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Comparação dos Níveis Mercuriais

em regiões com e sem impacto da


atividade garimpeira de ouro

Pinheiro M.C.N.1, Oikawa T.1, Vieira J.L.F.1, Gomes M.S.V.1,


Guimarães G.A.1, Macchi B.M.2, Ribeiro D.R.1, Gadelha
M.A.1, Nascimento J.L.M.2, Silveira L.C.L.1,2.

1
Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará, Belém, Brasil
2
Depto de Fisiologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal do
Pará, Belém, Brasil
I - FONTES DE EXPOSIÇÃO AO MERCÚRIO NA AMAZÔNIA

Antropogênicas:
• queima de biomassa (floresta) - Veiga M, 1999.
• erosão de solos deflorestados
• garimpagem de ouro
(formação e queima de amálgama, Au-Hg)
poluição ambiental: vapor de mercúrio (Hg0)
metilmercúrio (MeHg)
II- VIAS DE EXPOSIÇÃO HUMANA AO MERCÚRIO

·          Respiratória
• inalação do vapor de Hg0
• grupos de risco: garimpeiros e comerciantes de ouro
• indicador biológico da exposição:
mercúrio na urina: 50 µg/L
• evidência dessa exposição na Amazônia
Concentração de Hg total em população de garimpos de ouro da
Amazônia

Nº Localização Hgt/cabelo Hgt/urina


Região Referência
amostras garimpo µg/g ng/L
14,49
Cachoeira Couto et al,
Gurupi (PA) – (1.97-68, –
Piriá 1983
98)

Tapajós Branches et
11 Itaituba – 48,2
(PA) al, 1993

7,32 Ferrari et al,


Xingu (PA) 12 Araguaia –
(ND-33,5) 1993

Teles Pires Akagi et al,


27 Alta Floresta – 22,5±14,9*
(MT) 1995

* µg/g creatinina
continuação

II- VIAS DE EXPOSIÇÃO HUMANA AO MERCÚRIO   

Digestiva
• ingestão de peixes contaminados por metilmercúrio
• grupos de riscos: ribeirinhos e populações indígenas
(mães/filhos)
• indicador biológico:
mercúrio em cabelo: 10 µg/g (OMS/1991)
• evidência dessa exposição na Amazônia
• peixes: Hg  500 ppb
• cabelo: Hg  10 µg/g
Concentração de mercúrio total em peixes consumidos na Amazônia
brasileira: Região do Tapajós
Origem/ Hábito Nº Hgt (µg/g)
Referência
peixe alimentar amostra  DP(min - max)
Teles Pires C 08 1,29 (0,29 - 3,82) Akagi et al,
(MT) (alto) 1995
Tapajós (PA) C 48 0,298 (0 - 0,546) Brabo et al,
(alto) NC 32 0,095 (0 - 0,201) 1995

Tapajós (PA) C 98 0,420±0,230 Bidone et al,


(alto) NC 140 0,062 ±0,053 1997

Tapajós (PA) C 122 0,482 (– - 3770) Malm et al,


(alto) 1997
Tapajós (PA) C 73 0,51±0,22(0,06 - 1,35) Lebel et al,
(médio) O 32 0,46±0,24 1997
H 68 0,07±0,07

Tapajós (PA) C 69 0,226 (0,075 - 0,878) Lima et al,


(baixo) NC 40 0,041 (0,001 - 0,140) 2000
Concentração de mercúrio total em peixes consumidos na Amazônia
brasileira: Outras regiões

Origem/ Hábito Nº Hgt (µg/g)


Referência
peixe alimentar amostra  DP (min - max)
Carajás (PA) C 46 (0,42 – 2,19) Fernandes et
NC (0 – 0) al, 1990
Madeira (RO) C 284 0,846 (– - 3,921) Malm et al,
1997
Madeira (RO) C 07 4,0 (0,64 – 11,0) Dorea et al,
NC - 0,9 1998

Balbina (AM) C 22 0,43 (0,05 - 0,13) Kehrig et al,


NC 10 0,06±0,03 (0,03 - 0,1) 1998

Tucuruí (PA) C 50 (0,004 - 3,260) Costa et al,


1999
C – carnívoro NC – não carnívoro O – ominívoro H - herbívoro
Concentração de mercúrio total em populações ribeirinhas não indígenas,
da Amazônia brasileira: Região do Tapajós
Nº Hg total µg/g cabelo
Região Referência
amostra  DP(min – max)
Tapajós (PA) Akagi et al,
51 30,315,9
(alto) 1995a
Tapajós (PA) Akagi et al,
125 20,1 – (1,50 - 151,2)
(alto) 1995b
Tapajós (PA)
432 17,0 – (– - 176) Malm et al, 1997
(alto)
Tapajós (PA)
96 12,9– Lebel et al, 1997
(médio)
Tapajós (PA) 220 11,757,95 (0,53 - 49,99) Santos et al,
(médio e alto) 327 19,911,96 (0,10 - 94,50) 2000
Tapajós (PA) Dolbec et al,
68 10,86,1
(médio) 2000

Tapajós (PA)
369 17,6310,1 (0,60 - 71,5) Pinheiro et al,
(alto)
2003
Concentração de mercúrio total em populações ribeirinhas não indígenas,
da Amazônia brasileira: Outras regiões

Nº Hg total µg/g cabelo


Região Referência
amostra  DP (min – max)
Fernandes et al,
Carajás (PA) 29 (0,25 – 15,7)
1989
Lodenius et al,
Tucuruí (PA) 125 11 - (0,9 – 37)
1992
Barreirinha (AM) 38,62  14,4 Eve et al, 1996
101
Iranduba (AM) 5,66  3,1 Eve et al, 1996
Madeira (RO) 169 9,0– (– - 71) Malm et al, 1997
Barbosa et al,
Negro (AM) 76* 21,4012,66 (1,66 -59,01)
2001
Santana de Ituqui Santos et al,
321 4,331,94 (0,40 - 11,60)
(AM) 2001

* adultos >15a
III- EXPOSIÇÃO MERCURIAL EM COMUNIDADES
RIBEIRINHAS SOB DIFERENTES INFLUÊNCIAS DA
GARIMPAGEM DE OURO

Áreas de alta influência de


mineração: Tapajós, Madeira e Área de baixa influência de
Xingu mineração: Tocantins
• comunidades • comunidades ribeirinhas
ribeirinhas e indígenas
• alto consumo de peixe
• alto consumo de peixe
• peixes com baixos
• peixes com elevados níveis de Hg
níveis de Hg
• baixas concentrações de
• altas concentrações de Hg Hg total em amostras de
total e MeHg em amostras cabelo
de cabelo
IV – OBJETIVO

- Avaliar a freqüência da exposição ao


mercúrio através das concentrações de mercúrio
total em amostras de cabelo de comunidades
ribeirinhas da Amazônia, comparando regiões com
e sem impacto da atividade garimpeira de ouro.
V –METODOLOGIA
Áreas e populações de estudo:
características Idade
Nº Nº Estilo de
População Região
amost  (min-max) hab vida comum
S L TAPAJÓS
Mulheres 49 38,1 (17 – 81)
Homens 07 42,1 (16 – 65) 460 Tapajós Dieta:
ingestão
Crianças 50 4,3 (01 – 10)
diária de
BARREIRAS peixes e
Mulheres 59 37,2 (12 – 87) mandioca
Homens 06 25,1 (12 – 60) 720 Tapajós Ocupação:
Crianças 87 4,5 (01 – 11) pesca e
agricultura
PANACAUERA Baixas
Mulheres 48 33,1 (14 – 63) condições
Homens 12 36,1 (16 – 65) 320 Tocantins sanitárias
Crianças 35 5,4 (01 – 10)
Áreas Estudadas: Mapa

Rio Amazonas

Tocantins

Tapajós
Área Ribeirinha do Tapajós
Área Ribeirinha do Tapajós
Procedimentos de Estudo

• Seleção Amostral

• processo de seleção aleatória simples, considerando


critérios de inclusão:
• residência local a partir de 1 ano
• homens e mulheres
• adultos e crianças (de 01 a 11 anos)
• e de exclusão:
• alimentação escassa em peixes
• não concordarem em participar do estudo
• Obtenção das amostras de cabelo
• maio de 2003 – Tapajós
• setembro de 2003 – Tocantins

• Determinação de Hg total
• Laboratório de Ecotoxicologia do Núcleo de Medicina
Tropical / UFPa.
• Análise: espectrofotometria de absorção atômica
com amalgamação em lâmina de ouro - Mercury
Analyses SP3D da Nippon Coorporation – Japan
• precisão das medidas: padrão de referência
internacional IAEA 085
•Análise Estatística

• Teste T de Student
• Análise de variância (ANOVA) com nível de significância de
95% (p<0,05)
• Foi utilizado média e erro padrão

• Avaliação Ética

• Protocolo aprovado pela CONEP/CNS/MS/Brasil


VI – RESULTADOS

Concentração de Hgt em cabelo na população


adulta de comunidades ribeirinhas da
Amazônia - 2003

20
15
Hgt (µ/g)

10
5
0
B arre ira s (TAP ) S LTa pa jó s P a na c aue ra (TO)
(TAP )

p>0,05 - BAR e SLT p<0,05 - BAR e PAN p<0,05 - SLT e PAN


VI – RESULTADOS

Freqüência de exposição ao m ercúrio na


população adulta de com unidades
ribeirinhas da Am azônia - 2003

Barreiras (TAP)
SLTap ajó s (TAP)
Panacauera (TO)
VI – RESULTADOS

Concentração de Hgt em cabelo na população


infantil de comunidades ribeirinhas da
Amazônia - 2003

20
15
Hgt (µg/g)

10
5
0
Barreiras (TAP ) SLTapajós (TAP ) P anacauera (TO)

p<0,05 - BAR e SLT p<0,05 - BAR e PAN p<0,05 - SLT e PAN


VI – RESULTADOS

Freqüência de exposição ao m ercúrio na


população infantil de com unidades ribeirinhas
da Am azônia - 2003

Barreiras (TAP)
SLTap ajó s (TAP)
Panacauera (TO)
VI – RESULTADOS

Concentração de Hgt em comunidades ribeirinhas da


Amazônia de acordo com o sexo

25
20
Hgt (µg/g)

15 mul he re s
ho me ns
10

5 * *
0
B arre iras (TAP ) S LTa pajó s (TAP ) P anac aue ra (TO)
VII – CONCLUSÕES
• as comunidades ribeirinhas situadas às
proximidades de garimpos de ouro, em atividade,
estão mais expostas do que aquelas situadas em
áreas distantes das fontes de mineração, sugerindo
que a garimpagem de ouro exerce impacto na
exposição humana ao mercúrio;

• a concentração média de mercúrio total e a


freqüência de exposição encontrada na população
ribeirinha do Tocantins pode ser admitida como um
padrão de referência (controle) para àquelas
submetidas à influência da garimpagem de ouro na
Amazônia brasileira.
OBRIGADA POR SUA ATENÇÃO

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