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MARCELO BENEDET TOURNIER

PREVALÊNCIA DO DISTÚRBIO DE ATAQUES NÃO-


EPILÉPTICOS PSICOGÊNICOS NO AMBULATÓRIO DE
EPILEPSIA DO HOSPITAL SANTA TERESA – SÃO PEDRO
DE ALCÂNTARA / SC

Trabalho apresentado à Universidade Federal


de Santa Catarina, para a conclusão do Curso
de Graduação em Medicina.

Florianópolis
Universidade Federal de Santa Catarina
2004
MARCELO BENEDET TOURNIER

PREVALÊNCIA DO DISTÚRBIO DE ATAQUES NÃO-


EPILÉPTICOS PSICOGÊNICOS NO AMBULATÓRIO DE
EPILEPSIA DO HOSPITAL SANTA TERESA – SÃO PEDRO
DE ALCÂNTARA / SC

Trabalho apresentado à Universidade Federal


de Santa Catarina, para a conclusão do Curso
de Graduação em Medicina.

Presidente do Colegiado: Prof. Dr. Ernani Lange de São Thiago


Orientador: Dr. Paulo Cesar Trevisol Bittencourt

Florianópolis
Universidade Federal de Santa Catarina
2004
Tournier, Marcelo Benedet.
Prevalência do distúrbio de ataques não-epilépticos psicogênicos no
ambulatório de epilepsia do Hospital Santa Teresa – São Pedro de Alcântara / SC. /
Marcelo Benedet Tournier. Florianópolis, 2004.
XXX p.

Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade


Federal de Santa Catarina – Curso de Graduação em Medicina.

1. Histeria. 2. Ataques. 3. Epilepsia. 4. Prevalência.


“Ora, ao nosso DEUS e Pai seja dada glória pelos séculos dos séculos. Amém.”
(Fp.4:20)

À minha amada Michelle, minha companheira e auxiliadora,


por todas as vezes que me estimulou e me mostrou meus erros,
dou-te meu amor e fidelidade para sempre

“Honra teu pai e tua mãe, como o SENHOR teu Deus te ordenou,
para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na
terra que o SENHOR teu Deus te dá.” (Dt.5:16)

ii
AGRADECIMENTOS

Agradeço, em caráter especial, meu orientador e amigo, pela dedicação prestada e pelo
vínculo que durará, certamente, até o fim de nossas vidas; minhas mais profundas gratidões a
todos os que direta ou indiretamente colaboraram para a elaboração deste estudo. Não citarei
nomes, pois quero que dividam com eqüidade os méritos e todo meu carinho.

iii
SUMÁRIO

DEDICATÓRIA.............................................................................................................................. ii
AGRADECIMENTOS....................................................................................................................iii
SUMÁRIO...................................................................................................................................... iv
RESUMO......................................................................................................................................... v
SUMMARY................................................................................................................................... vi
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 1
2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................................... 3
3 OBJETIVO................................................................................................................................... 6
4 MÉTODOS................................................................................................................................... 7
5 RESULTADOS............................................................................................................................ 8
6 DISCUSSÃO.............................................................................................................................. 12
7 CONCLUSÕES.......................................................................................................................... 16
NORMAS ADOTADAS............................................................................................................... 17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 18

iv
RESUMO

Prevalência do distúrbio de ataques não-epilépticos psicogênicos no ambulatório de epilepsia do


Hospital Santa Teresa – São Pedro de Alcântara / SC. Marcelo Benedet Tournier, Universidade
Federal de Santa Catarina. Introdução: A Desordem de Ataques Não-Epilépticos Psicogênicos
(DANEP) é um diagnóstico razoavelmente comum em pacientes encaminhados com diagnóstico
de epilepsia ao neurologista. Rotulados como “histéricos”, ainda são tratados indignamente e
inadequadamente. Objetivos: Estudar a prevalência de pacientes encaminhados com
diagnóstico presumível de epilepsia que, na verdade, são portadores de DANEP. Métodos: Foi
utilizada uma amostra de 100 pacientes com diagnóstico de epilepsia, sendo avaliados
prevalência de DANEP isolada ou com epilepsia associada, sexo, faixa etária,
eletroencefalograma (EEG), conflitos psicossociais e uso de drogas anti-epilépticas (DAEs).
Resultados: Dos 100 pacientes, 80,0% tinham epilepsia, 15,0% DANEP e 5,0% a associação de
ambas. Encontrou-se 75,0% dos pacientes do sexo feminino. A faixa etária média foi de 40,2 
13,71. Em 25,0% dos pacientes foram identificados problemas conjugais e em 15,0%, história de
abuso sexual. Dos pacientes com DANEP pura, 3 tomavam DAEs (15,0% - p<0,003). 12
pacientes foram diagnosticados como DANEP (60,0%) sem a necessidade do EEG. Nenhum
paciente com DANEP teve um EEG anormal, mas houve 1 caso com EEG incaracterístico.
Conclusões: 15,0% dos pacientes estavam tomando DAEs desnecessariamente. Em 60,0% dos
pacientes com DANEP o diagnóstico foi feito somente com base na história, mostrando que nem
sempre o EEG é necessário. A percepção desta doença pelo clínico é vital para que o paciente
possa ser conduzido de uma maneira digna e não-iatrogênica.

Endereço para correspondência:


Marcelo Benedet Tournier – e-mail:mac@grad.ufsc.br
Universidade Federal de Santa Catarina. Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago.
Centro de Estudos. 88040-970 – Santa Catarina – Brasil.

v
SUMMARY

WWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW

vi
1

1 INTRODUÇÃO

A Desordem de Ataques Não-Epilépticos Psicogênicos (DANEP) caracteriza-se por


episódios paroxísticos recorrentes que lembram crises convulsivas, porém carentes de
características clínicas e eletroencefalográficas1. Antigamente conhecido pelo termo
“pseudocrises”, epilepsia histérica, entre outras denominações, tal nomenclatura vem sendo
substituída por ser menos pejorativa e ofensiva aos pacientes portadores deste transtorno 2. São
também excluídos desta as crises cuja etiologia pode ser explicada por causas orgânicas tais
como síncope de origem cardiovascular, distúrbios metabólicos como hipoglicemia/
hipocalcemia, desordens do sono, entre outras1.
A prevalência estimada de DANEP é muito variável segundo as várias populações
estudadas. De 5 a 20% de pacientes diagnosticados com epilepsia encaminhados ao neurologista
parecem ter DANEP 3,4. Os casos reconhecidos como “falha de tratamento” de epilepsia, sendo
estudados mais intensivamente, mostraram 20% de prevalência de DANEP. Dos pacientes com
DANEP, entre 10 a 80% têm concomitantemente crises epilépticas, confundindo ocasionalmente
os resultados diagnósticos e terapêuticos5.
O fenômeno da DANEP tem sido documentado em várias culturas. Uma litografia
babilônica, datada entre 718 e 616 A.C. refere-se a episódios de desmaios e quedas devidas a
choques emocionais, ou à “mão de Ishtar”(divindade babilônica símbolo da força e fertilidade
femininas)5. Alguns manuscritos, atribuídos a Hipócrates, a “epilepsia histérica” era descrita e
atribuída ao útero flutuando no corpo e causando sintomas no local onde este repousava6. O
primeiro registro de divisão entre “epilepsias ordinárias e histéricas” coube a Aretaeus7.
Contudo, Freud foi um dos primeiros a descrever sistematicamente tais crises8. Ele descrevias os
sintomas da “histero-epilepsia” ou “histeria maior”, segundo os ensinamentos de Charcot. A
sintomatologia incluía crises convulsivas; “zonas histerógenas” (áreas hipersensíveis do corpo, as
quais quando estimuladas desencadeavam uma aura); distúrbios da sensibilidade como anestesia
histérica da pele; paralisia e, em casos mais graves, contraturas musculares. Freud também
considerava que as crises e perdas de consciência experimentadas pelo célebre escritor russo
2

Fyodor Dostoevsky (que em sua obra “O Idiota”, descreve crises extremamente singulares em
seu protagonista, caracterizadas por um êxtase de extrema felicidade, seguidos de uma sensação
de culpa e melancolia extremas), diagnosticadas pelos médicos como epilepsia, eram de origem
neurótica. Entretanto, suas documentações e manuscritos sobre sua experiência com a moléstia
mostravam características de crises tônico-clônico generalizadas, com estados pós-ictais
confusionais, depressivos, afásicos e amnésicos9,10. Charcot, em 1874, já conhecia o fato da
concomitância de DANEP e epilepsia em um mesmo paciente, descrevendo em seus trabalhos a
“hystérie à crises distinctes” e a “hystérie à crises combinées”11.
Por uma perspectiva psicoanalítica, as causas subjacentes para neuroses que se
manifestam como crises histéricas são traumas, freqüentemente de natureza sexual. Esta
associação fora descrita por Freud e recentemente reiterada na literatura12. Uma resposta mais
recente ao fenômeno tem sido a aplicação de explicações comportamentais que reconhecem a
DANEP como um padrão aprendido de comportamento o qual é desenvolvido para permitir a
pessoa a lidar com situações de ansiedade extrema13. Segundo Griffith et al. , tais crises seriam
derivadas de situações de estresse tão intensas que palavras não poderiam expressá-las,
geralmente arremetidas por situações dilemáticas em que ambas extremidades exporiam o
paciente a situações de angústia extrema, vergonha ou culpa14. Todavia, um estudo recente de
Reuber et al. sugeriu que lesões físicas ao cérebro podem ter algum papel no desenvolvimento de
crises psicogênicas15.
3

2 REVISÃO DE LITERATURA

Assim como nas crises convulsivas de origem epiléptica, a descrição ou a visualização


dos ataques pode trazer informações importantes para o diagnóstico de crises não epilépticas
psicogênicas (CNEP). As CNEP que mimetizam crises tônico-clônico generalizadas geralmente
são diferenciadas com facilidade, pelos movimentos assincrônicos, assimétricos e violentos
comumente encontrados nas CNEP. O fato de encontrarmos ou não mordedura de língua ou
perda de continência esfincteriana não nos ajuda muito, por estarem variavelmente presentes em
ambos os transtornos. Geralmente os reflexos pupilares estão normais nas CNEP (enquanto que
em um paciente convulsionando estão fixas e dilatadas), associados a uma dificuldade na abertura
dos olhos de tais pacientes. É muito comum observar também sácades voluntárias do olhar
quando a cabeça é passivamente mobilizada, e geralmente procurando as periferias dos campos
visuais quando volta à posição de repouso (olhar geotrópico – um indicativo positivo para
CNEP). A vocalização nestes tipos de crises é variável, podendo estar ausente ou extremamente
florida com grunhidos, roncos, suspiros, palavras ininteligíveis, desconexas ou obscenas, mas
dificilmente reproduz o típico grito epiléptico da fase tônica ou as vocalizações guturais da fase
clônica16. Por outro lado, há relatos de pacientes com epilepsia do lobo frontal se apresentando
com crises atípicas e repletas de características pertencentes às CNEP17. Aliás, muitas vezes
quando as CNEP precisam ser diferenciadas das crises do lobo temporal ou frontal, o diagnóstico
diferencial pode tornar-se um desafio mesmo àqueles com muita experiência na observação de
fenômenos epilépticos, devido à imensa gama de sintomas provocados e a facilidade do paciente
mimetizar os automatismos oro-alimentares16.
Os sintomas pós-ictais também podem ser úteis na diferenciação de crises epilépticas e
CNEP. Um estudo publicado por Ettinger et al. mostrou que todos os pacientes com epilepsia da
população estudada tinham, ao menos, um sintoma pós-ictal, enquanto que 52% dos pacientes
com CNEP não tinham sintoma algum. A cefaléia pós-ictal foi encontrada em 38% dos
4

portadores de epilepsia e em 4,3% dos portadores de CNEP. 56% dos pacientes epilépticos
referiram fadiga após uma crise enquanto que apenas 13% dos CNEP a referiu18.
O eletroencefalograma (EEG) geralmente é considerado um divisor de águas entre as duas
entidades, sendo geralmente normal nas CNEP. Contudo, o EEG pode estar alterado em
pacientes com CNEP em conseqüência de: estados hiperventilatórios durante o exame, portadores
de transtorno do pânico ou estados de abstinência de drogas anti-epilépticas. Além disso,
recorde-se que padrões de “pontas e ondas” no EEG, comumente encontrados em portadores de
epilepsia foram também encontrados em 3% da população normal. Assim, um EEG normal não
exclui a possibilidade de epilepsia, tão pouco confirma uma CNEP16. Métodos como o vídeo-
EEG durante as crises ou o EEG por telemetria demonstraram-se mais eficazes, porém, podem
deixar dúvidas em alguns seletos casos de CNEP. Para estes casos duvidosos, ou casos em que o
clínico depara-se com um paciente chegando ao serviço de emergência com uma história
duvidosa de CNEP, a dosagem de prolactina sérica poderia ser útil. Ela habitualmente está
aumentada nos ataques tônico-clônicos e pacientes com CNEP sempre terão nível normal . Se as
crises forem do tipo parcial complexa, os níveis de prolactina estarão aumentados em 60% dos
casos de etiologia epiléptica. Crises parciais simples são a única modalidade de crises epilépticas
que não cursam com aumento dos níveis de prolactina19. A oximetria de pulso durante as crises,
na ausência de outros recursos, pode ser também útil na diferenciação de crises generalizadas
tônico-clônicas e CNEP, pois uma diminuição na saturação de oxigênio momentânea foi mais
relacionada a crises convulsivas, porém, tal afirmação sozinha não deve ser tomada de grande
valor diagnóstico por carecer de bases mais consistentes de estudo 20. Os testes provocativos de
CNEP constituem em uma alternativa também muito utilizada para o diagnóstico de DANEP21,
porém tais testes esbarram nas premissas bioéticas, ou mentindo ao paciente, fazendo injeções
salinas o informando que são substâncias “epileptógenas” ou utilizando-se de métodos de
sugestão para iatrogenizar um indivíduo vulnerável a tais técnicas.
Apesar de termos uma boa compreensão a respeito de mecanismos psicopatológicos e de
manifestações da desordem, o tratamento para DANEP ainda continua pobremente
compreendido, pela falta de estudos a respeito deste, deixando apenas recomendações quanto a
melhor conduta a ser adotada. A psicoterapia é precognizada como o baluarte da terapêutica
nestes casos, porém, sua eficácia ainda não foi comprovada.
5

Pelo fato de haver inúmeras controvérsias quanto a métodos diagnósticos e terapêuticos,


os quais poucos têm eficácia comprovada, os pacientes portadores de DANEP, como os outros
rotulados como histéricos, têm sido conduzidos, ao longo da história da ciência, a calvários
existenciais, passando por todo o tipo de experimento mórbido. Thomas Willis, após hipotetizar
que a histeria era causada pela cabeça, aconselhava a bater com varas na cabeça do doente, como
medida terapêutica. Ainda hoje tais pacientes são tratados com injeções de água destilada,
furosemida e amônia intra-nasal, tendo, geralmente, como limite ético o sadismo do torturador,
sendo que este teoricamente deveria estar ao lado do enfermo22.
6

3 OBJETIVOS

Analisar casos encaminhados com o diagnóstico de epilepsia encaminhados ao Hospital


Santa Teresa (HST), em São Pedro de Alcântara, Santa Catarina, entre 1980 e 2004, avaliando
primeiramente a prevalência de casos de DANEP entre estes pacientes, estando esta associada ou
não à epilepsia. Entre os portadores de DANEP, observar variáveis como sexo, idade, associação
com epilepsia, exames de eletroencefalografia, presença de conflitos psicossociais identificados e
uso de drogas anti-epilépticas (DAEs) nestes pacientes.
7

4 MÉTODOS

Foi realizado um levantamento de pacientes encaminhados ao ambulatório de neurologia


do HST com diagnóstico prévio de epilepsia, no período de 01/01/1980 a 08/06/2004, sendo
aleatoriamente sorteados 100 pacientes para análise estatística posterior. Antes da análise, a
casuística foi refinada para que dentre estes não se encontrasse crises não epilépticas fisiogênicas
(como comentado anteriormente, causadas por hipoglicemia, transtornos do sono, síncope, entre
outras causas). Cada paciente assim eliminado entre os sorteados pela primeira vez foi
substituído por outro paciente também aleatoriamente sorteado, que igualmente foi avaliado pelo
mesmo critério do primeiro para compor, na totalidade, cem pacientes. Também foram
eliminados registros de pacientes com letra ilegível, preenchimento incompleto de dados
pertinentes à identificação do paciente ou com dados insuficientes quanto ao diagnóstico clínico
destes.
Foi o estudo concebido como uma pesquisa clínica, de caráter observacional, classificado
como estudo transversal de caráter descritivo.
A coleta de dados foi feita através dos dados contidos no protocolo previamente utilizado
por esse serviço de neurologia, para o atendimento a pacientes com epilepsia. Foram então
retirados do protocolo, primeiramente os diagnósticos após a consulta ambulatorial, separando os
pacientes em dois grupos: portadores de DANEP (a partir de agora chamado de grupo DANEP),
incluindo os casos de epilepsia concomitante a DANEP, e não-portadores, sendo analisado a
prevalência de ambos. Posteriormente, o grupo DANEP foi analisado nas seguintes variáveis:
sexo, idade, resultados de eletroencefalogramas, conflitos psicossociais, presença de crises
epilépticas concomitantes e uso de drogas anti-epilépticas em tais pacientes.
8

5 RESULTADOS

Do total de 100 pacientes que foram encaminhados ao ambulatório de neurologia do HST


para avaliação de epilepsia, 80 pacientes receberam o diagnóstico de epilepsia (80,0%), 15
pacientes tiveram DANEP identificada (15,0%) e em 5 pacientes a associação de ambos (5,0%),
como mostra a tabela 1.
Analisando o grupo DANEP, a distribuição por sexo encontrada (tabela 2) foi de 15
pacientes do sexo feminino (75,0%) e 5 pacientes do sexo masculino (5,0%).

TABELA 1 – Prevalência de diagnósticos de epilepsia e DANEP registrados.


DIAGNÓSTICO FINAL Nº DE PACIENTES % DE PREVALÊNCIA
Epilepsia 80 80,0
DANEP 15 15,0
Epilepsia associada à DANEP 5 5,0
TOTAL 100 100,0
FONTE: Serviço de arquivo do HST, janeiro de 1980 a junho de 2004.

TABELA 2 – Grupo DANEP: Distribuição por sexo.


SEXO Nº DE PACIENTES % POR SEXO
Masculino 5 25,0
Feminino 15 75,0
TOTAL 20 100,0
FONTE: Serviço de arquivo do HST, janeiro de 1980 a junho de 2004.
9

Quanto à distribuição por faixas etárias (tabela 3), foram encontrados 5 pacientes com
idade entre 20 e 29 anos (25,0%), 5 pacientes com idade entre 30 e 39 anos (25,0%), 4 pacientes
entre 40 e 49 anos (20,0%), 5 pacientes entre 50 e 59 anos (25,0%) e 1 paciente entre os 60 e 69
anos (5,0%). A idade média  desvio padrão encontrada foi de 40,2  13,71 (mediana = 39).

TABELA 3 – Grupo DANEP: Distribuição por faixa etária.


FAIXA ETÁRIA (anos) Nº DE PACIENTES % POR FAIXA ETÁRIA
20 – 29 5 25,0
30 – 39 5 25,0
40 – 49 4 20,0
50 – 59 5 25,0
60 – 69 1 5,0
TOTAL 20 100,0
FONTE: Serviço de arquivo do HST, janeiro de 1980 a junho de 2004.

Analisando a freqüência de conflitos psicossociais nesses pacientes, não foi encontrado ou


identificado nenhum conflito em 9 pacientes (45,0%), enquanto que em 5 (25,0%) foram
reconhecidos atritos familiares ou problemas conjugais. Em 3 pacientes (15,0%) foi identificado
história de abuso sexual e em outros 3 pacientes outros conflitos (de ordem econômica ou
ambiental, entre outros).
Entre os pacientes com DANEP sem epilepsia associada, foram encontrados 3 pacientes
tomando DAEs (15,0% - p<0,003), como mostrado na tabela 5.
12 pacientes do grupo DANEP (60,0%) não realizaram eletroencefalograma (EEG) ou
não possuíam registros de tê-los feito. Nenhum paciente com DANEP sem epilepsia associada
teve um EEG anormal (com padrão típico de pontas e ondas), mas houve 1 caso (5,0%) com EEG
incaracterístico. 5 pacientes com DANEP sem epilepsia tiveram EEGs normais (25,0%),
enquanto que 1 paciente com DANEP associada à epilepsia tinha um EEG normal (5,0%)
10

TABELA 4 – Grupo DANEP: Freqüência de conflitos psicossociais.


CONFLITO Nº DE PACIENTES % POR CONFLITO
Não encontrado ou não 9 45,0
identificado
Atritos familiares/conjugais 5 25,0
Abuso sexual 3 15,0
Outros 3 15,0
TOTAL 20 100,0
FONTE: Serviço de arquivo do HST, janeiro de 1980 a junho de 2004.

TABELA 5 – Grupo DANEP: Relação entre diagnósticos de epilepsia concomitante à DANEP e


uso de DAEs.
Sem DAE Tomando DAEs TOTAL
DANEP sem epilepsia 12 (60,0%) 3 (15,0%) 15
Epilepsia + DANEP 0 (0,0%) 5 (25,0%) 5
TOTAL 12 (60,0%) 8 (40,0%) 20
FONTE: Serviço de arquivo do HST, janeiro de 1980 a junho de 2004. Percentagens relativas ao total de pacientes
portadores de DANEP (n=20). Valores de p<0,003.
11

TABELA 6 – Grupo DANEP: Resultados de eletroencefalograma (EEG) em relação a quadros


de DANEP isolada ou associada à epilepsia.
Resultado do EEG DANEP DANEP + epilepsia TOTAL
Não realizado ou não 9 (45,0%) 3 (15,0%) 12 (60,0%)
registrado/encontrado
Anormal 0 (0,0%) 1 (5,0%) 1 (5,0%)
Incaracterístico 1 (5,0%) 0 (0,0%) 1 (5,0%)
Normal 5 (25,0%) 1 (5,0%) 6 (30,0%)
TOTAL 15 (75,0%) 5 (25,0%) 20 (100,0%)
FONTE: Serviço de arquivo do HST, janeiro de 1980 a junho de 2004. Percentagens relativas ao total de pacientes
portadores de DANEP (n=20). Teste do 2 = 3,56; p>0,05.
12

6 DISCUSSÃO

A histeria é uma desordem freqüentemente sub-diagnosticada no meio médico. Tal fato


expõe a cada dia mais e mais pessoas a tratamentos desnecessários, como uso indiscriminado de
DAEs. Podemos entender desta maneira a necessidade de aumentar a eficácia do clínico no
diagnóstico de tal desordem. Não só é importante a idéia de reconhecer a existência da DANEP,
como mudar a mentalidade retrogradamente preconceituosa de profissionais que saíram de uma
escola médica ortodoxa que os ensinou a dicotomizar as doenças em orgânicas e funcionais. Para
colocar esta premissa sobre uma base mais concreta, podemos observar que os 20,0%
encontrados com DANEP estão em concordância com as prevalências encontradas nos estudos
mais clássicos23, 24. Os 5,0% de pacientes com epilepsia associada a DANEP encostaram-se no
limiar mínimo de algumas séries, enquanto que Gates et al. relatou 58,0% de pacientes com
CNEP tendo epilepsia concomitante25, 26, 27, 28, 29, 30
. A maioria dos trabalhos encontrados na
literatura aponta para uma diferença de gêneros, com predominância do sexo feminino 31. Betts et
al. encontrou em um grupo de 100 pacientes com DANEP 86,0% eram do sexo feminino, em
uma concordância bem razoável aos dados deste estudo 32. Antigamente, tentava-se justificar este
valor por um maior risco das mulheres de sofrer com violência sexual, mas hoje sabe-se que o
número de homens com história de abuso sexual, principalmente na infância, é maior que se
imagina33. Outra explicação para esta predominância está na aceptabilidade de expressões
emocionais, pois tradicionalmente, as exteriorizações da raiva são mais associados à imagem
masculina, enquanto que a expressão de emoções através de sintomas e comportamentos que
levam diluídos em si uma idéia de fraqueza podem ser uma alternativa mais aceitável para as
mulheres que para os homens34. Outros dados vindos do Reino Unido, dos EUA e do Canadá a
respeito da idade, mostram que, geralmente, o problema inicia-se antes dos 40 anos, com idades
médias de 33,1 anos (idade mediana = 35)1, um pouco mais jovens que a faixa mediana
encontrada nesta análise.
Ao confrontar os dados desta pesquisa, no tocante aos conflitos psicossociais, encontrou-
se uma discrepância em relação à literatura. Um estudo recente de Bowman e Markland mostrou
13

em 45 pacientes com diagnóstico de DANEP uma prevalência de 86,0% de relatos de trauma


psicológico severo e 67,0% de relatos de abuso sexual. Em um outro estudo, a taxa encontrada
de abuso sexual foi de 77,0%35, 36
. Contudo, enquanto alguns autores caracterizam o abuso
sexual na infância como uma fator causal importante para o desencadeamento de DANEP, outros
autores sequer o mencionam. Tais discrepâncias encontradas podem justificar-se pelo fato de
apenas alguns tipos de DANEP são associadas ao abuso sexual37, 38, 39. Quando observamos neste
estudo que uma fração majoritária dos pacientes com DANEP não tiveram conflito algum
identificado, podemos começar a refletir no fato de tal desordem estar sendo subdiagnosticada em
nosso meio, ou por desdém, ou por ignorância. No entanto, um dos achados mais preocupantes
foi a fração de pacientes com DANEP tomando DAEs. Se tal distúrbio não é identificado, por
uma conduta desleixada de diagnóstico diferencial para epilepsia, será então o paciente
conduzido às torturas terapêuticas para a epilepsia com crises refratárias; não só a politerapia
como a neurocirurgia, sem necessidade alguma para esses casos. Porém, seria o vídeo-EEG (ou
até mesmo o EEG, na carência desse) ou o EEG por telemetria o “padrão-ouro” para que façamos
o diagnóstico de DANEP? Iriarte et al. criticou a necessidade do mesmo para selar um
diagnóstico de DANEP, por este não ser um meio essencial para a consolidação de tal
diagnóstico40. Vemos neste estudo que boa parte dos diagnósticos de DANEP se fizeram com
base na história do paciente e no relato do comportamento ictal dos mesmos. É um contrasenso
renegarmos uma riqueza de relatos e a soberania da clínica(quando existem tais) para atermo-nos
em uma montoeira de traçados. Grande parte dos diagnósticos de DANEP encontrados neste
estudo foram feitos segundo os relatos de equipes de psicologia, retratando a importância de uma
equipe multidisciplinar tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento destes pacientes.
Certamente muitos destes diagnósticos também foram desprezados por causa da falta de
paciência do neurologista em escutar a pessoa. Infelizmente a mentalidade de muitos é a de que
um EEG vale mais que mil palavras, ou que todos os cisticercus bovis são focos epileptogênicos
e, portanto, a raiz dos seus males existenciais.
Não foi encontrado nenhum relato de utilização de métodos de indução a crises nesta
análise; porém, não podemos negar a existência de tal procedimento que ainda mantém algumas
bases ortodoxas barbáricas, sádicas e, evidentemente, iatrogênicas.
14

Na verdade, as muitas controvérsias montadas em torno das crises não epilépticas

de origem psicogênica mostram o quanto estamos ainda distantes de conceitos seguros a respeito,

não só de DANEP, mas da própria histeria. Importante é termos em mente que a cura de tais

pacientes não será caracterizada pela ausência de ataques, mas pela “cura psicossocial”.

Também somos proibidos de dizer a esta pessoa que ela “não tem nada”, ou que “é o

estresse, é tudo da cabeça, sr. cicrano”. Tais atitudes pejorativas tão comuns no trato social com

tais pacientes retratam o completo desinteresse com a pessoa que está na sua frente, muitas vezes

angustiada e perplexa com seu problema. São pessoas com uma doença como qualquer outra. A

educação médica ortodoxa tem como sina exortar ao desprezo os pacientes histéricos,

elegantemente rotulados como “portadores de patologias funcionais”. Doenças que não são

doenças, porque não causam febre, não têm sinais meníngeos, não são palpáveis ou percutíveis.

Porém são auscultáveis. As maiores provas deste fato são as risadas em rounds quando se tratam

de tais pacientes, geralmente esquecidos em uma cadeira nos serviços de emergência. As

ciências comportamentais e a biologia molecular estão começando a mostrar que esta barreira

entre orgânico e funcional, outrora tão sólida, é tênue como um véu. A

“neuroimunotoxicologia”, uma nova corrente da Etotoxicologia (que estuda as bases moleculares

das reações do organismo ao ambiente) está começando a desencilhar a histeria da psiquiatria e

mostrar que tais comportamentos estão bem acima dos mecanismos psicopatológicos simplícios

de causa versus conseqüência41. Espera-se que, desta maneira, encontremos um anticorpo contra

a histeria, ou uma vacina social, como um tratamento definitivo para estes pacientes. Enquanto

tais devaneios encontram-se voláteis nessa névoa de mistérios a respeito dos mecanismos

moleculares do comportamento, é vital que estejamos atentos para a DANEP como um problema

existente e prevalente. Colocar um rótulo de epiléptico na testa de tais pacientes pode ser algo
15

extremamente consternador e limitante para suas vidas. Pode significar perda de emprego, do

direito de dirigir, de exercer algumas atividades e até do direito de ir e vir. O diagnóstico de

epilepsia e o seu tratamento, em primeira instância, são incumbências do médico generalista; os

casos refratários ao tratamento, do médico neurologista e outros outros poucos ao médico

neurocirurgião; os casos de DANEP aparecerão aos olhos do médico sensível.


16

7 CONCLUSÕES

1. A prevalência de DANEP entre os pacientes encaminhados com epilepsia ao

HST foi de 20,0%, sendo que 20,0% destes têm crises de etiologia epiléptica

associada.

2. 75,0% dos pacientes são do sexo feminino e a idade média ± desvio padrão

foi de 40,2  13,71.

3. Dentre os conflitos psicossociais identificados, destacaram-se os

familiares/conjugais e história de abuso sexual.

4. Foram encontrados15,0% dos pacientes com DANEP sem epilepsia

associada tomando DAEs desnecessariamente.

5. 60% dos casos de DANEP tiveram seu diagnóstico estabelecido através do

quadro clínico, não necessitando de EEG ou video-EEG.


NORMAS ADOTADAS

Foi adotada a Normatização para os Trabalhos de conclusão do Curso de Graduação em

Medicina, de acordo com a resolução nº 001/2001 do Colegiado do Curso de Graduação em

Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina.


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