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CONTEÚDO

PROFº: ROSE CUNHA


02 O texto narrativo – características – parte I
A Certeza de Vencer GE200208 – PE(MT) / SF(MT) / AC(MT) / CN (MT)
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COMENTÁRIO:
Dizem que nenhum de nós resiste a uma história. É só alguém começar a contar um caso qualquer e
nós já ligamos nossas antenas, curiosos para saber o que aconteceu.
E, claro, somos também contadores de histórias. Observe quantas vezes ao dia você começa a
conversar, contando algo que aconteceu com você ou que você viu acontecer.
● “Eu estava no ponto de ônibus hoje de manhã e ...”
● “Fui comprar pão e...”
● “Você não sabe o que me aconteceu ontem!...”
● “Quando eu era criança,...”
(Português: língua e cultura; FARACO, Carlos Alberto, volume único. Livro do Professor)
ANÁLISE TEXTUAL:
Pequenas Aprendizagens

B
astou, relatar, na última crônica, minha experiência com a descoberta de um câncer, para que meu
telefone triplicasse o volume de chamadas recebidas. Eram os amigos, os parentes e, em número menor
porém muito significativo, os colegas de fado e se sina. Descobri, de repente, que o mundo ao redor não é
tão são como parece. E que muitas pessoas, com as quais cruzamos na rua, no shopping ou na fila do cinema,
guardam dentro de si, mais ou manos inviolado, um idêntico segredo.
Têm elas, como eu, um alien alojado em alguma parte de seus corpos (ou fluídico e difuso em seu
todo), com o qual mantêm relações estranhas e contraditórias. Em algumas, a relação é de beligerância
declarada – e estas geralmente exibem a fisionomia do guerreiro. Querem vencer e tudo farão para expulsar o
invasor e destruí-lo. Outras, ao contrário, procuram ouvir o que o invasor tem a lhes dizer e o tratam antes como mensageiro do que
como inimigo. Não cedem a ele, mas também não afrontam com iras desmedidas. É um ser que está ali, com sua sintaxe
desordenada, querendo expressar algo. Curiosamente, essa atividade as ilumina.
Ainda sou neófito nas artes de convivência com meu alien, mas tendo a imitar essa última postura. Procuro decodificar as
mensagens que ele me envia, sempre tomando o cuidado de interpretar o conteúdo delas. Nesses poucos dias, aprendi mais sobre
mim do que em muitos anos de saudável pastio pelas rotinas da vida. Descobri afetos insuspeitados, docilidades, relevâncias onde
antes nada havia. E, simetricamente, a absoluta irrelevância de certas coisas que julgávamos muito importante.
Os males imaginários, por exemplo, nos infundem muito mais terror que um bando de células malucas embutido em nosso
peito. Pois são apenas células malucas – e não passam disso. Teremos todas as mortes possíveis, sofremos a iminência trágica e
retumbante de cada uma delas – mas somente uma única mortezinha, singular e vulgar, nos arrebatará deste mundo.
Como quem descobre uma nova ruga ou um novo fio de cabelo branco, você descobre que o espírito também envelhece e
fica mais sábio. E ficar mais sábio, neste caso, não significa mergulhar uma transcendência, mas, ao contrário, buscar a iminência das
coisas mais simples. Onde estão elas, você perguntará. Não há resposta verbal, nem construção conceitual, que indique onde estão e
o que são as coisas simples. Podemos fazer algumas aproximações, através da sensibilidade na direção delas. Por exemplo: desligar
o televisor, ao primeiro sinal de tédio, e olhar com um interesse completamente novo, inaugural, para o rosto da pessoa que há anos
vive a nosso lado.
(SNEGE, Jamil. Gazeta do Povo, Curitiba, 21 jul. 2002, p.G-3)

Proposta de Redação
O pai gostava de contar suas façanhas de moleque do Caju. A proeza principal era pular o muro caído para apanhar balões
nos meses de junho ou roubar as mangas do cemitério – segundo ele, as melhores do mundo. Manga de cemitério – garantia dele –
era superior às mangas da Índia, e ele dizia isso com honesta convicção, embora, ao que me conste, nunca tenha provado manga de
nenhum outro lugar que não as da Zona Norte da cidade.
Quando encontrava auditório propício, ele estendia suas aventuras dos tempos de Caju mais além. Tivera uma colega que se
chamava Absalão. Meu irmão e eu já conhecíamos todas as aventuras da dupla, mas o pai, quando se lembrava desse Absalão, não
só esquecia que já as contara mil vezes como as ampliava formidavelmente, atingindo um de seus melhores momentos de narrador.
As histórias variam em detalhes e cronologia, muitas vezes pareciam contraditórias, Absalão ora tinha uma irmã que era
complacente nas brincadeiras dos porões escuros, ora não tinha irmã nenhuma, mas um padrasto que dava surras de vara de
marmelo no enteado – surras que o pai, tantos e tão acidentados anos depois, garantia que eram devastadoras e merecidas.
VESTIBULAR – 2009

Obedecendo à tradição dos melhores narradores da história, de Homero em diante, o pai fazia do amigo de infância uma
colagem de outros meninos que fora encontrado pela vida, e outros que ele ia inventando conforme a inspiração e o auditório da hora.
(Carlos Heitor Cony. Quase memórias: quase-romance. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.p.26-7.)

Proposta: E agora é a sua vez...


Conte: HISTÓRIAS DA INFÂNCIA
FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

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