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Orientador
Curitiba – PR
2018
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
elaborado por Jefferson Thiago Bortolotti Silva e aprovado pela Coordenação Acadêmica, foi
aceito como pré-requisito para a obtenção do certificado do Curso de Pós-Graduação lato
sensu MBA em Gerenciamento de Projetos, Nível de Especialização, do Programa FGV
Management.
Orientador
TERMO DE COMPROMISSO
Aos meus professores, que me apoiaram, ensinaram e incentivaram com muita paciência
durante a execução desse trabalho, proporcionando confiança e conhecimentos fundamentais
para a realização do presente.
Aos amigos e colegas que nos acompanharam e ajudaram durante a conclusão do MBA em
Gestão de Projetos.
RESUMO
A gestão de custos, tem importância fundamental nas estratégias das empresas para a
execução de projetos lucrativos e de sucesso. Esse trabalho tem por objetivo apresentar as
boas práticas da gestão de custos e impacto positivo na construção civil levando em conta o
cenário político-econômico atual no brasil. Serão abordados temas como a utilização das
ferramentas de orçamentação e controle do custo de obra nas empresas brasileiras. Mostrando
como essas ferramentas se tornam fundamentais para que as empresas de construção civil
sejam rentáveis, e principalmente como a sua má utilização tem consequências catastróficas
para o caixa da empresa. Será também contemplado o estudo de caso do gerenciamento de
custos aplicada a uma obra residencial, mostrando como o orçamento pode influir no produto
disponibilizado para o mercado.
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................... 1
1.2. OBJETIVO .......................................................................................................................... 2
1.2.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................................... 2
1.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................... 2
1.3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 3
1.4. MÉTODOLOGIA ................................................................................................................ 3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 5
2.1. GERENCIAMENTO DE PROJETOS................................................................................. 5
2.2. GERENCIAMENTO DE CUSTOS EM PROJETOS .......................................................... 6
2.3. CUSTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................................ 8
2.3.1. CARACTERÍSTICAS DO SEGMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................. 8
2.3.2. ESTRUTURAS DE CUSTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................... 9
2.3.2.1. CUSTOS DIRETOS............................................................................................................. 9
2.3.2.2. CUSTOS INDIRETOS ....................................................................................................... 10
2.3.2.3. BDI - BENEFÍCIO E DESPESAS INDIRETAS ...................................................................... 10
3. FERRAMENTAS DA GESTÃO DE CUSTOS NA ENGENHARIA CIVIL....................... 11
3.1. PLANEJAR O GERENCIAMENTO DE CUSTOS .......................................................... 11
3.2. ESTIMAR CUSTOS .......................................................................................................... 12
3.2.1. ORÇAMENTO PARAMÉTRICO ............................................................................................ 12
3.3. DETERMINAR ORÇAMENTO ....................................................................................... 14
3.3.1. ORÇAMENTO ANALÍTICO OU DETALHADO ........................................................................ 15
3.4. CONTROLAR CUSTOS ................................................................................................... 16
3.4.1. CONTROLE FÍSICO-FINANCEIRO ........................................................................................ 16
3.4.2. CURVA ABC .................................................................................................................... 17
4. ESTUDO DE CASO ............................................................................................................. 20
4.1. APRESENTAÇÃO DO CASO .......................................................................................... 20
4.2. DESCRIÇÃO DO ORÇAMENTO PARAMÉTRICO....................................................... 20
4.3. DESCRIÇÃO DO ORÇAMENTO ANALÍTICO ............................................................. 21
4.4. DESCRIÇÃO DA CURVA ABC ...................................................................................... 22
4.5. DESCRIÇÃO CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO ................................................ 24
4.6. CONCLUSÃO DO ESTUDO DE CASO .......................................................................... 26
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 27
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 29
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1. INTRODUÇÃO
A construção civil vive sua pior crise nos últimos anos, aumentando exponencialmente a
competitividade do mercado. Logo a viabilidade de diversos projetos tem sido colocada um
check e analogamente os projetos em andamento precisão refinar os seus processos para
serem mais competitivos e apresentarem melhores soluções para os investidores.
FILHO & ROCHA, em 2004, mostram que nessa perspectiva, é necessário que empresas,
pertencentes à indústria da construção civil, entendam o sistema organizacional, buscando
sincronizar sua produção com a realidade e as necessidades do macrossistema em que elas se
enquadram, desta forma, permitindo definir suas estratégias para se manter ou conquistar
mercado.
Para FILHO, em 2014, existe uma necessidade constante de evolução nas organizações, que
só acontece com uma aplicação cada vez mais frequente de gestão para o desenvolvimento de
projetos de inovação ou de reforma de processos. Esses projetos devem ser gerenciados em
suas diversas áreas de conhecimento, a exemplo da gestão de custos, escopo e tempo.
Ainda segundo o mesmo autor, a gestão dos custos e particularmente importante para projetos
de qualquer porte, planejamento ou o controle dos custos, quando geridos de maneira
ineficiente, além de comprometer o sucesso de um projeto e influencia diretamente outras
áreas de gestão como escopo e tempo.
Em 2015, BOLIS, chama a atenção para o fato de a maior parte das empresas do setor tem sua
avaliação de custos apoiada única e exclusivamente no orçamento da obra, com quase
nenhuma conexão com outras áreas gerenciais. Isso faz com que a análise dos custos e prazos
pareçam ferramentas independentes, porem elas estão diretamente relacionadas. Além disso,
2
esse método de avaliação não permite a previsão e ação corretiva de determinados problemas,
já que se refere apenas ao que já passou, se fazendo útil somente na finalização do
empreendimento como banco de dados para obras futuras.
1.2. OBJETIVO
1.3. JUSTIFICATIVA
Para ASSUMPÇÂO, em 2004, o gerenciamento, não apenas de custos, mas de forma geral,
sempre foi negligenciado no país. Como característica do mercado naquela época havia
ganhos relativamente altos, se comparados aos atuais, para riscos não tão grandes, desta forma
perdas financeiras eram facilmente absorvidas pelos ganhos.
O mesmo autor ainda lembra o bom momento econômico que o Brasil vivia, portanto, havia
grande oferta de financiamentos para a produção, através de agentes financeiros estatais,
implicando pequena necessidade de recursos próprios, minimizando assim o risco do capital
investido. Além dos financiamentos disponíveis para os compradores, que facilitava a venda
além de uma transferência do risco de inadimplência.
Vale lembrar ainda, que recentemente no país diversos escândalos de corrupção têm sido
desmascarados. Envolvendo empresas estatais e privadas, desta maneira um dos maiores
mecanismos de financiamento de projetos vem sendo questionados, com total atenção da
população dificultando as práticas fraudulentas e, portanto, aumentando ainda mais a
necessidade boas práticas gerenciais.
1.4. MÉTODOLOGIA
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Diversas metodologias para o gerenciamento de projetos surgiram nos últimos anos, como os
modelos do Prince 2, o modelo do International Project Management Association (IPMA), a
metodologia Scrum e o mais difundido no meio da construção civil, o Project Management
Body of Knowledge (PMBoK) (FILHO, 2014).
DONALOSSO & VILELLA, em 2011, ressaltam que um projeto e mais que sua metodologia
de gerenciamento e se baseado em muitos dos princípios da administração geral; por isso,
envolve práticas de negociação, solução de problemas, política, comunicação, liderança e
estudo de estrutura organizacional.
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Para FILHO, em 2014, para cada uma destas divisões, são apresentadas as entradas
necessárias, ou seja, os pré-requisitos demandados, as ferramentas e técnicas, que representam
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o desenvolvimento real das atividades, e, por fim, as saídas, que representam os produtos do
grupo de atividades em questão.
Para FILHO, em 2014, além dos fatores citados acima, o autor acrescenta mudanças em
projetos, contratos ou mesmo na economia podem ocorrer durante o ciclo de vida do produto,
fazendo com que modelos de gestão de custos normalmente aplicados em indústrias de
transformação não possam ser adaptados à construção civil.
Ainda existe uma instabilidade e desconfiança muito grande perante, principalmente, as obras
de grande porte. As empresas do país, que acostumadas com o cenário de corrupção e retornos
financeiros astronômicos, acabaram criando diversos vícios de planejamento ineficientes
principalmente no que diz respeito a gestão de custos.
FILHO & ROCHA, em 2014, exemplificam essa mudança de cenário através de duas
equações bastante simples. Eles afirmam que, até o início dos anos 90, as empresas brasileiras
eram acostumadas a estabelecer o preço dos seus produtos apenas acrescentando uma margem
de lucro sobre os custos. Conforme:
Ainda segundo o mesmo autor, cada vez que ocorria alguma variação no preço do insumo, o
aumento do preço era justificado pelos produtores e aceito pelo mercado. No entanto, por
advento da globalização da economia, a equação se alterou para:
Dessa forma, o orçamento e estudo preliminar ganham uma importância cada vez maior
dentro do sucesso do projeto, pois as margens são cada vez menores, o mercado e cada vez
mais competitivo, e o cliente final está muito mais exigente e informado.
DONALOSSO & VILELLA, em 2011, definem custos como um gasto relativo a um bem ou
serviço que é utilizado na produção de outro bem ou serviço.
Ainda segundo o mesmo autor, despesa é definida como um bem ou serviço consumido direta
ou indiretamente para a obtenção de receitas, sendo normalmente relacionada à administração,
às vendas e aos financiamentos.
TISAKA, em 2006, definia custo direto como todas as dispensas envolvidos na produção da
obra, como, os insumos constituídos por materiais, mão-de-obra e equipamentos auxiliares,
mais toda a infraestrutura de apoio necessária para a sua execução no ambiente da obra.
Ainda segundo TISAKA, em 2006, custos indiretos envolvem gastos com a administração
Central diretamente ligados a uma determinada obra, tais como gerente de contrato,
engenheiro fiscal e as respectivas despesas de viagem e alimentação e o rateio divisão de
todos os custos da administração Central constituídos por salários de todos os funcionários,
pró-labore de diretores, apoio técnico-administrativo e de planejamento, compras,
contabilidade, contas a receber e a pagar, almoxarifado central, transporte de material e de
pessoal, impostos, taxas, seguros.
Em 2014, TAVES, definiu o BDI com parte do preço de cada serviço, expresso em
percentualmente, que não se designa ao custo direto ou que não está efetivamente identificado
como a produção direta do serviço ou produto.
Segundo o mesmo autor, o BDI é a parte do preço do serviço formado pelo interesse do
empreendimento, ou seja, o lucro estimado, despesas financeiras, rateio do custo da
administração central e por todos os impostos sobre o faturamento, exceto leis sociais sobre a
mão de obra utilizada no custo direto.
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Planejar o Gerenciamento de Custos pode ser resumido como definir o destino dos recursos
disponíveis para a execução do projeto. O processo inclui o desenvolvimento do plano de
gerenciamento de custos, determinação das ferramentas e informações para as estimativas de
custos.
Este processo ocorre de forma majoritária na fase de planejamento do projeto, e a sua função
e definir a estrutura de cada um dos processos do gerenciamento de custos, com a finalidade
de garantir o desempenho e sucesso do projeto.
O guia PMBoK, 6ª edição 2017, define o processo de estimar custos como uma aproximação
do custo dos recursos necessários para concluir os pacotes de trabalhos. Esse processo
contribui para a determinação dos recursos monetários necessários para o projeto. Conforme
demanda necessária, este processo é realizado.
b) pelo CUB (Custo Unitário Básico), definido pela NBR 12721 e calculado pelo
SINDUSCON (Sindicato da Indústria da Construção Civil) de cada estado é um
indicador do custo unitário de construção; e
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Figura 5 Exemplo da apresentação do CUB custos unitários básicos de construção por m² (SINDUSCON,
2018).
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O guia PMBoK, 6ª edição 2017, nos mostra que esta tarefa depende, além dos produtos
(saídas) dos processos anteriores do gerenciamento de custos, também depende de produtos
oferecidos por outros processos de gerenciamento, como o escopo e o tempo.
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Segundo TAVES, em 2014, os orçamentos analíticos, que também são chamados detalhados,
são aqueles compostos por uma listagem dos serviços necessários para a execução de um
projeto.
O mesmo autor afirma que para realização desta etapa, quando todos os projetos
complementares (técnicos) com as discriminações técnicas, memoriais, projetos gráficos
(arquitetônico, estrutural, hidráulico, elétrico e outros) e detalhamentos estejam completos.
Ou seja, quando todas as definições necessárias já foram efetuadas pelos projetistas. Não
existem orçamentos "exatos", a rigor, pois a quantidade de informações a ser gerenciada é
grande e a construção civil é um setor que tipicamente apresenta variabilidade.
MENEZES, em 2017, reforça as ideias apresentadas acima dizendo que, para que um
orçamento analítico seja o mais próximo possível do real, é preciso que se desenvolva o maior
conjunto de dados possíveis, dentre eles podemos destacar os projetos arquitetônicos,
estruturais, hidráulicos, elétricos, especificações técnicas, etc.
O mesmo autor, ressalta ainda a importância do orçamento como peça chave para a formação
do preço de venda, que é determinado somando-se os custos diretos e os custos indiretos e
adicionados dos impostos e os lucros, e exatamente por isso que a precisão desta etapa garante
um projeto viável e lucrativo.
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Segundo o guia PMBoK, 6ª edição 2017, o controle de custos do projeto deve ser realizado
durante todo o projeto. Controlar custos é o processo de monitorar o status do projeto para
atualizar os custos do projeto e gerenciar as mudanças. O principal benefício desse processo é
manter os gastos dentro do planejado durante todo o projeto.
Grande parte do esforço de controle de custos envolve a análise da relação entre o consumo
de fundos do projeto e o trabalho que está sendo realizado para tais despesas. A chave para
um controle eficaz dos custos na construção civil e o acompanhamento através do controle
físico-financeiro.
Segundo FARIA, em 2018, todas as despesas com a execução dos serviços são detalhadas
semanal ou mensalmente, dependendo do tipo de construção. Isso permite que os
administradores do caixa da obra saibam exatamente quanto vão gastar e quando isso vai
acontecer, evitando despesas e empréstimos imprevistos. Da mesma forma, eles podem
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planejar o investimento do dinheiro que ainda não foi gasto, que rende juros e reduz as
despesas do construtor.
Segundo OLIVEIRA, em 2014, a origem da curva ABC é baseada nos estudos realizados pelo
economista e sociólogo italiano Vilfredo Pareto. Pareto estudava a distribuição de renda entre
a população e constatou que 20% da população possuíam 80% da renda, e acabou observando
que a proporção se repetia em diversas outras situações.
Segundo o mesmo autor, a curva ABC é utilizada na construção civil, como ferramenta que
auxilia o orçamentista e o engenheiro de campo a identificar os insumos e/ou serviços que
mais pesam na obra. Desta maneira, o gerente pode priorizar a cotação de preços, definir as
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negociações mais criteriosas, canalizar a energia dos responsáveis por compras, dentre outras
ações, tudo em função da representatividade que cada item tem no orçamento
OLIVEIRA, em 2014, diz que para a montagem de uma curva ABC é simples, basta
relacionar os insumos e/ou serviços em ordem decrescente de custo total, indo do mais
representativo até o menos representativo em termos de custo. Para a montagem da curva
basta seguir os passos abaixo:
b) a faixa A geralmente tem menos insumos do que a faixa B e está menos do que a faixa
C;
c) faixa A engloba os insumos que perfazem 50% do custo total, isto é, todos aqueles que
se encontram acima do percentual acumulado de 50%;
4. ESTUDO DE CASO
A obra selecionada para o estudo de caso foi contratada por uma incorporadora de Curitiba-
PR e executada por uma empresa de engenharia civil especializada em obras em obras
residenciais de alto padrão. No intuito de preservar sua imagem, a empresa será aqui
denominada “Construtora X”. Devido aos problemas encontrados na execução, a Construtora
X não autorizou a divulgação de dados específicos da obra.
O empreendimento deveria ser executado num período de 19 meses – janeiro de 2015 a julho
de 2016 – porem, por diversos motivos, a obra durou mais 14 meses. Dentre os motivos pode-
se destacar a paralização de três meses pelo ministério do trabalho, diversas mudanças de
escopo e falta de fluxo de caixa por parte da incorporadora devido ao orçamento mal
executado.
Area Total (m²) Data Valor do CUB/PR (/m²) Valor total da Obra
3.950,78 Julho de 2014 R$ 1.417,78 R$ 5.601.336,87
3.950,78 Novenbro de 2017 R$ 1.739,92 R$ 6.874.041,14
3.950,78 Julho de 2018 R$ 1.778,49 R$ 7.026.422,72
Tabela 1 Orçamento paramétrico baseado no índice CUB.
Outro fator que compromete a validade desta estimativa é que não existe previsão dos
desembolsos ao longo do tempo. Como todo o orçamento da obra foi estimado em t0, não se
leva em consideração a inflação ao longo da duração da obra e com certeza não foi
considerado o acréscimo de 11 meses no cronograma.
A construtora utilizou o orçamento analítico que foi utilizado para determinar o fluxo de caixa
necessário para a execução do projeto. É importante ressaltar que o modelo adotado para a
execução da obra em questão é o de empreitada, ou seja, todos os serviços necessários para a
construção foram terceirizados, desse modo a construtora não teve custos com os salários dos
operários, tendo sido considerado nesse orçamento apenas os custos com os engenheiros,
estagiários, mestres, encarregados e assistentes administrativos.
A metodologia corresponde:
b) composição dos custos unitários diretos: o custo de cada item foi obtido através das
composições de custos que foram da própria empresa levando em consideração os
fornecedores parceiros; e
Observa-se que o preço total orçado, não levando em consideração o lucro da construtora, foi
de 6,5 milhões de reais, valor superior ao orçamento paramétrico aferido na etapa de
viabilidade. Porem novamente foram considerados todos os valores como valor presente,
praticamente ignorando a inflação.
Com base nas informações fornecidas pela tabela 4, podemos observar um comportamento
bastante típico de edificações residenciais, onde a estrutura e o item mais caro do orçamento
(super. e infra.), porem por se tratar de um empreendimento de alto padrão, os acabamentos
costumam ter valores significativamente mais altos que a media do restante do setor.
O que eu quero dizer, e que simplesmente olhando para a tabela, eu focaria a minha atenção
totalmente nas etapas inicias da obra, mas se considerarmos como acabamento:
Revestimentos de teto e parede, Instalações hidráulicas, Esquadrias metálicas, Pintura,
Revestimentos de pisos, Vidros e Esquadrias de Madeira e ferragens, terremos um valor 2,37
milhões de reais para acabamentos, que passa a ser a mais onerosa etapa do projeto.
Podemos observar então que os acabamentos deveriam ser tratados com extremo cuidado e
assumirem a primeira posição na curva ABC. Na pratica não foi o que aconteceu, foi a etapa
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mais subestimada e que sofreu maior alteração nos escopos, sendo determinantes para o
fracasso do orçamento e cronograma do projeto.
Dentro do período em que o cronograma foi alimentado, de dez./2014 até set./2016, podemos
observar uma grande discrepância entre percentual da obra que foi de fato executada 59,54%
da obra, perante o valor do orçamento inicial que havia sido gasto 85,04%.
Neste momento foi feita uma reunião com os incorporadores, pois o cronograma já havia
estourado e orçamento inicial não seria mais suficiente. Foi pedido um acréscimo ao
orçamento da 3 milhões de reais e a obra durou até set./2017.
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Apesar de a obra ter sido entrega e um sucesso de vendas na região, o projeto claramente não
pode ser considerado um sucesso. Devido as falhas no orçamento primeiramente pela não
previsão das variações de custos ao longo do ciclo de vida do projeto, as diversas alterações
de escopo, a subestimação com os gastos dos acabamentos são todos fatores que contribuíram
para a falha do orçamento.
Como os buracos no orçamento foram muito grandes, cerca de 50% do valor total da obra, a
incorporadora não tinha liquidez para executar o projeto e logo as falhas do orçamento
afetaram o cronograma, levando a um atraso de 11 meses.
Para finalizar, a construtora perdeu praticamente todo o lucro no tempo extra de mobilização
que foi trabalhado de graça, a incorporadora apesar de uma venda rápida sofreu bastante com
o valor excedente, levando a uma parceria não lucrativa e que não voltara a acontecer.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O orçamento paramétrico não deve ser utilizado de maneira nenhuma como referencia de
orçamento, seja ele feito utilizando parâmetros da indústria ou comparação por projetos
semelhantes. A construção civil e muito particular em seu funcionamento dificultando
padronizações de custos e comparações, cada estudo deve ser individual e voltado para as
especificações do canteiro em destaque.
que dessa forma, haja um fechamento igual ou muito próximo do planejado, havendo assim
um controle de custos.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PMI. PMBOK Guide: A guide to the project management body of knowledge. 6. ed.,
2017