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São Paulo
Novembro/2009
2
TERMO DE COMPROMISSO
Os alunos Cristiane Tavolassi Lopes e Cristiano Gomieri Morales, abaixo assinados, do curso
de MBA em Gerência de Projetos, Turma 11 do Programa FGV Management, realizado nas
dependências da Fundação Getúlio Vargas - São Paulo, no período de 09/04/2008 a
27/08/2009, declaram que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “Modelo
de retenção de talentos para projetos em pequenas empresas, focando a Geração Y” é
autêntico, original e de sua autoria exclusiva.
Dedicatória
RESUMO
ABSTRACT
Exodus of talents during the execution of a Project has been increasing and small
companies are the ones that are affected mostly by the loss of this professional, since they
hardly are able to adapt to the changes without suffering significant impact. One of the
biggest challenges is retention of new generation of talents - Y generation - since the
strategies applied on other generations have become obsolete and don’t meet values and
expectations of younger generation. The objective of this study is to identify best practices for
talent retention for small company projects using PMBOK Guide best practices focused on Y
generation. An extensive literature survey has been conducted on the chapter 9 of PMBOK
which deals with human resource management of the Project, the Best practices for talent
retention and Project specificities in small companies. Expectations and characteristics of Y
generation have also been identified. Interviews with HR professionals have been conducted
from several companies and consulting companies in order to gather real time information on
how people management is being conducted and what is being done for talent retention.
Based on this, a matrix has been accomplished to identify which talent retention practices
meet expectations of Y generation, new topics to be aggregated as good practices and also to
suggest improvement for next edition of PMBOK Guide. A new model for talent retention has
been developed for small company Project focused on Y generation.
AGRADECIMENTOS
LISTA DE ABREVIATURAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................16
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..............................................................................................................16
1.2 OBJETIVOS ......................................................................................................................................17
1.3 PROBLEMAS A SEREM RESOLVIDOS ...............................................................................................17
1.4 RELEVÂNCIA ....................................................................................................................................18
1.5 METODOLOGIA ................................................................................................................................19
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................................19
5 CONCLUSÕES ................................................................................................................................88
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..............................................................................................................88
5.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...........................................................................................................89
5.2.1 PMBOK .......................................................................................................................................89
5.2.2 Retenção de Talentos ...............................................................................................................89
5.2.3 Geração Y...................................................................................................................................90
5.2.4 Projetos em Pequenas Empresas ..........................................................................................90
5.2.5 Metodologia ...............................................................................................................................91
5.3 ANÁLISE DOS DADOS ......................................................................................................................91
5.3.1 PMBOK .......................................................................................................................................91
5.3.2 - Retenção de Talentos ............................................................................................................92
5.3.3 Geração Y...................................................................................................................................92
13
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................95
7. GLOSSÁRIO ...................................................................................................................................99
8 ANEXO ............................................................................................................................................101
8.1 ANEXO I – RESULTADO DA PESQUISA ........................................................................................101
14
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO
retenção ainda focarem as características das gerações anteriores pode explicar sua perda de
eficácia.
Equalizar estes três pontos - retenção de talentos, projetos de pequenas empresas e
profissionais da Geração Y - tem se mostrado um desafio constante na vida dos profissionais
de gestão de projetos das pequenas empresas.
Este trabalho se propõe a estudar melhor cada um desses três pontos e fornecer
subsídios para os gerentes de projetos a respeito de quais técnicas podem ser aplicadas para
reter esse perfil de profissional, em pequenas empresas que utilizam a metodologia do Guia
PMBOK®.
1.2 OBJETIVOS
O principal problema a ser resolvido é impedir que os talentos que iniciam um projeto
em uma pequena empresa acabem abandonando-o durante sua execução gerando, com isso,
um aumento em seu prazo e custo de execução. Para isso, apenas seguir as práticas propostas
pelo Guia PMBOK® Terceira Edição 2004, tem se mostrado uma prática que minimiza os
riscos na execução do projeto, porém apresenta limitações quanto à retenção dos talentos que
fazem parte dele. Propor práticas adicionais às já sugeridas pelo guia e que apresentam
melhores resultados, consiste em outro problema a ser resolvido.
18
1.4 RELEVÂNCIA
Muitas empresas ainda não se atentaram ao fato de que hoje as pessoas são o seu maior
patrimônio, não importando o tamanho ou ramo de atuação. É este capital humano que fará a
diferença para a criação de vantagem competitiva, e não mais o capital financeiro como no
passado.
Estamos vivendo na era da informação, na qual o conhecimento é muito mais
importante do que a força física, a quantidade produzida é menos relevante que a informação
que se pode obter, antigos conceitos de fidelidade “canina” e estabilidade “perpétua” estão
caindo em desuso rapidamente, dando lugar à criatividade, à liberdade e à flexibilidade para
se atingirem as metas. Por isso, hoje a retenção de talentos é uma das principais estratégias
adotadas por diversas empresas que já perceberam que seus funcionários e colaboradores são
seus bens mais preciosos. Infelizmente, ainda existem outras tantas que não se deram conta de
que a falta dessa percepção poderá levá-las ao insucesso em um futuro bem próximo. Outras,
ainda, perceberam esta mudança de valores e estão sofrendo para reter seus talentos, em
especial, os jovens de 19 e 29 anos, que fazem parte da Geração Y.
Os líderes têm papel fundamental nesta busca e devem ser preparados para lidar com
estes talentos através de um bom processo de seleção, passando pelas formações e
treinamentos para que saibam lidar, compreender, estimular e formar novos talentos, em
especial os da Geração Y, que em breve serão a grande maioria nas empresas.
Infelizmente, a cultura imediatista que está enraizada nas empresas é uma das maiores
responsáveis para que ainda não haja esta preocupação.
Portanto, uma retenção de talentos eficiente, em especial para indivíduos da Geração Y,
deve-se iniciar pelo entendimento das características e competências necessárias para o
preenchimento de determinada função, passar pelo recrutamento da pessoa certa, ter uma
liderança preparada para trabalhar com esse indivíduo e uma política de salários, benefícios e
cultura corporativa condizente com suas expectativas.
19
1.5 METODOLOGIA
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
METODOLOGIA
Neste capítulo serão explicadas as metodologias utilizadas para compor este trabalho:
Quanto aos fins: Exploratória, Descritiva.
Quanto aos meios: Bibliográfica e de Campo.
Quanto ao paradigma: Qualitativo.
Neste capítulo será exposto o resultado dos dados mais relevantes identificados neste
trabalho, no que diz respeito às melhores práticas atualmente exercidas pelas empresas para
atrair e reter talentos, se existem práticas recomendadas para retenção de talentos no PMBOK,
as principais características e especificidades dos projetos em pequenas empresas e as reais
expectativas e valores que esses novos talentos da Geração Y julgam importantes para seu
ingresso e permanência em determinada empresa.
Com o cruzamento de todas essas informações surgirá um novo modelo de retenção de
talentos para projetos em pequenas empresas, focando a Geração Y.
CONCLUSÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
PMBOK
RETENÇÃO DE TALENTOS
Explica o que são “talentos”, o diferencial competitivo que trazem para as empresas, a
importância de retê-los e os impactos que sua perda trazem. Descreve também as boas
práticas de mercado mais utilizadas atualmente.
GERAÇÃO Y
Explica o que é esta nova geração, quem são seus membros, suas características e
expectativas. Como é o relacionamento com as outras gerações que coexistem, como eles os
vêem e como são vistos. Como o modelo de gestão atual atinge esses indivíduos e quais as
sugestões de melhoria.
22
Explica o que são projetos, quando ocorrem e sua diferença da operação do dia-a-dia.
Também explica o que são pequenas empresas, o processo que motivou sua origem e as
dificuldades que os empreendedores enfrentam para gerir suas empresas, especialmente seus
talentos.
2.2 PMBOK
1
Guia PMBOK® 3. ed. São Paulo: 2004, p. 3-4.
23
Os processos estão descritos no grupo de processos no qual ocorre a maior parte da atividade
Fonte: Guia PMBOK® 3. ed. São Paulo: 2004 p.70.
24
2
Guia PMBOK® 3. ed. São Paulo: 2004 p. 9.
3
________. 3. ed. São Paulo: 2004 p. 9
25
Neste trabalho serão focados os itens que tenham aderência com retenção de talentos no
Capítulo 9 - Gerenciamento de recursos humanos do projeto.
4
Guia PMBOK® 3. ed. São Paulo: 2004 p. 10.
26
Este processo preocupa-se com o planejamento dos recursos humanos necessários para
o projeto através da identificação e documentação das funções, responsabilidades e relações
hierárquicas, além da criação do PGP - Plano de Gerenciamento de Pessoal, que é um dos
planos componentes do Plano de Gerenciamento do Projeto.
Neste processo deve ser descrito como e quando os membros da equipe do projeto serão
contratados ou mobilizados, os critérios para sua liberação do projeto, a identificação das
necessidades de treinamento, os planos de reconhecimento e premiação, entre outros fatores.
Essas descrições devem ser muito claras, inclusive apontando o que estará fora do
escopo, a fim de diminuir as frustrações e sentimentos de injustiça dos membros da equipe.
A melhor maneira de obtermos essa clareza é através do entendimento dos fatores
ambientais da empresa, nos quais devem ser observados os fatores organizacionais, técnicos,
interpessoais, logísticos e políticos da empresa. Também devemos entender os ativos de
processos organizacionais, nos quais, através de lições aprendidas, serão obtidos modelos e
listas de verificações que, entre outros itens, trazem regras básicas da equipe, idéias de
premiações e um modelo de abordagem padrão para o gerenciamento de conflitos e o plano de
27
Este processo preocupa-se com a obtenção dos recursos humanos necessários (com as
competências técnicas e pessoais necessárias para cada função) para terminar o projeto
atendendo aos critérios descritos no PGP.
28
A equipe de gerenciamento de projetos pode ter ou não controle sobre a seleção dos
membros da equipe, mas, como já foi mencionado anteriormente, o ideal é que a equipe
participe desta tomada de decisão desde o início, ou seja, desde a descrição da vaga, as
competências necessárias e a carga horária, entre outros itens.
Há duas formas de obtenção de recursos para integrar a equipe do projeto: a
contratação, que é a obtenção de recursos externos e a mobilização, que é a obtenção de
recursos internos. Em ambos os casos algumas características devem ser observadas, como a
disponibilidade deste recurso (quem, quando e por quanto tempo estará disponível), as
competências que possui e a experiência que traz de outros trabalhos semelhantes ou
relacionados. Porém, um dos itens mais importantes a ser observado é qual o grau de interesse
deste indivíduo em participar deste projeto, pois isto influi diretamente na sua dedicação e no
seu comprometimento.
A palavra talento tem origem no sistema monetário romano. Ela era utilizada como
unidade de medida para designar grande quantidade de dinheiro, naquela época representada
por ouro ou prata.
Nos dias de hoje, o talento é utilizado para designar as habilidades humanas – natas ou
inatas – que as pessoas possuem para realizar determinadas atividades; sendo que as inatas
podem ser desenvolvidas caso haja motivação e técnicas apropriadas.
Assim como na antiguidade, o talento representa algo de muito valor para a sociedade
atual, especialmente para as empresas. Isso está diretamente relacionado ao processo
evolutivo da humanidade, com sua passagem da Era Industrial para a Era da Informação.
Durante a Era Industrial, as organizações eram vistas como bem-sucedidas de acordo
com o aumento de capital financeiro; o investimento em edifícios, fábricas, máquinas.
Equipamentos representavam o crescimento da empresa.
32
O grande problema ocasionado por essa mudança foi que as características necessárias
aos profissionais que faziam parte do capital produtivo durante a Era Industrial permaneceram
inalteradas ao longo de séculos. Porém, com a vinda da Era da Informação essas mesmas
características deixaram de ser atrativas, em detrimento de outras que os profissionais ainda
não possuíam.
5
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos – O Capital Humano Das Organizações. 8. ed. São Paulo:
Atlas, 2008, p. 53.
33
Fonte: http://br.hsmglobal.com/notas/54061-talentos-porque-e-tão-dificil-encontra-los
O grande problema é que o ritmo apresentado por essa mudança não foi acompanhado
pela grande maioria dos profissionais que compõem o mercado de trabalho. Com isso, os
poucos talentos conseguiram se adaptar a essa nova realidade, passando a ser altamente
valorizados. Retê-los passou a ser um diferencial competitivo das empresas.
Criar políticas que sejam capazes de reter e ao mesmo tempo atrair novos talentos
passou a ser um dos grandes desafios dos departamentos de recursos humanos das empresas,
que passaram ainda a ter que se preocupar com a convivência dos diferentes grupos de
talentos com suas respectivas faixas etária (Tradicionalistas, Baby Boomers, Geração X e a
nova Geração Y).
Além de reter a atrair talentos, a empresa precisa também desenvolver os talentos que
possui em sua estrutura visando, com isso, manter-se competitiva em um mercado em
constante mudança.
6
http://br.hsmglobal.com/notas/54061-talentos-porque-e-tão-dificil-encontra-los
34
7
DRUCKER, Peter F. DRUCKER O homem que inventou a Administração. Rio de Janeiro : Elsevier, 2006, p. 49.
8
ROWH, Mark. E os CEOs descobrem o RH. HSM Management, São Paulo, ano 12, vol. 7, p. 135, Março-Abril 2008
9
_____. _____. São Paulo, ano 12, vol. 7, p. 138, Março-Abril 2008.
35
Fonte: Tabela retirada do livro Remuneração, benefícios e relação de trabalho: como reter talentos na
organização. p.8.
10
CHIAVENATO, Idalberto. Remuneração, benefícios e Relação de Trabalho – Como reter talentos na
organização. 6. ed. Barueri: Manole, 2008, p. 7.
37
Neste momento, cabe aqui uma ressalva sobre o assunto “relações sindicais”. Este
estudo aborda especificamente a retenção de talentos em projetos, ou seja, setor de serviços.
Neste setor as relações sindicais não são tão próximas quanto no setor industrial, por exemplo.
O grau de importância que os talentos dão a este quesito não justifica considerá-lo para este
setor.
2.3.3.1 Remuneração
Fonte: Tabela retirada do livro Remuneração, benefícios e relação de trabalho: como reter talentos na
organização p.31.
11
www.rhtec.com.br.
39
Figura 3: Gráfico sobre o que se deve levar em conta no memento da troca de emprego.
12
_____. _____. 6. ed. Barueri: Manole, 2008, p. 97.
40
diretamente no aumento da primeira. São as leis trabalhistas que regem essas políticas e
infringi-las pode trazer graves consequências às empresas.
Já as recompensas não financeiras estão relacionadas às políticas de reconhecimento
não monetário que as empresas praticam com seus talentos e, apesar de estarem relacionadas
muito mais ao comportamento, impactam tanto quanto a compensação financeira, pois afetam
profundamente a satisfação das pessoas. Elas consistem na recompensa de menor impacto
financeiro a serem empregadas.
A divulgação do resultado positivo de um projeto ou de um feedback positivo de um
cliente no relatório de encerramento de um projeto, quando devidamente reconhecido, pode
ser vista como um motivo de orgulho para o talento e um consequente reconhecimento.
Figura 4: Gráfico dos benefícios oferecidos pelas empresas de acordo com pesquisa
VOCÊ S/A e EXAME.
13
www.fia.com.br.
42
A preocupação com higiene e segurança nas empresas está muito mais relacionada às
condições ambientais de trabalho, iluminação, temperatura e, principalmente, nível de ruído.
Um ambiente agradável, com iluminação adequada e que não causa fadiga à vista
contribui para a retenção de talentos, colaborando diretamente no seu desempenho.
Altos níveis de ruídos costumam interferir no humor e atenção na execução das tarefas.
Outro ponto a ser considerado diz respeito à temperatura do ambiente. Quando extrema
(tanto para alta, quanto para baixa), além de interferir no desempenho, pode resultar em
insalubridade.
2.4 GERAÇÃO Y
"Hoje as companhias têm de renovar os vínculos com o pessoal, mas a tarefa é mais
complicada quando se trata dos jovens da Geração Y", disse Renato Guimarães Ferreira,
professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, especialista em recursos humanos à
REVISTA EXAME em sua edição de 20 março de 2008.
Lidar com as características, à primeira vista intratáveis, dessa nova geração é um dos
grandes desafios para empresas de todos os setores, de todos os tamanhos e em todos os
lugares do mundo.
Empresas hierárquicas e pouco democráticas terão trabalho redobrado com os membros
de suas equipes que fazem parte da nova geração, conhecida como Geração Y. O mundo no
qual eles cresceram é, por definição, informal e rápido. Os executivos mais experientes têm
dificuldade de entender que a informalidade desses “novatos” nas relações hierárquicas não é
sinal de insubordinação, mas algo natural para eles.
Em 2008 a Geração Y já era o maior grupo de consumo e de trabalhadores da história
mundial, representando mais de 1/3 da população global. Essa geração será a formadora de
opinião, gostos e padrões de compra para as próximas décadas.
43
É um grupo de pessoas que, baseados em sua idade, compartilham uma posição comum
na história, as experiências e as tendências que as acompanham. Esse compartilhamento é a
chave que interliga esse grupo de pessoas.
Não há um consenso quanto aos limites precisos de cada geração. Cada autor ou
pesquisador trabalha com uma data aproximada. Por exemplo, encontramos documentos nos
quais o autor relata que a Geração Y se refere à coorte dos nascidos após 1980. Para outros,
esse período é de meados da década de 1970.
Neste trabalho usaremos as gerações divididas de 20 em 20 anos, que é o espaço de
tempo correspondente ao intervalo que separa cada um dos graus de uma filiação, cada uma
das fases que demarcam uma mudança no comportamento humano.
Tradicionalistas - Nascidos até 1940, adolescentes nos “anos dourados” da década de 60.
Baby Boomers - Nascidos entre 1940 e 1960, adolescentes entre as décadas de 60 e 80.
Geração X - Nascidos entre 1960 e 1980, adolescentes entre as décadas de 80 e o ano 2000.
Geração Y - Nascidos entre 1980 e 2000, adolescentes entre os anos 2000 e 2020.
“crianças” criaram uma intimidade surpreendente com as novas tecnologias, ao mesmo tempo
que se acostumavam a ter respostas rápidas, quase imediatas, para tudo na vida.
A Geração Y é a primeira geração a estar “conectada” em tecnologia desde o
nascimento, a se sentir em casa num mundo interligado e a não temer os avanços que
acontecem com uma velocidade espantosa. Essas habilidades foram adquiridas naturalmente,
da mesma forma como aprenderam a andar e a falar.
Elas não conhecem o mundo sem internet, telefone celular e muito menos sem os
computadores. Para esses jovens a União Soviética e o muro de Berlin existem apenas nos
livros de história e as mensagens de texto são seu mais usual meio de comunicação.
Segundo Sylvia Vergara (2009), professora da FGV, os membros da Geração Y são
imediatistas, questionadores, movidos a desafios e precisam ser notados e ter feedbacks
rápidos. Trazem “novos ares” para o ambiente de trabalho através de uma visão diferenciada
de como lidar com problemas e afazeres do dia-a-dia. Entendem que tudo pode ser feito de
outra forma, melhor e mais eficiente que a atual. Porém, precisam aprender que se alguém fez
daquela forma é porque na ocasião era a melhor e que isto também tem seu valor e deve ser
respeitado.
Esses profissionais buscam crescimento rápido e reconhecimento constante. Quando
isso não acontece, eles facilmente deixam a empresa e nem mesmo o sobrenome corporativo -
que por muito tempo garantiu a fidelidade dos profissionais - tem peso suficiente para reverter
a situação. Isso cria frustração em seus empregadores.
Um levantamento realizado pela Companhia de Talentos15 com 16 000 jovens
executivos mostrou que realmente já estamos convivendo com esses novos valores no que diz
respeito à permanência desses novos executivos nas empresas. Pela primeira vez nos últimos
anos o “sobrenome” da empresa não foi o principal motivador para que um executivo optasse
por uma empresa em detrimento de outra e a chance de ter novos desafios foi apontada como
o fator mais relevante, conforme publicado na revista EXAME datado em 26 de março de
2008.
Eles têm expectativas muito diferentes se comparadas às gerações anteriores. O salário
não é mais o principal motivador, e sim os desafios constantes e autonomia. Dão atenção às
causas de responsabilidade social e ambiental, precisam entender o porquê de cada coisa, não
têm medo de inovar e valorizam muito as oportunidades de carreira no exterior. Essas são
apenas algumas das características dessa nova geração.
14
www.desdecuba.com
15
www.ciadetalentos.com.br.
45
16
www.tammyerickson.com
17
www.mckinsey.com
46
18
www.sidneioliveira.com.br
47
Esta geração vive este “Efeito Vídeogame”, onde tudo tem fases, passando de uma fase
para outra o desafio aumenta, assim como a habilidade para as próximas fases. Como
conseqüência, tem a pontuação como forma de apurar o resultado.
Pensam: “Não vou perder, mas se perder faço um reset e começo novamente”. Com
isso, ficam focados em resultados, e não em processos como as demais gerações. Entram no
mercado de trabalho com a seguinte característica:
Querem tudo agora! Não conseguem esperar muito, pois cresceram e continuam
vivendo cercados de fatores que apresentam respostas quase imediatas, como as mensagens de
texto, telefonia celular, pesquisas na internet, conversa com seus amigos a qualquer hora e em
qualquer lugar, o que lhes permite ter acesso a muitas coisas o mesmo tempo, dando a
impressão de terem acesso a tudo o que querem.
Não gostam ou não têm paciência para coisas muito longas e demoradas. A melhor
maneira de mantê-los estimulados é quebrar os objetivos ou programas da empresa em
projetos, pois terão início, meio e fim definidos, resultados palpáveis, permitindo a percepção
da superação evidente de obstáculos. Oferecem oportunidades concretas de vitórias, em geral,
no curto prazo. Querem ter desafios agora, ter reconhecimento agora, viver bem agora.
Esses indivíduos focam seus objetivos profissionais, e não mais a fidelidade à empresa.
Essa característica está cada vez mais fortalecida, estimulada principalmente pela acirrada
guerra de talentos entre as empresas.
48
Questionam para inovar, para fazer diferente, pois têm como premissa que inovar é
sempre melhor!
Não lidam bem com regras rígidas e que não fazem sentido para eles, como, por
exemplo, o porquê de não poder usar um jeans no escritório, não poder chegar atrasado, se o
trabalho sempre é entregue. Seu critério de julgamento, portanto, é a consciência, e não a
obediência. Se "subordina" a vínculos, e não a cargos.
Por não entenderem esse comportamento, seus superiores se sentem confrontados e não
gostam desse tipo de atitude.
Foi construída pelos Baby Boomers e pela geração X que queriam dar conforto e
recompensa pela distancia e falta de tempo por causa do trabalho, além de permitir que
ficassem longas horas na frente do computador.
Outro influenciador é que hoje não há necessidade de dividir as coisas (TV, fone, bola,
espaço, computadores na escola) como acontecia nas outras gerações. Cada um tem o seu,
tanto em casa, como entre os amigos, bem como nas empresas.
Os problemas causados por esse comportamento são a autoconfiança e o otimismo
exacerbado - se acham infalíveis - e a melhor forma de correção é atuar sobre a autoconfiança,
permitindo que cometam erros e que colham seus frutos.
A responsabilidade
São extremamente responsáveis com aquilo pelo qual são responsabilizados. Podem sair
no meio da tarde para resolver problemas pessoais, mas, com certeza, aquele relatório que seu
49
chefe pediu para a reunião da diretoria que ocorrerá na manhã seguinte será enviado por e-
mail a tempo, provavelmente na mesma noite.
Inteligência social
São um pouco "carentes" em termos de inteligência social mais expandida. Algo como
prestar atenção ou se interessar por algo ou alguém muito distante da sua "tribo";
Sua percepção seletiva tem olhos e ouvidos, em geral, apenas para quem ostenta alguns
dos símbolos externos da "galera", mas são engajados em questões mais amplas relacionadas
à responsabilidade social das empresas e à dimensão ecológica.
Eles têm também pouco "treino" com processos cognitivos escritos mais profundos ou
complexos, não tendo paciência e preparo para ouvir ou produzir argumentações muito
elaboradas. O que eles querem é chegar rapidamente aos "finalmente". Por isso, essá é uma
das habilidades que precisam ser melhoradas.
Escolhas são o grande dilema desta geração que não lida muito bem com restrições,
limitações e frustrações, pois sempre foram muito protegidos por seus tutores (pais,
professores e responsáveis) para que não sofressem o que esses tutores sofreram e para que
tivessem mais oportunidades que esses. Porém, outro problema grave que esta proteção causa
é que os jovens da Geração Y precisam aprender a pagar por suas escolhas e a entender que
toda ação tem uma reação.
Esses jovens têm muita energia e grande senso de comprometimentos com “as boas
causas”, comprometimento com a comunidade e o boicote é a mais comum forma de protesto.
Muitos são altamente sensibilizados com os problemas enfrentados ao redor do planeta,
não apenas a violência e as doenças, mas também a pobreza, a falta de educação, drogas e
álcool, direitos humanos, liberdade de expressão e fome, entre outros temas.
50
Esses jovens não ficam apenas sensibilizados. Eles estão partindo para a ação concreta e
liderando uma nova onda de voluntariados. Estão conduzindo ações, especialmente sobre
educação, pobreza e meio ambiente. Isso já vem de seus pais, os “Baby Boomers”, que já
tinham essas preocupações em sua juventude.
Diferentemente das outras gerações, eles não se intimidam e facilmente abrem mão de
um emprego para correr atrás de seus sonhos.
Eles aceitam com naturalidade os diversos estilos de vida, respeitando a individualidade
e as escolhas de cada pessoa. Por exemplo, 95% aprovam o namoro entre negros e brancos,
60% já namoraram com pessoas de outras raças. A diversidade é um fato comum na vida dos
indivíduos da Geração Y.
Sentem-se cidadãos do mundo, sendo que um em cada três dos amigos mais próximos
de alguém da Geração Y tem origem étnica diferente da sua. Em pesquisa realizada pela
consultoria Booz & Company e publicada no Jornal Valor Econômico, descobriu-se que 78%
das pessoas da Geração Y se sentem totalmente confortáveis trabalhando com pessoas de
qualquer lugar do mundo, contra apenas 27% de aceitação dos Baby Boomers (nascidos após
a Segunda Guerra). Essa é uma diferença gritante19.
Muitas das maneiras como esses jovens fazem as coisas são bem diferentes das quais as
gerações anteriores estão acostumadas, principalmente nas grandes empresas que são repletas
de regras e normas.
Eles são acostumados com relacionamentos horizontais e através de “networking”. A
pirâmide hierárquica tradicional, que hoje é adotada na maioria das empresas, na qual o
funcionário só pode falar com seu chefe imediato, diretores e presidentes são seres venerados
e inacessíveis, é absurdamente restritiva para essa nova geração.
19
SIGOLLO, Rafael. Um novo modelo para reter talentos da geração Y. Entrevista publicada no Jornal Valor
Econômico. São Paulo: 17-08-2009.
20
Texto traduzido pelos autores. Plugged In - The Generation Y Guide To Thriving At Work p. 62.
52
Feedback
Eles estão dispostos a trabalhar duro quando isto tem algum sentido para eles, mas
querem ter uma meta e entender o que esse trabalho trará de forma holística. Eles querem
feedback pontualmente, pois precisam saber como estão e também possuem o sentimento de
terem o ego afagado.
Líderes
O modelo de liderança que funcionou bem há 30/40 anos está obsoleto agora e é muito
importante que os gestores pensem em um modo de envolver cada funcionário da empresa
para que ele se torne parte da solução e realmente acredite nela.
Querem líderes que consigam extrair o melhor de sua capacidade e para isso esses
líderes devem ser preparados para tal. Devem ter a capacidade de entender os membros dessa
nova geração, sua forma de pensar, sua forma de agir, quais são suas expectativas, seus
valores e objetivos. De posse dessas informações, serão capazes de direcioná-los da melhor
forma possível, contribuindo muito para a sua permanência na empresa.
Comunicação aberta
É muito importante que haja comunicação aberta entre superiores e talentos, pois isto
auxilia em envolvê-los em tudo o que está acontecendo na empresa e no projeto. Como
conseqüência, há um aumento no comprometimento, pois se sentirão parte da equipe e da
empresa.
Acompanhamento / Coaching
DeAnne Aguirre, sócia sênior da consultoria Booz & Company, afirmou em reportagem
publicada no Jornal Valor Econômico, que “[...] 74% da Geração Y gostaria muito de se
conectar aos Baby Boomers numa relação mentor-aprendiz, que poderia ocorrer em ambas as
direções”21. Segundo Vergara (2009) "O coach não é aquele chefe que manda, mas o
orientador que ensina e convida o funcionário a realizar a tarefa em parceria".
21
SIGOLLO Rafael. Um novo modelo para reter talentos da geração Y. Reportagem publicada no Jornal
Valor Econômico. São Paulo: 17-08-2009.
53
Muitas de nossas mais fortes impressões são formadas quando somos jovens, quando
deixamos nosso olhar infantil e enxergamos o mundo ao nosso redor. O que é visto e vivido
naquele exato momento no mundo e em família forma uma impressão indelével de como as
coisas funcionam - e influenciam toda a vida com os valores, formas de mensurar o sucesso,
em quem confiar e as prioridades na vida.
O famoso biólogo e psicólogo suíço Jean Piaget22 concluiu que o desenvolvimento e a
aprendizagem das crianças são feitos através da construção de estruturas cognitivas - mapas
mentais - para ajudá-las a entender suas experiências. A adolescência é o período no qual
mais são formados os mapas para conceitos e idéias abstratas e, por isso, as características são
tão influenciadas pelos acontecimentos que cada indivíduo passa durante sua adolescência.
Claro que cada indivíduo tem um nível diferente de experiências, que varia de acordo
com o país onde vivem, o nível sócio-cultural da família e diversos outros fatores culturais e
raciais, mas fazer parte da mesma geração não significa que todos tenham exatamente as
mesmas características, e sim que compartilham o aprendizado através de muitos eventos em
comum, especialmente com a globalização das comunicações e informações.
No cenário global pode-se citar como exemplo o acompanhamento das guerras e suas
consequências, tanto para os países envolvidos diretamente quanto para os que apenas
“assistem” aos desastres naturais que afligem uma determinada população, mas que
22
apud ERICKSON, 2008, p.24.
54
impressionam, chocam e geram solidariedade nos povos que acompanham estarrecidos o “dia
seguinte” das enchentes na China, do Tsunami na Ásia, da erupção do Kilawea, dos incêndios
na Califórnia e na Austrália, entre tantos outros. Tudo isso faz com que os povos, em especial
as gerações mais jovens, pensem e assimilem esses fatos de uma forma quase uníssona, não
importando o país em que vivam.
Estima-se que a Geração Y dominará a força de trabalho pelos próximos 40 anos e
estará presentes pelos próximos 60 anos.
O grande desafio das empresas hoje, além de atrair e reter talentos, é providenciar que a
convivência entre esses jovens e os demais membros da empresa seja equilibrada e de
cooperativismo. Porém, ainda reina uma “maneira” antiquada de pensar e, consequentemente,
essas empresas não estão preparadas para receber e lidar com essa nova geração. Ainda não
perceberam a importância de integrarem esses novos profissionais que são extremamente
antenados, “devotos” e destemidos em seu quadro de funcionários e promover, com urgência,
uma forma de integração entre as gerações.
O que se vê geralmente é um clima de desconfiança e desagregação por parte das
gerações anteriores e de desgosto e desestímulo por parte da Geração Y.
A forma como as empresas trabalham hoje e lidam com a questão de gestão de pessoas
não é a forma como os jovens da Geração Y gostariam ou se sentiriam confortáveis e atraídos.
No geral, supervisores e gerentes mais antigos, pertencentes a outras gerações, assumem
que os jovens da Geração Y responderão aos mesmos incentivos e motivações que eles
55
quando estavam nesta mesma fase, o que é inverdade, pois cada geração tem diferentes
motiviadores, como veremos a seguir.
Para entender como um membro Geração Y se relaciona é importante compreender as
características e o contexto no qual as outras gerações se desenvolveram e entender que as
regras de vida das demais gerações são muito diferentes das da Geração Y.
2.4.6.1.1 Tradicionalistas
Nascidos até meados da década de 40 - Jovens por volta dos anos 60.
Sua presença no ambiente de trabalho está diminuindo e são extremamente baseados na
estrutura organizacional.
Eram crianças durante a 2ª Guerra Mundial, em uma época de muitas restrições, muitas
regras e onde tudo tinha que ser certinho, como, por exemplo, os homens usavam calças e
trabalhavam e as mulheres só deveriam usar saia e serem donas de casa.
Eram adolescentes no pós-guerra, uma época em que as oportunidades surgiam em todo
momento, as periferias tiveram sua população aumentada e, consequentemente, seu
desenvolvimento econômico, e todos tinham o sonho e a possibilidade de ter sua casa própria.
Os membros dessa geração construíram muitas das mais bem sucedidas empresas que
temos hoje, baseando-se em práticas que ainda hoje são usadas: ambiente hierarquizado,
cadeias de comando, planos de carreira estruturados, faixas salariais divididas por níveis,
estratégias bem planejadas para diversos anos (ERICKSON,2008).
São fortemente influenciados pela recompensa financeira e pela segurança que isto pode
trazer e, por conta disso, têm dificuldade em fazer grandes mudanças, assumem que “time que
está ganhando não se mexe”. Esses dois fatores são grandes fontes de desentendimento entre
23
Texto traduzido pelos autores. Plugged In - The Generation Y Guide To Thriving At Work p. 191.
56
2.4.6.1.3 Geração X
Esses indivíduos cresceram junto com a internet, iam aprendendo conforme ela crescia,
mas nem todos tinham acesso na ocasião e ainda hoje muitos têm menos domínio que os
jovens da Geração Y.
Aceitam regras, mesmo aquelas que eles não façam sentido ou não concordam, mas não
têm coragem de mudá-las e nisso eles diferem dos indivíduos da Geração Y. Esses últimos
não pensariam duas vezes antes de contestar e sugerir alterações.
De acordo com Bruce Stewart e Brendan Peat, do New paradigm learning
corporation24, os indivíduos da Geração X estão entre os trabalhadores mais resistentes do
mercado. São extremamente conservadores no seu modo de trabalhar, usam muito bem o e-
mail como forma de comunicação e, em alguns casos, até o preferem, por ser mais rápido e
documental que o telefone. Preocupam-se muito com o que seus superiores pensarão deles e
do trabalho executado. Frequentemente se tornam barreiras no processo colaborativo, além de
serem inseguros quando lidam com subordinados que não os respeitam. (ERICKSON, 2008)
Esses comportamentos fazem com que os Baby Boomers, seus chefes, os vejam como
sendo menos qualificados que os indivíduos da Geração Y. Por conta disso, os Boomers
apreciam o frescor e a criatividade nata dos Geração Y e, em contrapartida, esses jovens
interagem melhor com os Baby Boomers.
Um dos valores mais importantes para as pessoas dessa geração é a autoconfiança, mas
também são céticos, tolerantes e motivados pela necessidade de manter muitas opções
disponíveis. Estão sempre em busca de novos conhecimentos, assim como os jovens da
Geração Y.
24
newparadigm.com (apud ERICKSON, 2008, p.207)
59
Acredita na informalidade.
Quer ficar rico logo.
Lealdade Lealdade à organização Lealdade à carreira e profissão
Valoriza a abertura de novas
companhias.
Fonte: Adaptação dos autores da tabela constante no Livro Fundamentos do comportamento Organizacional,
p.66. (DUBRIN)
Lembre-se de que é mais fácil tirar conclusões erradas sobre a motivação das pessoas
quando você analisa um fato com sua própria ótica, e não através da ótica deles.
25
DUBRIN, 2000, cap.7, p. 176.
60
Uma boa sugestão é “Veja como os outros vêem!”. Geralmente, a forma como as coisas
são vistas, provavelmente difere da forma como os demais as vêem.
Um bom ambiente de trabalho - físico e entre seus pares -, chefes que consigam extrair
seu melhor, oportunidades de aprendizagem constante e programas formais de treinamento,
cultura empresarial que permita exercerem sua criatividade, estimulo ao espírito de
colaboração e comprometimento inter“time” e intra“times”, bons salários, apesar de não ser o
primordial, boa reputação e aderência de valores, além da preocupação sócio-ambiental que
estão associados à empresa, são fatores que as empresas podem oferecer a seus empregados
como parte de uma política de retenção de talentos.
26
ERICKSON, 2008.
61
2.4.8 Motivadores
É preciso ficar claro que um projeto é muito diferente de uma operação, uma vez que os
projetos são temporários e exclusivos e as operações são contínuas e repetitivas.
Por exemplo, o desenvolvimento de um carro é um projeto. É necessário envolver
engenheiros para criar o carro, fornecedores para poder alimentar a linha de produção. Tudo
deve ser feito obedecendo a um cronograma, um custo e possuir uma qualidade previamente
definida.
Depois de desenvolvido o projeto do veículo e ele ser lançado comercialmente, ele
passa a ser fabricado em escala, de forma repetitiva. Com isso, ele deixa de ser um projeto,
passando a ser parte da operação da fábrica.
Independentemente de seu tamanho ou objetivos, pode-se dizer que os projetos possuem
algumas características comuns. A primeira delas é o aprendizado com os erros.
A partir do momento que uma iniciativa é encarada como um projeto e toda a
preocupação com prazos, custos e qualidade são planejados e acompanhados durante sua
execução, ao término desse projeto tem-se um histórico do que deu certo e do que deu errado
durante a execução. Com isso, pode-se aprender com os erros cometidos.
A temporariedade é outra característica importante dos projetos. Todo projeto deve ter
um início, um desenvolvimento e um fim, sendo que em alguns casos pode-se chegar à
conclusão de que um projeto precisa ser encerrado mesmo que os objetivos não tenham sido
atingidos.
A singularidade e progressividade também são características dos projetos. Por mais
parecido que possa ser um produto ou a alteração de uma rotina, um projeto nunca será igual
ao outro, seja pelo momento em que está sendo executado ou pelas pessoas que estão
envolvidas.
63
27
KERZNER, Harold. Gestão de projetos: as melhores práticas. Tradução Lene Belon Ribeiro - 2.
ed. Porto Alegre: Bookman, 2006, p. 15
28
http://www.sebrae.com.br.
29
www.bndes.gov.br.
64
Entretanto, a definição mais comum e mais utilizada é a da Lei Geral para Micro e
Pequenas Empresas. De acordo com essa lei, promulgada em dezembro de 2006, as pequenas
empresas são aquelas que faturam entre R$ 240.000,01 e R$ 2,4 milhões anualmente.
As divergências nas definições não minimizam sua importância na economia brasileira.
Segundo dados publicados no último estudo do IBGE30 sobre a demografia das empresas
brasileiras, 90% delas são constituídas por pequenas e micro empresas, que empregam 60%
da população ativa do país - caracterizando-a também como uma forte geradora de empregos.
Esse alto percentual de pequenas empresas na economia brasileira encontra relação em
um processo praticado pelas grandes empresas e que impactam diretamente na existência das
pequenas - a terceirização.
Inicialmente, a terceirização foi vista pelas grandes empresas como uma forma de
direcionar sua atuação para áreas fundamentais de seu negócio. Serviços como limpeza e
segurança passaram a ser terceirizados para outras empresas, que surgiram para suprir essa
demanda, dando origem às pequenas empresas.
Outro valor agregado contribuiu para a aceleração desse processo: a redução da carga
tributária sobre os salários dos profissionais terceirizados. Com sua exclusão do quadro de
funcionários das grandes empresas, houve uma redução no recolhimento de tributos e
consequente economia com impostos.
Entretanto, a vida da pequena empresa não é fácil no Brasil. Segundo dados recentes
SEBRAE de São Paulo, aproximadamente 30% delas deixam de existir no primeiro ano de
atividade, aumentando, com isso, o índice de desemprego no país.
De acordo com a opinião de especialistas, isso ocorre devido à falta de experiência em
gestão e planejamento por parte dos novos empreendedores. É extremamente comum que o
empreendedor se arrisque em um novo negócio sem ter o conhecimento necessário do
mercado em que vai atuar.
No que se refere à gestão, o ensino no Brasil - principalmente a formação até o 2º grau -
não fomenta o empreendedorismo entre seus alunos e poucos são os brasileiros em condições
de fazer uma faculdade de administração de empresas para buscar experiência em gestão.
As empresas que conseguem passar pelo desafio da sobrevivência em seu primeiro ano
de vida, normalmente voltam seu foco para o processo de venda, uma vez que dependem dele
para sobreviver. Não que essa atitude esteja errada. Venda gera demanda que, por sua vez,
movimenta a empresa. Porém, a área de Recursos Humanos é deixada de lado, uma vez que
30
www.ibge.gov.br.
65
normalmente é terceirizada para a empresa de contabilidade, que passa a fazer também a folha
de pagamento.
E aí se incorre em um grande erro. Entregar a gestão de seu principal patrimônio - os
talentos - nas mãos de uma empresa externa e que, por isso, não acompanha o dia-a-dia da
empresa e seus talentos. Essa distância dificulta o conhecimento dos principais problemas
envolvendo os talentos e, consequentemente, dificulta o processo de atração e retenção.
A preocupação com o RH, mesmo que desempenhado por uma pessoa de maneira
compartilhada com outra atividade deve existir independentemente do porte da empresa. Ter
alguém que olhe e se dedique aos talentos, consiste em uma boa prática de atração e retenção
de talentos.
E assim, gradativamente, conforme a empresa vai crescendo e aumentando o número de
talentos, o departamento de RH também vai crescendo e ganhando estrutura. E aquela pessoa
que antes compartilhava seu tempo entre o RH e outro departamento passa a se dedicar
exclusivamente a ele.
Vencido esse primeiro desafio, identificar suas iniciativas como projetos, a pequena
empresa passa a enfrentar um novo desafio - adaptar as metodologias e técnicas disponíveis
em mercado a sua realidade.
Normalmente, essas técnicas existem tendo como objetivos grandes projetos,
envolvendo grande quantidade de pessoas e recursos, o que via de regra não é a realidade da
pequena empresa. Faz-se necessário adaptar o que se tem no mercado, do ponto de vista de
metodologias e técnicas de gerenciamento, para a realidade das pequenas empresas.
Do ponto de vista de Recursos Humanos, o grande desafio das pequenas empresas -
especialmente as que possuem a cultura de projetos em seus colaboradores - o principal
desafio é reter seus talentos. Muitas vezes eles são assediados pelas grandes empresas. Elas
vêem nesses profissionais mão-de-obra especializada, treinada em conceitos muito
valorizados no mercado e com baixos valores de remuneração frente aos que podem ser
oferecidos por elas.
Portanto, criar políticas que sejam capazes de reter esses talentos passa a ser um grande
desafio das pequenas empresas, que por outro lado possuem a vantagem de ser mais ágeis e
menos burocráticas para implantar essas políticas, quando comparadas às grandes empresas.
3 METODOLOGIA CIENTÍFICA
Neste capítulo serão descritos os métodos utilizados para a coleta de dados deste
trabalho. Quanto aos fins, foram de natureza exploratória e descritiva. Quanto aos meios, as
pesquisas foram bibliográficas e de campo. E o paradigma foi qualitativo.
3.2. DESCRIÇÃO
Para que os objetivos deste trabalho fossem atingidos adequadamente foram realizados
estudos de natureza exploratória, pois há pouca informação acumulada e sistematizada sobre a
gestão de projetos com foco em pequenas, Geração Y e os métodos para retenção dos talentos
dessa geração. Foi também de natureza descritiva, visto que focamos em uma determinada
população (Geração Y e projetos em pequenas empresas), sem a intenção de fornecer
explicações sobre os dados coletados, apenas de descrevê-los para uma análise posterior.
67
Quanto aos meios, foi realizada vasta pesquisa bibliográfica sobre gerenciamento de
projetos, retenção de talentos, Geração Y e pequenas empresas. Esta pesquisa foi realizada em
diversos livros nacionais e internacionais, pois não existem muitas publicações em português
que tratem do tema “Geração Y”, periódicos especializados e artigos on-line (internet).
Também foi realizada pesquisa de campo através de entrevistas focalizadas com
profissionais de RH de diversas empresas e consultorias, entre elas Patrícia Prieto, gerente de
RH da Monsanto Brasil31, Marisa Karan, sócia da Alliage consultoria de RH32 e Roseana
Romualdo, sócia diretora da RHTEC33. Essas empresas foram selecionadas com a intenção de
identificar os métodos para a atração, retenção e desenvolvimento de talentos usados
atualmente no mercado.
A Monsanto, multinacional centenária nas áreas de produtos químicos e agrícolas, tem
presença constante no guia das melhores empresas para se trabalhar das revistas EXAME e
VOCÊ S/A, desde a sua primeira edição, sendo referenciada como case de sucesso em
diversos artigos e livros pesquisados.
A Alliage foi escolhida por ser uma das consultorias mais bem conceituadas do
mercado, com grandes clientes em sua carteira e atuação em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte.
A RH TEC foi escolhida por ser uma consultoria de RH especializada em Tecnologia da
Informação, uma das áreas com maior contingente de indivíduos da Geração Y e que vivencia
cotidianamente a dificuldade que as empresas enfrentam na retenção desses talentos.
A abordagem utilizada foi qualitativa, pois, intencionalmente, foram usadas amostras
não probabilísticas.
A intenção desta pesquisa foi identificar as melhores práticas de retenção de talentos
usadas no mercado, avaliar quais práticas sugeridas no Guia PMBOK® Terceira Edição 2004
tangem essa preocupação com a retenção de talentos. Entender o universo das pequenas
empresas, suas limitações e a dimensão da perda de um talento durante a execução de um
projeto e, por último, mas não menos importante, compreender melhor a Geração Y, visto que
já ocupam grande quantidade dos postos de trabalho na maioria das empresas.
De posse de todos esses dados é possível identificar quais métodos de retenção de
talentos melhor se adequam à retenção dos novos talentos da Geração Y, com foco nos que
integram as equipes de projetos em pequenas empresas.
31
www.monsanto.com.br.
32
www.alliage.com.br.
33
www.rhtec.com.br.
68
Este capítulo tem por objetivo interpretar e analisar os dados obtidos e registrados na
fundamentação teórica, fazer o cruzamento dessas informações e encontrar os pontos de
convergência entre elas, a fim de construir um novo modelo de retenção de talentos para
projetos em pequenas empresas, focando a Geração Y.
O cruzamento dessas informações originou uma matriz comparativa entre as práticas de
retenção de talentos encontradas no Guia PMBOK®, as melhores práticas de mercado e o que
atrai e retém os indivíduos da Geração Y. Como resultado do cruzamento dessas informações
surge a relação das melhores práticas para reter os talentos da Geração Y em projetos em
pequenas empresas.
4.2 PMBOK
O PMBOK apresenta excelentes sugestões de boas práticas, que devem ser adaptadas à
realidade de cada projeto. Em alguns pontos tangem as boas práticas para retenção de talentos
exercidas pelo mercado, as especificidades de projetos em pequenas empresas e também
algumas das expectativas dos colaboradores da Geração Y, mas, infelizmente, nenhuma delas
se encontra aprofundada no PMBOK.
Sobre a preocupação com a retenção de talentos, a única menção direta é a taxa de
rotatividade de pessoal, que está no item 9.3.3.1 - Avaliação do desempenho da equipe - como
sendo um dos indicadores sugeridos para a avaliação da eficácia de uma equipe (PMBOK,
2004, p. 215).
Já no tocante ao gerenciamento de pessoas nos projeto em pequenas empresas, não há
menção alguma. O único comentário que o PMBOK traz é relativo à equipe de gerenciamento
do projeto, quando diz que “Em projetos menores, as responsabilidades de gerenciamento de
projetos podem ser compartilhadas por toda a equipe ou administradas unicamente pelo
gerente de projetos” (2004, p. 199).
69
que dois importantíssimos, principalmente para a retenção dos talentos da Geração Y, que são
acompanhamento do desempenho de membros da equipe e o fornecimento de feedback (2004,
p. 215). As avaliações formais e informais de desempenho e os feedbacks devem ser muito
claros, transparentes e objetivos.
O gerenciamento de conflitos é outra arma poderosíssima contra a evasão de talentos,
pois nele são especificadas as regras básicas da equipe, normas de grupo, entre outros itens
que auxiliam a equipe do projeto a evitar os conflitos.
Essas práticas também são possíveis nos projetos em pequenas empresas. Os
feedbacks informais, por exemplo, podem acontecer com facilidade devido à grande
integração da equipe. Porém, os feedbacks formais podem demandar maior organização ou
reuniões fora do expediente, visto que a pausa pode causar atrasos nas entregas.
4.2.2 Conclusão
Conclui-se, então, que as sugestões de boas práticas do PMBOK têm como principais
finalidades o aprimoramento do desempenho do projeto, o aumento da capacidade de terminar
suas atividades e aumento da produtividade, entre outros. Portanto, sugere-se que o tema
“Retenção de Talentos”, por se tratar de um fator altamente impactante nos projetos, seja
abordado com maior relevância nas próximas edições.
“talentos”. Esses talentos podem fazer toda a diferença na empresa, visto que agregam muito
valor à estratégia e ao negócio.
Toda vez que a empresa perde um talento, perde junto dinheiro, que deverá ser
investido no processo de recrutamento e seleção, nos treinamentos para preparar o novo
membro, sem levar em conta a perda de informações, que não tem preço, mas faz toda a
diferença nos dias atuais.
As empresas que já entenderam essa mudança de valores já estão à frente de muitos de
seus concorrentes, mas nem por isso têm menos trabalho ou preocupações, visto que existem
quatro gerações de colaboradores (Tradicionalistas, Baby Boomers, Geração X e Geração Y)
que coexistem no ambiente corporativo e cada uma tem uma expectativa e visão diferente
sobre o que os atrai e estimula a continuar na empresa.
Para a retenção desses talentos a primeira providência a ser tomada é promover uma
reestruturação no departamento de RH, que no seu modelo atual prima por administrar as
necessidades dos colaboradores, tronando-o um departamento mais estratégico, atuando com
os gerentes e diretores, a fim de alinhar as contratações e treinamentos às estratégias do
negócio.
Esse novo modelo se chama RH estratégico e tem a responsabilidade de fornecer os
colaboradores que possuam as competências necessárias ou a capacidade de desenvolvê-las,
além de aderência de valores para cada função na empresa.
Antes do início do processo de recrutamento e seleção existem várias providências a
serem tomadas. A primeira é conversar com o gestor da vaga e entender quais competências
serão necessárias, quais as características administrativas da vaga (fixa ou temporária,
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ou Pessoa Jurídica (PJ), diurna ou noturna, entre
outras) e buscar o alinhamento com as estratégias da empresa.
De posse dessas informações, é hora de preparar o processo de recrutamento e seleção,
no qual o gestor da vaga deverá participar. Se não for possível participar de todas as
entrevistas, pelo menos as fazer com os finalistas, que deverão demonstrar coerência e
comunhão com os valores da empresa.
Esse processo deve estar alinhado com as políticas de avaliação de desempenho, para
evitar frustrações durante o processo de avaliação de desempenho e feedbacks.
Depois que o talento foi selecionado e admitido, é hora de providenciar que ele fique
satisfeito na empresa e tenha suas expectativas atendidas. Apesar das quatro gerações
coexistindo no ambiente corporativo e cada uma delas ter valores e expectativas
73
Aderência de valores;
Ambiente de trabalho agradável;
Autonomia;
Avaliação de desempenho transparente;
Compensação (inventivos e recompensas);
Desafios;
Desenvolver e preparar líderes;
Estrutura baseadas em competências;
Estruturas semelhantes r/s e avaliações;
Ética na empresa;
Flexibilidade (organização / cargos / RH / benefícios);
Incentivos;
Liberdade de opinar;
Feedback individual;
Oportunidade de evoluir – desenvolvimento horizontal;
Pacote de benefícios;
Planejamento de RH;
Plano de carreira em y;
Plano de desenvolvimento / coaching;
Política salarial;
Qualidade de gestão;
Qualidade de vida;
Reconhecimento;
Recrutamento e seleção;
Trata o funcionário com individualidade;
Treinamento.
4.4 GERAÇÃO Y
Assim como foi com a internet na década de 90, muitos acreditam que a preocupação
em entender e saber lidar com os membros da Geração Y seja apenas mais um modismo
passageiro. A maioria das empresas ainda não percebeu o valor dessa nova geração de
colaboradores, que já ocupam grande parte dos postos de trabalho.
No geral, são tidos apenas como infiéis, questionadores e impacientes, o que demonstra
um grande despreparo e pouco conhecimento sobre o assunto. Enfim, demonstram uma visão
superficial que muitas pessoas, entre elas até formadores de opinião, têm a respeito da
Geração Y.
Muitas de suas características não são devidamente interpretadas, sendo vistas com uma
ótica simplista e limitada. O que realmente acontece é que suas expectativas e sua forma de
75
ver o mundo são muito diferentes das gerações anteriores, que coexistem no ambiente
corporativo.
São tidos como infiéis e impacientes, mas o que precisa ser notado é que os membros da
Geração Y deixariam seus empregadores caso não estejam sendo reconhecidos, caso estejam
sem desafios ou ainda percebam que esta empresa não tem aderência com seus valores e com
seus objetivos pessoais.
Os membros da Geração Y são “nativos digitais”, uma vez que nasceram lidando com
tecnologia. Eles têm contato com computador desde bebês, pois os pais achavam
“engraçadinho” os filhos brincarem com o teclado, e depois com o mouse, e depois acessar a
internet, e assim por diante.
Cresceram cercados pelos jogos eletrônicos (videogame ou Atari para os mais velhos e
Playstation ou Nintendo para os mais novos) e a maioria passou toda sua infância à frente
desses aparelhos, disputando fase a fase com seus irmãos, amigos, vizinhos ou até mesmo
sozinhos, para saber quem era o melhor, quem conseguia mais pontos, ou terminar a fase em
menor tempo.
Essa relação cotidiana moldou a forma como eles entendem a vida, mesmo que
inconscientemente, pois se algo não vai bem, é só apertar o reset e começar novamente, como
faziam na infância.
Para o jogo não ficar monótono, as fases são repletas de objetivos e as próximas sempre
terão desafios maiores que a atual e se for muito difícil, abandona-se este jogo e começa-se
outro. A pontuação é outro item primordial desses jogos, pois serve como apuração dos
resultados.
Provavelmente, foram esses aprendizados que os cumularam com algumas de suas
características mais marcantes - Imediatistas, impacientes, infiéis e ousados.
Acostumados a conseguir resultados rápidos, tanto nos jogos como na busca de
informações (via internet, mensagem de texto, celular) se tornaram impacientes e imediatistas.
Já nasceram conhecendo a facilidade dos telefones celulares, das mensagens de texto, dos e-
mails e das comunidades virtuais. Não conseguem imaginar como se vivia sem todos esses
“apetrechos tecnológicos”, afinal não conheceram o mundo no qual para se falar com alguém,
ou se escrevia uma carta ou se telefonava e, em alguns casos, ainda era necessário esperar ter
tom de linha para iniciar a discagem.
Pesquisas feitas apenas com livros e enciclopédias é algo inimaginável para esses
jovens. Não conseguem conceber que, em um passado não muito distante, para se realizar
uma pesquisa escolar, muitas vezes era necessário ir na casa de um amigo que possuísse uma
76
enciclopédia ou ir a bibliotecas, sendo que em muitas delas não podiam trazer o livro e tinham
que copiar toda a matéria manualmente. Essa forma diferente de entender o mundo é uma das
maiores fontes de conflitos entre a Geração Y e as anteriores, que esperam deles a mesma
atitude que tiveram há 30/40 anos.
Esses indivíduos cresceram vivendo em ação, estimulados por atividades em todas as
áreas, visto que seus pais procuraram lhes dar toda a formação (escolar, pessoal, esportiva),
para deixá-los bem preparados para o mercado e para vida. Com isso, esses jovens se
tornaram experts em executar diversas tarefas ao mesmo tempo. Se tornaram movidos a
desafios e acostumados a conseguirem o que querem.
Assimilam com facilidade as novas tecnologias que surgem a todo momento. Por conta
disso, têm muito menos medo do desconhecido e de arriscar. São ousados, mesmo que isto
traga consequências negativas. Eles entendem que a busca de novas experiências é mais
importante e trará muitos benefícios.
Essa geração tem muito mais coisas a aprender que as anteriores e isto gera muita
ansiedade, uma vez que se sentem na obrigação de estar sempre atualizados a respeito de
muitos assuntos, alguns até desnecessários.
Isso pode ser comparado com a visita que duas crianças fazem a uma loja de
brinquedos. A primeira, uma criança típica da Geração X, entra na loja segurando a mão de
seu pai e só mexe no que o pai permitir. A segunda, uma criança típica da Geração Y, já
chega correndo, mexe em tudo, mas não consegue parar e brincar com nada, pois quer ver
tudo.
Por terem sido sempre muito protegidos, têm dificuldade com escolhas, pois não lidam
bem com perdas e com negativas. Esta é outra característica marcante da Geração Y: precisam
aprender a lidar com ação e reação, causa e consequência.
No geral, aceitam e lidam com naturalidade com pessoas que fizeram diferentes
escolhas de estilo de vida, opção sexual e religiosa. É normal terem muitos amigos de outras
raças, nacionalidades e com diferentes estilos de vida, outra grande diferença dos indivíduos
das gerações anteriores.
Mas, apesar de todas essas diferenças com as outras gerações, esses jovens são muito
ligados à família e geralmente têm um excelente relacionamento com seus pais, com quem,
muitas vezes, compartilham segredos, gostos, hobbies e saem juntos para se divertir.
Também é a geração com maior nível de educação de todos os tempos. Possuem vasta
cultura global. Querem fazer a diferença, e não serem apenas mais um na multidão. Por isso,
77
são pragmáticos e focados em resultados. Com todas essas características, se forem bem
gerenciados, tendem a se tornar profissionais de alto rendimento.
Outra característica marcante dessa geração é que são altamente comprometidos com as
causas de responsabilidade socioambiental e darão preferência para empresas que tenham
práticas relacionadas a este tema.
São muito alegres e irreverentes. Mesmo que estejam com problemas pessoais e
profissionais, continuarão enfrentando os desafios com responsabilidade, mas nem por isso
vão ficar tristes. Preocupados, sim. Tristes, não.
São tidos como questionadores, mas o que precisa ficar claro é que questionam para
inovar, para fazer diferente, pois têm como premissa que inovar é sempre melhor. Não se
intimidam nem mesmo perante gerentes, diretores ou até mesmo presidentes das empresas,
uma vez que não reconhecem os protocolos de hierarquia.
Eles gostam de autonomia, mas "precisam" receber dicas de como está indo seu trabalho
e seu desempenho. Enfim, precisam de feedback. Podem ser positivos ou negativos, mas
devem ser verdadeiros, claros e objetivos, afinal quem os recebe é quem os valora.
Diferente do que possa parecer à primeira vista, são extremamente responsáveis com
aquilo que lhes é confiado e têm sim, vontade de permanecer na mesma empresa por muito
tempo. Porém, as empresas devem se empenhar em formar líderes que os compreendam e que
os desenvolvam, montar estratégias com desafios constantes e oportunidade de carreira
internacional. Outra sugestão importante é colocar esses talentos em mais de um projeto -
senão eles podem ficar aborrecidos e buscar “novos desafios”.
Muitos também gostariam de se unir aos Baby Boomers, pois sabem que podem
aprender muito com eles. Aqui pode surgir uma nova e frutuosa parceria, o Baby Boomer
poderia ser o coach e o Geração Y poderia passar todo seu conhecimento sobre novas
tecnologias e seu frescor em novas idéias e soluções inovadoras.
O relacionamento dos membros da Geração Y com seus pares de outras gerações é outra
fonte de grandes conflitos nas empresas. A causa mais comum é que cada membro enxerga a
outra geração sob a ótica de sua própria geração, e não como ela realmente se caracteriza. Por
exemplo, estão implantando uma nova política de feedbacks na empresa. Agora, as reuniões
formais de feedback acontecerão apenas no início do ano, nas quais serão avaliados os
trabalhos executados no ano anterior e também serão passadas as metas e objetivos
individuais para o ano que se inicia.
78
Os membros da Geração Y vêem essa prática como incoerente, visto que “precisam” de
feedbacks constantes, para saberem se estão no caminho certo e se ainda estão motivados, sem
mencionar que, para eles, metas e objetivos anuais, equivalem a “uma eternidade”.
Acompanhamento (coaching);
Comunicação aberta;
Diversas experiências;
Feedbacks freqüentes;
Líderes que desenvolvam todo seu potencial;
Vivência internacional;
Fonte: Dados coletados pelos próprios autores.
Os projetos podem ser vistos como mecanismos que contribuem para a execução de
importantes iniciativas nas empresas, tanto para melhorias internas, quanto para novos
produtos que trarão mais competitividade e, consequentemente, diferenciação de mercado.
Inicialmente utilizados apenas em grandes empresas, o conceito de projetos e suas
metodologias passaram a fazer parte da rotina das pequenas empresas, sendo que, em muitos,
casos representaram um diferencial competitivo.
Vencida essa primeira barreira - pequenas empresas trabalharem com conceitos de
projetos e metodologias em seus clientes - um novo desafio passou a fazer parte de seu dia-a-
dia: utilizar esses conceitos em seus próprios projetos e em suas demandas internas.
Essa barreira existe, pois em pequenas empresas as atenções estão voltadas para a
execução dos projetos de seus clientes. Com isso, iniciativas que em muitos casos são de
grande importância, deixam de ser endereçadas com a devida atenção, utilizando melhores
práticas.
Para uma adequada execução de um projeto, é necessário que ele seja baseado em uma
metodologia. No caso de pequenas empresas, essa metodologia deve ser mais simples e
menos burocrática que as empregadas em projetos de grandes empresas que, na maioria dos
casos, são seus clientes, ou seja, as metodologias empregadas nos projetos de seus clientes são
extremamente complexas e burocráticas e, em muitos casos, fora de sua realidade.
De certo modo, essas características de projetos em pequenas empresas - serem menos
burocráticos e mais objetivos - vão de encontro a uma característica da Geração Y com seu
imediatismo e sua impaciência. Esse encontro de interesses pode ser visto como um fator
motivacional para que algumas pequenas empresas que trabalham com projetos exerçam um
poder de atração e retenção sobre esses profissionais. Muitos deles optam por trabalhar em
80
uma empresa menor, mas que possui uma metodologia de trabalho menos burocrática, que em
grandes empresas, com suas metodologias repletas de documentações e processos, acabam
sendo vistos como fatores de desmotivação para esses profissionais.
As adaptações de metodologias de mercado para a realidade das pequenas empresas
constituem um desafio para os profissionais da Geração Y, sendo que desafios são fatores
motivacionais para esses profissionais.
Além desses pontos referentes aos projetos em pequenas empresas, algumas
características de sua estrutura contribuem para a atração e retenção de profissionais da
Geração Y. O tópico abaixo tem por objetivo identificar essas características e suas relações
com esse perfil.
Para um grupo que não se sente atraído por cumprir horários, mas sim, garantir suas
entregas, ter flexibilidade de horário é um grande atrativo. Esse tipo de política é muito mais
fácil de ser empregado nas pequenas empresas - mais flexíveis do ponto de vista legal quanto
a esse fator - do que nas grandes empresas, que sempre precisam seguir normas
predeterminadas por sua matriz ou pelo seu departamento jurídico.
A proximidade entre as pessoas e o constante relacionamento que isso gera acaba
permitindo feedbacks imediatos sobre as ações, coisa que em uma grande empresa só
acontece quando o gestor agenda a reunião trimestral para avaliação de seus subordinados.
A sensação de impaciência é muito menor em uma pequena empresa, na qual não é
necessário esperar que toda a cadeia de aprovação seja percorrida para implantar uma
mudança. Basta querer provar a relevância e a sua viabilidade, para que a mudança seja
implantada. O processo decisivo é muito mais ágil.
Desafio é o sobrenome da pequena empresa. Em um país com carga tributária
draconiana e com alto índice de mortalidade de pequenas empresas, sobreviver já é um grande
desafio para a pequena empresa. Fazer parte do grupo que sobrevive a esta realidade é uma
grande conquista para um profissional da Geração Y.
No que se refere ao crescimento profissional, ter ascensão e, consequentemente, uma
melhor empregabilidade, é muito mais fácil em uma pequena empresa do que em uma de
grande porte. Isso atende às expectativas da Geração Y no que se refere a ascender
81
4.5.2 Conclusão
Em linhas gerais, a diferença entre trabalhar em uma pequena ou grande empresa está
diretamente relacionada ao papel profissional que se quer desempenhar: ser a engrenagem de
um todo, tendo que obedecer a regras, políticas e valores sem muito questionamento e se
sujeitar a eles (grandes empresas); ou poder contribuir e participar de forma proativa do
projeto desta própria máquina (pequena empresa).
A possibilidade de ser ouvido e ter suas sugestões acatadas de forma objetiva e rápida
é muito maior em uma pequena empresa do que em uma grande. Com isso, o profissional se
sente valorizado e importante para a empresa.
Menos burocráticas;
Mais objetivas;
Mais flexíveis quanto a regras;
Feedbacks imediatos, graças à proximidade dos colaboradores;
Agilidade no processo decisivo;
Maior facilidade de ascensão;
Clima familiar.
Fonte: Dados coletados pelos próprios autores.
Outra característica fundamental desse “novo” departamento é que ele deve seguir os
conceitos de “RH Estratégico”, ou seja, deve estar muito próximo do corpo diretivo e das
decisões estratégicas da empresa, tendo a liberdade de opinar sobre as contratações e
movimentações de pessoas e estar alinhado com a estratégia para contratar novos talentos
providos das competências necessárias para cada vaga individualmente. Esse novo
departamento deve abandonar suas antigas características de área de apoio.
Essas sugestões podem ser adotadas, tanto em empresas nas quais hoje não existe um
departamento de RH, o que nas pequenas empresas é comum, pois, geralmente, terceirizam
esta função, como nas empresas que tenham seu departamento de RH focado apenas na
administração das necessidades de seus colaboradores.
colaboradores da empresa passam a ser “talentos”, pois foram escolhidos de acordo com a
necessidade da vaga, competências pessoais e técnicas requeridas e aderências de valores.
Esses fatores, principalmente para os talentos da Geração Y são importantes atrativos para a
retenção.
Como este trabalho focou a retenção de talentos da Geração Y (nascidos entre 1980 e
2000), será com esta ótica que as próximas conclusões serão descritas.
As pequenas empresas devem estar preparadas para atrair, trabalhar e conseguir extrair
o melhor dessa nova geração, que tem suas características mais básicas muito diferentes das
outras gerações com as quais conviverá no ambiente de trabalho.
Alguns cuidados são fundamentais para a boa convivência entre todas essas gerações,
em especial, a Geração Y.
As empresas devem priorizar a formação de seus líderes, pois eles têm papel
fundamental na retenção de talentos. Eles devem ser capazes de identificar e compreender as
características de cada geração para conseguir explorar o melhor de cada talento e também
lidar com o gerenciamento de conflitos.
É necessário que haja uma cultura de feedbacks constantes, formais e informais, para
que os talentos consigam perceber se estão caminhando na direção correta, perceber que seu
trabalho está sendo reconhecido, bem como renovar suas metas e objetivos. Essa prática
funciona muito bem e algumas empresas que realizam feedbacks semanalmente, nos quais
analisam a semana que passou e projetam a semana que se inicia, têm um turnover
baixíssimo.
Outro ponto importante para a retenção de talentos, agora com foco na Geração Y, é a
questão de liberdade e autonomia. Diferente das outras gerações, os talentos da Geração Y
cresceram “questionando” seus tutores. Porém, esse questionamento não é simplesmente
porque não concordam com alguma coisa, mas sim, porque precisam entendê-la melhor para
que aquela ordem ou situação faça sentido e aí sim eles possam se posicionar a favor ou
contra. Mas a probabilidade desses jovens sugerirem que as coisas sejam feitas de outra forma
é altíssima, pois têm a inovação como premissa, ou seja, sempre partem do princípio que tudo
84
pode ser feito de uma forma melhor. Esta é outra grande diferença das gerações anteriores.
Elas, no geral, têm muito medo do novo. Preferem não “mexer no time que está ganhando”.
Os projetos, em especial, nas pequenas empresas, são o ambiente perfeito para suprir a
necessidade desses talentos “multifuncionais”, pois com a equipe reduzida a divisão de tarefas
é sempre feita entre poucas pessoas, que têm muitas responsabilidades. E este é outro ponto
que aproxima esses jovens das pequenas empresas, pois apesar de serem estereotipados como
insubordinados, imediatistas e infiéis a seus empregadores, são extremamente responsáveis
com o que lhes é designado.
A adolescência dos Tradicionalistas, aconteceu por volta da década de 60, uma época de
valores muito rígidos e que com o pós-guerra houve a retomada do desenvolvimento na
maioria dos países. Já a adolescência dos Baby Boomers ocorreu entre as décadas de 60 e 80,
85
uma fase na qual o mundo começou a passar por vários protestos sendo, aqui no Brasil, o
período da ditadura, conhecido como “Anos de Chumbo”. Devido a todos esses fatos os
indivíduos dessa geração são muito contestadores e competitivos. Os membros da Geração X
são filhos dos Tradicionalistas e tiveram sua adolescência entre a década de 80 e o ano 2000,
um período muito mais calmo que o anterior, mas, mesmo assim, esses indivíduos são
extremamente contestadores e desconfiados. E, finalmente, a Geração Y. São filhos dos Baby
Boomers e ainda estão na fase da adolescência, compreendida entre os anos 2000 e 2020.
Cresceram usando a internet, telefones celulares e videogames, fatos que formaram sua
personalidade otimista, ousada, imediatista e extremamente globalizada.
O que se observou é que os Baby Boomers se entendem bem com os jovens da Geração
Y, principalmente se for uma relação de mentor-aprendiz, muito usual nos processos de
coaching, que está se tornando uma prática comum em muitas empresas. O interessante é que
o indivíduo Baby Boomer também se interessa por essa relação, pois vê no indivíduo Geração
Y seu “filho”, para o qual pode transmitir seu conhecimento e, em contrapartida, também
aprenderá com sua a habilidade e facilidade com novas tecnologias. É uma típica relação
ganha-ganha.
ascensão;
e da equipe; transparente; (coaching);
Plano de
Importância de uma boa
desenvolvimento /
comunicação;
coaching;
de falta ou insuficiência;
Identificação dos recursos
humanos necessários
Incentivos;
(competências técnicas e
pessoais);
Quem, como e quando
Pacote de benefícios;
contratar;
Planejamento de RH;
86
Plano de carreira em
y;
Política salarial;
Qualidade de gestão;
Recrutamento e
seleção;
Compreensão dos
sentimentos dos membros Liberdade de opinar; Ligados à família; Clima familiar.
da equipe;
Fortalecimento dos
sentimentos de confiança Espera bom ambiente Mais flexíveis
Qualidade de vida;
e coesão entre os de trabalho quanto a regras;
membros;
Importância de
relacionamentos com bons Trata o funcionário
níveis de confiança e com individualidade;
respeito;
Importância do bom
Ambiente de trabalho
relacionamento
agradável;
interpessoal;
Importância do bom
e
relacionamento
supervisor-subordinado;
Relacionamentos
Sentimentos
O envolvimento dos
membros como
fortalecedor do
compromisso com o
projeto;
Definições de regras
básicas da equipe;
Descrição e delimitações
das ações disciplinares;
Importância de diretrizes
claras;
Importância de
expectativas claras;
Importância do trabalho
em equipe;
Definir níveis de
autoridade compatíveis
com os níveis de
responsabilidade;
Cuidados para garantir
Desenvolver e Espera comunicação
uma transição suave e
preparar líderes; aberta;
planejada;
Liderança
não planejados;
Registro de lições Confortáveis com a
aprendidas. globalização;
Espera diversas
experiências;
Espera vivência
internacional;
87
Têm dificuldades em
escrever de forma
tradicional;
Têm facilidade com
tecnologia;
Descrição dos Compensação
Querem
Reconhe
cimento
reconhecimentos e (incentivos e
reconhecimento;
premiações; recompensas);
Reconhecimento;
Feedback
Feedbacks
Fornecimento de
Espera feedbacks imediatos, graças à
feedbacks formais e Feedback individual;
freqüentes; proximidade dos
informais;
colaboradores;
Importância do
Desafios
Preocupação Menos
Ética na empresa;
socioambiental; burocráticas;
Valores da
Empresa
Flexibilidade
(organização / cargos Mais objetivas;
/ RH / benefícios);
Agilidade no
processo decisivo;
Definição do organograma
Estrutura baseadas em
e das relações Autoconfiantes;
competências;
hierárquicas;
Oportunidade de
Descrição e delimitações
evoluir – Fazem diversas coisas
das funções necessárias ao
desenvolvimento ao mesmo tempo;
projeto;
horizontal;
Descrição e delimitações
das responsabilidades Imediatistas;
individuais e da equipe;
Impacientes;
Características comportamentais
Infiéis;
Funções e
Informais;
Irreverentes;
Não assumem os
protocolos de
hierarquia;
Não lidam bem com
perdas;
Otimistas;
Ousados;
Questionadores;
Responsáveis;
5 CONCLUSÕES
5.2.1 PMBOK
No que se refere ao PMBOK, o que foi abordado foram as técnicas sugeridas pelo guia
para a gestão de projetos, com ênfase para a área de conhecimento Gerenciamento de
Recursos Humanos, já que o enfoque do estudo era exatamente este.
O que foi identificado é que o guia volta sua atenção muito mais para os processos do
projeto, do que para os profissionais que o executam. Práticas de mercado são sugeridas, mas
apenas como procedimentos a serem executados visando um melhor desempenho do projeto,
e não a retenção de talentos.
Esta foi a principal característica identificada durante o estudo – o foco do capítulo do
guia, voltado muito mais para processos, que para pessoas.
Definiu-se o que são talentos, e qual a sua importância ao longo da história. Ainda do
ponto de vista histórico, foi caracterizado o processo evolutivo que as organizações passaram
ao longo do tempo, e como isso refletiu nas principais características esperadas dos talentos.
Especial destaque foi dado às competências comportamentais dos gestores, que não
acompanharam no mesmo ritmo das mudanças exigidas pelo mercado, e ocasionaram uma
valorização dos poucos profissionais que possuem estas competências.
Viu-se ainda a importância em se reter talentos, e as práticas recomendadas para isso.
Comprovou-se tanto na prática, através de pesquisas de mercado, quanto em bibliografias o
retorno que reter talentos resulta para as empresas.
Foram pontuadas as principais práticas de retenção de talento praticadas pelo mercado,
e retorno que cada uma deles trás para a empresa. Ficou comprovado que algumas empresas
que fazem uso destas práticas adquirem a capacidade de atrair e reter talentos e passam a
configurar na lista de melhores empresas para se trabalhar.
Identificou-se ainda que a política que mais cativa os profissionais atualmente, é o
investimento em conhecimento; representada na forma de cursos, treinamentos ou incentivos
em graduação e pós-graduação.
90
Isso ficou claro em duas pesquisas que fizeram parte deste trabalho, e retratam esta
realidade de mercado.
5.2.3 Geração Y
Sobre a geração Y, mostrou-se a importância que este grupo de pessoas possui como
população economicamente ativa, e que conseqüentemente ditará as regras da economia nas
próximas décadas.
Definiu-se o conceito de geração Y, elucidando a origem do nome com seu significado,
assim como suas principais características e expectativas, e principalmente a forma como
vêem o mundo atual. Foram detalhadas quais são e as principais características das gerações
que antecederam a geração Y e os principais pontos de conflitos entre cada uma delas.
Além disso, foram pontuados quais são os valores que norteiam esta geração, assim
como suas expectativas quanto ao ambiente corporativo.
Um ponto interessante abordado foi o relacionamento com outras gerações, com seus
diferentes interesses. Este conflito ocorre diariamente nas empresas e é tido, em muitos casos,
como um problema para o processo de retenção de talentos, mas identificou-se que em alguns
casos, apesar de possuírem características conflitantes podem ser complementares e
funcionarem como práticas de retenção de talentos.
5.2.5 Metodologia
5.3.1 PMBOK
A análise dos dados obtidos sobre o PMBOK identificou que o guia não possui um foco
voltado para a pequena empresa, nem tão pouco volta sua atenção para as pessoas, mas sim
para os processos que fazem parte do projeto.
Foi realizado um cruzamento dos dados de forma detalhada e pontuado o que atende a
geração Y e pode ser empregado em pequenas empresas.
92
No que se refere à retenção de talentos, a análise dos dados reforçou o problema que as
empresas enfrentam com a perda de talentos, e que isso acaba resultando em perda de
dinheiro.
Concluiu-se que se num primeiro momento o investimento em políticas de retenção gera
um custo adicional para a empresa, esta prática acaba resultando em uma economia quando
atinge seu objetivo e evita a perda de talentos.
Neste ponto, o RH estratégico é fundamental para definir em conjunto com os diretores
da empresa que rumo as políticas de RH devem tomar, e os objetivos que devem ser
atendidos. Com isso concluiu-se que o RH deixou de ser um departamento de apoio e passou
a compor a estratégia da empresa.
5.3.3 Geração Y
Com sua estrutura mais modesta, a pequena empresa não deixa de oferecer atrativos aos
talentos da geração Y. Principalmente no que se refere à proximidade existente entre seus
colaboradores. O constante desafio enfrentado em seu dia a dia pode ser visto como mais um
fator motivacional para os talentos.
93
No que se refere aos projetos por elas executados, criar técnicas eficientes e
customizadas passa a ser um estímulo a mais para estes profissionais.
Políticas de retenção de talento têm ganhado grande importância nos últimos tempos.
Isso se deve ao fato de vivermos em uma época em que o conhecimento é o bem mais
precioso que um colaborador pode oferecer a uma empresa.
Esta situação ganha uma importância ainda maior em um país como o nosso que possui
aproximadamente 70% de seu PIB sendo gerado pelo setor de serviços. Como se sabe, este
setor é composto por empresas que possuem como seu principal ativo, pessoas.
Por outro lado, as pequenas empresas empregam um total de 60 % da mão de obra
especializada disponível em nosso mercado de trabalho, e não possuem técnicas de retenção
de talentos em seu dia a dia.
Por outro lado, de nada vale criar técnicas de retenção de talentos, baseadas em regras e
metodologias complexas, se não se analisar o fator principal para o seu sucesso – os talentos.
Assumir que as expectativas de uma geração também atendem outras é um erro que ocorre
comumente nas empresas.
Diante disso, este trabalho procurou unir todos estes pontos, para elucidar um pouco
mais estes problemas e dar indícios de alternativas para solucioná-los. O cruzamento de cada
um dos pontos e características levantadas neste trabalho, permite ao leitor – principalmente
gerentes de projeto – criar mecanismos que possibilitem reter profissionais da geração Y em
pequenas empresas.
Espera-se com isso minimizar a perda de talentos neste tipo de situação e o impacto que
ela acabam ocasionando.
Do ponto de vista do PMBOK, os sugere-se que este estudo seja considerado durante a
execução de um projeto em uma pequena empresa, pois como já visto anteriormente, o guia
está mais focado em processos que em pessoas – foco principal deste estudo.
94
Com isso, o resultado da execução de um projeto passaria a ser mais efetiva, uma vez
que com uma melhor retenção de talentos que o compõem, eventuais substituições de
profissionais passariam a ser mais raras.
Do ponto de vista acadêmico, este estudo pode servir como base para uma metodologia
de gestão de talentos da geração Y, com processos e rotinas que enderecem todos as suas
expectativas e contribuam para sua retenção.
Do ponto de vista empresarial, as informações aqui levantadas fornecerão subsídios para
a criação de um RH estratégico em minha empresa, já que trata-se de uma pequena empresa,
de serviços com uma série de profissionais da Geração Y.
95
6 REFERÊNCIAS
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Especial 2009.
DOSSIÊ choque de gerações. HSM Management, São Paulo, n.74, p. 70-96, mai. 2009.
JOHANN, Silvio Luiz. Gestão Da Cultura Corporativa. 5.ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
KERZNER, Harold. Gestão de projetos: as melhores práticas. Tradução Lene Belon Ribeiro - 2. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2006, p. 15.
NEWBOLD, Robert C. et al. Millennial leaders - Success stories from today's most
brilliant generation Y leaders. New York: Ingram Pub Services, 2007.
97
_____. Geração Y - Era das conexões - tempo de relacionamentos. São Paulo: Clube de
autores, 2009.
PMI (Project Management Institute). Site do capítulo de São Paulo. Disponível em:
<http://www.pmisp.org.br>. Diversos Acessos.
RODRIGUEZ, Edson. Talentos: porque é tão difícil encontrá-los. HSM Online. São Paulo,
24-08-2009. Disponível em: < http://br.hsmglobal.com/notas/54061-talentos-porque-e-tão-
dificil-encontra-los >. Acesso em: 25-09-2009.
ROWH, Mark. E os CEOs descobrem o RH. HSM Management, São Paulo, ano 12, vol. 7, p. 135-
138, Mar. 2008.
SIGOLLO, Rafael. Um novo modelo para reter talentos da geração Y. São Paulo, 17-08-
2009. Disponível em: < http://www.strategosconsultoria.com.br/imprensa-
desc.php?id_noticia=132&PHPSESSID=dfddea4a99b014284da8c30597fcbf68 >. Entrevista
publicada no Jornal Valor Econômico. Acesso em: 10-09-2009.
98
SOUZA, Maria Zelia De Almeida Souza. et al. Cargos, carreiras e remuneraçao. Rio de
Janeiro: FGV, 2008. Coleção: Gestão de pessoas.
THE CEO’s Role in Talent Management: How Top Executives From Ten Countries are Nurturing
Tomorrow’s Leaders, The Economist Intelligence Unit, New York, May 2006. Disponível em: <
http://www.ddiworld.com/EconomistCEO>. Acesso em 15-09-2009.
7. GLOSSÁRIO
Blogueiro (português brasileiro) ou bloguista (português europeu) ou ainda blogger: são palavras utilizadas
para designar aquele que escreve em blogs.
Coach (Treinador, numa tradução à letra): atua encorajando e/ou motivando o seu cliente,
procurando transmitir-lhe capacidades ou técnicas que melhorem as suas capacidades
profissionais ou pessoais, visando à satisfação de objetivos definidos.
Era da Informação: também conhecida como Era do Conhecimento. Teve início por volta de
1990 e se estende até os dias de hoje. Suas principais características são as mudanças, que se
tornaram rápidas, imprevistas e inesperadas. Com ela, a informação passou a cruzar o planeta
em milésimos de segundos.
Facebook: website de relacionamento social.Usuários criam perfis que contém fotos e listas
de interesses pessoais, trocando mensagens privadas e públicas entre si e participantes de
grupos de amigos.
iPod: marca registada da Apple Inc. e refere-se a uma série de tocadores de áudio digital
projetados e vendidos pela Apple.
Market Share: tradução literal do inglês para "quota de mercado". Também pode ser
interpretado como fatia de mercado, participação no mercado, porção no mercado.
100
Networking: união dos termos em inglês "Net", que significa "Rede"; e "Working", que é
"Trabalhando". O termo, em sua forma resumida, significa que quanto maior for a rede de
contatos de uma pessoa, maior será a possibilidade dessa pessoa conseguir uma boa colocação
profissional.
Orkut: rede social filiada ao Google, com o objetivo de ajudar seus membros a criar novas
amizades e manter relacionamentos. Tais sistemas, como esse, também são chamados de rede
social.
Stock options: política adotada por algumas empresas. Consiste em um plano aos
funcionários com qualquer cargo e tipo de remuneração terem acesso às ações de sua
empregadora por um preço predeterminado.
Twitter: rede social e servidor para microblogging que permite aos usuários que enviem e
leiam atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres, conhecidos
como "tweets"), através da própria Web, por SMS e por softwares específicos instalados em
dispositivos portáteis como o Twitterberry desenvolvido para o Blackberry.
8 ANEXO