão a espessura ______________________________________________
de uma tábua de ponte que só tem três ou quatro dedos
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de travessia, a tantos outros acidentes que diariamente aí c) Por que a conquista e o domínio dos mares foram tão
podem ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí importantes no período da História de Portugal a que se
navegam querer pôlos todos diante dos olhos quando refere o poema de Fernando Pessoa?
querem empreender suas viagens.” ______________________________________________
J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventureux. In: DELUMEAU,
Jean. História do medo no Ocidente; 1300-1800. 3.ed. São Paulo: ______________________________________________
Companhia das Letras, 1996. p.44

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